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APOSTILA TEORIA DO LAZER & LAZER E ATIVIDADES DE RECREAÇÃO

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APOSTILA

TEORIA DO LAZER &

LAZER E ATIVIDADES DE

(2)

Cursos:

Educação Física

Pedagogia

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SUMÁRIO

1. JOGOS E BRINCADEIRAS TRADICIONAIS E ATUAIS ... 4

1.1 Jogo, Brinquedo e Brincadeiras ... 4

1.2 Tipos de Brinquedos e Brincadeiras ... 7

1.2.1 Brinquedo educativo (jogo educativo) ... 7

1.2.2 Brincadeiras tradicionais infantis ... 7

1.2.3 Brincadeiras de faz-de-conta ... 8

1.2.4 Brinquedos de construção ... 8

2. CARACTERÍSTICAS DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO HUMANO ... 9

3. VALOR EDUCACIONAL DAS ATIVIDADES RECREATIVAS ... 12

4. UM BREVE PASSEIO PELA HISTÓRIA DO LAZER E DA RECREAÇÃO ... 13

4.1 O lazer em nossos dias ... 17

5. CARTA INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO PARA O LAZER ... 20

6. CLASSIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES RECREATIVAS ... 28

7. JOGOS RECREATIVOS, BRINCADEIRAS RECREATIVAS (Passatempos) e GINÁSTICA RECREATIVA ... 31

7.1 Jogos Recreativos ... 31

7.2 Brincadeiras Recreativas ... 32

7.3 Ginástica Recreativa ... 32

8. ENUNCIADO DE UMA ATIVIDADE RECREATIVA ... 33

9. PLANEJANDO UMA ATIVIDADE DE LAZER ... 34

10. OCORRÊNCIA HISTÓRICA DO LAZER ... 42

11. O CONTEÚDO DO LAZER ... 43

12. ATIVIDADE E PASSIVIDADE ... 45

13. AS BARREIRAS PARA O LAZER ... 47

14. EQUIPAMENTOS NÃO-ESPECÍFICOS ... 49

15. EQUIPAMENTOS ESPECÍFICOS ... 50

16. UM DUPLO PROCESSO EDUCATIVO ... 52

17. O AGENTE DE RECREAÇÃO ... 53

18. ATIVIDADES SISTEMATIZADAS DE LAZER ... 58

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18.2 Dinâmica de grupo: ... 60 18.3 Gincana ... 61 18.4 Recreação Aquática ... 61 18.5 Recreação Especial ... 62 18.6 Ruas de Lazer ... 65 18.7 Colônia de Férias ... 66 18.8 Acampamento e Acantonamento ... 69 18.9 Matroginástica e Macroginástica ... 71 18.10 Jogos Eletrônicos ... 72 19. BIBLIOGRAFIAS ... 73 19.1 Bibliografia Básica... 73 19.2 Bibliografia Complementar ... 73

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1. JOGOS E BRINCADEIRAS TRADICIONAIS E ATUAIS

1.1 Jogo, Brinquedo e Brincadeiras

Kishimoto (2001) afirma que definir Jogo não é uma tarefa muito fácil. Pode-se estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais ou amarelinha, xadrez, adivinhas, contar histórias, brincar de “mamãe e filhinha”, futebol, dominó, quebra-cabeça, brincar na areia e uma infinidade de outros.

Pimentel (2003) relata que o jogo é considerado por alguns autores como uma brincadeira com regras, porém para outros, jogo e brincadeira são sinônimos. Há muitas interpretações sobre o jogo e diversos pesquisadores buscam explicar seu funcionamento e origem e propor-lhe uma metodologia.

Para Huizinga (1993) citado por Pimentel (2003), até os animais jogam, pois jogar é algo anterior à própria civilização. Segundo o autor, o jogo é “uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço” tendo-se “consciência de ser diferente da ´vida cotidiana` “. Para autores como o mesmo Huizinga e Piaget o jogo é uma atividade gratuita e marcada pelo prazer. Porém Vygotsky afirma que nem todo jogo é agradável, pois o prazer depende da qualidade das interações sociais que ocorrem durante o jogo e do nível de expectativa de quem brinca. Alguns atribuem prazer à vitória. Daí podem sair insatisfeitos ao serem excluídos ou derrotados.

Pesquisadores do Laboratoire de Recherche su lê Jeu et lê Jouet, da Université Paris-Nord, como Gilles Brougère (1981, 1993) e Jacques Henriot (1983, 1989), começam a desatar o nó deste conglomerado de significados atribuídos ao termo jogo ao apontar três níveis de diferenciações. O jogo pode ser visto como:

1. O resultado de um sistema lingüístico que funciona dentro de um contexto social; 2. Um sistema de regras;

3. Um objeto.

No primeiro caso, o jogo enquanto fato social assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. O essencial, portanto, é respeitar o uso cotidiano e social da linguagem, pressupondo interpretações e projeções sociais, sendo que toda denominação pressupõe um quadro sociocultural transmitido pela linguagem e aplicado ao real. É este o aspecto que nos mostra por que, dependendo do lugar e da época, os

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jogos assumem significações distintas. Se o arco e a flecha hoje aparecem como brinquedos, em certas culturas indígenas representam instrumentos para a arte da caça e da pesca.

Percebe-se que no Brasil, termos como jogo, brinquedo e brincadeira ainda são empregados de forma indistinta, demonstrando um nível baixo de concentração deste campo.

Enfim, cada contexto social constrói uma imagem de jogo conforme seus valores e modo de vida, que se expressa por meio da linguagem.

No segundo caso, um sistema de regras permite identificar, em qualquer jogo, uma estrutura seqüencial que especifica sua modalidade. O Xadrez tem regras explícitas diferentes do jogo de damas. São as regras do jogo que os distinguem, por exemplo, jogar buraco ou truco, usa-se o mesmo objeto, o baralho. Tais estruturas seqüenciais de regras permitem diferenciar cada jogo, permitindo que ambas situações o transfiram ludicidade, ou seja, quando alguém joga, está executando as regras do jogo e, ao mesmo tempo, desenvolvendo uma atividade lúdica.

O terceiro sentido refere-se ao jogo enquanto objeto. O xadrez materializa-se no tabuleiro e nas peças que podem ser fabricadas com papelão, madeira, plástico, pedra ou metais, dentre estas existe o pião. Existe também o pião, confeccionado de madeira, casca de fruta ou plástico, que representa o objeto empregado na brincadeira de rodar pião.

Portanto os três aspectos citados permitem uma primeira compreensão do jogo, diferenciando significados atribuídos por culturas diferentes, pelas regras e objetos que o caracterizam.

Em síntese, os autores assinalam pontos comuns como elementos que interligam a grande família dos jogos:

1. Liberdade de ação do jogador ou o caráter voluntário, de motivação interna e episódica da ação lúdica; prazer (ou desprazer), futilidade, o “não-sério” ou efeito positivo;

2. Regras (implícitas ou explícitas);

3. Relevância do processo de brincar (caráter improdutivo), incerteza de resultados; 4. Não-literalidade, reflexão de segundo grau, representação da realidade, imaginação. 5. Contextualizado no tempo e no espaço.

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indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização.

Uma boneca permite à criança várias formas de brincadeiras, desde a manipulação até a realização de brincadeiras como “mamãe e filhinha”. O brinquedo estimula a representação, a expressão de imagens que evocam aspectos da realidade. Ao contrário, jogos, como xadrez e jogos de construção exigem, de modo explícito ou implícito, o desempenho de certas habilidades definidas por uma estrutura preexistente no próprio objeto e suas regras.

Assim o brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los. Portanto, o brinquedo não reproduz apenas objetos, mas uma totalidade social.

Hoje em dia os brinquedos reproduzem o mundo técnico e científico e o modo de vida atual, com aparelhos eletrodomésticos, naves espaciais, bonecos e robôs.

