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Fase 4. Análise a posteriori

7. ANÁLISE DAS SESSÕES DIDÁTICAS

7.1. Plano de Atividades 1 Sessão didática 1

7.1.1. Estratégias de ensino

 A ficha de orientação para a familiarização com o TeleMeios contribuiu para que os alunos identificassem os recursos que estavam sendo apresentados na tela. Eles compararam o que estava sendo dito com o que havia na ficha, percebendo os detalhes que eram repassados, mas que não constavam na ficha, como mostra o trecho a seguir:

Viviane : ”(...) tem o botão “send” que não está aí na folhinha ... Luziane: “Mas na folhinha tem, viu?”.

Karla: “Tem não”.

Karla: “Ah, quer dizer tem a função, mas não tem a tradução”. Luziane: “Ah, é verdade”.

7.1.2. Hipóteses levantadas

 Validou-se a hipótese de que os alunos se comunicariam sem utilizar o microfone, embora isso tenha sido um dos acordos estabelecidos no contrato didático firmado antes da realização das sessões didáticas e ressaltado pela professora-pesquisadora tanto no decorrer da aula como ao seu final. Verificou-se que eles utilizavam o microfone logo após serem lembrados dessa ação, e até advertiam o colega que não realizava essa ação, como mostra o trecho a seguir: Aluna L. “Tem que usar o microfone”, reconhecendo o acordo estabelecido, porém algum tempo depois eles voltavam a conversar entre si sem o aparelho de comunicação, o que inviabilizava o conhecimento do professor quanto

aos diálogos que estavam ocorrendo durante a realização da atividade. O aluno F. afirmou que essa atitude era tomada quando eles queriam tirar algumas dúvidas com o colega. Este fato é comum na sala de aula convencional, pois há uma facilidade na comunicação entre indivíduos que se reconhecem como “pares”, assim indica-se que o professor deverá ter uma maior atenção quanto à verificação das opiniões e sensações dos alunos, procurando métodos alternativos a visualização de expressões corporais, por vezes mais reveladora do que a expressão verbal. Neste trabalho, esses métodos se concentraram na busca pela naturalidade, inclusive verbalmente utilizando uma linguagem informal, como também a utilização constante de questionamentos.

 Essa hipótese foi refutada, pois o domínio do mouse não apresentou problemas para a realização da atividade, onde eles estabeleceram uma ordem de ações e esta foi seguida por todos os alunos.

 A hipótese de intimidação em razão da presença das observadoras não foi validada. Quando sentiu dificuldades em digitar uma mensagem, a aluna K. pediu prontamente a ajuda da observadora Diana. Eles não se incomodavam com as interferências das observadoras na resolução de problemas técnicos. Acredita-se que devido ao fato da aula se desenvolver dentro do ambiente TeleMeios e não numa sala de aula “convencional”, a presença das observadoras, que estavam no mesmo espaço físico que os alunos, não interferiu no processo pedagógico.

7.1.3. A mediação pedagógica pautada na Sequência Fedathi

 Detalhamento: foi utilizada a ficha de orientação do TeleMeios para que os sujeitos se familiarizassem com o próprio ambiente virtual como também com os recursos desse software. Esse instrumento didático pautou a abordagem dos aspectos a serem tratados nessa sessão didática pela professora-pesquisadora, tais como: opções de conversação, adequação do áudio, verificação da sala de aula virtual, redimensionamento da tela e compartilhamento de aplicativos. A dinâmica de familiarização foi realizada a partir de uma breve explicação sobre o recurso a ser utilizado seguida da efetiva utilização deste pelos sujeitos e finalizando a sessão didática com a realização de atividades relacionadas à utilização dos principais recursos do TeleMeios, convém

ressaltar que a realização das atividades de forma colaborativa foi estimulada durante todas as sessões didáticas desta experimentação.

 Tomada de posição e contrato didático: os alunos não apresentaram dificuldades em compreender a dinâmica de desenvolvimento proposta para a sessão didática como também as regras do contrato didático.  Maturação: todas as dificuldades destacadas confirmaram-se, exceto a

que se referiu ao trabalho em grupo, pois se verificou que os alunos se dividiram na realização das ações, ajudaram-se durante toda a atividade e discutiram sobre a melhor forma de realizar a atividade. Quanto às dificuldades relativas à comunicação, identificou-se muitas vezes que os alunos não coordenavam voz e utilização do mecanismo de comunicação do TeleMeios, na medida em que respondiam questionamentos da pesquisadora-professora sem o pressionamento do botão direito do mouse na janela de áudio ou sem a marcação da opção “talk”, mecanismo indispensável para que os usuários sejam ouvidos no TeleMeios. Quanto à verificação da configuração da janela de áudio, observou-se que apenas a aluna K.E não realizou esta ação quando necessário, mesmo esse aviso sendo repetido diversas vezes pela pesquisadora-professora, e apenas quando a observadora Diana identificou o problema à configuração correta foi aplicada.

