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Análise da legalidade dos prazos para resgate do seguro-desemprego previstos nas resoluções 467/2005 e 306/2002 do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo do Trabalhador (CODEFAT)

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA FÁBIO FRANÇA SILVANO

ANÁLISE DA LEGALIDADE DOS PRAZOS PARA RESGATE DO SEGURO-DESEMPREGO PREVISTOS NAS RESOLUÇÕES 467/2005 E 306/2002 DO CONSELHO DELIBERATIVO DO FUNDO DE AMPARO DO TRABALHADOR

(CODEFAT)

Tubarão 2015

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FÁBIO FRANÇA SILVANO

ANÁLISE DA LEGALIDADE DOS PRAZOS PARA RESGATE DO SEGURO-DESEMPREGO PREVISTOS NAS RESOLUÇÕES 467/2005 E 306/2002 DO CONSELHO DELIBERATIVO DO FUNDO DE AMPARO DO TRABALHADOR

(CODEFAT)

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Linha de pesquisa: Justiça e Sociedade

Orientador: Prof. Michel Medeiros Nunes, Esp.

Tubarão 2015

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A todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para mais essa realização.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me abençoado com o dom da paciência e persistência para caminhar na jornada da vida, sempre enfrentando os obstáculos.

Para evitar injustiças, agradeço de antemão a todos que de alguma forma passaram pela minha vida e contribuíram para a construção de quem sou hoje.

E agradeço, particularmente, a algumas pessoas pela contribuição direta na construção deste trabalho:

Agradeço aos meus pais Marcio Silvano e Alceníria França Silvano, aos meus irmãos Felipe França Silvano e Fernanda França Silvano, que desde cedo me apoiaram e me incentivaram, me mostrando a importância dos estudos para a vida.

Agradeço também a minha namorada Danielle Oliveira Fernandes, que sempre me apoiou em toda a jornada acadêmica, me dando forças para enfrentar cada obstáculo que emergia pelo caminho.

Por fim, agradeço ao meu orientador Professor Michel Medeiros Nunes, por ter sido companheiro na orientação desta monografia, e por sua disposição em ser meu orientador, prestando um grande auxílio para a conclusão do presente trabalho.

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo a análise da legalidade dos prazos para resgate do direito do seguro-desemprego previstos nas resoluções 467/2005 e 306/2002 do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT), tendo em vista que esse assunto já provoca grande demanda na justiça trabalhista.

Para isso foi utilizado o tipo de pesquisa exploratória, uma vez que faz-se necessária uma maior familiaridade com o assunto de estudo. Quanto à abordagem, utilizar-se-á o método de abordagem qualitativa que objetiva conhecer as percepções dos sujeitos pesquisados acerca da situação-problema, objeto da investigação.

O estudo foi realizado com base na existência ou não de ilegalidades nas resoluções 467/2005 e 306/2002que fixam prazo para resgate do direito do trabalhador. O método de procedimento empregado para a coleta de dados foi a pesquisa bibliográfica, analisando-se principalmente doutrina sobre a temática, como também o método de abordagem dedutivo, partindo de uma análise geral do tema, tratando do seguro-desemprego, passando a discorrer sobre atos administrativos, mais especificadamente sobre resoluções até finalizar com a análise da legalidade das resoluções 467/2005 e 306/2002 do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT), que fixam prazo para resgate do direito do trabalhador, considerando, para isso, principalmente, a consonância da fixação dos prazos com o Princípio da Legalidade.

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ABSTRACT

The present work aims at the analysis of the legality of deadlines to rescue the unemployment insurance law provided for in resolutions 467/2005 and 306/2002 of the Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT), considering that this issue causes great demand on labour justice.

For this we used the kind of exploratory research, since it is necessary a greater familiarity with the subject of study. As for the approach, using the method of qualitative approach aimed to know the perceptions of respondents about the situation-problem, the investigation object.

The study was conducted based on the existence or not of illegalities in resolutions 2005/467 and 306/2002 laying down a period for rescue worker's law. The method of procedure employed for data collection was the bibliographical research, analyzing primarily doctrine on the subject, as well as the method of deductive approach, starting with a general analysis of the subject, in the case of unemployment insurance to discuss administrative actions, more specifically about resolutions to end with the analysis of the legality of the resolutions 467/2005 and 306/2002 of the Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT), holding period for rescue worker's law, whereas, for this purpose, especially the line of fixation of deadlines with the principle of Legality.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

§ - parágrafo art. – artigo

CF – Constituição Federal

CODEFAT – Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 13

1.1 DELIMITACAO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ... 13

1.2 JUSTIFICATIVA ... 14

1.3 OBJETIVO ... 15

1.3.1 Geral... 15

1.3.2 Específico... 15

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...15

1.5 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: ESTRUTURAÇÃO DOS CAPÍTULOS... 16

2 SEGURO-DESEMPREGO... 17

2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA... 17

2.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PERTINENTES AO SEGURO- DESEMPREGO... 19

2.2.1 Universidade da cobertura e do atendimento... 20

2.2.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais... 20

2.2.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços... 20

2.2.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios... 21

2.2.5 Equidade na forma de participação do custeio... 21

2.2.6 Diversidade da base de financiamento... 21

2.2.7 Caráter democrático e descentralizado da administração... 22

2.2.8 Solidariedade ...22

2.3 PREVISÃO NA LEGISLAÇÃO CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL PÁTRIA... 22 2.4 PROGRAMA DO SEGURO-DESEMPREGO... 23 2.4.1 Conceito... 23 2.4.2 Objetivo... 24 2.4.3 Natureza jurídica... 25 2.4.4 Requisitos... 26

2.4.4.1 Rescisão sem justa causa e indireta do contrato de trabalho... 27

2.4.4.2 Regime de trabalho forçado ou condição análoga à de escravo... 28

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2.4.4.4 Pescador artesanal... 30

2.4.5 Benefícios... 33

2.4.5.1 Assistência financeira temporária... 33

2.4.5.2 Auxilio na Busca ou Preservação do Emprego... 34

2.4.6 Valores das parcelas... 35

2.4.7 Prazos para resgate do seguro-desemprego... 38

2.4.8 Suspensão e interrupção da percepção do seguro-desemprego... 39

2.4.9 Fiscalização ...40

3 CONSELHO DELIBERATIVO DO FUNDO DE AMPARO AO TRABALHADOR (CODEFAT)... 41

3.1 ASPECTOS HISTÓRICOS... 41

3.2 FUNDO DE AMPARO AO TRABALHADOR... 42

3.2.1 Previsão Legal... 42 3.2.2 Formação... 42 3.2.3 Função... 44 3.3 DEFINIÇÃO... 44 3.4 COMPETÊNCIA... 45 3.4.1 Capacidade normativa... 46 3.5 RESOLUÇÃO ... 46 3.5.1 Requisitos... 47 3.5.1.1 Sujeito ou Competência... 48 3.5.1.2 Objeto... 49 3.5.1.3 Forma... 49 3.5.1.4 Motivo ...50 3.5.1.5 Finalidade... 50 3.5.2 Características ...51 3.5.2.1 Imperatividade ...51 3.5.2.2 Presunção de Legitimidade... 52 3.5.2.3 Autoexecutoriedade... 52 3.5.2.4 Tipicidade... 52 3.5.3 Atos em Espécie... 53 3.5.3.1 Atos Normativos... 53 4 ANÁLISE DA LEGALIDADE DOS PRAZOS PARA RESGATE DO SEGURO-DESEMPREGO PREVISTOS NAS RESOLUÇÕES 467/2005 E 306/2002 DO