Os brinquedos podem incorporar um mundo imaginário preexistente criado pelos desenhos animados, seriados televisivos, mundo da ficção científica com motores e robôs, mundo encantado dos contos de fada, estórias de piratas, índios e bandidos.

Ao representar realidades imaginárias, os brinquedos expressam, preferencialmente, personagens sob forma de bonecos, como manequins articulados ou super-heróis, misto de homens, animais, máquinas e monstros.

O brinquedo propõe um mundo imaginário da criança e do adulto, criador do objeto lúdico. No caso da criança, o imaginário varia conforme a idade: para o pré-escolar de 3 anos, está carregado de animismo; 5 e 6 anos, integra predominantemente elementos da realidade.

Bachelard (1998) citado por Kishimoto (2001), nos mostra que há sempre uma criança em todo adulto, que o devaneio sobre a infância é um retorno à infância pela memória e imaginação. Aponta a poesia como estimulante que permite esse devaneio, essa abertura para o mundo, que se manifesta no momento da solidão. Há em nós uma infância represada que emerge quando algumas imagens nos tocam.

Aliás, o que é Brincadeira? É a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. Desta forma, brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não se confundem com o jogo.

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1.2 Tipos de Brinquedos e Brincadeiras

1.2.1 Brinquedo educativo (jogo educativo)

Entendido como recurso que ensina, desenvolve e educa de forma prazerosa. O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil.

Ao permitir a ação intencional (afetividade), a construção de representações mentais (cognição), a manipulação de objetos e o desempenho de ação sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações (social), o jogo contempla várias formas de representação da criança ou suas múltiplas inteligências, contribuindo para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil.

Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem, surge a dimensão educativa. Desde que mantidas as condições para a expressão do jogo, ou seja, a ação intencional da criança para brincar, o educador está potencializando as situações de aprendizagem.

Utilizar jogo na educação infantil significa transportar para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora. Exemplo: quadrilha – noções de conjunto (pares e ímpares), boliche – construção de números.

Portanto, o brinquedo educativo apresenta algumas considerações:

1. Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente; e

2. Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo.

1.2.2 Brincadeiras tradicionais infantis

Filiada ao folclore, incorpora a mentalidade popular, expressando-se, sobretudo, pela oralidade. Considera como parte da cultura popular, essa brincadeira guarda a produção espiritual de um povo em certo período histórico. Por ser um elemento

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folclórico, a brincadeira tradicional infantil assume características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação, mudança e universalidade. Não se conhece a origem da amarelinha, do pião, empinar papagaios, etc. Sabe-se, apenas, que provêm de práticas abandonadas por adultos, de fragmentos de romances, poesias, mitos e rituais religiosos. Tais atividades são transmitidas de geração em geração através de conhecimentos empíricos e permanecem na memória infantil.

1.2.3 Brincadeiras de faz-de-conta

Conhecida como simbólica, de representação de papéis ou sócio-dramática, é a que deixa mais evidente a presença da situação imaginária. O faz-de-conta permite não só a entrada no imaginário, mas a expressão de regras implícitas que se materializam nos temas das brincadeiras.

É importante registrar que o conteúdo do imaginário provém de experiências anteriores adquiridas pelas crianças, em diferentes contextos. Surge com o aparecimento da representação e da linguagem, em torno de 2-3 anos, quando a criança começa a alterar o significado dos objetos, dos eventos, a expressar seus sonhos e fantasias e a assumir papéis presentes no contexto social.

1.2.4 Brinquedos de construção

Os jogos de construção são considerados de grande importância por enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver habilidades da criança. Tem uma estreita relação com o faz-de-conta.

Construindo, transformando e destruindo, a criança expressa seu imaginário, seus problemas e permite aos terapeutas o diagnóstico de dificuldades de adaptação bem como a educadores o estímulo da imaginação infantil e o desenvolvimento afetivo e intelectual. Dessa forma, quando está construindo, a criança esta expressando suas representações mentais, além de manipular objetos. Diante disso, é necessário considerar tanto a fala quanto à ação da criança, além de considerar as idéias presentes em tais representações.

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2. CARACTERÍSTICAS DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO HUMANO Ao estudar a cognição (capacidade de raciocinar) diversos pesquisadores descobriram que existe uma grande relação entre movimento e pensamento. Se, por um lado, os estímulos devem ser dosados e os resultados não são homogêneos entre as crianças, por outro, é através do brincar e do brinquedo que a criança age sobre a realidade e aperfeiçoa o pensar/agir.

Piaget, pesquisador sobre a inteligência infantil, afirma que existem dois processos básicos de adaptação do ser humano ao meio ambiente: Assimilação (incorporação de novos objetos aos esquemas já construídos) e Acomodação (tentativa de se ajustar a uma nova situação). No jogo infantil, há prevalência de assimilação sobre acomodação porque a criança tende a satisfazer no jogo seus próprios interesses.

Piaget considera que o ser humano passa por diferentes etapas cognitivas até chegar à maturação. Assim propôs quatro fases de desenvolvimento:

1. Fase sensório-motora (0-2 anos):

➢ Jogo de exercício (realiza a mesma tarefa repetidas vezes); ➢ Estágio motor (estágio de muitos movimentos);

2. Fase pré-operatória (2 a 6-7 anos):

➢ Jogo simbólico – entra na representação da linguagem; ➢ Estágio egocêntrico (dificuldade em sociabilização);

3. Operacional concreto (6-7 a 11-12 anos):

➢ Jogos com regras – espontâneas e transmitidas (experimenta a “paixão pela regra”);

➢ Estágio cooperativo (busca interagir com outras pessoas, formando grupos).

4. Pós-operatório ou Operatório formal (a partir dos 12 anos):

➢ Jogos com abstrações: domina o jogo simbólico e estabelece suas regras.

Cada brinca de acordo com a etapa em que se encontra. Assim, por exemplo, uma criança de 0 a 2 anos realiza brincadeiras denominadas “jogos de exercício”: ela encontra satisfação em manipular objetos, experimentá-los em seu corpo – em especial na boca. Repeti diversas vezes a mesma coisa, exercitando determinada habilidade

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motora. Exemplo: ficar falando a mesma palavra em seqüência ou ficar batendo com a mão num só lugar.

No período pré-operatório a criança está no auge do egocentrismo, ou seja, mais centrada em si. Por isso, ela costuma ficar falando ou brincando sozinha. Já no Operacional Concreto, ela está mais disposta a brincar em grupo, participando de jogos coletivos e aceitando as regras e fazendo novos jogos. Quanto chega ao estágio Operatório formal (pós-operatório), é capaz de jogar com regras complexas, como nos jogos de interpretação tipo game (RPG). Ao chegar ao último período, o pensamento lógico está semelhante ao do adulto (faltando apenas maturidade psicológica e experiências).

Uma pessoa incorpora fases, com prevalência de uma sobre as outras. Percebe-se que um adulto tem dificuldades de um período que ele não maturou de forma adequada. Por isso, é importante ajudar a pessoa na experimentação de muitos jogos objetivando um desenvolvimento satisfatório. Porém é compreensivo que essas fases são importantes e que o papel do professor é justamente auxiliar o aluno na passagem de uma fase a outra.

Assim Vygotsky aponta a teoria do “desenvolvimento proximal” onde trata o estágio intermediário entre não saber e saber. Nessa fase, a pessoa consegue realizar a tarefa com o auxilio de uma pessoa mais experiente que pode ser os pais, professor ou colega.

Este adota uma abordagem histórico-cultural; sendo que existem duas formas da criança aprender: uma pela própria interação com o meio social e outra quando uma pessoa mais experiente auxilia em um último detalhe em seu aprendizado de determinado aspecto. Ao fazer isso, o professor promove o aprendizado dentro da “zona do desenvolvimento proximal” na qual a criança vivencia funções ainda não amadurecidas, mas que são evoluídas por auxílio de um estímulo cultural.

