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CAPÍTULO 5 – O PDE ESCOLA NO PARANÁ E ESCOLAS ESTADUAIS DE

5.2 O trabalho realizado pelas escolas: Elaboração dos Planos de ação

5.2.1 O plano de Ação da “Escola Azul”

Essa escola está localizada na região central do município, funcionando nos períodos da manhã, tarde e noite. Atende o Ensino Fundamental e Médio, totalizando 874 alunos. Em contraturno, oferece 02 turmas de espanhol (63 alunos), possui uma sala de recurso para alunos com altas habilidades (superdotação – 10 alunos) e uma sala de recursos multifuncional (11 alunos). Faz parte do programa Mais Educação43 do MEC, no qual atende 58 alunos no período da manhã (contraturno).

A escola, na elaboração do Plano de Ação do PDE Escola (parcela principal44), contemplou dois objetivos para melhoria do rendimento escolar:

43

O Programa Mais Educação, criado pela Portaria Interministerial nº 17/2007, aumenta a oferta educativa nas escolas públicas por meio de atividades optativas que foram agrupadas em macrocampos como: acompanhamento pedagógico, meio ambiente, esporte e lazer, direitos humanos, cultura e artes, cultura digital, prevenção e promoção da saúde, educomunicação, educação científica e educação econômica. Para o desenvolvimento de cada atividade, o governo federal repassa recursos para ressarcimento de monitores, materiais de consumo e de apoio segundo as atividades. As escolas beneficiárias também recebem conjuntos de instrumentos musicais e rádio escolar, dentre outros; e recursos financeiros para equipamentos e materiais que podem ser adquiridos pela própria escola com os recursos repassados. As escolas que fazem parte do Programa PDE Escola, por serem prioritárias conforme o Ideb, também foram as pioneiras no Programam Mais Educação. 44

A organização do programa PDE Escola inclui dois momentos: 1º) a parcela principal; 2º) a parcela complementar.

Quadro 10 – Plano de Ação – Escola Azul – Objetivo 01

Objetivo Estratégico 1 Melhorar o ensino aprendizagem.

Estratégia Realizar um trabalho envolvendo toda a comunidade escolar para melhorar o

ensino aprendizagem através de várias ações propostas no Plano de ação.

Meta

Melhorar as práticas pedagógicas da escola e o desempenho na Prova Brasil, como também melhorar os índices de aprovação dos alunos do ensino fundamental (5ª a 8ª série) e ensino médio.

Indicador da Meta

Utilização de estratégias de ensino diferenciadas, inovadoras e criativas, envolvendo a comunidade escolar na melhoria da qualidade de ensino. Gráficos de rendimento bimestrais com melhoria na aprovação de 71% para 75%.

Fonte: NRE Guarapuava/ Simec 2011.

As ações propostas para atingir o objetivo 1 e suas respectivas metas, envolveram ações financiáveis como a compra de materiais pedagógicos, material de laboratório, material esportivo, material de apoio pedagógico e mobiliário para incrementar a biblioteca, conforme segue:

Quadro 11 – Plano de Ação – Escola Azul – Ações do Objetivo 01

(continua)

Ação Descrição

01

Ampliar a quantidade, qualidade e diversificação de material pedagógico, sendo os seguintes: 10 atlas, 1 globo terrestre, 1 guilhotina, 20 jogos pedagógicos diversos, 20 mapas (Brasil político, Regiões brasileiras, geo-atlas, continentes, históricos, células animal e vegetal, citologia, histologia e dos sistemas do corpo humano), 1 planetário educativo, 3 tonner para fotocopiadora;

02

Ampliar a quantidade, qualidade e diversificação de material de laboratório, sendo os seguintes: 2 acopladores para mangueiras, 2 azul de metileno, 5 baguetas, 3 balões volumétricos de fundo chato (100ml) e 3 balões de 200 ml com a rolha perfurada, 2 barômetros, 3 buretas, fenoftaleína, 3 formol, 7 funis lisos analíticos, 4 garras metálicas para acoplamento, 3 caixas com 100 lâminas cada de vidro para microscópio, 10 lâminas para bisturi, 10 lâminas permanentes (animal e vegetal), 50 luvas de borracha, 1 caixa com 50 máscaras, 5 metilorange brigol, 4 pinças, 4 pipetas graduadas 1ml, 3 provetas(250 ml e 300 ml), 40 rolhas de borracha de diversos tamanhos, 1 termômetro clínico digital e 20 termômetros clínicos plasmático.

