• Nenhum resultado encontrado

2.3 PREVISÃO NA LEGISLAÇÃO CONSTITUCIONAL E

2.4.4.4 Pescador artesanal

O seguro-desemprego também foi estendido para os chamados pescadores artesanais, mesmo que este não esteja previsto na Lei n.º 7.998, de 11 janeiro de 1990. Isso se deu com o advento da Lei 8.287, de 20 de dezembro de 1991, que concedeu o benefício do seguro-desemprego a pescadores artesanais, durante os períodos de defeso.

Posteriormente, a Lei nº 10.779, de 25 de novembro de 2003 revogou a Lei 8.287/91 e passou a regular o seguro-desemprego do pescador artesanal. A Lei 10.779/03 “Dispõe sobre a concessão do benefício de seguro desemprego, durante o período de defeso, ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal” (BRASIL, 2003).

O conceito de pescador artesanal está previsto no artigo 1º da Lei 10.779/03, que foi modificado pela Medida Provisória nº 665 de 30 de dezembro de 2014:

Art. 1º O pescador profissional que exerça sua atividade exclusiva e ininterruptamente, de forma artesanal, individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício de seguro-desemprego, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (BRASIL, 2014).

Os parágrafos primeiro e segundo do artigo 1º da Lei 10.779/03 conceituam, respectivamente, regime de economia familiar e período defeso de atividade pesqueira:

[...]

§1º Entende-se como regime de economia familiar o trabalho dos membros da mesma família, indispensável à própria subsistência e exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados.

§2º O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (BRASIL, 2003).

A Medida Provisória nº 665 de 30 de dezembro de 2014 acrescentou ainda ao artigo 1º da Lei 10.779/03 os parágrafos terceiro ao sétimo:

[...]

§3o Considera-se ininterrupta a atividade exercida durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso, ou nos doze meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, o que for menor.

§4o O pescador profissional artesanal não fará jus a mais de um benefício de seguro- desemprego no mesmo ano decorrente de defesos relativos a espécies distintas. §5o A concessão do benefício não será extensível às atividades de apoio à pesca e nem aos familiares do pescador profissional que não satisfaçam os requisitos e as condições estabelecidos nesta Lei.

§6o O benefício do seguro-desemprego é pessoal e intransferível.

§7o O período de recebimento do benefício não poderá exceder o limite máximo variável de que trata o caput do art. 4º da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, ressalvado o disposto no § 4º do referido artigo. (NR) (BRASIL, 2003)

Portanto, é considerado pescador artesanal aquele que exerce de forma de maneira exclusiva e ininterrupta a atividade de pescador de forma não profissional, individualmente, em regime familiar. Isto é, a atividade da pesca deve servir para a subsistência da família, sem ajuda de funcionários, de modo que a família subsista por assistência mútua, bem como ser exercida durante todo o ano, entre o período defeso anterior e o próximo.

Os requisitos para o pescador habilitar-se ao recebimento do benefício estão previstos no artigo 2º da Lei 10.779/03, também modificado pela Medida Provisória nº 665 de 30 de dezembro de 2014:

Art. 2o Cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS receber e processar os requerimentos e habilitar os beneficiários nos termos do regulamento.

§1º Para fazer jus ao benefício, o pescador não poderá estar em gozo de nenhum benefício decorrente de programa de transferência de renda com condicionalidades ou de benefício previdenciário ou assistencial de natureza continuada, exceto pensão por morte e auxílio-acidente.

§2º Para se habilitar ao benefício, o pescador deverá apresentar ao INSS os seguintes documentos:

I - registro como Pescador Profissional, categoria artesanal, devidamente atualizado no Registro Geral da Atividade Pesqueira - RGP, emitido pelo Ministério da Pesca e Agricultura, com antecedência mínima de três anos, contados da data do requerimento do benefício;

II - cópia do documento fiscal de venda do pescado a empresa adquirente, consumidora ou consignatária da produção, em que conste, além do registro da operação realizada, o valor da respectiva contribuição previdenciária, de que trata o § 7º do art. 30 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, ou comprovante do recolhimento da contribuição previdenciária, caso tenha comercializado sua produção a pessoa física; e

III - outros estabelecidos em ato do Ministério Previdência Social que comprovem: a) o exercício da profissão, na forma do art. 1º desta Lei;

b) que se dedicou à pesca, em caráter ininterrupto, durante o período definido no § 3º do art. 1º desta Lei; e

c) que não dispõe de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira.

§3º O INSS, no ato da habilitação ao benefício, deverá verificar a condição de segurado pescador artesanal e o pagamento da contribuição previdenciária, nos termos da Lei nº 8.212, de 1991, nos últimos doze meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefício ou desde o último período de defeso até o requerimento do benefício, o que for menor, observado, quando for o caso, o disposto no inciso II do § 2º.

§4º O Ministério Previdência Social poderá, quando julgar necessário, exigir outros documentos para a habilitação do benefício. (NR) (BRASIL, 2003)

O Artigo 4º da Lei 10.779/03 discorre sobre as hipóteses em que o seguro- desemprego do pescador artesanal será cancelado:

Art. 4o O benefício de que trata esta Lei será cancelado nas seguintes hipóteses: I - início de atividade remunerada;

II - início de percepção de outra renda; III - morte do beneficiário;

IV - desrespeito ao período de defeso; ou

V - comprovação de falsidade nas informações prestadas para a obtenção do benefício. (BRASIL, 2003)

Por fim, o artigo 5º da Lei 10.779/03 estabelece que o seguro defeso será custeado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador, assim como o seguro-desemprego para os demais cidadãos, “Art. 5o O benefício do seguro-desemprego a que se refere esta Lei será pago à

conta do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, instituído pela Lei no 7.998, de 11 de

janeiro de 1990” (BRASIL, 2003).

Os objetivos do seguro defeso, neste caso, é:

[...] a garantia de uma renda de subsistência ao pescador na época do defeso, considerando que este é um período em que o pescador está, legalmente, impedido de pescar as espécies relacionadas pelo IBAMA para a temporada.

[...]

Além disso, a política do Seguro Desemprego estimula a criar o que se pode chamar de uma consciência ambiental de preservação dos peixes, pois ao proibir a pesca no período do Defeso contribuem para a preservação da complexa e rica biodiversidade amazônica. (MOREIRA; SCHERER; SOARES, 2010).

Ele visa amparar o pescador artesanal na época do defeso “que ocorre, em geral, no período em que o rio desce, ou seja, das vazantes dos rios da Amazônia. Reconhece-se que é uma forma de preservação e reprodução dos peixes, portanto, do meio ambiente, criando e recriando a biodiversidade” (SCHERER).

Assim, defeso é o período de proteção dos rios, onde há a proibição de pesca. Portanto, para que os pescadores artesanais não fiquem sem sua subsistência, nem tenham que pescar nesse período para tê-la, foi criado o seguro-defeso para amparar o pescador nesse período.

O período defeso é definido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) que define através de instruções normativas o período defeso em cada rio ou bacia hidrográfica no país.

Documentos relacionados