“A zona de desenvolvimento proximal” é um espaço criado pela criança entre o aprendizado real e o potencial, no qual ela lida com funções em amadurecimento. No momento ela ainda precisa de alguma referência ou auxílio para desempenhar essas funções. Cada fase do aprendizado conclui-se quando as tarefas forem realizadas com autonomia.

As teorias cognicistas contribuíram para o desenvolvimento de ações profissionais relacionadas ao jogo e ao brinquedo. Aqui estão cinco aplicações:

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1. Classificação dos brinquedos conforme faixa etária: como cada brinquedo exige certo nível de cognição e motricidade, as embalagens dos brinquedos industrializados indicam para qual faixa etária foram projetados;

2. Implantação de equipes especializadas (babás, recreadores, pediatras) e espaços apropriados nos hotéis, parques e exposições para atendimento às necessidades da criança e do adolescente;

3. Respeito ao modo de pensar da criança: antes se pensava que a criança era um adulto em miniatura. A compreensão de que a forma como a criança raciocina é diferente do adulto ajudou a mudar a maneira de educar e tratar as crianças nos hospitais, meios de hospedagem, programas de TV, entre outros;

4. Ensino através de brincadeiras: a criança aprende melhor através de vivências nas quais ela possa criar e manipular a realidade em sua volta. Em geral, as pré-escolas aplicam as abordagens piagetianas, proporcionando muitos ambientes e situações lúdicas apropriadas ao desenvolvimento infantil;

5. Programas de Educação Física compatíveis com a fase do desenvolvimento. Freire (1999), adepto das idéias de Piaget, afirma que a inteligência passa por não separar corpo e mente e nem dar modelos prontos e acabados ao aluno.

Abaixo algumas dicas

➢ 2° a 3° ano (6, 7 anos): a compreensão da criança é insegura. Ela confunde-se com facilidade. Por isso elas costumam não entender jogos cheios de regras. Nesta fase, a criança precisa compreender suas próprias ações e ser estimulada a somar seus esforços ao do grupo (jogos de grupo em cooperação).

➢ 4° a 5° anos (9, 10 anos): ela já não acredita tanto no “faz-de-conta”. Ainda tem dificuldades com atividades abstratas, mas já conhece aspectos mais concretos, como posição de cada professor. Ela sente mais prazer nos jogos porque confia mais no potencial de seu corpo.

➢ 6° a 7° ano (11, 12 anos): é um período de grandes transformações porque quase sempre coincide com a puberdade. Já se percebe quem possui mais sensibilidade e senso crítico que os outros. Como o corpo muda, muitos sentem dificuldades em realizar tarefas motoras (ficam desengonçados).

➢ 8° a 9° ano (13, 14 anos): está numa fase propícia ao pensamento crítico e racional. Gosta de desafiar os adultos. Possui certa preguiça para fazer exercícios, mas

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precisa deles para poder manter-se hábil. As aulas devem proporcionar um bom equilíbrio entre a razão e emoção.

No entanto é necessário salientar que não existe, neste caso, receita pronta, porém um amontoado de informações que podem orientar os profissionais para que possam desempenhar suas funções. Assim considera-se a Educação um conjunto de procedimentos que deve ensinar pessoas a se descobrirem, a fazer as coisas de seu jeito único, ou seja, que produz autonomia.

Contudo observa-se que a realidade social também modela o caráter infantil. Portanto, determinadas manifestações esperadas como naturais para uma faixa etária, podem estar acontecendo de maneira diferenciada conforme o contexto onde a criança vive. A carência nutricional ou determinismos de classe podem ser fatores de mudanças no desenvolvimento infantil.

3. VALOR EDUCACIONAL DAS ATIVIDADES RECREATIVAS

As atividades recreativas se constituem em um meio eficaz de alcançar muitas das finalidades da Educação em geral, e da Educação Física em particular. Eis as suas principais contribuições, dentre várias:

1- Contribuição Física

Através do trabalho de grandes massas musculares, da avaliação das funções orgânicas e do desenvolvimento da elasticidade ou amplitude articular, entre outros.

2- Contribuição Psicológica

Quando uma criança joga, raciocina rapidamente e procura fazê-lo de maneira correta, diante das diversas situações que se apresentam isto equivale a uma “ginástica mental”, que ativa sua inteligência. A repetição dessas oportunidades, que o jogo proporciona, possibilita um melhor desenvolvimento psicológico.

3- Contribuição Moral

Levada pelo entusiasmo, durante o jogo, a criança manifesta suas inclinações naturais. Isto permite estudar sua conduta descobrindo-se qualidades e defeitos, devendo estimular as qualidades e combater os defeitos.

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4- Contribuição Social

Os jogos despertam ou fomentam, nas crianças, o espírito de cooperação, solidariedade, proporcionando oportunidades de vivenciar varias situações ao lado dos companheiros.

4. UM BREVE PASSEIO PELA HISTÓRIA DO LAZER E DA RECREAÇÃO

Existem diferentes formas de experimentarmos o lazer em nossas vidas; seja por meio de ler um livro, de ouvir uma música, de visitar lugares desconhecidos, de compartilhar da companhia agradável de amigos, em longas conversas, sem nenhum objetivo que não fosse a alegria de estar juntos.

Quando falamos de lazer, estamos nos referindo a atividades que acontecem no período de tempo livre que temos para nós, depois de atendidas as necessidades da vida e as obrigações do trabalho. Contém também a idéia de repouso ou ocupação voluntária, de disponibilidade para o prazer e de atividade produtora de satisfação. Assim, nos momentos de lazer você pode se divertir, estudar descansar ou, até mesmo, “trabalhar”. O termo lazer vem do latim licere, que significa “ser permitido”. Ou seja, significa poder executar livremente tarefas não obrigatórias. A idéia de lazer remete a noção de ócio.

A palavra ócio se refere a idéia de tempo de repouso. É semelhante à idéia de pausa, de suspensão das atividades ligadas às tarefas da vida. Esse termo vem de fonte latina, otium, que significa o fruto das horas vagas, do descanso, do sossego, ocupação suave e prazerosa.

Todos sonhamos com horas de ócio, com viagens e situações de lazer. Esses momentos também podem ser ocupados de forma agradável com atividades voluntariamente escolhidas e geralmente praticadas nas horas de folga, pelo próprio prazer que delas deriva. É a recreação, que se distingue do trabalho porque nela você usa à vontade seu tempo livre. Recrear vem da raiz latina recreare, que quer dizer restaurar, renovar, reanimar. Se o trabalho ocupa a maior parte do dia e obedece a horário certo, na recreação temos liberdade de escolher ocupações voltadas para nossos interesses, no entanto, há momentos em que o trabalho se mescla com o divertimento, transformando-se em curtição.

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brincadeiras e divertimento, cujas atividades são desenvolvidas nas horas de lazer. Para os adultos, preenchem a necessidade de relaxamento, após um dia estafante ou rotineiro; já para as crianças e pré-adolescentes, os jogos e brincadeiras praticamente se identificam com a vida. Na atividade lúdica imitam o que observam, aprendem sobre si mesmos e seu ambiente e expressam a intensidade de suas emoções.

O adjetivo lúdico nasceu de ludo, origem latim ludus, sendo relativo a jogos, brinquedos, divertimento. Ludus tem como sinônimo jocus, que se refere aos jogos públicos.

Nos vestígios arqueólogos da idade da pedra, pode-se observar que o homem

primitivo, não criou objetos com uso apenas utilitário. Ele buscou prazer na criação do

belo, o que evidencia na feitura de ornamentos de pedra ou osso, colares de recorte caprichoso, machadinhas, delicados potes de cerâmica e jóias feitas de presas de marfim ou conchas. Outros sinais desse cuidado com a beleza se encontram nas estatuetas de argila, representando seres humanos e animais, e nas pinturas multicores em paredes de cavernas.