03

Ampliar a quantidade, qualidade e diversificação de material de Educação Física, sendo os seguintes materiais:

15 Bolas de voleibol, 15 bolas de futsal, 15 bolas de basquete e 15 bolas de handebol, 4 jogos de coletes com 6 unidades cada, 30 colchonetes, 1 rede de voleibol, 1 jogo de colete de futsal e 2 jogos de coletes de basquete, 4 Jogos de uniformes esportivos, 2 Cordas, 16 cones tamanho médio, 1 mesa de tênis de mesa, 4 raquetes, 30 bolas de tênis de mesa, 1 rede de tênis de mesa.

04

Melhorar a biblioteca com a aquisição de:

50 livros diversos de literatura infanto-juvenil e clássicos da literatura brasileira, 4 dicionários, 10 gramáticas, 9 livros específicos por disciplina para capacitação dos professores.

05 Adquirir estante e prateleira para a biblioteca.

06 Adquirir 40 minidicionários de língua portuguesa e 40 de português/inglês.

07 Adquirir projetor e computador para melhorar a metodologia dos professores em sala de aula e a qualidade das reuniões, palestras, eventos em geral com os pais e comunidade.

08

Ampliar a quantidade, qualidade e diversificação de material pedagógico, sendo os seguintes: 5 blocos lógicos, 40 mini-calculadoras, 4 perfurador para encadernação, 30 réguas de fração, 30 réguas de precisão, 10 jogos de sólidos geométricos, 10 resmas de folha sulfite tamanho a4, 20 vídeos de conteúdo educativo, 5 Grampeadores pequenos, 20 tubos de cola grande, 40 tesouras pequenas, 20 jogos de caneta hidrocor, 300 cartolinas, 50 potes de 500 ml de tinta guache, 50 pincéis trincha de tamanhos variados, 40 pincéis atômicos, 200 folhas de papel laminado, 200 de folhas de papel camurça, 200 folhas de papel seda, 200 folhas de papel jardim, 150 folhas de EVA, 20 jogos

educativos diversos, 40 lápis 6B, 40 caixas de lápis de cor tamanho grande, 4 rolos de papel bobina, 1 rolo de papel adesivo, 20 jogos de xadrez e damas.

09 Contratação de serviços de xerografia para reproduzir material preparatório à Prova Brasil, Olimpíadas de Matemática e de Língua Portuguesa.

Fonte: NRE Guarapuava/ Simec 2011.

No primeiro objetivo, pode-se perceber que a escola procurou contemplar materiais diversos, demonstrando a preocupação em atender as disciplinas, com aquilo que precisavam. Questiona-se, no entanto, o item 09 que se volta para o trabalho com as avaliações externas.

Pode-se afirmar que, na efetivação da política é que se desencadeiam suas contradições. Se por um lado, as avaliações externas obedecem a uma forma técnica, esse caráter pode ser vivenciado anteriormente pelos alunos para que não sejam prejudicados por desconhecer “formas corretas de preenchimento”, por exemplo, no momento de preencher um gabarito. Por outro lado, não se pode admitir que os exemplos de materiais utilizados em avaliações externas anteriores, sirvam de “conteúdo escolar” para que esses alunos possam expressar melhores resultados numéricos, já que teriam feito atividade parecida anteriormente. Devemos rejeitar essa forma de receber e trabalhar com os dados quantitativos, pois se a educação tem o compromisso com as camadas populares (SAVIANI, 1982) estas são as mais prejudicadas no momento em que se mascaram os dados em detrimento da qualidade educacional.

Quadro 12 – Plano de Ação – Escola Azul – Objetivo 02

Objetivo Estratégico 2

Melhorar os resultados do colégio em relação à cultura de participação de toda a comunidade escolar para melhorar o trabalho pedagógico e função social da escola.

Estratégia

Realizar um trabalho com as instâncias colegiadas e comunidade escolar para incentivar e melhorar a participação no trabalho pedagógico. Organizar ações para melhorar os resultados do colégio em relação aos índices apresentados de reprovação e evasão.

Meta

Desenvolver estratégias de acompanhamento, avaliação e ações do trabalho pedagógico promovendo uma cultura de participação na escola dos pais dos alunos, alunos e comunidade. Diminuir a reprovação nas disciplinas críticas: matemática, artes, ciências, geografia e português para 30% e a evasão do período noturno para até 30%.

Indicador da Meta

Melhorar as estratégias de avaliação e acompanhamento do trabalho pedagógico, fazendo com que os pais dos alunos, alunos e comunidade participem das instâncias colegiadas. Relatório e gráficos demonstrativos da diminuição de alunos reprovados no ensino fundamental (5ª a 8ª série) e ensino médio e diminuição de alunos evadidos no período noturno.

Fonte: NRE Guarapuava/ Simec 2011.