 Solução: de fato os alunos apresentaram um bom nível de compreensão em relação à utilização dos recursos do TeleMeios, o que resultou, como já foi antecipado no plano de atividades, em um momento de solução sendo desenvolvido à medida que os recursos eram apresentados aos alunos. Opção que se mostrou adequada, pois contribuiu para a dinamicidade da atividade.

 Prova: as dificuldades apresentadas pelos alunos nesse momento se referiram não à utilização dos recursos do TeleMeios, mas do “Paint”. O aluno F. conhecia melhor este programa e auxiliou os colegas quando não sabiam localizar ou identificar os recursos necessários.

7.1.4. Reações dos alunos e da pesquisadora-professora quanto à utilização dos materiais educacionais digitais.

 Percebeu-se que os alunos apresentaram mais dificuldades na comunicação por voz do que na comunicação por texto. Acredita-se que

isso tenha ocorrido devido à semelhança da comunicação no TeleMeios com alguns elementos presentes na dinâmica de escrita e recebimento de mensagens praticada em redes sociais e no correio eletrônico. O esquecimento de pressionar o botão direito do mouse para falar ou marcar a opção “talk”, o desmarque desta última opção antes de terminar a fala, o falar simultâneo com a pesquisadora-professora, o esquecimento da configuração da janela de áudio e a rapidez da aluna L. ao falar, como também a constante conversação dos alunos ou a resposta para questionamentos da pesquisadora-professora por meio de mensagens, onde os recursos “dizer” e “dizer reservado” da janela de conversação foram os de mais fácil utilização pelos alunos, exceto pela aluna K. que precisou da ajuda da observadora para o envio de mensagem individual, mas logo informou que já havia compreendido esse tipo de envio de mensagens, estes foram os aspectos que demonstraram essa diferenciação de dificuldades na comunicação por voz em relação a que se realizou com texto. A rapidez ao falar é um aspecto que deve ser considerado no desenvolvimento de atividades em um ambiente virtual de ensino, pois esta ação é um hábito, e assim não modificável sem a intenção e o cuidado do próprio indivíduo. Desse modo, o professor deve procurar identificar esta característica e conscientizar o aluno da importância de falar mais devagar para ter uma boa comunicação no ambiente.

 Embora a configuração do computador em que estava o aluno F. não tenha permitido a escuta da sua voz nos primeiros 55 minutos da sessão didática, sendo trocado o monofone, reiniciado o computador, verificado as configurações de áudio do computador e do TeleMeios não obtendo resultados positivos, como também o compartilhamento de programas tenha apresentado alguns problemas cujas causas não foram identificadas no momento, resultando em 20 minutos de tentativas até o compartilhamento ser efetivado para a realização da ficha didática, a desconfiguração automática dos recursos de áudio do computador, os alunos não apresentaram nenhum tipo de insatisfação na utilização do TeleMeios. Esse aspecto foi percebido na participação intensa dos alunos durante toda a sessão didática.

 Foi percebido na segunda metade da sessão didática que o constante pedido de feedbacks, como por exemplo: “Vocês compreenderam o que eu falei?”, “Vocês entenderam?”, “Ficou claro?” e outros, ocorria devido a ausência física dos alunos, ou seja, não era possível saber quem entendeu, ou ainda quem disse que entendeu sem ter entendido através da expressão facial, como ocorre comumente quando alunos e professor estão no mesmo espaço físico. Embora, isso não tenha sido motivo de reclamação por parte dos alunos, as constantes respostas via texto e trechos como este: (Aluna L.) “Ah, ela já falou, então deu para economizar a voz” são evidências desse incômodo. A alternativa da pesquisadora-professora foi a atenção para a diminuição desses pedidos de feedbacks, a constante verificação da área de recebimento de mensagens quanto aos retornos por escrito, bem como a conscientização dos alunos acerca da necessidade de retorno devido à ausência física inerente ao tipo de aula que estava sendo desenvolvido nas sessões didáticas. Isso indica que o professor precisa estar atento à forma de retorno preferida pelos alunos, chamando-os a atenção para que se habituem a utilizar uma ou mais maneiras que estão disponibilizadas no ambiente.

 O pouco tempo oferecido pela pesquisadora-professora para que os alunos respondessem que haviam entendido o que foi repassado se mostrou como um indício que o professor precisa estar atento à comunicação diferenciada que se estabelece num ambiente virtual de ensino, ainda que este disponibilize a comunicação por voz, texto e imagem.