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CONSELHO DELIBERATIVO DO FUNDO DE AMPARO DO TRABALHADOR (CODEFAT)... 55 4.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE... 55 4.1.1 Ilegalidade... 57 4.1.1.1 Ilegalidade Total... 58 4.1.1.2 Ilegalidade Parcial ...58 4.1.2 Consequências ...59

4.2 RESOLUÇÕES 467/2005 E 306/2002 DO CONCELHO DELIBERATIVO DO FUNDO DE AMPARO AO TRABALHADOR (CODEFAT) ...60

4.2.1 Resolução nº 306 de 6 de novembro de 2002 do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador ...61

4.2.2 Resolução nº 467, de 21 de dezembro de 2005 do conselho deliberativo do fundo de amparo ao trabalhador...62

4.3 PRAZOS PARA RESGATE DO SEGURO-DESEMPREGO FRENTE AS DISPOSIÇÕES ATRIBUÍDAS PELA LEI nº 7.998/1990... 64

5 CONCLUSÃO... 69

REFERÊNCIAS... 71

ANEXOS... 75

ANEXO A – RESOLUÇÃO Nº 306 DE 6 DE NOVEMBRO DE 2002... 75

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico tem como objetivo analisar a legalidade dos prazos para resgate do seguro-desemprego previstos nas resoluções 467/2005 e 306/2002 do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo do Trabalhador (CODEFAT).

Ocorre que estes prazos previstos nas supracitadas resoluções acabaram por ocasionar diversos problemas, pois muitos desses acabaram “perdendo” seu direito de resgatar o seguro-desemprego, por não buscá-lo nos prazos previstos.

A discussão do tema se faz necessária devido ao fato de que o vem sendo muito debatido pelo poder judiciário de todo o país, em razão de uma grande quantidade de ações, em sua maioria mandados de segurança, em virtude de uma suposta ilegalidade dos referidos prazos sendo que, recentemente, fora instaurada uma Ação Civil Pública pelo Ministério Público Federal pugnando pela ilegalidade dos referidos prazos.

Tais discussões se dão pelo fato de que as resoluções 467/2005 e 306/2002 do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo do Trabalhador (CODEFAT) estipularam prazos máximos para o resgate do benefício do seguro-desemprego de modo que, se requerido o benefício após os prazos previstos, o órgão gestor do benefício se recusa a concedê-los.

O CODEFAT, como órgão responsável pela concessão do seguro-desemprego, se nega a conceder o direito para os trabalhadores que buscá-los fora dos prazos previstos em suas resoluções, deixando os desempregados impedidos de desfrutar de seu direito Constitucional.

Deste modo, o presente trabalho monográfico busca analisar a legalidade das resoluções 467/2005 e 306/2002 do CODEFAT para esclarecer a possibilidade ou não do resgate de tais benefícios fora dos prazos estipulados.

1.1 DELIMITACAO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

O presente trabalho monográfico realiza uma análise da legalidade dos prazos para resgate do seguro-desemprego, previstos nas resoluções 467/2005 e 306/2002 do CODEFAT.

Ocorre que estes prazos previstos nas supracitadas resoluções acabaram por ocasionar diversos problemas, pois muitos desses acabaram “perdendo” seu direito de resgatar o seguro-desemprego, por não buscá-lo nos prazos previstos.

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O CODEFAT, como órgão responsável pela concessão do seguro-desemprego, se nega a conceder o direito para os trabalhadores que buscá-los fora dos prazos previstos em suas resoluções, deixando os desempregados, que já estão em condições ruins por não possuírem renda, em condições ainda piores, impedidos de desfrutar de seu direito Constitucional.

1.2 JUSTIFICATIVA

A escolha do tema surgiu do interesse surgiu da necessidade de comprovar a legalidade dos prazos para resgate do seguro-desemprego, previstos nas resoluções 467/2005 e 306/2002 do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo do Trabalhador (CODEFAT), para esclarecer a possibilidade de resgatar o direito fora dos prazos estabelecidos.

O seguro-desemprego é um tema importante para categorias de trabalhadores, por ser um direito constitucional de todos os trabalhadores dispensados sem justa causa, e àqueles que se encontram em condições análogas à escravidão, além do empregado doméstico bem como ao pescador artesanal.

Destarte, foi criado Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo do Trabalhador (CODEFAT) para gerir o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) que é responsável pelo custeio do seguro-desemprego e, consequentemente, pela concessão do benefício.

Todavia, em decorrência das prerrogativas do criado Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo do Trabalhador (CODEFAT), o mesmo criou resoluções visando regulamentar a concessão do direito do seguro-desemprego, dentre elas estão as resoluções 467/2005 e 306/2002 que, dentre diversas outras previsões, regulamentam os prazos que limitam o resgate do seguro-desemprego.

Deste modo surgiu um problema que vem sendo muito debatido pelo poder judiciário de todo o país, em razão de uma grande quantidade de ações, em sua maioria mandados de segurança em virtude de uma suposta ilegalidade dos referidos prazos.

Portanto, optou-se pelo presente tema no intuito de buscar aplicar entendimentos sob a égide da doutrina buscando analisar a legalidade dos prazos para resgate do seguro-desemprego previstos nas resoluções 467/2005 e 306/2002 do conselho deliberativo do fundo de amparo do trabalhador (CODEFAT)

A pesquisa proporcionará ao meio acadêmico o aclaramento sobre a legalidade dos prazos para resgate do seguro-desemprego. Este será o principal elemento beneficiado com o estudo e objetivo do presente trabalho

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1.3 OBJETIVO

1.3.1 Geral

Analisar a legalidade dos prazos para resgate do seguro-desemprego previstos nas resoluções 467/2005 e 306/2002 do conselho deliberativo do fundo de amparo do trabalhador (CODEFAT).

1.3.2 Específico

Sumarizar o direito do seguro-desemprego; Explicar o princípio da legalidade;

Definir o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador;

Demonstrar a Competência do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador;

Descrever o conceito de resolução; Sintetizar os conceitos de ilegalidade;

Analisar a possibilidade do poder executivo editar atos normativos que impõe proibições não previstas em lei;

Contrastar os prazos para resgate do seguro-desemprego previstos nas resoluções 467/2005 e 306/2002 do CODEFAT com as Leis n. 7.998 de 11 de janeiro de 1990 e Lei n. 8.900 de 30 de junho de 1994.

1.4PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa desenvolvida na monografia quanto ao nível será exploratória, pois o objetivo é proporcionar maior familiaridade com o problema. Segundo Gil (1999, p. 43) as pesquisas exploratórias “[...] têm como finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista, a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”.

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Quanto à abordagem, utilizar-se-á o método de abordagem qualitativa que, para Leonel e Motta (2007), seu principal objetivo “[...] é o de conhecer as percepções dos sujeitos pesquisados acerca da situação-problema, objeto da investigação”.

Quanto ao procedimento, será utilizado o bibliográfico. O tipo de pesquisa bibliográfica, portanto, para a realização deste projeto será utilizado qualquer tipo de bibliografia publicada sobre tema em estudo, como livros, monografias, dissertações, teses, etc. A pesquisa bibliográfica, para Leonel e Motta (2007), se desenvolve tentando explicar um problema, a partir de ideias de outras fontes, como livros, artigos e etc., sendo que a realização desta pesquisa é fundamental para o conhecimento e análise das principais contribuições sobre determinado tema ou assunto.

Portando, através de um estudo exploratório e qualitativo, através do procedimento de pesquisa bibliográfica, será possível se aprofundar no tema, buscando dizer se são legais os prazos para resgate do seguro-desemprego, previstos nas resoluções, já citada, do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT).

1.5 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: ESTRUTURAÇÃO DOS CAPÍTULOS

O presente estudo monográfico se divide em três capítulos: no Primeiro será abordado o seguro-desemprego, sua evolução história, os princípios constitucionais que o envolvem, sua previsão legal, conceito, objetivo, requisitos, valores do benefício e as formas de suspensão e interrupção do benefício.