Outro tipo de produção também ocupou começos da história que foi o brinquedo. De túmulos e ruínas de civilizações remotas provêm numerosos brinquedos, como bolas de couro recheadas de crina e de palha, bonecos feitos de madeira, barro cozido, pedra ou metal, tabuleiros como os de xadrez, bolinhas de gude, piões, arcos e gangorras, testemunhando a atenção dada à atividade recreativa. Aqui admite-se a origem religiosa dos jogos. Muitos jogos e folguedos guardam marcas de um passado no qual lhes foi atribuído caráter sagrado. Por exemplo: as cirandas em torno de um mastro enfeitado remetem à lembrança da adoração da árvore. O hábito de pular fogueira já teve o sentido de um ato purificador.

Considerando a Antiguidade e a Idade média, os egípcios apreciavam a música e a escultura, divertindo-se com caçadas, enquanto os cretenses preferiam danças, jogos e corridas de touros. Os chineses prezavam também os jogos, as lutas corporais, a equitação e a pintura. Já os gregos valorizavam o atletismo, a música, a poesia e o teatro. Os romanos preferiam festins e diversões em hipódromos e arenas. Muitas vezes, essas atividades lúdicas eram usadas como recursos de apaziguamento da inquietação social.

Mais tarde, com a Instituição do Cristianismo, essas atividades prazerosas foram sendo substituídas pelos eventos do calendário religioso. Na Idade Média, diminuem as festividades de caráter mais popular. Apenas os senhores feudais se divertiam me

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“justas” e “torneios”, onde exercitavam as artes da cavalaria e estimulavam a exibição de jograis e menestréis que cantavam trovas e narravam romances.

Na Renascença foi o período da inovação literária, artística e científica que se

produziu na Europa dos séculos XV e XVI, particularmente sob a influência da cultura antiga, redescoberta e prestigiada. Voltam a destacar letras e artes, pintura, arquitetura e escultura, renovando-se o teatro. Na reforma protestante, se reacende o espírito religioso, incentivando-se a restrição aos prazeres da diversão.

Da Grécia antiga aos atuais Jogos Olímpicos

Na Grécia antiga foram marcantes as manifestações esportivas, atividades que sempre ofereceram diversão. Tradicionalmente, elas cumpriram também uma função pedagógica, ensinando a ganhar ou a perder, a lutar.

A história dos esportes se mescla com a instituição dos célebres Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, que se alinham entre os mais antigos e completos de que se tem registro. Os Jogos Olímpicos tinham muita importância entre os gregos, e não apenas sob o aspecto esportivo, mas também o religioso, o cívico e mesmo o político. Durante sua realização, suspendiam-se todas as outras atividades, até mesmo as guerras.

No século II a. C. Roma dominou a Grécia e a Macedônia, assim as competições entraram em decadência. Aos torneios atléticos, os romanos preferiam o circo, onde gladiadores lutavam pela vida, em bárbaros espetáculos. Para os romanos, os Jogos Olímpicos não passavam de torneios esportivos de pouco interesse. Foram extintos em 393 d. C., pelo imperador de Roma, Teodósio I, junto com as demais festas e cerimônias pagãs.

Dezesseis séculos depois da extinção no vasto império romano, os Jogos Olímpicos foram restaurados por Pierre de Fredi, Barão de Coubertin (1863-1937). Em 1894, esse francês lançou a idéia de reviver a antiga tradição grega. Sua esperança era unir os povos através do esporte. Na presença de representantes de 15 países, fundou o Comitê Olímpico Internacional – COI, organismo que até hoje controla todo o mundo olímpico.

Em abril de 1896, realizou-se em Atenas a primeira disputa dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Participaram 13 países, representados por um total de 311 atletas, competindo em nove modalidades esportivas: atletismo, natação, ginástica, halterofilismo, luta, esgrima, tênis, ciclismo e tiro ao alvo.

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Depois de Atenas, em homenagem a seu idealizador, foi a vez de a França sediar os primeiros jogos do século XX. Desde então, as Olimpíadas acontecem a cada quatro anos, tendo sido interrompidas, apenas, pelas duas guerras mundiais.

Hoje em dia são mais de 20 modalidades esportivas, as quais foram sendo popularizadas e hoje fazem parte da recreação urbana. Exerceram importante papel nas sensíveis transformações ocorridas no espírito do lazer moderno, favorecendo a inclusão do esporte e dos jogos coletivos entre as melhores opções para muitas pessoas.

No Brasil

Em meios a Colonização, pouco se fez para cuidar das atividades que proporcionavam divertimento, prazer. No século XVII, em Pernambuco, depois Minas Gerais, famílias se reuniam em “tertúlias” (reunião de parentes e amigos) de caráter lítero-musical, saraus (festa ou concerto noturno); promoviam jogos de salão e dança.

Na capital haviam festas oficiais para o povo, obedecendo o calendário. Haviam procissões, festejos, cavalhadas, touradas, óperas e desfiles alegóricos.

Misturando-se ao aspecto religioso, as festas mostravam sempre um lado profano, com música, danças e fogos de artifício em pátios; havendo leilões de prendas, barraquinhas, comes-e-bebes, teatros e fantoches.

A vida urbana brasileira, com teatros, bailes nos paços (palácios reais) e ampla atividade social, só começou de fato com a vinda da família real. A chegada da Corte portuguesa ao Brasil (a partir 1808) trouxe novo modo de entretenimento, sendo danças francesas e inglesas, nascendo gosto pelo teatro lírico.

Dentre os festejos de rua destaque a Festa do Divino, dedicada ao Espírito Santo; um folguedo carnavalesco antigo, que consistia em lançar, uns nos outros, água, farinha e tinta. Essa situação só mudou ao findar o século, com o crescimento das cidades e a chegada dos inúmeros imigrantes substituindo a mão-de-obra escrava.Trouxeram seus padrões de vida urbana e fundaram clubes de prática esportiva, ginástica e concertos musicais.

Com a chegada da República, as capitais se ampliaram e modernizaram, as comunicações e os transportes melhoraram e o início da industrialização instalou no país novos modos de recreação.

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4.1 O lazer em nossos dias

Na Idade Moderna, o gosto pelo divertimento é resgatado. As grandes invenções, descobertas e o progresso das ciências contribuem para que a recreação deixe de ser privilégio da aristocracia. Ela se estende, então, a outras camadas sociais. A industrialização revolucionou os costumes e criou novas formas de trabalho e de vida nas cidades que surgiram junto às fábricas.

Para satisfazer a necessidade de espaço livre, que o crescimento urbano foi sacrificando, criaram-se os primeiros jardins e parques públicos, nos moldes dos jardins então privados da Corte. Esses novos espaços representam uma tentativa de oferecer, à burguesia em ascensão, os passatempos antes reservados à nobreza.

No decorrer do século XIX, organizaram-se clubes e agremiações para as práticas de entretenimento, gerando mudanças de atitudes e valores. Com o avanço da urbanização, no século XX, e o agigantamento das cidades, a recreação vai-se tornando uma exigência social, aguçada pelas dificuldades de convívio nos aglomerados urbanos, pela fadiga nervosa do trabalho automatizado e pela ampliação das ofertas de lazer.

As páginas de revistas e jornais, programas de TV se enchem de notícias e imagens que nos convidam a desfrutar as delícias de lugares fantásticos – parques temáticos, geleiras da Antártica, sítios arqueológicos recém-descobertos e outros tantos recantos aprazíveis (lugar belo), verdadeiros paraísos terrestres. Toda a promoção ao consumo desses bens nos permite perceber o prestígio do lazer em nossos dias.

Hoje em dia o homem dispõe de mais horas de lazer, conquistadas pela legislação que lhe reduziu a jornada de trabalho e regulamentou a aposentadoria, as férias anuais, o repouso semanal e a idade mínima para trabalhar. Soma-se a isso o tempo que o progresso da medicina e da higiene lhe assegurou, estendendo a duração de sua vida e a ela acrescentando vigor. Em contrapartida observa-se a falta de espaço na metrópole, onde o ruído e a poluição o maltratam, aumentando-lhe as tensões e o cansaço nervoso, gerados por um trabalho cada vez mais automatizado e subdividido, despojado das oportunidades de criação. Contudo percebe-se a necessidade de programas públicos para o desempenho do lazer, observando que as quatro funções de vida urbana são a recreação, trabalhar, habitar e circular.

