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No modelo do gerador síncrono (eq. 2.2), a demanda de potência Pv é uma variável que na prática tem variação estocástica e representa cargas que são introduzidas ou re- movidas durante o funcionamento do gerador. Nas simulações, Pv foi produzida por um filtro de primeira ordem, excitado por um ruído aleatório. O filtro é mostrado na eq. 5.2 e o seu esquema na Figura 5.23. As condições iniciais são definidas pelo ponto x(0) = [108o 200o/s 0.4 2.06 0.9 0.9]T, mesmo ponto de falta do caso com ruído no tópico 5.3.1. O sinal Pvfoi introduzido no instante t = 30s, logo após os controladores (RBF e MRAC) terem estabilizado as saídas do sistema nos seus valores desejados.

GPv=

8

(s + 8) (5.2)

Figura 5.23: Esquema do Filtro para Produção da Variável Pv

As Figuras de 5.24 até 5.36 mostram os resultados para perturbações estocásticas em Pv. Conforme a Figura 5.24, a saída do ânguloδé bastante influenciada pelas variações de Pv, e o fluxoψf é muito pouco afetado. A Figura 5.28 mostra que Pee Pmsão bastante influenciadas e que Vt quase não sofre alterações. Isso significa que a rede RBF mantém a tensão nos terminais de saída do gerador praticamente constante.

Apesar da degradação do sinal da saída do ânguloδ, observa-se que a rede RBF man- tém em condições estáveis. Os sinais de controle, na Figura 5.30, são moderados em amplitude, mas muito oscilatórios. A velocidade angular ω também é degradada pela perturbação aleatória de carga, mas a tensão Ef d permanece praticamente constante (Fig. 5.26).

O comportamento dos pesos da rede é mostrado nas Figuras 5.32 e 5.33. Os seus va- lores passam a entrar em regime permanente após 50 segundos de adaptação. A influência da perturbação de carga é muito pouca sobre os pesos da rede RBF.

Observando a atuação do MRAC para a mesma situação (Fig. 5.25- 5.29). Temos que ele consegue trazer o sistema de seus valores iniciais instáveis para os valores desejados (Fig. 5.25). Com a introdução da perturbação em Pv, o comportamento é similar ao da rede RBF, mantendo as variáveis de saída do ângulo e do fluxo estáveis. Os parâmetros adaptativos do MRAC, após a perturbação ser introduzida, passam a se adaptar com os- cilações pequenas, com uma taxa praticamente constante (Fig. 5.35 e 5.34). A tendência é que, conforme o tempo de simulação aumenta, os parâmetros amplifiquem os sinais de entrada do sistema produzindo sinais de controle ainda maiores, e isso acarretará na ins-

5.4. PERTURBAÇÃO NA SOLICITAÇÃO DE DEMANDA DE CARGA 55

tabilidade das saídas do sistema. Como a taxa de adaptação é pequena, levará bastante tempo para o sistema se instabilizar, mas numa simulação com tempo maior, mostrada na Figura 5.37, percebemos os sinais de saída se amplificando, o que não ocorre com a rede RBF, conforme a Figura 5.36.

Figura 5.24: Ângulo e Fluxo- Perturbação de Carga (RBF)

56 CAPÍTULO 5. SIMULAÇÕES

Figura 5.26: Velocidade Angular e Tensão no Enrolamento de Campo- Perturbação de Carga (RBF)

Figura 5.27: Velocidade Angular e Tensão no Enrolamento de Campo- Perturbação de Carga (MRAC)

5.4. PERTURBAÇÃO NA SOLICITAÇÃO DE DEMANDA DE CARGA 57

Figura 5.28: Tensão no Terminal do Gerador e Potências Mecânica e Elétrica- Perturbação de Carga (RBF)

Figura 5.29: Tensão no Terminal do Gerador e Potências Mecânica e Elétrica- Perturbação de Carga (MRAC)

58 CAPÍTULO 5. SIMULAÇÕES

Figura 5.30: Sinais de Controle- Perturbação de Carga (RBF)

5.4. PERTURBAÇÃO NA SOLICITAÇÃO DE DEMANDA DE CARGA 59

Figura 5.32: Pesos (Ângulo)- Perturbação de Carga (RBF)

60 CAPÍTULO 5. SIMULAÇÕES

Figura 5.34: Parâmetros (Fluxo)- Perturbação de Carga (MRAC)

5.4. PERTURBAÇÃO NA SOLICITAÇÃO DE DEMANDA DE CARGA 61

Figura 5.36: Ângulo e Fluxo- Perturbação de Carga (RBF)

Capítulo 6

Conclusões e Perspectivas

O trabalho desenvolvido nesta dissertação envolveu o desacoplamento do modelo de uma máquina síncrona. Especificamente, foi aplicada uma rede neural RBF para fazer, de modo independente, os controles das seguintes variáveis de saída: o ângulo do rotor e o fluxo concatenado. De posse do modelo, projetamos uma rede neural RBF, combi- nada ao controle adaptativo por modelo de referência, como uma estratégia alternativa de desacoplamento. Observou-se que o modelo não linear é difícil de ser controlado.

