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4. Metodologia

4.5. Plano de Investigação

A elaboração do plano de investigação é essencial para que tenhamos noção do conjunto de procedimentos e orientações aos quais obedecemos durante a investigação, o que nos permite ter uma visão rigorosa sobre a forma como a recolha e análise de informação foi pensada. Como referido anteriormente, a validade nos métodos mistos centra-se exclusivamente nas estratégias escolhidas na (1) recolha de dados (2) na análise dos dados e (3) na interpretação da investigação (Creswell & Plano Clark, 2011). É na elaboração do plano de investigação que se vai determinar como é feita a recolha dos dados e as estratégias para a análise dos mesmos.

O plano de investigação para este estudo parte da estruturação definida pela unidade curricular11. Foi igualmente solicitado aos estudantes inscritos no ano letivo 2010/2011, depois de concluída toda a experiência de aprendizagem tida na unidade curricular, que se pronunciassem sobre o design que melhor se adequava tendo por base o TEI. Nesta primeira parte do estudo, procurou-se seguir uma abordagem quantitativa e qualitativa na recolha de dados, de modo a que se pudesse reconceptualizar os cenários de aprendizagem para o ano letivo seguinte, 2011/2012 (figura 21).

94 Figura 21: Diagrama com o plano desta primeira fase (2010/2011), de acordo com o

quadro de notações usadas nos métodos mistos

Neste sentido, os dados recolhidos nas quatro turmas de aprendizagem online foram tratados como um só, atendendo que a estrutura de interação em de cada um destes espaços de aprendizagem era igual. Para além desse facto, e apesar de termos noção que cada turma possui dinâmicas distintas, inerentes às características individuais e coletivas dos indivíduos que participavam em cada um destes espaços de aprendizagem online, a preocupação principal da investigação era compreender qual o design de aprendizagem que melhor respondia às necessidades de interação genéricas dos estudantes, não fazendo assim sentido analisar os resultados de cada turma de forma individual.

Esta primeira fase da investigação, apesar de não dar dados suficientes para responder às questões de investigação, é estruturante para as mesmas. Relativamente à primeira questão é onde se verifica menor peso. Quanto à segunda questão de investigação o plano tem um peso significativo na medida em que, ao apoiar a definição do design de aprendizagem ideal, permite que na segunda fase da investigação haja uma confrontação nos diferentes cenários criados e, consequentemente, entender se este design de aprendizagem ideal confere uma maior satisfação na aprendizagem, comparativamente aos outros cenários. No que se refere à terceira questão o seu peso será médio apenas pela capacidade de apoiar na definição do design de aprendizagem ideal. Finalmente na última questão de investigação o seu peso é significativo já que permite a definição de um instrumento útil para apoiar na definição de um design de aprendizagem que baseie a sua estruturação na interação.

Turmas 1, 2, 3 e 4

QUANT + QUAL

=

Definição dos Cenários de Aprendizagem

(para cada turma do ano letivo seguinte)

95 Na segunda fase do estudo, que ocorre já no ano letivo 2011/2012, encontramos quatro momentos (figura 22) de recolha de dados quantitativos e qualitativos, mas com maior peso para a análise dos dados quantitativos; servindo os dados qualitativos para dar, posteriormente, profundidade aos dados quantitativos. Estes quatro momentos de recolha de dados tiveram lugar em três turmas de aprendizagem online, com estruturas de interação distintas. Assim, toda a análise dos dados teve de ser realizada não só por comparação entre as diferentes turmas, mas também através duma análise isolada em cada turma.

Figura 22: Diagrama com o plano desta segunda fase (2011/2012), com a identificação dos quatro momentos de recolha e análise de dados, de acordo com o quadro de

notações usadas nos métodos mistos

O primeiro momento para a recolha de dados quantitativos ocorreu logo no início das atividades letivas da unidade curricular e teve como objetivo entender como os estudantes esperavam que fosse a sua experiência educacional em termos de intensidade de Interação. No segundo momento, que aconteceu no final do segundo módulo, procurámos analisar em cada uma das turmas como correu a sua experiência de aprendizagem. Aqui, a partir de uma recolha de dados quantitativa, os estudantes