O Segundo Capítulo deste trabalho monográfico tratará do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT), sua previsão legal, e função em relação ao seguro-desemprego, bem como sua capacidade normativa a respeito de tal benefício.

O terceiro capítulo tratará de analisar o Princípio da Legalidade, as resoluções 306/2002 e 467/2005 do CODEFAT e os prazos que tais resoluções fixam para resgate do seguro-desemprego, bem como uma análise da legalidade destes prazos.

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2 SEGURO-DESEMPREGO

2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA

No final dos anos 80 a economia brasileira sofreu diversas intervenções governamentais que provavelmente afetaram, e continuam afetando o funcionamento do mercado de trabalho brasileiro.

Em meio a essas intervenções, podemos destacar diversas medidas tomadas pelo governo, como: alterações nas legislações trabalhistas e previdenciárias, frutos da recente promulgação da Constituição promulgada em 1988; a abertura da economia; o início das privatizações e o implemento do Plano Real que conseguiu combater o processo inflacionário crônico que o país vinha sofrendo desde a década de 70.

Porém, essas intervenções resultaram em efeitos importantes sobre o ritmo e a estrutura do crescimento da economia, afetando, significativamente, o desempenho do mercado de trabalho. Como resultado, é possível destacar, principalmente, a elevação da taxa de desemprego urbano no país.

Assim, em razão do crescimento das taxas de desempregados no país, o poder público, que havia realizado intervenções na economia anteriormente, obrigou-se a intervir novamente, utilizando Políticas de Emprego para tentar reverter a crescente onda do desemprego.

Para Azeredo e Ramos (1995, p. 94), “Em termos da literatura internacional, são incluídos nas políticas de emprego dois tipos de instrumentos ou medidas: as passivas e as ativas”.

Em relação as políticas ativas, Azeredo e Ramos entendem que:

Visam exercer um efeito positivo sobre a demanda de trabalho. Os instrumentos clássicos desse tipo de política são: a criação de empregos públicos, a formação e reciclagem profissional, a intermediação de mão-de-obra, a subvenção ao emprego e, em geral, as medidas que elevem a elasticidade emprego-produto (AZEREDO; RAMOS, 1995).

Já as políticas de empregos passivas, ainda de acordo com Azeredo e Ramos: Consideram o nível de emprego (ou desemprego) como dado, e o objetivo é assistir financeiramente ao trabalhador desempregado ou reduzir o "excesso de oferta de trabalho". Os instrumentos clássicos destas políticas são: seguro-desemprego e/ou indenização aos desligados, adiantamento da aposentadoria, expulsão de população, redução da jornada de trabalho, etc. (AZEREDO; RAMOS, 1995).

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Deste modo, dentre as políticas passivas de empregos, podemos destacar como a principal delas o seguro-desemprego que foi previsto, pela primeira vez no direito brasileiro, na Constituição Federal de 1946 no XVI do artigo 158 que estabelecia:

Art. 158 - A Constituição assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, além de outros que, nos termos da lei, visem à melhoria, de sua condição social:

[...]

XVI - previdência social, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado, para seguro-desemprego, proteção da maternidade e, nos casos de doença, velhice, invalidez e morte; (BRASIL, 1946)

Todavia, o referido dispositivo não foi regularizado em lei de imediato. A primeira tentativa, real, de criação de um seguro para o trabalhador desempregado somente veio a ser feita em 1965, com a Lei nº 4.923/65 que criou o Cadastro Permanente de Admissões e Dispensas de Empregados e instituiu um plano de assistência ao desempregado.

Esse benefício, segundo a lei, seria custeado pelo Fundo de Assistência ao Desempregado (FAD) criado na mesma lei, com recursos provenientes da arrecadação de 1% da folha salarial da empresa e de uma parcela das contribuições sindicais. Para usufruir o benefício, o trabalhador deveria ter sido demitido sem justa causa ou por ocasião de fechamento total ou parcial da empresa.

Contudo, o acesso ao programa do seguro-desemprego era restrito, sendo tal restrição agravada ainda mais com a em 1966, em decorrência da reorientação de parte desses recursos provenientes do Fundo de Assistência ao Desempregado (FAD) para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, criado pela Lei nº 5.107/66 que buscava flexibilizar o processo de demissão dos trabalhadores.

Em março de 1986, através do Decreto Lei n° 2.284, de dez de março de 1986, e pelo Decreto n° 92.608, de trinta de abril de 1986, é criado o programa de seguro-desemprego no Brasil.

O artigo 25 do Decreto-Lei n.º 2.284 trazia “Fica instituído o seguro-desemprego, com a finalidade de prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, ou por paralisação, total ou parcial, das atividades do empregador” (BRASIL, 1986).

Para Cardoso Junior et al. (2006) a finalidade do programa era

Prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa ou paralisação total ou parcial das empresas. A regulamentação do seguro previa, como atribuição do Sine, a recolocação do trabalhador no mercado de trabalho e a requalificação do desempregado que estivesse recebendo o benefício (CARDOSO et al., 2006).

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Em 1988, com a entrada em vigor da nova constituição federal, o seguro-desemprego passa a ser assegurado como direito constitucional de todos trabalhadores em situação de desemprego involuntário, sendo o seu custeio garantido através de recursos orçamentários da Previdência Social, sendo previsto no inciso II do artigo 7º:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

[...]

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; (BRASIL, 1988)

Visando regulamentar o direito do seguro-desemprego, foi criada a Lei n.º 7.998, de 11 janeiro de 1990, que traz em seu artigo 1º sua função, “Art. 1º Esta Lei regula o Programa do Seguro-Desemprego e o abono de que tratam o inciso II do art. 7º, o inciso IV do art. 201 e o art. 239, da Constituição Federal, bem como institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)” (BRASIL, 1990).

A mesma lei definiu, ainda, a finalidade da política do seguro-desemprego nos incisos I e II do seu artigo 2º:

Art. 2º O Programa de Seguro-Desemprego tem por finalidade:

I - prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo; II - auxiliar os trabalhadores na busca ou preservação do emprego, promovendo, para tanto, ações integradas de orientação, recolocação e qualificação profissional. (BRASIL, 1990)

O seguro-desemprego, vem sendo regulado pela mesma lei, que o tornou mais acessível e eficiente, se tornando em uma das mais importantes Políticas de Emprego do Estado, necessário para combater o desemprego que aumentou drasticamente no início da década de 90, porém foi controlado no fim da mesma década.

2.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PERTINENTES AO SEGURO-DESEMPREGO

Princípios são uma espécie de normas jurídicas, assim como são as Leis e demais normas. Nas palavras de Amado (2010, p. 16) é possível definir os princípios como “espécie de normas jurídicas com maior carga de abstração, generalidade e indeterminação que as regras, haja vista não disciplinarem por via direta as condutas humanas, dependendo de uma intermediação valorativa do exegeta para a sua aplicação”.

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É possível concluir que os princípios são, portanto, espécies de normas jurídicas mais genéricas que as demais normas, que norteiam as bases do Direito, devendo ser sua fonte primária.

2.2.1 Universidade da Cobertura e do Atendimento

Para Goes (2011, p. 9) este princípio tem por objetivo “tornar a seguridade social acessível a todas as pessoas residentes no país, inclusive estrangeiras [...] será aplicado para todas aquelas pessoas que necessitem de suas prestações”.

A universidade da cobertura do atendimento indica que o seguro-desemprego deve estar acessível a todas as pessoas residentes no país, ainda que estrangeiras, desde que preencha os requisitos previstos em lei. Ou seja, todos devem estar cobertos pela proteção social.

