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PLANEJANDO UMA ATIVIDADE DE LAZER

Nossa prática cotidiana nos diz que “nada” conseguimos fazer se não temos o senso de direção de nossas ações, se não sabemos quais são os obstáculos a nossa frente e se também desconhecemos as passagens livres.

Toda ação humana dirige-se no sentido de alcançar uma finalidade. Por isso, sempre que perseguimos um objetivo procuramos nos organizar, saber se dispomos do conhecimento adequado daquela situação, dos instrumentos necessários para manejá- la, de pessoas com quem podemos contar. Esse conjunto de providências é necessário nas mais diferentes circunstâncias, desde a organização de uma simples festa familiar até a de um empreendimento financeiro de pequeno ou grande porte, por exemplo.

O termo planejamento, amplamente conhecido e utilizado, refere-se justamente a essa forma de agir do homem – a necessidade de se organizar para atingir uma

finalidade desejada.

Dentre inúmeras definições, pode-se dizer que planejar consiste em organizar os recursos disponíveis (materiais e humanos) e administrá-los adequadamente, tendo em vista a realização de determinado objetivo. Planejar é prever os métodos e técnicas para alcance dos objetivos.

Muitos profissionais acham que basta saber administrar o evento e ter animação constante para se obter sucesso, mas a formação do profissional do lazer deve atender todos os estágios (visão de mundo + princípios + estratégias + atividades). Sem dúvida é importante possuirmos um estoque abundante de atividades além de didática para conduzí-los. Contudo, o profissional vai mais além e quer saber das conseqüências mais amplas de seus atos.

Ao montar a programação lembre-se ainda de: ➢ Conhecer o público alvo, o local e o tipo de atividade; ➢ Ter à disposição atividades alternativas (“plano B”); ➢ Planejar, de fato, a atividade nos seus pormenores; ➢ Sintonizar a equipe com a proposta do evento.

Para organizar um anteprojeto de sua atividade ou evento, responda às perguntas básicas: 1. O quê? 2. Quem? 3. Quando? 4. Onde? 5. Por quê? 6. Como?.

O mínimo, necessário para apresentar uma idéia é descrever o que irá ser realizado, prever os recursos humanos e materiais, período, local, justificar a necessidade e prever como pô-la em prática. É importante responder às questões para poder dar uma direção ao trabalho. Somente o planejamento não garante que o evento saia, mas quando o evento é fruto de planejamento a margem de sucesso é muito maior.

Ao iniciar o projeto, o principal é colher informações adequadas e confiáveis. Nesse sentido, seguem alguns tópicos sugeridos por Ruschamnn (1999) citado por Pimentel (2003) para realização do inventário. O inventário é a relação de todas as características do ambiente. A partir dele é dado um diagnóstico sobre qual é a

vocação (potencialidade) e atividades que poderiam obter êxito no local.

1. Características Básicas:

➢ Localização (endereço, condições do local, estrada, a quantos Km do centro); ➢ Mapeamento do local (podendo valer croqui, fotos, planta);

➢ Histórico do empreendimento (quando surgiu, por quê, mudanças);

➢ Sistema administrativo do ambiente (quem administra, como administra, hierarquia); ➢ Equipamentos que possui (quantidade e características);

➢ Equipamentos mais procurados; ➢ Objetivo do empreendimento;

➢ Serviços que presta (quanto cobra, o que oferece, ofereceu e oferecerá ao cliente).

2. Características Ambientais:

➢ Temperatura média do local;

➢ Influência de fatores climáticos na atividade;

➢ Época do ano e horário de maior e de menor fluxo de clientes; ➢ Utilização de alguma paisagem como atrativo;

➢ Utilização da flora ou fauna como atrativo.

3. Características Sociais:

➢ Discriminação dos eventos realizados em datas especiais; ➢ Como divulga seus produtos ou serviços para a clientela alvo; ➢ Utilização de monumentos históricos ou arquitetura como atrativo; ➢ Utilização de manifestações artísticas da região;

➢ Utilização de recursos humanos (profissionais) de nível superior; ➢ Atividades, exercícios, brincadeiras ou esportes estimulados no local; ➢ Responsável por programar as atividades. Como faz para planejar; ➢ Perfil dos clientes (idade, gênero, nível de educação, ocupação, gosto); ➢ Cadastros ou pesquisas da empresa sobre a clientela.

Roteiro para projetos

Objetivos: O que espera alcançar em termos qualitativos (sociais, políticos, ...)