QUANT QUANT+qual QUANT+qual QUANT+qual

QUANT QUANT+qual QUANT+qual QUANT+qual

QUANT QUANT+qual QUANT+qual QUANT+qual

Turma 1

Turma 2

96 posicionaram-se sobre a intensidade de interação que tiveram com os conteúdos, o corpo docente e os colegas, sendo realizada uma análise qualitativa sobre o que aconteceu no espaço da plataforma. Este segundo momento coincidiu igualmente com a realização da primeira tarefa de avaliação, enquadrando-se o produto criado pelos estudantes também na recolha de dados quantitativos. Relativamente ao terceiro momento, este ocorreu logo após a realização do segundo produto para avaliação, no final do módulo 3, e seguiu uma abordagem de análise igual ao segundo momento: posicionamento dos estudantes sobre a intensidade da interação, análise da dinâmica vivida na plataforma e avaliação do produto criado pelos estudantes. Finalmente, o último momento (final do módulo 4), que coincidiu com o período anterior à realização da prova presencial, procurou avaliar os mesmos elementos referidos nos dois momentos anteriores, mas também se centrou na avaliação genérica que os estudantes fizeram da sua satisfação da aprendizagem ao longo da unidade curricular. Para um melhor entendimento do que é avaliado em cada um dos momentos, a tabela 8 resume as preocupações existentes em cada um dos momentos de recolha e análise de dados.

97 Tabela 8: Resumo da recolha e análise de dados de cada fase

Fase/Momento O que se pretende analisar Tipo de dados

Primeira Fase (2010/2011)

Posicionamento dos estudantes sobre a unidade curricular, tendo como base o TEI, para a definição dos cenários de aprendizagem no ano letivo seguinte

Quantitativo e qualitativo

Segunda Fase, Primeiro Momento (2011/2012)

Posicionamento dos estudantes sobre como esperam que seja a sua experiência de aprendizagem na unidade curricular, tendo como base o TEI

Quantitativo

Segunda Fase, Segundo Momento (2011/2012)

Posicionamento dos estudantes face à interação (com os

docentes, os conteúdos e os colegas) que tiveram Quantitativo Tempo despendido pelo corpo docente no

acompanhamento das atividades Quantitativo Análise ao espaço online de cada turma Qualitativo Análise dos produtos produzidos pelos estudantes para o

primeiro momento de avaliação Quantitativo

Segunda Fase, Terceiro Momento (2011/2012)

Posicionamento dos estudantes face à interação tida (com

os docentes, os conteúdos e os colegas) Quantitativo Tempo despendido pelo corpo docente no

acompanhamento das atividades Quantitativo Análise ao espaço online de cada turma Qualitativo Análise dos produtos produzidos pelos estudantes para o

segundo momento de avaliação Quantitativo

Segunda Fase, Quarto Momento (2011/2012)

Posicionamento dos estudantes face à interação tida (com

os docentes, os conteúdos e os colegas) Quantitativo Satisfação dos estudantes face a aprendizagem Quantitativo Tempo despendido pelo corpo docente no

acompanhamento das atividades Quantitativo Análise ao espaço online social de aprendizagem Qualitativo Análise das provas presenciais Quantitativo

O conjunto de todos os momentos da segunda fase permitem dar resposta às quatro questões de investigação, contudo, cada momento tem um peso diferente em cada uma das questões. O primeiro momento desta segunda fase permite, em conjunto com os dados da primeira fase, dar suporte de resposta à quarta questão de investigação, já que permite o apoio à elaboração de um instrumento mais rigoroso no que refere à definição

98 de cenários de aprendizagem baseados na intensidade de interação. O primeiro momento não faculta dados significativos para dar resposta às restantes questões de investigação, todavia, terá um papel importante porque permite entender se todas as turmas têm um perfil semelhante, algo que poderá ser significativo na avaliação dos resultados porque as três turmas partem de uma mesma base. Nos segundo, terceiro e quarto momentos, que tem elementos de análise similares, os dados têm expressividade para todas as questões de investigação porque permite-nos identificar se:

 há equivalência entre os diferentes tipos de interação para a aprendizagem;  a existência de diferentes tipos de configuração na interação, desde que tenham

qualidade, não tem efeitos na eficiência da aprendizagem;

 nos cenários em que há uma maior intensidade de interação há igualmente maior satisfação (este ponto em concreto da segunda questão de investigação só é analisada no quarto momento);

 existem aspetos específicos que poderão estar mais adaptados às características dos estudantes e, consequentemente, garantir um maior nível na qualidade na aprendizagem;

 há instrumentos que podem ser desenvolvidos de forma a apoiar decisões na estruturação de unidades curriculares e cursos com base na interação.

Dadas as características temporais na realização desta investigação, só foi possível avançar com estes duas fases de recolha de dados, uma em cada ano letivo (ver figura 23). Se na primeira fase apenas há um momento de recolha de dados, na segunda fase encontramos quatro momentos. A análise na segunda fase, ao ocorrer em três turmas, com designs de interação distintos, permitiu compensar a impossibilidade de avançar com mais fases de análise, design, desenvolvimento e implementação (etapas habituais num ciclo de iteração do DBR).

99 Figura 23: diagrama geral do plano de investigação