2.2.2 Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às Populações Urbanas e Rurais

Este princípio prevê, nas palavras de Amado (2010, p.23) que “não é mais possível a discriminação negativa em desfavor das populações rurais como ocorreu no passado, pois agora os benefícios e serviços da seguridade social deverão tratar isonomicamente os povos urbanos e rurais”.

Claramente, este princípio decorre do Princípio Constitucional da Isonomia, visando igualar o tratamento recebido pelas populações urbanas e rurais, já que antigamente, antes do advento da Constituição Federal de 1988, as populações rurais recebiam os serviços da seguridade social em valores inferiores ás populações urbanas. Logo, não há discriminação entre as populações para receber o seguro-desemprego, tendo direitos iguais em relação a seus valores.

2.2.3 Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e Serviços

“Seletividade na prestação dos benefícios e serviços implica que tais prestações sejam fornecidas apenas a quem realmente necessitar, desde que se enquadre nas situações que a lei definir” (KERTZMAN, 2010, p. 50).

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O que este princípio faz é selecionar os riscos sociais para a prestação da seguridade social para quem se enquadrar nestes riscos. Quer dizer que, ao criar o direito do seguro-desemprego para combater o desemprego e suas consequências, somente quem se enquadrar nos requisitos previstos na Lei n.º 7.998, de 11 janeiro de 1990, que regula o programa, terá direito de perceber suas parcelas.

2.2.4 Irredutibilidade do Valor dos Benefícios

Este Princípio garante ao segurado a irredutibilidade do valor nominal de seu benefício, ou seja, de acordo com este princípio não pode o benefício sofrer redução.

Porém este princípio não se limita a impedir a redução dos valores percebidos mas, também, garante o reajustamento periódico das perdas inflacionárias por índice definido na forma da lei (KERTZMAN, 2010, p. 51).

Uma vez concedido então o seguro-desemprego, este não pode ser reduzido, tendo os cidadãos direito a perceber os valores previstos em lei, salvo quando os benefícios forem concedidos em desacordo com a lei.

2.2.5 Equidade na Forma de Participação do Custeio

Para Goes (2011, p. 22) equidade na forma de participação do custeio “significa dizer que quem tem maior capacidade econômica irá contribuir com mais; quem tem menor capacidade contribuirá com menos”.

Assim, as contribuições das empresas têm alíquotas maiores que a dos segurados, visto que, como citado acima, as empresas possuem maiores capacidades econômicas, tendo então o dever de maior contribuição, enquanto os empregados tem capacidades reduzidas, contribuem menos.

2.2.6 Diversidade da Base de Financiamento

Os legisladores devem buscar diversas bases de financiamento ao instituir as contribuições para a seguridade social, o próprio constituinte, definiu como fonte de recursos a contribuição do governo, das empresas e dos segurados (KERTZMAN, 2010, p. 54).

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Essa diversidade visa a redução do risco financeiro do sistema protetivo, isto é, quanto maior o número de fontes de recursos, menor será o risco do segurado sofrer grande perda financeira.

2.2.7 Caráter Democrático e Descentralizado da Administração

“De acordo com este princípio, a gestão dos recursos, programas, planos, serviços e ações, nas três áreas da seguridade social, em todas as esferas de poder, deve ser realizada mediante discussão com a sociedade” (GOES, 2011, p. 26).

A gestão da seguridade social será descentralizada e democrática, onde farão parte dos órgãos gestores dos recursos, programas e etc., os trabalhadores, os empregadores, os aposentados e o Poder Público.

2.2.8 Solidariedade

"Construir uma sociedade livre, justa e solidária”: esse é um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. O princípio da solidariedade é o pilar de sustentação do regime previdenciário. Kertzman defini este princípio como:

O espírito que deve orientar a seguridade social deforma que não haja, necessariamente, paridade entre contribuições e contraprestações securitárias. Através dele, tem-se em vista, não a proteção de indivíduos isolados, mas de toda a coletividade. (KERTZMAN, 2010, p. 48)

Ou seja, os contribuintes da seguridade social são solidários uns com os outros. Isso permite que cidadãos que pouco contribuíram com a seguridade possam ter direito a receber o seguro-desemprego, por exemplo, enquanto outros que a muito contribuem nunca resgataram esse direito por não preencherem os requisitos.

2.3 PREVISÃO NA LEGISLAÇÃO CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL PÁTRIA

Atualmente, o seguro-desemprego é um direito social previsto no artigo 7º, inciso II da Constituição da República Federativa do Brasil, que diz:

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Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

[...]

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; (BRASIL, 1988)

Porém, o referido dispositivo constitucional é uma norma de eficácia limitada, dependendo de complementação, conforme entende Branco e Mendes (2014):

Estas somente produzem os seus efeitos essenciais após um desenvolvimento normativo, a cargo dos poderes constituídos. A sua vocação de ordenação depende, para ser satisfeita nos seus efeitos básicos, da interpolação do legislador infraconstitucional. São normas, pois, incompletas, apresentando baixa densidade normativa (BRANCO; MENDES, 2014).

Assim, sua eficácia depende de uma norma infraconstitucional, assim foi criada a Lei n.º 7.998, de 11 de janeiro de 1990, para regulamentar o artigo 7º, inciso II da Constituição Federal de 1988, que traz em seu artigo 1º sua função, “Art. 1º Esta Lei regula o Programa do Seguro-Desemprego e o abono de que tratam o inciso II do art. 7º, o inciso IV do art. 201 e o art. 239, da Constituição Federal, bem como institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)” (BRASIL, 1990).

Estando o programa do seguro-desemprego devidamente regulado em lei, somente restou ao órgão responsável pelo mesmo a regularização da concessão do direito, como previsto em lei, através de resoluções normativas. Dentre essas resoluções podemos destacar 306 de 2002 e 467 de 2005, expedidas pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT) que, dentre outras regulamentações, regula os prazos para a concessão do referido benefício.

2.4 PROGRAMA DO SEGURO-DESEMPREGO

2.4.1 Conceito

O Seguro-desemprego foi recebido pela Constituição da República Federativa do Brasil do ano de 1988, previsto no inciso II do artigo 7º, como direito social.

Antes de conceituar o seguro-desemprego, porém, cabe primeiramente definir emprego e desemprego. Na visão de Martinez (1986 apud PRETO e RIBAS, 2014) “por emprego compreende-se a relação entre o trabalhador e a empresa, ou seja, o contrato individual de trabalho entre o empregador e o empregado”.

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Nas palavras de Fernandes (1991, p. 314), desemprego “é contingência social coberta, designando o termo a situação de um trabalhador que carece de emprego em virtude de circunstâncias que escapam ao seu controle. E em decorrência deixa de receber salário”.

Após trazer o conceito de desemprego, é possível entender o conceito de seguro-desemprego que, nas palavras de Resende (2014) “O seguro-seguro-desemprego constitui benefício previdenciário devido ao empregado em caso de desemprego involuntário, isto é, sempre que for dispensado sem justa causa, desde que atendidos os requisitos legais”.

Em posição idêntica, temos a ideia de Almeida, Amaral e Mourão (2013) “o Programa Seguro-desemprego brasileiro pode ser considerado uma política de emprego passiva, pois visa amenizar a situação de desemprego e aumentar o bem-estar dos trabalhadores”.

Assim, é possível concluir que o seguro-desemprego é um direito social, garantido pela Constituição Federal, bem como uma política de emprego passiva empregada pelo poder público federal, que se materializa como um benefício previdenciário provisório ao beneficiário.