Com base nestes princípios, desenvolveu-se uma cultura urbanística preocupada em oferecer locais e acomodações para o lazer. Houve igualmente o

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cuidado de preparar profissionais especializados em planejar e orientar a execução de programas de “recreação pública”, destinados a grupos de todas as idades e condições sociais.

A moderna tecnologia desempenhou papel importante: o automóvel, os novos meios de comunicação e as transmissões via satélite permitiram pôr ao alcance das regiões mais remotas toda uma gama de informações diversificadas. A instalação de receptores portáteis de rádio e TV constitui fator de mudanças; destacando a expansão e modernização da indústria gráfica, os novos processos de gravação de som, os cassetes, os discos a laser, os materiais fabricados em plásticos especiais e em fibra de vidro, que revolucionaram o equipamento esportivo.

Devido a grande importância dada a este “mundo do lazer”, surgiram e proliferaram organizações destinadas a explorar as atividades recreativas com fins lucrativos. Multiplicam-se os parques de diversões, os centros de apostas e jogos de azar, as companhias de teatro e balé, enquanto se agigantavam as empresas de rádio, cinema e televisão. Porém, vários entretenimentos, contribuem para gerar, nas pessoas, uma atitude mais passiva, de espectadores.

Ao buscar novas experiências no lazer, o homem também lucra tanto fisicamente quanto mentalmente e intelectualmente isso devido a experiências inovadoras, diferentes da profissional. Além disso, ao gastar nosso tempo livre em atividades produtoras de satisfação, investimos na reconstrução dinâmica do equilíbrio interno.

O lazer também amplia sua condição de fator importante de bem-estar social para se tornar recurso econômico de peso, capaz, até, de sustentar toda uma comunidade; empregando milhares de pessoas, inclusive àquelas que conduzem e estimulam a recreação salutar no lazer: guias de turismo, animadores, recreadores.

As ocupações consideradas como recreativas são: jogos ativos e esportes (individuais, de dupla, de equipe), jogos de salão (tanto de habilidade quanto de raciocínio), música (vocal e instrumental), dança (popular e social), dramatizações (que vão do teatro de sombras ou pantomima à representação de peças clássicas), artes plásticas (com destaque para pintura e escultura), artes literárias, atividades ao ar livre (jardinagem, excursões e campismo), atividades mais sociais (reuniões, festas), passatempo e coleções, além das chamadas “atividades especiais” como esportes náuticos (navegação, remo, vela, pesca, mergulho, etc), esportes aéreos (como planadores, ultraleves, asas delta e pára-quedismo) e outros denominados de risco.

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É importante ressaltar, entretanto, que cada sociedade têm seus entretenimentos prediletos e típicos. No Brasil, o futebol; nos Estados Unidos, o beisebol e o futebol americano.

De acordo com especialistas em saúde, o lazer é uma fórmula pela qual o homem se entrega espontaneamente e descarrega parte de suas tensões acumuladas durante horas ou dias de trabalho, aliviando portanto os reflexos, permitindo mais fácil repouso e reformulação das dinâmicas de encarar os problemas da sociedade.

Voltando-se para o lazer doméstico tem-se a televisão que comanda o espetáculo, vídeo, agora o DVD e algumas informações do cotidiano permitem amenizar preocupações e solidão.

Já a juventude os jogos de vídeo tornaram-se mania irrefreável. Trás consigo estimulação da coordenação motora, porém este é um fator favorável dentre de poucos. Quanto às condições de lazer extra-doméstico, observa-se que estes são voltados para o consumismo, o que favorece a proliferação de estabelecimento exclusivamente com fins lucrativos – hotéis, campings, clubes de férias, casas de campo.

Acredita-se que tais forças aliadas às atividades físicas e artísticas possam ser de notável e positiva importância a qualquer povo, de qualquer país.

Para que haja lazer, é necessária disponibilidade de tempo, além das horas dedicadas à produção, ao sono e à alimentação. Esse tempo de lazer pode ser diário (cotidiano), semanal (fim de semana), ou de longa duração (férias, licenças, aposentadoria). Mas a forma preferida de lazer depende, naturalmente, da maneira como ocorre o desgaste físico e mental, psicológico, segundo as rotinas de cada pessoa. Exemplo: Moro no interior e nas férias quero ir para a Capital. Moro na Capital e quero ir para o interior.

De qualquer forma parece que a função restauradora do lazer parece ser mais psicológica do que física, pois não se trata apenas de repouso. Um período de simples descanso físico não chega a melhorar automaticamente o desempenho das pessoas nas atividades produtivas. As estatísticas revelam haver predominância de acidentes de trabalho exatamente às segundas-feiras ou no retorno das férias.

Em todo o mundo, o agigantamento das cidades demonstra a necessidade de rigor e adequação nos projetos de desenvolvimento dos centros populacionais, a fim de que habitantes possam ter mais qualidade de vida. Ao mesmo tempo em que cresce o processo de urbanização, esses núcleos habitacionais devem ser criados com

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planejamento correto, permitindo a seus habitantes direitos básicos, como o de trabalhar não muito distante de sua residência e poder gastar suas horas de lazer com efetiva satisfação.

Essa necessidade de melhorar as condições e vida envolve um aproveitamento racional do espaço, de maneira a aprimorar a situação de moradia, como também adequar a circulação viária, controlando a poluição ou o barulho excessivo (fatores componentes dos grandes centros urbanos), propiciando o tão necessário e revigorante contato com a natureza.

Na maioria das cidades – e nas metrópoles, principalmente – enfrenta-se o problema do crescimento urbano muito rápido e desordenado. Disso decorrem condições precárias de moradia – com casebres e barracos, sem saneamento básico, sem áreas de lazer ou vegetação, distritos industriais com poluição, problemas com trânsito, enfim, todas as mazelas de uma cidade sem planejamento.

Daí a necessidade de um planejamento preventivo e de soluções eficazes e sistemáticas para as situações que surgem, de modo a garantir aos habitantes uma melhor qualidade de vida e de descanso, de conforto e lazer.

5. CARTA INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO PARA O LAZER Associação Mundial de Recreação e Lazer

(World Leisure and Recreation Association) - WLRA

I - Preâmbulo 1. Finalidade

A finalidade desta Carta é informar aos governos, às organizações não-governamentais e às instituições de ensino a respeito do significado e dos benefícios do lazer e da educação para e pelo lazer. É também orientar os agentes de educação, incluindo as escolas, a comunidade e as instituições envolvidas na capacitação de recursos humanos sobre os princípios nos quais poderão se desenvolver políticas e estratégias de educação para o lazer.

2. Lazer

Considerando que:

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benefícios, incluindo liberdade de escolha, criatividade, satisfação, diversão e aumento de prazer e felicidade. Abrange formas amplas de expressão e de atividades cujos elementos são tanto de natureza física quanto intelectual, social, artística ou espiritual. 2.2 Lazer é um meio privilegiado para o desenvolvimento pessoal, social e econômico; é um aspecto importante de qualidade de vida. Lazer é também um produto cultural e industrial que gera empregos, bens e serviços. Fatores políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais podem ampliar ou dificultar o lazer.

2.3 O lazer promove a saúde e o bem-estar geral oferecendo uma variedade de oportunidades que possibilitam aos indivíduos e grupos escolherem atividades e experiências que se adeqüem às suas próprias necessidades, interesses e preferências. As pessoas atingem seu pleno potencial de lazer quando estão envolvidas nas decisões que determinam as condições de seu lazer.

