1.1 SISTEMA EDUCATIVO NA PÓS-INDEPENDÊNCIA
1.1.1 Plano Estratégico Nacional da Educação 2011-2030 (PENE)
O PENE é a primeira tentativa de analisar, de forma abrangente, a situação educativa de Timor-Leste. Tem a intenção de identificar os desafios que são apresentados ao ME-TL para cumprir com as obrigações relativas à educação, como são apresentadas na Constituição de Timor- Leste, principalmente o compromisso firmado em relação à concretização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) para 2015 e das metas do Plano de Desenvolvimento Nacional.
A descrição abaixo, do Sr. João Câncio Freitas, sobre o sistema educativo deixa evidente em seu discurso que existe o delineamento das diretrizes pelo ME-TL para desenvolver o setor educacional.
Um sistema de ensino de alta qualidade é o contributo mais importante para o desenvolvimento de Timor-Leste como uma nação próspera, harmoniosa e democrática. Reconhece-se a necessidade de melhorar a qualidade da educação. O Plano Estratégico Nacional da Educação 2011-2030 constitui um passo
importante para atingir este desígnio. Representa a primeira análise sistemática do progresso feito no que se refere à construção do sistema educativo nacional, enquanto País independente e os desafios que enfrentamos no sentido de melhorar o acesso e a qualidade da educação. O trabalho desenvolvido resultou num plano abrangente que, quando implementado, irá certamente melhorar as ofertas educativas a todos os cidadãos. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2011a, p. 1).
A organização desse importante documento foi feita em 13 Programas Prioritários, os quais incidem sobre diferentes componentes do sistema educativo e servem de alvo para a reforma visando à qualidade geral do processo de ensino e aprendizagem. Isto somente será concretizado se dada continuidade à reforma da gestão da educação, nas estruturas do ME-TL e das escolas, para efetivamente se atingir os objetivos estabelecidos para os diferentes subsetores a citar: Educação Pré-Escolar e Ensinos Básico, Secundário, Superior e Recorrente.
As informações contidas no PENE revisado recentemente têm como base o Censo 2010, apresentando dados mais fidedignos da realidade atual do sistema educativo do país.
A visão apresentada no documento para a educação é que:
Em 2030, o povo de Timor-Leste irá estar educado, informado e qualificado para viver uma vida longa e produtiva, respeitando os valores tradicionais, da paz e da família. Todos os indivíduos terão as mesmas oportunidades no acesso à educação de qualidade, que lhes permitam participar no processo de desenvolvimento económico, social e político, assegurando a equidade social e a unidade timorense. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2011a, p. 13).
Tabela 1 - A Estrutura Escolar do Sistema de Ensino
Fonte: Dados da Unidade de Infraestruturas (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2011a, p. 20).
O primeiro ponto a ser analisado é a estrutura atual do sistema de ensino em Timor-Leste, apontada na Tabela 1.
Acerca desse sistema de ensino, pode-se destacar:
1) A distribuição das Pré-Escolas revela que 53 das 142 Pré- Escolas são do setor privado (37%), as quais estão localizadas em maior número em Liquiçá e Díli;
2) A rede pública de escolas no sistema de Ensino Básico mostra que existem:
a) 202 Agrupamentos do Ensino Básico responsáveis pela oferta educativa nos três Ciclos do 1º ao 9º ano;
b) 970 Escolas Filiais4, algumas das quais são responsáveis pela oferta educativa no 1º Ciclo e outras nos 2º e 3º Ciclos; c) A participação do setor privado na oferta educativa representa 15% do número total de escolas (229 de 1554); d) A concentração de Escolas Secundárias são mais reduzidas
nas zonas sul e oeste do país.
Nos últimos anos, tem-se observado um aumento significativo no número de escolas e das matrículas.
4 As Escolas Filiais estão localizadas em regiões remotas e são associadas a uma
Tabela 2 - Indicadores do Sistema de Ensino em Timor-Leste
Fonte: Dados do SIGE de 2010. (A/P = Aluno/Professor). A partir da Tabela 2 podemos verificar que:
1) Houve um grande aumento de inscrições dos alunos no 1º e 2º Ciclo do Ensino Básico (1º a 6º ano), aferido pelo TLM. Um aumento de 0,67 em 2004 para 0,93 em 2010. Isto mostra que Timor-Leste está próximo a alcançar a meta do ODM relativo à conclusão do ensino primário universal, sendo que 93% das crianças entre 6 e 12 anos de idade estão matriculadas nas escolas.;
2) A TBM revela que muitas crianças não estão avançando pelos anos de escolaridade na idade oficial. Estes alunos têm maior probabilidade de abandono escolar e de não concluírem o 2º Ciclo do Ensino Básico. Isto fica mais claro ao analisar a TLM para o 3º Ciclo do 7º ao 9º ano. Apenas 30% dos alunos têm a idade oficial entre 13 e 15 anos para frequência neste ciclo; 3) O número de professores tanto do EB como do Secundário teve
um aumento impressionante;
4) A proporção aluno-professor tem melhorado gradativamente e agora é de 1:30 para os 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico, de 1:26
para o 3º Ciclo e de 1:20 para o Ensino Secundário. No entanto, é observável nas escolas de públicas de Ensino Secundário de Díli uma grande discrepância com esse resultado apresentado nos documentos do ME-TL, os relatos dos professores gira em torno do dobro ou triplo desta proporção. Já no caso do 1º Ciclo é de 1:45 que deveria ter o menor número possível nos anos iniciais.
A qualidade do sistema educativo no nível da Educação Básica está num momento embrionário de desenvolvimento, apenas com esboços iniciais de estratégias e planos para o crescimento futuro, como a reforma curricular que vem sendo implementada progressivamente no 3º ciclo e secundário, e a preparação e aprovação de orientações pedagógicas aos professores. A prioridade dada nesses últimos anos é para estabelecimento de um ensino bilíngue – Tétum e Português, e existem várias organizações que têm elaborado e testado material didático nas duas línguas, principalmente no 3º ciclo. Já para o ESG, os materiais didáticos em língua portuguesa condizentes com o novo currículo estão sendo distribuídos nas escolas do país. Os dois principais objetivos dos responsáveis pelas formações para desenvolver essa reforma curricular são: a) incentivar os professores a usar esse material em sala de aula e b) readaptar todas as disciplinas existentes e as que foram inseridas no currículo nos diferentes níveis de EB e ESG. É reconhecido pelo ME-TL que ainda são necessárias mudanças substanciais para melhorar a qualidade da educação.
Considerando toda a história recente de conquistas do povo timorense, é preciso continuar investindo em avanços que são desejados na gestão do setor educativo com a promulgação de políticas públicas, criação de órgãos que sejam responsáveis pela implementação, desenvolvimento e avaliação da formação inicial e contínua de professores, elaboração do estatuto de carreira docente da classe do professorado, entre outras atividades perceptíveis. Nesse sentido, Timor-Leste quer mostrar ao seu povo e à comunidade internacional que já consegue apresentar programas prioritários para a educação com metas e objetivos bem claros. Agora, basta que quem tem interesse realmente em apoiar essa nação mostre clareza, entendimento e sensibilidade, percebendo o que o país precisa para desenvolver a educação a níveis internacionais e beneficiando essa sociedade.
1.2 SISTEMA EDUCATIVO NA ADMINISTRAÇÃO