2.4.2 Objetivo

A Lei n.º 7.998, de 11 janeiro de 1990 criada para regulamentar o seguro-desemprego traz a finalidade da política do seguro-seguro-desemprego nos incisos I e II do seu artigo 2º:

Art. 2º O Programa de Seguro-Desemprego tem por finalidade:

I - prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo; II - auxiliar os trabalhadores na busca ou preservação do emprego, promovendo, para tanto, ações integradas de orientação, recolocação e qualificação profissional. (BRASIL, 1990)

Portanto, busca prestar auxílio financeiro, temporário, aos trabalhadores demitidos sem justa causa, bem como os trabalhadores resgatados de regime de trabalho forçado ou condição análoga à escravidão de modo que estes possam ter uma renda básica até serem realocados no mercado de trabalho e sua reciclagem profissional (AZEREDO; RAMOS, 1995).

Com isso, conforme entendimento de Cardoso Junior (2006, p. 12), o programa seguro-desemprego deixou de ser tão somente uma “bolsa” para o desempregado: “Ou seja,

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adotava-se uma concepção de seguro-desemprego que ia além do auxílio financeiro, incorporando também os serviços de intermediação de mão-de-obra e de qualificação profissional nos moldes dos sistemas adotados nos países desenvolvidos”.

Para Balestro, Marinho e Walter (2011) “A racionalidade do Programa é proteger o trabalhador quando desempregado, apoiá-lo para obter um novo trabalho e encorajar a capacitação, quando for o caso”.

Logo, o programa do seguro-desemprego atua prestando auxílio financeiro, já que o trabalhador foi surpreendido com o desligamento do seu vínculo laboral, perdendo sua fonte de renda, bem como oferecer qualificação profissional a esses trabalhadores, o que facilita seu reingresso no mercado de trabalho além, é claro, de auxiliar, do mesmo modo, o trabalhador comprovadamente resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo, facilitando, também, seu ingresso no mercado de trabalho para que este tenha uma vida digna.

2.4.3 Natureza Jurídica

O Seguro-desemprego, apesar de constituir como um meio de pagamento mensal ao trabalhador desempregado, que assim esteja por ter sido dispensado involuntariamente ou por ter sido resgatado do regime de trabalho forçado ou de situação análoga à escravidão, não pode se confundir com salário, pois este benefício é pago após o término da relação laboral.

Ressalta-se, ainda, que mesmo se tratando de um política de emprego governamental, o programa seguro-desemprego não é considerado uma prestação de assistência social, mas um benefício de cunho previdenciário, como esclarece o inciso III do artigo 201 da Constituição Federal, ao estabelecer a responsabilidade da Previdência Social para o pagamento do seguro-desemprego:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

[...]

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário (BRASIL, 1988).

Em relação a responsabilidade para o pagamento do benefício, nas palavras de Koyanagi (2010, p. 47) “não obstante seja um benefício previdenciário, segundo a Constituição, quem paga não é a previdência social, mas o Ministério do Trabalho e Emprego, que tem cadastros e condições para verificar os desempregados”.

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Assim, mesmo sendo um benefício previdenciário, a Previdência Social não patrocina o programa seguro-desemprego, mas sim o Ministério do Trabalho e Emprego, que é competente para verificar e cadastrar os trabalhadores desempregados

2.4.4 Requisitos

Para que o cidadão desempregado, seja em virtude de rescisão sem justa causado contrato de trabalho, seja o resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo se faz necessário o preenchimento dos requisitos previstos na Lei nº 7.998/1990.

Deste modo, dispõe o artigo 3º da Lei nº 7.998/1990, o qual elenca os requisitos necessários para a concessão do benefício do seguro-desemprego, recentemente alterado pela medida provisória nº 665, de 30 de dezembro de 2014, in verbis:

Art. 3º Terá direito à percepção do seguro-desemprego o trabalhador dispensado sem justa causa que comprove:

I – ter recebido salários de pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, relativos:

a) a pelo menos dezoito meses nos últimos vinte e quatro meses imediatamente anteriores à data da dispensa, quando da primeira solicitação;

b) a pelo menos doze meses nos últimos dezesseis meses imediatamente anteriores à data da dispensa, quando da segunda solicitação; e

c) a cada um dos seis meses imediatamente anteriores à data da dispensa quando das demais solicitações;

II – ter sido empregado de pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada ou ter exercido atividade legalmente reconhecida como autônoma, durante pelo menos 15 (quinze) meses nos últimos 24 (vinte e quatro) meses;

III – não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continuada, previsto no Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, excetuado o auxílio-acidente e o auxílio suplementar previstos na Lei nº 6.367, de 19 de outubro de 1976, bem como o abono de permanência em serviço previsto na Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973;

IV – não estar em gozo do auxílio-desemprego; e

V – não possuir renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua família.

§ 1º A União poderá condicionar o recebimento da assistência financeira do Programa de Seguro-Desemprego à comprovação da matrícula e da frequência do trabalhador segurado em curso de formação inicial e continuada ou qualificação profissional, com carga horária mínima de 160 (cento e sessenta) horas.

§ 2º O Poder Executivo regulamentará os critérios e requisitos para a concessão da assistência financeira do Programa de Seguro-Desemprego nos casos previstos no § 1º, considerando a disponibilidade de bolsas-formação no âmbito do Pronatec ou de vagas gratuitas na rede de educação profissional e tecnológica para o cumprimento da condicionalidade pelos respectivos beneficiários. § 3º A oferta de bolsa para formação dos trabalhadores de que trata este artigo considerará, entre outros critérios, a capacidade de oferta, a reincidência no recebimento do benefício, o nível de escolaridade e a faixa etária do trabalhador. (BRASIL, 1990)

Basicamente, o cidadão deverá ter trabalhado como empregado, percebendo salários de pessoa física ou jurídica durante os prazos indicados nas alíneas a), b) e c) do

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inciso I do artigo 3º da Lei nº 7.998/1990. Além de ter sido empregado ou exercido atividade autônoma, pelos quinze meses anteriores a solicitação do benefício, nos últimos vinte e quatro meses. Não pode, ainda, gozar de qualquer outro benefício previdenciário, além do próprio seguro-desemprego e não possuir renda própria suficiente a sua manutenção e de sua família.

2.4.4.1 Rescisão Sem Justa Causa e Indireta do Contrato de Trabalho

O trabalhador que se tornar desempregado, em razão do fim do seu contrato de trabalho poderá ter direito ao benefício do seguro-desemprego, quando o término do contrato se der sem justa causa por parte do empregador, ou quando a rescisão for indireta.

Para entender a rescisão sem Justa Causa é necessário, primeiramente, saber o que é justa causa. Justa causa vem a ser o procedimento incorreto do empregado, o qual deve estar previsto em lei, cujo enquadramento legal enseja a ruptura do contrato de trabalho (MARTINS, 2009, p. 356).

No mesmo sentido entende Garcia (2011, p. 347), “A dispensa com justa causa ocorre quando o empregador decide pelo término do vínculo de emprego, por meio do exercício de seu poder disciplinar, tendo em vista a falta disciplinar cometida pelo empregado”.

Deste modo, ficando clara a rescisão do contrato de trabalho por justa causa ocorre em caso de infração disciplinar do empregado, se torna mais fácil entender a rescisão do contrato de trabalho sem justa causa.

Para Garcia (2011, p. 344) na dispensa sem justa causa “o empregador decide pôr fim ao vínculo de emprego, por meio do exercício de direito considerado por parte da doutrina como potestativo, que lhe autoriza tal conduta, mesmo não tendo o empregado incorrido em falta disciplinar”.

Cabe salientar que “o referido direito de titularidade do empregador, pode sofrer restrições, nos casos dos empregados detentores de estabilidades ou garantias de emprego, obstando a dispensa sem justa causa” (GARCIA, 2011, p. 345).

Assim, é possível concluir que a dispensa sem justa causa por parte do empregador, é um simples ato arbitrário do mesmo, que põe fim ao contrato laboral sem que o empregado tenha cometido qualquer falta grave.