Exemplo: promover o contato de alunos do ensino fundamental com a natureza, através de dinâmicas recreativas voltadas à educação ambiental.

Metas: O que espera alcançar em termos quantitativos (pessoas, doações, ...).

Exemplo: Atingir ente 150 e 80 alunos do ensino fundamental.

Justificativa: Argumentos lógicos que fundamentam os motivos de realizar-se o

projeto. Argumentar sobre os méritos e a viabilidade.

Programação e cronograma: Aspecto instrumental do projeto.

Dados auxiliares (optativos/necessários em certos projetos): Sistema de avaliação do

evento, fundamentação teórica, tabelas, estatística, fotos, ilustrações, gráficos.

Conclusão: Despedida resumindo os principais tópicos tratados nos projetos e

comparando os benefícios com o investimento. Dados pessoais (tel./ contato, formação, ...). Quanto ao investimento (especificar bem cada gasto previsto). Faça um orçamento realista com recursos humanos (do coordenador ao faxineiro), físicos (ambientais) e materiais (de consumo e permanente).

Quanto ao Custo, esse define a quantia que vai se gastar em cada parcela do projeto. É o levantamento financeiro de todos os gastos inerentes ao Programa Recreativo. Deve refletir, de forma o mais real e objetiva possível, a análise das diversas despesas que se farão necessárias ao desenvolvimento do Programa Recreativo.

Em termos de procura de patrocinadores este item é um dos mais importantes. Portanto, deve ser muito bem elaborado e analisado. Sua elaboração deve ser precisa e clara para que alcancemos decisão positiva dos patrocinadores convidados.

Também pode fazer parte, em anexo, o Plano de Marketing do projeto. Marketing está relacionado a desenvolver a imagem de uma pessoa, empresa, produto ou serviço junto ao público. Uma das estratégias de marketing é o patrocínio. Empresas como Banco do Brasil e Coca-Cola patrocinam projetos em áreas relacionadas ao lazer, como as artes e os esportes. Um bom projeto de patrocínio é aquele que se identifica com o perfil da empresa e apresenta boa relação custo

benefício. Avalia-se muito se haverá cobertura da mídia.

Roche (2002) citado por Pimentel (2003) lembra que todo plano deve ser voltado ao planejamento estratégico, assumindo as seguintes características: pouca rigidez (pode receber correções), global (feito para todos), operacional (realista), participativo (feito com todos), formal (escrito e organizado) e conhecido (lido e assumido pela equipe).

Recomenda-se para a organização do lazer o Monitoramento da programação

(croqui, registro, check-list e cronograma); e Avaliação (entrevistas, desenhos, questionários, filmagens, dinâmicas de grupo, exames e/ou reuniões de diagnóstico).

Exemplo: Avalie a excursão pontuando 1 para insatisfatório, 2 para regular e 3 para satisfatório:

( ) ônibus ( ) guia ( ) alojamento ( ) custo

Programa (horário): constitui a previsão das ocorrências durante a atividade.

Ckeck-list: lista para conferir se todos os detalhes ou requisitos da atividade ou de

funcionamento de um equipamento foram atendidos:

Checagem do casamento Sábado (21/05)

Manhã Tarde

( ) confirmar padrinhos (telefone) ( ) ensaio dos músicos ( ) terno do noivo ( ) arranjo da noiva ( ) previsão climática ( ) conferir flores

( ) buscar convidados na rodoviária e aeroporto ( ) abrir salão para buffet ( ) confirmar reserva hotel núpcia ( ) tapete vermelho

Cronograma: item que consta em alguns projetos e relaciona-se à preparação dias ou

semanas antes, durante e após a realização da atividade em si.

DATA PROVIDÊNCIA

De 02 a 15/09/21 Constituição da comissão organizadora da Festa da Uva De 15 a 30/09/21 Apresentação do esboço da Festa da Uva

De 01 a 14/10/21 Apreciação do esboço apresentado e sugestão de alteração De 14 a 31/10/21 Homologação do projeto da Festa e envio aos patrocinadores De 01 a 30/11/21 Fechamento dos contratos e seleção de funcionários

De 08 a 30/11/21 Lançamento da programação, logotipo e patrocinadores De 01 a 21/12/21 Divulgação da Festa. Manutenção do parque...