2.4 Lazer é um direito humano básico, como educação, trabalho e saúde, e ninguém deverá ser privado deste direito por discriminação de sexo, orientação sexual, idade, raça, religião, credo, saúde, deficiência física ou situação econômica.

2.5 O desenvolvimento do lazer é facilitado pela provisão de condições básicas de vida, tais como segurança, moradia, alimentação, renda, educação, salários, eqüidade e justiça social.

2.6 As sociedades são complexas e inter-relacionadas e o lazer não pode ser separado de outras metas da vida. Para atingir um estado de bem-estar físico, mental e social, um indivíduo ou grupo deve ser capaz de identificar e realizar aspirações, satisfazer necessidades e interagir positivamente com o ambiente. O lazer é, portanto, visto como um recurso para melhorar a qualidade de vida.

2.7 Muitas sociedades em todo o mundo são caracterizadas pela insatisfação crescente, estresse, tédio, falta de atividade física, falta de criatividade e alienação na vida cotidiana das pessoas. Todas essas características podem ser aliviadas pela participação em atividades de lazer.

2.8 As sociedades em todo o mundo estão passando por profundas transformações sociais e econômicas, que produzem mudanças significativas no padrão e na quantidade de tempo livre disponível para o indivíduo durante o transcorrer da vida. Essas tendências terão implicações diretas para uma gama de atividades de lazer que, por sua vez, influenciarão a demanda pelo suprimento de bens e serviços de lazer. 3. Educação

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3.1 A finalidade básica da educação é desenvolver os valores e atitudes das pessoas e provê-las com o conhecimento e aptidões que lhes permitirão sentir-se mais seguras e obter mais prazer e satisfação na vida. Essa perspectiva subentende que a educação, além de ser importante para o trabalho e para a economia, é igualmente importante para o desenvolvimento do indivíduo como um membro plenamente participativo da sociedade e para a melhoria da qualidade de vida.

4. Educação para o Lazer Considerando que:

4.1 Os pré-requisitos e as condições para o lazer não podem ser garantidos somente pelo indivíduo. O desenvolvimento do lazer exige ação coordenada por parte de governos, organizações não-governamentais e voluntárias, indústrias, instituições de ensino e da "mídia". A educação para o lazer desempenha papel importante na diminuição de diferenças das condições de lazer e na garantia de igualdade de oportunidades e recursos. Possibilita, ainda, que as pessoas atinjam seu maior potencial de lazer.

4.2 A educação para o lazer deve ser adaptada às necessidades locais e às demandas de determinados países e regiões, levando-se em consideração os diferentes sistemas sociais, culturais e econômicos.

4.3 A educação para o lazer é um processo de aprendizado contínuo que incorpora o desenvolvimento de atitudes, valores, conhecimentos, aptidões e recursos de lazer. 4.4 Os sistemas de ensino formal e informal ocupam uma posição central para implementação da educação para o lazer, incentivando e facilitando o envolvimento do indivíduo neste processo.

4.5 A educação para o lazer há muito tem sido reconhecida como parte da área da educação, mas não tem sido amplamente implementada. Tem sido entendida como parte importante do processo de socialização no qual uma variedade de agentes desempenha um papel importante. Nesta Carta, a ênfase será concentrada na escola, na comunidade e na capacitação de recursos humanos.

4.6 O século XXI exige estruturas interdisciplinares inovadoras para oferecimento de serviços de lazer. Os atuais profissionais da área necessitam desenvolver currículos e modelos de capacitação de recursos humanos congruentes com as crescentes necessidades do futuro, preparando os profissionais de amanhã para o desenvolvimento de novas abordagens na oferta de serviços de lazer.

(24)

Por conseguinte:

À luz do papel crítico emergente do lazer e seus benefícios em todas as sociedades, e da importância de todos os agentes envolvidos neste processo, recomendamos a expansão do desenvolvimento de programas de educação para o lazer.

A Associação Mundial de Recreação e Lazer (WLRA) advoga a educação para o Lazer em todos os cenários e foros apropriados e convoca todos os países a apoiarem devidamente a implementação de estratégias e programas de educação para o lazer. Se a WLRA e outros órgãos como a UNESCO, os governos nacionais, as organizações não-governamentais e voluntárias unirem esforços para introduzir estratégias de educação para o lazer, em concordância com os princípios que formam a base desta Carta, então, os benefícios do lazer ficarão acessíveis a todos. O "Seminário Internacional da WLRA sobre Educação para o Lazer", realizado em Jerusalém, Israel, de 2 a 4 de agosto de 1993, apresenta esta Carta para levar o lazer a todos através da educação para o lazer até e além do ano 2000.

II - Educação para o lazer nas escolas 1. Meta

A meta geral da educação para o lazer é ajudar estudantes em seus diversos níveis a alcançarem uma qualidade de vida desejável através do lazer. Isto pode ser obtido pelo desenvolvimento e promoção de valores, atitudes, conhecimento e aptidões de lazer através do desenvolvimento pessoal, social, físico, emocional e intelectual. Isto, por sua vez, terá um impacto na família, na comunidade e na sociedade como um todo.

2. Princípios e Estratégias

Para atingir essa meta, sugere-se:

2.1 Educação para o Lazer é parte integrante de ampla variedade de estudos, atividades e experiências em cada estágio do ensino formal e informal.

2.2 Estruturas Formais:

Dentro das estruturas formais de educação, o programa propõe:

I. detectar o potencial para o conteúdo de lazer que existe em cada matéria, currículo e atividades extracurriculares.

II. incluir matérias apropriadas e relevantes para o estudo de lazer, tanto direta como indiretamente. Cada matéria deve ser enriquecida com conteúdo de lazer.

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escola.

2.3 Estruturas Informais:

Dentro das estruturas informais de ensino, o programa propõe:

I. promover flexibilidade curricular que amplie o envolvimento extra-escolar e da comunidade.

II. implementar o entendimento mútuo e o compartilhar de experiências culturais de lazer dentro do processo de aprendizagem.

III. permitir a liberdade de escolha na seleção e participação em atividades educacionais.

IV. incorporar princípios de tentativa e erro, que promovam o prazer sem medo de falhar.

2.4 Abordagem de Ensino e Aprendizagem:

As abordagens de ensino e aprendizagem da educação para o lazer nas escolas devem incluir a facilitação, animação, criatividade, experimentação pessoal, autoaprendizado, aulas teóricas e orientação. Recomenda-se que a aprendizagem ocorra individualmente e em grupo, dentro e fora da sala de aula e mesmo da escola. Isto permitirá uma variedade de formatos expressivos e instrumentais. A abordagem de ensino deve ser a de estimular mais do que a de instruir.

2.5 Pessoal

A implementação da educação para o lazer nas escolas deve envolver uma variedade de profissionais, incluindo coordenadores de lazer na escola e na classe, professores, orientadores e especialistas externos.

III - Educação para o lazer na comunidade 1. Metas

A implementação da educação para o lazer na comunidade inclui o processo de desenvolvimento comunitário. Comunidade é definida como lugar geográfico e agregado de interesses, que tem afinidade e interconexão mútuas. O desenvolvimento comunitário refere-se a um processo que utiliza o ensino formal, informal e o não-formal, bem como a liderança para aumentar a qualidade de vida dos indivíduos e dos grupos que vivem na comunidade.

De acordo com as metas globais de ensino de lazer na sociedade, o que se segue são as metas do ensino de lazer na comunidade:

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qualidade de vida através do lazer e ampliar a organização autogerida.

1.2 Acessibilidade: trabalhar com grupos comunitários existentes para minimizar as barreiras e otimizar o acesso a serviços de lazer.

1.3 Aprendizado para a Vida Toda: promover o aprendizado durante todo o ciclo da vida humana como uma meta viável.

1.4 Participação Social: criar a oportunidade para desenvolver inter-relações sociais necessárias a todos os seres humanos

1.5 Redução de Obstáculos: prover estratégias criativas para reduzir obstáculos à (minimizar impedimentos) satisfação de necessidades pessoais, familiares e comunitárias.