O benefício do seguro-desemprego, porém, não cabe somente no caso de rescisão sem justa causa, mas também no caso de rescisão indireta do contrato de trabalho que, nas

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palavras de Pereira (2012, p. 248) “A rescisão indireta, também conhecida como despedida indireta ou justa causa do empregador, é a falta grave cometida pelo empregador”.

De forma idêntica entende Garcia (2011, p. 367) “a dispensa indireta se configura por deliberação do empregado, mas ela ocorre em razão de justa causa praticada pelo empregador, tornando inviável ou indesejada a continuidade do vínculo de emprego”.

Porém, conforme CARVALHO (2011) “é certo que a eventual informalidade do contrato (sem anotação na CTPS) ou a falsa imputação de demissão (resilição por iniciativa do empregado) ou de justa causa inviabilizarão o recebimento”.

Portando, a rescisão indireta ocorre quando o empregador pratica falta grave, de modo que o empregado busca a resolução do contrato de trabalho tendo, neste caso, direito ao benefício do programa seguro-desemprego.

Todavia, assim como na rescisão se justa causa, para ter direito ao benefício do seguro-desemprego, o cidadão deve ter um contrato de trabalho formal, com a devida anotação na sua Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).

2.4.4.2 Regime de Trabalho Forçado ou Condição Análoga à de Escravo

A Lei n.º 7.998, de 11 janeiro de 1990 garante ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo o direito ao benefício do programa seguro-desemprego.

Deste modo, Garcia (2011, p. 85) conceitua essa condição do trabalhador que enseja o recebimento do benefício do seguro-desemprego:

O trabalho escravo ou forçado exige que o trabalhador seja coagido a permanecer prestando serviços, impossibilitando ou dificultando seu desligamento, com violação a liberdade de labor [...] o chamado trabalho degradante, caracterizado por péssimas condições de labor, inclusive sem a observância das normas de segurança e medicina do trabalho, também é visto como uma das modalidades de trabalho análogo à condição de escravo (GARCIA, 2011).

Logo, podemos definir trabalho em condições análogas à condição de escravo “como o exercício do trabalho humano em que há restrição, em qualquer forma, à liberdade do trabalhador, e/ou quando não são respeitados os direitos mínimos para resguardo da dignidade do trabalhador” (BRITO FILHO, 2006).

Assim, a ideia de escravidão atual, não se refere tão somente a escravidão definida pela ausência de liberdade da pessoa, que era coagida a prestar serviços sem remuneração, na

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era colonial, mas também quando o trabalho prestado pelo trabalhador, ainda que remunerado, não respeita a dignidade do trabalhador, bem como quando o trabalhador é impedido de sair de seu emprego, ou coagido a continuar nele.

2.4.4.3 Empregado Doméstico

Apesar de não haver previsão na Lei n.º 7.998, de 11 janeiro de 1990, o empregado doméstico também possui direito ao benefício do programa seguro-desemprego, de acordo com o que dispõe o artigo 6º-A da Lei 5.859, de 11 de dezembro de 1972:

Art. 6º-A. O empregado doméstico que for dispensado sem justa causa fará jus ao benefício do seguro-desemprego, de que trata a Lei no 7.998, de 11 de janeiro de 1990, no valor de um salário mínimo, por um período máximo de três meses, de forma contínua ou alternada (BRASIL, 1972a).

A mesma lei traz a definição de Empregado Doméstico e os requisitos para assim ser considerado, nos artigos 1º e 2º respectivamente:

Art. 1º Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial destas, aplica-se o disposto nesta lei.

Art. 2º Para admissão ao emprego deverá o empregado doméstico apresentar: I - Carteira de Trabalho e Previdência Social;

II - Atestado de boa conduta;

III - Atestado de saúde, a critério do empregador (BRASIL, 1972).

Percebe-se que, assim como o trabalhador comum, o empregado doméstico somente terá direito ao benefício se possuir um contrato formal de trabalho, com a respectiva assinatura na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).

A Lei 5.859, de 11 de dezembro de 1972 ainda prevê, nos artigos 6-C e 6-D, o prazo para o resgate do seguro-desemprego e o período de carência para novo resgate do seguro, respectivamente:

Art. 6º-C. O seguro-desemprego deverá ser requerido de sete a noventa dias contados da data da dispensa.

Art. 6º-D. Novo seguro-desemprego só poderá ser requerido a cada período de dezesseis meses decorridos da dispensa que originou o benefício anterior (BRASIL, 1972a).

Assim, o empregado doméstico, caracterizado por ser aquele que presta serviços de maneira contínua à pessoa ou família, cujo serviço prestado não tenha finalidade de gerar

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lucro, somente poderá requerer o benefício sete dias após a dispensa, tendo limite máximo para o requerimento o nonagésimo dia após a dispensa.

Ressalta-se que o empregado doméstico ainda, somente poderá requerer o benefício novamente dezesseis meses após a última dispensa do trabalho, que resultou no ultimo requerimento do benefício.

2.4.4.4 Pescador Artesanal

O seguro-desemprego também foi estendido para os chamados pescadores artesanais, mesmo que este não esteja previsto na Lei n.º 7.998, de 11 janeiro de 1990. Isso se deu com o advento da Lei 8.287, de 20 de dezembro de 1991, que concedeu o benefício do seguro-desemprego a pescadores artesanais, durante os períodos de defeso.

Posteriormente, a Lei nº 10.779, de 25 de novembro de 2003 revogou a Lei 8.287/91 e passou a regular o seguro-desemprego do pescador artesanal. A Lei 10.779/03 “Dispõe sobre a concessão do benefício de seguro desemprego, durante o período de defeso, ao pescador profissional que exerce a atividade pesqueira de forma artesanal” (BRASIL, 2003).

O conceito de pescador artesanal está previsto no artigo 1º da Lei 10.779/03, que foi modificado pela Medida Provisória nº 665 de 30 de dezembro de 2014:

Art. 1º O pescador profissional que exerça sua atividade exclusiva e ininterruptamente, de forma artesanal, individualmente ou em regime de economia familiar, fará jus ao benefício de seguro-desemprego, no valor de um salário-mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie (BRASIL, 2014).

Os parágrafos primeiro e segundo do artigo 1º da Lei 10.779/03 conceituam, respectivamente, regime de economia familiar e período defeso de atividade pesqueira:

[...]

§1º Entende-se como regime de economia familiar o trabalho dos membros da mesma família, indispensável à própria subsistência e exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados.

§2º O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique (BRASIL, 2003).

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A Medida Provisória nº 665 de 30 de dezembro de 2014 acrescentou ainda ao artigo 1º da Lei 10.779/03 os parágrafos terceiro ao sétimo:

[...]

§3o Considera-se ininterrupta a atividade exercida durante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso, ou nos doze meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, o que for menor.

§4o O pescador profissional artesanal não fará jus a mais de um benefício de seguro-desemprego no mesmo ano decorrente de defesos relativos a espécies distintas. §5o A concessão do benefício não será extensível às atividades de apoio à pesca e nem aos familiares do pescador profissional que não satisfaçam os requisitos e as condições estabelecidos nesta Lei.

§6o O benefício do seguro-desemprego é pessoal e intransferível.

§7o O período de recebimento do benefício não poderá exceder o limite máximo variável de que trata o caput do art. 4º da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, ressalvado o disposto no § 4º do referido artigo. (NR) (BRASIL, 2003)

Portanto, é considerado pescador artesanal aquele que exerce de forma de maneira exclusiva e ininterrupta a atividade de pescador de forma não profissional, individualmente, em regime familiar. Isto é, a atividade da pesca deve servir para a subsistência da família, sem ajuda de funcionários, de modo que a família subsista por assistência mútua, bem como ser exercida durante todo o ano, entre o período defeso anterior e o próximo.