Na área de desacoplamento de sistemas não lineares, existem várias técnicas que po- dem ser empregadas em controle, e a rede RBF não é uma novidade como uma destas técnicas. No entanto, são necessárias contribuições que possam melhorar o desempenho e robustez dos sistemas. Conforme comentado, a rede RBF, quando usada como con- trole, contribui com sua característica estável às incertezas paramétricas e perturbações. Essas características são importantes nos sistemas de controle de potência. Conforme também foi comentado, os controladores mais comuns, empregados no controle de gera- dores síncronos, são pouco eficientes por terem que operar com um modelo linearizado do sistema. A linearização limita as variáveis do sistema com margens altas de segurança contra instabilidade.

Um sistema de controle que permita fazer o gerador funcionar em melhores pontos de operação ainda é necessário. Um controle pode contribuir para o sistema fornecer maior potência e mantendo a estabilidade. De fato, fazer um gerador fornecer mais energia com melhor rendimento, sem precisarmos recondicionar sua estrutura, é de grande interesse. Assim, o que pode ser feito para melhorar o rendimento é reduzir as margens de segurança do sistema, sem comprometer a sua estabilidade. Técnicas mais avançadas de controle podem contribuir para essa tarefa.

Uma rede neural RBF aplicada nessa área, proporciona um vantagem especial, quando comparadas com outras estratégias: não é necessário ter conhecimento dos parâmetros do sistema e um algoritmo matemático simples. Neste ponto, pode-se comentar que os au- tores de outro trabalho, Araújo e Singh [1983], aplicaram o algoritmo de Hirschorn no mesmo modelo de gerador síncrono usado nesta dissertação e, inclusive, obtiveram me- lhores resultados, em termos de tempo de convergência, que a rede RBF aplicada aqui. No entanto, tal algoritmo necessitou do conhecimento completo da planta, o que nem sempre está ao nosso alcance. A simplicidade do controle com a rede RBF, quando com- parada com outras estratégias, torna sua aplicação uma boa escolha para um método de desacoplamento aplicado a sistemas desconhecidos.

64 CAPÍTULO 6. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

A prova de estabilidade desenvolvida mostrou que o desacoplamento baseado na rede RBF é estável. As análises matemáticas feitas nos sinais existentes no sistema confirma- ram a estabilidade. Nas simulações, a rede RBF mostrou-se satisfatória em desacoplar e controlar o sistema do gerador. Observou-se a precisão da rede RBF em conduzir as variáveis de saída para os modelos. Também foi possível observar que, mesmo o sistema estando num ponto instável, que representa uma falta no gerador, a rede RBF foi capaz de levá-lo à estabilidade. A comparação feita entre as duas estratégias, o MRAC e a rede RBF, mostra o desempenho e a robustez do método proposto. Comparada ao MRAC, a rede RBF permaneceu estável diante das circunstâncias impostas: ruídos na medição de saída e perturbação na demanda de carga.

As atividades, realizadas durante a produção deste trabalho, mostraram-se produtivas. O resultado foi um artigo aceito num congresso internacional, o IFAC 2011. As perspec- tivas futuras envolvem melhorar a análise matemática da estabilidade, em que pretende-se fazer um algoritmo de convergência mais acelerada, que possivelmente utilizará leis cha- veadas. Também, a implementação prática da técnica em um módulo de um gerador síncrono.

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Apêndice A

Informações Matemáticas Auxiliares

Neste apêndice, serão passados alguns conceitos matemáticos para auxiliar na con- sulta da prova de estabilidade do controle e desacoplamento com a rede RBF.

A.1

Normas e Espaço L

p

A tabela (A.1) mostra as normas mais usadas.

Norma no Rn Norma Induzida no Rmxn

kxk∞ = maxi|xi| (Norma Infinita)

kAk∞= maxiΣjkai jk (Soma dos dos elementos de uma li- nha i)

kxk1=Σi|xi| kAk1= maxjΣj|ai j| (Soma dos dos elementos de uma co- luna j) kxk2 = (Σi|xi|2) 1 2 (Norma Euclidiana) kAk2 = [λmax(ATA)] 1

2 (onde λmax é máximo autovalor de

ATA)

Tabela A.1: Principais Normas Usadas

Para funções no tempo, define-se a norma Lpconforme a expressão (A.1).

kx(t)kp, Z ∞ 0 |x(τ)| p 1p (A.1)

para p∈ [1,) e dizemos que x ∈ Lp quandokx(t)kp existe, ou seja, quandokx(t)kp é finito. A norma Lé definida como

kx(t)k, sup

t≥0|x(τ)|

(A.2)

e dizemos que x∈ L quando kx(t)kexiste, ou seja quandokx(t)k é finito. Quando uma função no tempo pertence ao L, a função é dita uniformemente limitada.

70 APÊNDICE A. INFORMAÇÕES MATEMÁTICAS AUXILIARES

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