Tendo o segundo objetivo, estratégia e meta, a escola propôs uma ação. Nesta, fica evidente a preocupação da escola em envolver toda a comunidade escolar para melhorar o ensino e a aprendizagem. Também a realização de um trabalho com as instâncias colegiadas

(APMF, Grêmio Estudantil e Conselho Escolar), visando incentivar e melhorar a participação da comunidade escolar, no trabalho pedagógico. Novamente percebe-se a preocupação com a Prova Brasil.

Quadro 13 – Plano de Ação – Escola Azul – Ações do Objetivo 02

Ação Descrição

01 Organizar uma capacitação aos professores de língua portuguesa e matemática da 8ª série com a temática da Prova Brasil para estudar e elaborar material preparatório a ser trabalhado com os alunos. Fonte: NRE Guarapuava/ Simec 2011.

Quanto ao objetivo 2, reafirmado na ação proposta, fica evidente que a escola deseja melhorar seus índices. Por um lado pode-se entender, pela forma como a redação feita pela escola, quando foca em “melhorar os resultados do colégio”, que a preocupação é com relação ao trabalho pedagógico, pois há um posicionamento quanto ao fortalecimento do papel da escola no trabalho com os conteúdos. Constata-se a visão de que a escola quer desenvolver estratégias de acompanhamento, avaliação e ações do trabalho pedagógico, diminuindo assim, os índices de reprovação.

Por outro lado, a ação proposta reforça o foco na Prova Brasil, o que evidencia que a escola percebe seus problemas, mas as influências exercidas pelas políticas de avaliação externa se apresentam como preocupação maior ao propor encaminhamento do trabalho escolar. Nesse caso, ainda que seja necessário o acompanhamento do trabalho pedagógico, há que se zelar no que diz respeito a que tipo de conteúdos ou conhecimentos estão sendo encaminhados na escola.

Para Young (2007), a escola ao trabalhar com os conhecimentos, não pode trabalhar qualquer conhecimento, deve sim, fazer a distinção entre o “conhecimento poderoso” e o “conhecimento dos poderosos”. Seria então, a medida que a escola percebe seus pontos frágeis, adequar seu currículo, viabilizando o trabalho a partir dos conhecimentos que os sujeitos já possuem, viabilizando as possibilidades de uma amplitude nos conceitos, de modo que os sujeitos possam aprender e com isso adquirir uma nova forma de ver e compreender o mundo. (YOUNG, 2007).

Não se pode deixar que a escola assuma como sua função, o trabalho com os “conhecimentos dos poderosos”, que limitam os sujeitos à análise restrita de seu cotidiano, das situações locais. Ao focar nas avaliações externas como principal meio de melhorar índices, pode-se incorrer no erro de se limitar às demandas dos problemas da sociedade

dividida em classes, que para Mendes (2006), a orientação das políticas propostas pelo Estado, de modo geral, estão pautadas na exclusão e na submissão.

No entanto, retomemos a análise de que traduzir políticas em prática não é uma tarefa fácil, exige-se considerar o movimento das políticas e dessa forma, contextualizar a política pensada, pois concordamos com Ball (2009) que os textos políticos, ao serem formulados, carregam uma concepção de educação, mas a política não é finalizada nesse momento. A política é lida e recontextualizada conforme as peculiaridades locais, envolvendo acordos e ajustes, e, consequentemente dependem das condições que cada situação real apresenta.

No momento em que o texto da política chega ao contexto das escolas para ser colocado em ação, poderá ser vivenciado de diferentes maneiras, sob interpretações e condições diferenciadas. Nesse aspecto é fundamental a contribuição de Camini (2001) que reforça a necessidade da escola trabalhar de acordo com as necessidades sociais dos sujeitos.

Os princípios e diretrizes da escola democrática e popular, construídos através do processo Constituinte Escolar, propõem que, na construção de uma educação pública de qualidade social, o ponto de partida seja a realidade na qual está inserida a escola. É através do estudo da realidade e de seu confronto com os princípios e diretrizes que se forja outro modelo de escola adequado a outro tipo de sociedade. (CAMINI, 2001, p. 67).

Assim, o fato de existirem avaliações externas não limita a escola a trabalhar somente para melhorar os índices, mas pode propiciar um diagnóstico das situações mais amplas para que esses indicadores sirvam de parâmetros e, a escola construa um currículo que vislumbre uma educação de qualidade social, reinterpretando as políticas e adequando-as ao seu contexto a sua concepção de educação.

Também é proposto pela escola, um trabalho com as instâncias colegiadas e comunidade escolar para incentivar e melhorar a participação no trabalho pedagógico. Para Belloni (2003), a participação, como mecanismo de ação no controle social, é um dos eixos para formação de atitudes e práticas democráticas, e pode ser uma estratégia para concretização da qualidade social na educação, assim como, a formação de cidadãos democráticos.