Croqui: é uma representação visual do ambiente. Marcam-se os principais pontos de

referência, os fluxos e limites do espaço. A posse de um croqui melhora o controle sobre o desenvolvimento do projeto, principalmente se não é possível visualizar a olho nu todo o processo. Um croqui deve ser realizado em folha apropriada para desenho, padronizar uma escala (cada cm no mapa representa determinada metragem) e inserir legenda para identificar o local.

Equilíbrio das características

Ao montar uma programação nunca se pode esquecer de atender à plenitude do ser humano. Deve-se privilegiar todos os tipos de manifestação de lazer, desde que adequados ao meio ambiente natural e cultural. Caillois (1994) citado por Pimentel (2003) afirma que seria necessário fazer uso de jogos/atividades de competição, azar, imitação e vertigem; além de envolver em alguns momentos um rigor maior, com regras e bastante organização e noutras atividades uma liberdade maior com menor grau de organização.

Equilíbrio dos interesses

Geralmente se associa o lazer somente à diversão enquanto se esquece que as atividades recreativas promovem também descanso (repouso, paz) e desenvolvimento pessoal (habilidades individuais e sociais). Portanto, o lazer proporciona três D´s: descanso, diversão e desenvolvimento. Assim há necessidade de se realizar uma programação com várias abordagens, objetivando atender a todos os interesses e expectativas, aumentando contudo a participação das pessoas envolvidas no programa. Jamais esquecer de observar que há atividades específicas para cada faixa

etária.

Equilíbrio fisiológico

Um programa recreativo deverá respeitar a capacidade orgânica das pessoas. Ao preparar atividades de variado esforço devemos procurar ordená-las, considerando a necessidade do organismo:

1. recompor energias (via repouso ativo);

2. adequar às cargas (via aumento progressivo do esforço).

Assim, existem três possibilidades para se proporcionar uma recreação correta do pondo de vista fisiológico.

1. intercalar brincadeiras muito ativas com atividades mais brandas;

2. iniciar pela menos intensa, chegando ao clímax na metade do horário e depois haveria gradativa diminuição da intensidade;

3. oferecer mais intervalos para água e descanso.

Muitos profissionais “matam a atividade antes dela morrer”, ou seja, mantém o tempo de clímax maior o que leva a uma queda na motivação das pessoas. Recomenda-se que se encerre a atividade no “pico”, pois as pessoas sairão da atividade demonstrando entusiasmo (fator este considerado por gerentes como o indicador de sucesso). Nas escolas, se utiliza uma atividade menos intensa ao final da recreação como forma de deixar a pessoa mais calma. Isso é mais verdadeiro à medida que o aluno for ter de retornar para a aula ou para ambiente que requeira silêncio.

Equilíbrio financeiro

Importante levar em consideração a disponibilidade financeira das pessoas para não aumentar as barreiras ao acesso a bens culturais. Vale a lei, “nada se perde, tudo se transforma”.

Equilíbrio interpessoal

É necessário montar uma boa equipe que atenda a proposta de animação sociocultural. Sabe-se que o que se considera padrão ou correto para um contexto pode causar aborrecimentos para outro.

Cuidado com o tratamento preferencial! Existem pessoas mais comunicativas e outras, mais brincalhonas, é necessário respeitar àquelas que são o contrário e que não querem entrar no clima de recreação (estão sem vontade). Porém é necessário observar:

1. o uso ideológico de nosso trabalho;

2. riscos à integridade física dos participantes;

3. adequação das atividades à faixa etária, gênero, valores e expectativas dos praticantes;

4. valor educativo de nossa relação (atitude) com as outras pessoas.

Equilíbrio espacial:

Não só muitas atividades fracassam pela má escolha do local, mas igualmente, muitos ambientes para o lazer são mal projetados. Ao planejar bairros e cidades, é recomendado reservar 4 metros quadrados por habitante para áreas de lazer. Em geral, se encontram problemas desde equipamentos estaduais de lazer construídos sem consultar a população até piscinas públicas feitas sem ducha.

O equilíbrio espacial também pode ser verificado na forma como organizamos o espaço segundo o fluxo de pessoas. A regra do cheio-fora X vazio-dentro ocorre nessa circunstância de planejamento espacial. No exemplo de uma festa no colégio onde os pais irão conhecer o local e os filhos irão brincar: quando há muitos convidados (cheio) buscamos trabalhar o máximo possível longe da área central (fora) para uma atividade não atrapalhar a outra, mas quando vierem poucos convidados (vazio) as atividades recreativas são feitas mais próximas (dentro) para se dar uma idéia de vitalidade e preenchimento do local.

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