Os requisitos para o pescador habilitar-se ao recebimento do benefício estão previstos no artigo 2º da Lei 10.779/03, também modificado pela Medida Provisória nº 665 de 30 de dezembro de 2014:

Art. 2o Cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS receber e processar os requerimentos e habilitar os beneficiários nos termos do regulamento.

§1º Para fazer jus ao benefício, o pescador não poderá estar em gozo de nenhum benefício decorrente de programa de transferência de renda com condicionalidades ou de benefício previdenciário ou assistencial de natureza continuada, exceto pensão por morte e auxílio-acidente.

§2º Para se habilitar ao benefício, o pescador deverá apresentar ao INSS os seguintes documentos:

I - registro como Pescador Profissional, categoria artesanal, devidamente atualizado no Registro Geral da Atividade Pesqueira - RGP, emitido pelo Ministério da Pesca e Agricultura, com antecedência mínima de três anos, contados da data do requerimento do benefício;

II - cópia do documento fiscal de venda do pescado a empresa adquirente, consumidora ou consignatária da produção, em que conste, além do registro da operação realizada, o valor da respectiva contribuição previdenciária, de que trata o § 7º do art. 30 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, ou comprovante do recolhimento da contribuição previdenciária, caso tenha comercializado sua produção a pessoa física; e

III - outros estabelecidos em ato do Ministério Previdência Social que comprovem: a) o exercício da profissão, na forma do art. 1º desta Lei;

b) que se dedicou à pesca, em caráter ininterrupto, durante o período definido no § 3º do art. 1º desta Lei; e

c) que não dispõe de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira.

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§3º O INSS, no ato da habilitação ao benefício, deverá verificar a condição de segurado pescador artesanal e o pagamento da contribuição previdenciária, nos termos da Lei nº 8.212, de 1991, nos últimos doze meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefício ou desde o último período de defeso até o requerimento do benefício, o que for menor, observado, quando for o caso, o disposto no inciso II do § 2º.

§4º O Ministério Previdência Social poderá, quando julgar necessário, exigir outros documentos para a habilitação do benefício. (NR) (BRASIL, 2003)

O Artigo 4º da Lei 10.779/03 discorre sobre as hipóteses em que o seguro-desemprego do pescador artesanal será cancelado:

Art. 4o O benefício de que trata esta Lei será cancelado nas seguintes hipóteses: I - início de atividade remunerada;

II - início de percepção de outra renda; III - morte do beneficiário;

IV - desrespeito ao período de defeso; ou

V - comprovação de falsidade nas informações prestadas para a obtenção do benefício. (BRASIL, 2003)

Por fim, o artigo 5º da Lei 10.779/03 estabelece que o seguro defeso será custeado pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador, assim como o seguro-desemprego para os demais cidadãos, “Art. 5o O benefício do seguro-desemprego a que se refere esta Lei será pago à

conta do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, instituído pela Lei no 7.998, de 11 de

janeiro de 1990” (BRASIL, 2003).

Os objetivos do seguro defeso, neste caso, é:

[...] a garantia de uma renda de subsistência ao pescador na época do defeso, considerando que este é um período em que o pescador está, legalmente, impedido de pescar as espécies relacionadas pelo IBAMA para a temporada.

[...]

Além disso, a política do Seguro Desemprego estimula a criar o que se pode chamar de uma consciência ambiental de preservação dos peixes, pois ao proibir a pesca no período do Defeso contribuem para a preservação da complexa e rica biodiversidade amazônica. (MOREIRA; SCHERER; SOARES, 2010).

Ele visa amparar o pescador artesanal na época do defeso “que ocorre, em geral, no período em que o rio desce, ou seja, das vazantes dos rios da Amazônia. Reconhece-se que é uma forma de preservação e reprodução dos peixes, portanto, do meio ambiente, criando e recriando a biodiversidade” (SCHERER).

Assim, defeso é o período de proteção dos rios, onde há a proibição de pesca. Portanto, para que os pescadores artesanais não fiquem sem sua subsistência, nem tenham que pescar nesse período para tê-la, foi criado o seguro-defeso para amparar o pescador nesse período.

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O período defeso é definido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) que define através de instruções normativas o período defeso em cada rio ou bacia hidrográfica no país.

2.4.5 Benefícios

Os benefícios do programa seguro-desemprego estão atrelados as suas finalidades, as quais estão elencadas no artigo 2º da Lei n.º 7.998, de 11 de janeiro de 1990, incisos I e II:

Art. 2º O Programa de Seguro-Desemprego tem por finalidade:

I - prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalhador comprovadamente resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição análoga à de escravo; II - auxiliar os trabalhadores na busca ou preservação do emprego, promovendo, para tanto, ações integradas de orientação, recolocação e qualificação profissional. (BRASIL, 1990)

Assim, o trabalhador desempregado, que preencher os requisitos do programa seguro-desemprego pode ter acesso ao programa, onde poderá ter auxílio financeiro, recebendo parcelas mensais com valores razoáveis para auxiliá-lo na sua manutenção até o encontro de um novo emprego, bem como auxílio na busca ou preservação de um novo emprego através de ações que visem a qualificação profissional do trabalhador.

2.4.5.1 Assistência Financeira Temporária

A assistência financeira temporária é a primeira finalidade do programa seguro-desemprego prevista na lei que o instituiu. Baseia-se em um pagamento mensal de prestação de cunho pecuniário para auxiliar o cidadão que deixou de perceber o salário que o mantinha.

Porém, este benefício não favorece apenas o próprio cidadão, mas o mercado como um todo, de acordo com Koyanagi (2010, p. 55), pois “o pagamento do seguro-desemprego evita quedas bruscas no consumo dos trabalhadores que perdem seu emprego e o de suas famílias”.

No mesmo sentido se encontra Barros, Corseiul e Foguel (2000, p.24) “Do ponto de vista do trabalhador, o seguro-desemprego funciona como uma fonte de renda adicional no momento em que é demitido”.

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Além disso, os pagamentos percebidos pelo seguro-desemprego procuram abrandar a ausência de renda provocada pelo desemprego, entre o período da perda do emprego e a reinserção do cidadão no novo emprego.

Isso busca, ao mesmo tempo, auxiliar o desempregado em seu sustento, por um período razoável, até encontrar sustento próprio, bem como manter seu poder de consumo, para evitar uma queda brusca do consumo no mercado.

2.4.5.2 Auxilio na Busca ou Preservação do Emprego

O benefício do seguro-desemprego do auxílio na busca ou preservação do emprego se baseia na qualificação profissional do trabalhador que, nas palavras de Koyanagi (2010, p. 48), visa:

Capacitar trabalhadores e elevar sua empregabilidade, contribuindo para a sua inserção e reinserção profissional. A qualificação profissional é a preparação do cidadão com uma formação profissional para que ele possa aprimorar suas habilidades para executar funções específicas demandadas pelo mercado de trabalho (KOYANAGI, 2010).

Deste modo, uma das ideias da qualificação profissional, é preparar o trabalhador, através de ensinamentos específicos, para que este possa se realocar ou manter-se no mercado de trabalho, prestando serviços específicos demandados pelo mercado, não cobertos pela oferta de mão de obra.

Destarte, outra característica da qualificação profissional, ainda nas palavras de Koyanagi (2010, p. 48), que “a qualificação profissional não é uma formação completa. Ela é utilizada como um complemento da educação formal podendo ser aplicadas nos níveis básicos, médio e superior. Sua carga horária vai depender da necessidade de aprendizagem”.

Portanto, apesar de buscar qualificar o cidadão para que este possa retornar ou manter-se no mercado de trabalho, a qualificação profissional funciona somente como um complemento aos conhecimentos que o desempregado já possui, funcionando como uma espécie de especialização, direcionando a mão de obra do cidadão para a prestação de um serviço que exige essa demanda.