1.6 Abrangência: promover o desenvolvimento comunitário, respeitando a existência de grupos multiculturais, sócio-culturais, raciais, sexuais, etários, de habilidades e outros grupos que constituem a sociedade.

1.7 Responsabilidade Cívica e Moral: desenvolver um senso de comunidade, cidadania nacional e internacional, através de comportamento de lazer responsável e confiável. 1.8 Preservação: intensificar uma conscientização de preservação e conservação naturais e culturais.

2. Princípios e estratégias

Para alcançar essas metas, sugere-se os seguintes princípios e estratégias:

2.1 Integração: os serviços comunitários de lazer necessitam promover a integração com outras oportunidades de educação para o lazer.

2.2 Suporte: estimular as organizações comunitárias para incluírem ofertas de educação para o lazer.

2.3 Elos: criar potencial para unir escolas, serviços de recreação e outras organizações comunitárias em todos os níveis.

2.4 Continuidade e Mudança: fomentar tanto a continuidade dos atuais padrões de lazer quanto à aquisição de novos padrões de comportamento de lazer.

2.5 Intervenção Social: desenvolver serviços inovadores de lazer para satisfazer as necessidades específicas das pessoas que vivem em comunidades rurais ou urbanas. 2.6 Envolvimento Efetivo: envolver os residentes da comunidade no planejamento coletivo e nos processos de programação de multiserviços e na aceitação de responsabilidade por resultados efetivos.

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3. Estruturas Comunitárias de Educação para o Lazer São sugeridas as estratégias a seguir:

3.1 Serviços de Educação para o Lazer: centros comunitários, centros de educação de adultos, clubes para jovens, centros de interpretação, ambiental e cultural.

I. Desenvolvimento de Bases de Suporte: consumidores, profissionais e voluntários que podem promover educação para o lazer.

II. Estratégias de Marketing / Comunicação: avaliar necessidade, determinar demanda e promover programas.

III. Facilitação: descobrir, incentivar, possibilitar, apoiar e sustentar iniciativas populares.

IV. Redefinição e Reordenamento: dar ênfase às prioridades de qualidade de vida da comunidade nas agências prestadoras de serviço.

V. Eliminando barreiras, impedimentos e iniquidades: através de programas de intervenção direta, indireta, de fomento e de suporte.

3.2 Serviços de Lazer e de Turismo (por exemplo, parques, playgrounds, centros esportivos, bibliotecas, teatros, galerias de vídeo). [Nota: as estratégias (itens II a V) em 3.1 acima são aplicáveis a serviços de lazer e turismo.]

3.3 Mídia: televisão, rádio, jornais, entre outros.

VI. Informar os cidadãos sobre as oportunidades da educação para o lazer oferecidas pelas agências supracitadas e também prestar serviços de educação para o lazer através da mídia de massa.

3.4 Outros serviços: hotéis, bares, lanchonetes.

VII. Incluir ofertas de educação para o lazer em um pacote de serviços de recreação.

4. Abordagens de ensino e aprendizagem na educação para o lazer, mencionadas anteriormente em 2.4 (facilitação, animação, aprendizado experimental e criativo, experimentação individual, autoaprendizado, aulas teóricas e aconselhamento), são também aplicáveis à educação para o lazer comunitário. Entretanto, as estruturas de educação para o lazer comunitário, mencionadas no item 3 acima, sugerem estratégias adicionais, através de técnicas de suporte, estratégias de marketing e de comunicação e programas de extensão.

5. Recursos Humanos

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abrangendo desde profissionais empregados em tempo integral até voluntários, líderes locais e líderes comunitários. Há uma necessidade de influenciar na capacitação dos profissionais e gerentes que não estão envolvidos especificamente em organizações de lazer, para que reconheçam a importância e o potencial da educação para o lazer. IV - Preparação e capacitação profissional em educação para o lazer

1. Metas

De conformidade com as metas globais de educação para o lazer na sociedade, o profissional deve estar apto para:

1.1 Entender o papel do lazer no meio humano em desenvolvimento.

1.2 Entender as tendências emergentes sociais, ambientais, técnicas e de comunicação, e chegar a conclusões, tendo em vista suas implicações nas ofertas de serviços de lazer.

1.3 Interpretar e integrar o papel da educação para o lazer em diversos ambientes profissionais da sociedade, por exemplo, escolas, meios esportivos, clubes recreativos, centros culturais, polos turísticos, na mídia e outras agências importantes para a área de lazer.

1.4 Garantir que a educação para o lazer complemente, intensifique e se relacione com outras competências importantes como programação, planejamento, administração e liderança comunitária.

1.5 Entender a diversidade etnocultural da sociedade no planejamento de serviços de educação para o lazer.

1.6 Desenvolver os conhecimentos interculturais e a capacidade de ampliar estes conhecimentos a programas de lazer, esporte, cultura, mídia e turismo.

1.7 Entender o papel da educação para o lazer na promoção do desenvolvimento humano (questões relacionadas a sexo, idade, segmentos especais da população) em uma sociedade pluralista de mudanças rápidas.

2. Princípios e Estratégias

2.1 Os profissionais da educação para o lazer devem ser preparados para aplicar seus conhecimentos, valores e habilidades nas seguintes áreas de estudo:

I. tendências, filosofia, serviços, abrangência, acessibilidade; II. aconselhamentos, animação, ensino, defesa da causa;

III. atividades especiais - artes e trabalhos manuais, esportes, música;

IV. sistemas de serviço - exemplo: ensino, esporte, cultura, mídia, turismo, abordagem clínica/terapêutica, teatro.

(29)

2.2 A integração da capacitação para a educação para o lazer em outros currículos profissionais variará em estrutura, forma e modelos de oferta de acordo com as necessidades e nível de desenvolvimento da sociedade.

2.3 O conteúdo curricular da educação para o lazer pode variar em um continuum desde módulos que fazem parte de currículos de lazer existentes, até opções isoladas ou áreas de concentração.

2.4 Quando apropriado, os módulos de educação para o lazer podem ser desenvolvidos para refletirem especializações, levando em consideração diferentes populações, metodologias de ensino, sistemas de serviços e grupos culturais.

3. Preparação e Capacitação de Educação para o lazer devem ser desenvolvidas de forma a transmitir valores, atitudes, conhecimentos e habilidades a indivíduos em outras áreas profissionais de atuação, como ensino, medicina, turismo, arquitetura, enfermagem, serviço social, gerência de hotel e clero.

Elaborada e aprovada no "Seminário Internacional da WLRA de Educação para o Lazer"

Jerusalém – Israel

2 a 4 de agosto de 1993 e ratificada pelo Conselho da WLRA Jaipur - Índia 3 de dezembro de 1993

Wolrd Leisure and Recration Association – WLRA Fonte: http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=195

6. CLASSIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES RECREATIVAS ➢ Quanto à forma

A recreação pode ser Ativa ou Passiva

Ativa quando dela participamos fazendo a atividade. Pode ser mental (palavras

cruzadas, damas, xadrez, jogos educativos, de mesa, etc.).

Passiva quando somos simples espectadores. Exemplo: quando assistimos a

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Em qualquer forma de atividade recreativa o elemento atuante nunca se apresenta sob o aspecto físico, psíquico ou social, separadamente, mas sim em conjunto, sobrejugando-se aos demais, um deles.

Se uma pessoa vai à praia para nadar, a atividade recreativa típica, sem dúvida, é física; entretanto, não deixa de apresentar características de ordem psíquica e social.

➢ Quanto à direção

A recreação pode ser livre ou dirigida.

É livre quando executa livremente, sem a presença do professor, do recreador ou qualquer pessoa que oriente a atividade.

É dirigida quando executada sob a orientação do professor, do recreador ou qualquer pessoa que se proponha a ensinar alguma atividade.

As atividades recreativas podem ser orientadas sem tirar-lhes um dos aspectos fundamentais que é a livre escolha, porque a recreação não só depende de uma necessidade interna, de uma predisposição pessoal, mas é motivada por estímulo da natureza externa, por influência do meio físico e social em que nos encontramos. Assim a técnica para orientação de recreio repousa na modificação do ambiente, na introdução de estímulos sadios e ricos de sugestão para a atividade humana.

➢ Quanto à finalidade utilitária:

Recreativa: não se destinam à aprendizagem de atividades esportivas. Os jogos

e as brincadeiras recreativas visam apenas o aspecto lúdico, proporcionando satisfação pessoal.

Preliminares: atividades de curta duração, sem regulamentação definida, não

necessitando de material específico e nem de campo oficial para a sua execução. Podem ser realizados com número ilimitado de jogadores. Servem para despertar no aluno o interesse por um determinado esporte, através da prática de fundamentos básicos. Ex: estafetas, queimada, nunca três, etc.

Pré-desportivos: auxiliam a aprendizagem de uma modalidade de esportiva.

Desenvolvem habilidades táticas mínimas. Necessita de campo definido para a sua realização e material similar ao do esporte propriamente dito. Ex. “Cambio” (voleibol), 10 passes (handebol).

(31)

Calma: pequena intensidade ou movimentação. São atividades que estimulam a

memória, a observação, a decisão e o controle emocional. Servem como valiosos auxiliares no aprendizado de outras disciplinas, podendo ser relacionado com diferentes centros de interesses. Consistem no trabalho da memorização. Ex: Pum (atenção, ritmo, conhecimento de fatos).

Moderadamente Ativa: intensidade média com movimentação de alguns

participantes, ficando os demais a espera de sua vez de participar. Ex: estafetas, nunca três, coelhinho saí da toca, etc.

Ativa: grande intensidade com movimentação de todos os participantes. Ex:

queimada, pique bandeira, etc.

➢ Quanto à organização:

Formação: são os que iniciam e se desenvolvem em formação. Ex: estafetas,

galinha e seus pintinhos, etc.

Dispersa: sem formação específica. Ex: queimada, 10 passes, piques, etc. Mista: inicia-se em formação, durante a atividade há dispersão e novamente,

uma formação. Ex: patepe, cara e careta, etc.

➢ Quanto à natureza da atividade:

Física (Motora): a participação física supera a participação mental. Ex:

queimada, estafetas, etc.

Mental (psíquica): a participação mental supera a participação física. Ex: Pum,

alfândega, etc.

➢ Em relação ao espaço onde são desenvolvidas:

Internas: realizam-se em ambientes fechados ou restritos, como salas de

festas; ginásios esportivos; salas para aulas de ginástica, musculação; danças modernas e clássicas; salas de música; salas de leitura; salas de projeção para televisão ou cinema; piscinas térmicas ou naturais, saunas; salões de jogos para a prática de atividades como sinuca, bilhar, tênis de mesa, totó, bocha, boliche, dardo; salões de jogos de mesa para a prática de carteados, xadrez, damas e os de adivinhação; estandes fechados para a prática de tiro ao alvo e arco e flecha; salas de jogos eletrônicos; auditórios; espaços culturais para amostra de pinturas, livros, poesias, esculturas; outros.

(32)

Externas: realizam-se em ambientes abertos e amplos, como campos de

esportes; quadras poliesportivas; playgrounds infantis onde haja, especialmente, caixas de areia; piscinas com totogãs, túneis, rampas; pátios; quadras de atletismo; caminhos e picadas (atalho estreito feito a golpes de facão) para excursões e alpinismo; trilhas; pistas para Karts; pistas para competições de cross; ciclovias; lagos para aeromodelismo aquático; ambientação propícia às atividades de pesca (lagos, rios); outros.

➢ Em relação ao ambiente:

Atividades terrestres: todas aquelas que se desenrolam em terra, como jogos,

caminhadas, excursões, brincadeiras e entretenimentos; pode-se incluir também certas atividades aquáticas, praticadas em parques aquáticos ou pequenos lagos e córregos.

Atividades marinhas ou náuticas: desenvolvidas em águas livres ou

profundas, como os mares, rios, represas e grandes lagos.

Atividades aéreas: vôo livre, ultraleve, pára-quedas etc.

7. JOGOS RECREATIVOS, BRINCADEIRAS RECREATIVAS (Passatempos) e GINÁSTICA RECREATIVA

A recreação escolar tem como objetivos:

Despertar no educando o sentido de grupo, ensinando-o a conviver com o outro, praticando cooperação, lealdade, cortesia, espírito de luta e respeito ao semelhante;

Favorecer a aprendizagem de atividades lúdicas, para que possam ser utilizadas nas horas de lazer, fora da escola e na vida adulta;

Ensinar habilidades fundamentais variadas, oferecendo a aprendizagem de gestos simples, despertando o gosto e o interesse por um determinado esporte.

7.1 Jogos Recreativos

Conclui-se que jogo e brincadeira recreativa não são atividades idênticas. É necessário que se estabeleça suas diferenças.

(33)

principal é a recreação; praticados de acordo com regras preestabelecidas, porém sujeitas a mudanças caso entenda-se necessário.

Os jogos recreativos apresentam as seguintes características: ➢ Atividade física e mental;

➢ Caráter recreativo, pré-desportivo ou preliminar; ➢ Evolução;

➢ Final definido;

➢ Regras mais ou menos complexas e rígidas; ➢ Competição;

➢ Objetivos determinados.

Assim sendo, podemos emitir um conceito para jogo.

É uma atividade física ou mental, praticada com finalidade recreativa ou pré-desportiva, que se desenvolve obedecendo a uma certa evolução e com final previsto, subordinada a regras pré-estabelecidas, porém sujeitas à alteração, pressupondo a competição e objetivos definidos.

7.2 Brincadeiras Recreativas

As brincadeiras recreativas apresentam as seguintes características: ➢ Atividade física;

➢ Caráter recreativo (espontâneo);

➢ Nem sempre há evolução e final previsto; ➢ Regras simples e flexíveis;

➢ O maior objetivo é a prática da atividade em si;

➢ Quando há competição, ela não é definida. Isto é, não se observa a condição de adversários durante todo o desenrolar da atividade.

7.3 Ginástica Recreativa

Apresentam as seguintes características: ➢ Atividade física;

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➢ Objetivo – desenvolvimento físico; ➢ Evolução e final previsto.

A ginástica recreativa divide-se em:

Ginástica Recreativa com aparelho: Quando a atividade é praticada manuseando

algum objeto de pequeno porte. Ex: bolas (de borracha, de meias, de isopor, balões), arcos, cordas, bastões, latinhas de refrigerante, etc.

Ginástica Recreativa no aparelho: Quando a atividade é praticada sobre um aparelho

de grande porte. Ex: bancos, traves, muros baixos, etc. Os movimentos deverão ser os mais variados possíveis, e não somente os específicos para aquele determinado aparelho, no caso os movimentos da ginástica olímpica-trave.

Ginástica Recreativa sem aparelho: Quando a atividade é praticada sem aparelho,

usando somente o corpo.

8. ENUNCIADO DE UMA ATIVIDADE RECREATIVA

Enunciar uma atividade recreativa é descrevê-la, obedecendo a uma determinada seqüência técnica, desde o seu nome até o final. Assim, o enunciado completo deve conter os seguintes itens:

Nome da atividade: o nome deve estar relacionado com as atividades

desenvolvidas no jogo ou na brincadeira recreativa.

Categoria: é a atividade predominante.

Objetivos: são os resultados que se esperam alcançar através das atividades

desenvolvidas.

Organização: é a formação dos participantes no início e durante a execução da

atividade.

Desenvolvimento: é o item mais importante do enunciado. Constitui-se na

descrição da movimentação dos jogadores como na regulamentação do mesmo (regras).

Final: após o término da movimentação (que deverá estar toda contida no

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