Assim entende Barros, Corseiul e Foguel (2000, p.24), “Se para os trabalhadores desempregados o seguro-desemprego significa a possibilidade de uma busca mais cuidadosa, para os trabalhadores empregados o seguro-desemprego significa a possibilidade de buscar um emprego melhor”.

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Cabe salientar também, que durante o período de qualificação profissional, o cidadão tem direito a uma bolsa de qualificação profissional, enquanto estiver participando do programa de qualificação profissional, como estabelece o artigo 2ª-A da Lei 7998/90:

Art. 2º-A. Para efeito do disposto no inciso II do art. 2º, fica instituída a bolsa de qualificação profissional, a ser custeada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT, à qual fará jus o trabalhador que estiver com o contrato de trabalho suspenso em virtude de participação em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador, em conformidade com o disposto em convenção ou acordo coletivo celebrado para este fim (BRASIL, 1990).

Logo, percebe-se que a bolsa é um auxílio financeiro, que protege o trabalhador enquanto participar do curso de qualificação, sendo que, portanto, durante este período o trabalhador não ficará desprovido de renda. É nítido também, que o curso de qualificação busca reinserir o desempregado no mercado de trabalho, bem como proporcionar uma reciclagem do mesmo, de modo que este não se torne um desempregado.

2.4.6 Valores das Parcelas

O valor das parcelas do seguro-desemprego será definido conforme cálculos previsto no artigo 5ºda Lei nº 7.998/1990, sendo que o valor de qualquer das parcelas não poderá ser inferior ao valor do salário mínimo, como dita o texto do parágrafo segundo do referido artigo:

Art. 5º O valor do benefício será fixado em Bônus do Tesouro Nacional (BTN), devendo ser calculado segundo 3 (três) faixas salariais, observados os seguintes critérios:

I - até 300 (trezentos) BTN, multiplicar-se-á o salário médio dos últimos 3 (três) meses pelo fator 0,8 (oito décimos);

II - de 300 (trezentos) a 500 (quinhentos) BTN aplicar-se-á, até o limite do inciso anterior, a regra nele contida e, no que exceder, o fator 0,5 (cinco décimos);

III - acima de 500 (quinhentos) BTN, o valor do benefício será igual a 340 (trezentos e quarenta) BTN.

§ 1º Para fins de apuração do benefício, será considerada a média dos salários dos últimos 3 (três) meses anteriores à dispensa, devidamente convertidos em BTN pelo valor vigente nos respectivos meses trabalhados.

§ 2º O valor do benefício não poderá ser inferior ao valor do salário mínimo. (BRASIL, 1990)

O valor do benefício, em regra, será a média do salário que o cidadão recebeu nos últimos 3 meses de trabalho, não podendo ser inferior ao valor do salário mínimo vigente.

Todavia, o Bônus do Tesouro Nacional foi extinto com a Lei nº 8.177, de 1 de março de 1991, que disse em seu artigo 3º, inciso I:

(36)

Art. 3° Ficam extintos a partir de 1° de fevereiro de 1991:

I - o BTN Fiscal instituído pela Lei n° 7.799, de 10 de julho de 1989; (BRASIL, 1991)

Em razão da extinção de tal dispositivo, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT) editou a resolução 707 de 10 de Janeiro de 2013, que fixou o cálculo dos valores das parcelas com base na variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, como dita o artigo 1º:

Art. 1º O reajuste das três faixas salariais necessárias ao cálculo do valor do benefício Seguro-Desemprego, de que trata o artigo 5º da Lei nº 7.998/1990, observará a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, calculado e divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, acumulada nos doze meses anteriores ao mês de reajuste.

Deste modo, com base na variação anual deste índice indexador, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulga, anualmente, uma tabela com os valores do benefício, calculados com base na resolução 707 de 10 de Janeiro de 2013 do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (CODEFAT).

Assim, o MTE prevê que o valor das parcelas do benefício de quem recebe até R$ 1.222,77 (um mil duzentos e vinte e dois reais e setenta e sete centavos) em média, nos últimos três meses, será a multiplicação do salário médio por 0.8 (80%).

Dita ainda que quem recebeu, em média, nos últimos três meses mais de R$ 1.222,78 (um mil duzentos e vinte e dois reais e setenta e sete centavos) até R$ 2.038,15 (dois mil e trinta e oito reais e quinze centavos) o valor do benefício será calculado considerando o valor que exceder a 1.222,77 multiplicando-se por 0.5 (50%)e somando-se a 978,22.

Por fim, dita que quem recebe acima de R$ 2.038,15 o valor da parcela será de R$ 1.385,91 invariavelmente.

O número de parcelas do benefício é estipulado conforme o tempo em que o requerente esteve empregado, como dispõe o art. 4º, parágrafo 2º, incisos I, II e III da Lei nº 7.998/1990, recentemente alterado pela medida provisória nº 665, de 30 de dezembro de 2014:

Art. 4o O benefício do seguro-desemprego será concedido ao trabalhador desempregado por um período máximo variável de três a cinco meses, de forma contínua ou alternada, a cada período aquisitivo, cuja duração, a partir da terceira solicitação, será definida pelo Codefat.

(37)

§ 1o O benefício do seguro-desemprego poderá ser retomado a cada novo período aquisitivo, satisfeitas as condições arroladas nos incisos I, III, IV e V do caput do art. 3o.

§ 2o A determinação do período máximo mencionado no caput observará a seguinte relação entre o número de parcelas mensais do benefício do seguro-desemprego e o tempo de serviço do trabalhador nos trinta e seis meses que antecederem a data de dispensa que originou o requerimento do seguro-desemprego, vedado o cômputo de vínculos empregatícios utilizados em períodos aquisitivos anteriores:

I - para a primeira solicitação:

a) quatro parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, de no mínimo dezoito e no máximo vinte e três meses, no período de referência; ou

b) cinco parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, de no mínimo vinte e quatro meses, no período de referência;

II - para a segunda solicitação:

a) quatro parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, de no mínimo doze meses e no máximo vinte e três meses, no período de referência; ou

b) cinco parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, de no mínimo vinte e quatro meses, no período de referência; e

III - a partir da terceira solicitação:

a) três parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, de no mínimo seis meses e no máximo onze meses, no período de referência;

b) quatro parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, de no mínimo doze meses e no máximo vinte e três meses, no período de referência; ou

c) cinco parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada, de no mínimo vinte e quatro meses, no período de referência. (BRASIL, 1990)

O cidadão poderá perceber de três a cinco parcelas do benefício do seguro desemprego, sendo que para ter direito ao benefício, será considerado o período de trinta e seis meses anteriores ao fato gerador do pedido do benefício, que é chamado de período aquisitivo.

Assim, na primeira vez que o cidadão solicitar o benefício, ele terá que ter trabalhado no mínimo dezoito e no máximo vinte e três meses no período dos trinta e seis meses anteriores, o qual terá direito de receber quatro parcelas do benefício. O número de parcelas aumenta para cinco, porém, se o cidadão houver trabalhado, no mínimo, vinte e quatro meses no período de referência.

Na segunda vez que o trabalhador solicitar o benefício, terá que ter trabalhado, pelo menos, de doze a vinte e três meses, tendo direito a quatro parcelas do benefício. Se houver trabalhado mais de vinte e três meses, terá direito a cinco parcelas, sempre considerando o período de trinta e seis meses anteriores ao fato gerador do pedido.

A partir da terceira solicitação do benefício, o cidadão deverá ter trabalhado, no mínimo, seis meses a onze meses, tendo direito a três parcelas do benefício. Terá direito a

Referências

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