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Plano Nacional de Educação x Plano Estadual de Rondônia

No documento PANORAMA DOS TERRITÓRIOS RONDÔNIA (páginas 55-61)

A partir da leitura do Plano Nacional de Educação, foram sele- cionadas algumas metas relacionadas às linhas de atuação do IU para, em seguida, realizar uma comparação entre as estratégias e propostas nacionais e os planos dos estados. Foram analisadas, portanto, as metas 7 e 19, que tratam da questão da Gestão Esco- lar; a meta 3, que se refere ao Ensino Médio; as metas 8, 11, 12 e 14, que abordam as questões de gênero e das relações étnico-raciais; e, por fim, as metas 15 e 16, voltadas para a Formação de Profes- sores. São destacadas abaixo algumas observações em relação ao Plano Estadual de Educação de Rondônia.

Gestão Escolar

A Meta 7 do PNE trata da qualidade do ensino ofertado e tem um objetivo similar ao Programa Jovem de Futuro. Ela visa me- lhorar o fluxo escolar e a aprendizagem, de maneira a aumen- tar as médias nacionais para o Ideb. Ela corresponde à Meta 8, que contempla as estratégias em prol da melhoria do Ideb e prevê todas as estratégias relacionadas com o IU. No entanto, o estado aponta uma interessante preocupação referente ao pa- pel das avaliações, que pode ser observada nas metas: 8.3 – in- centivar o processo contínuo de auto-avaliação das escolas de educação básica, por meio da constituição de instrumentos de avaliação que orientem as dimensões a serem fortalecidas, des- tacando-se a elaboração de planejamento estratégico, a melho- ria contínua da qualidade educacional, a formação continuada dos(as) profissionais da educação e o aprimoramento da gestão democrática; e 8.5 – aprimorar continuamente os instrumentos de avaliação da qualidade do ensino fundamental e médio, de forma a englobar o ensino de ciências e Estudos Regionais nos exames aplicados nos anos finais do ensino fundamental, e in- corporar o Exame Nacional do Ensino Médio, assegurada a sua universalização, ao sistema de avaliação da educação básica,

bem como apoiar o uso dos resultados das avaliações estaduais pelas escolas e redes de ensino para a melhoria de seus proces- sos e práticas pedagógicas.

Cabe ressaltar, a inclusão de segmentos vulneráveis também é contemplada no documento, considerando a pessoa com deficiência e os estudantes do campo: 8.6 – desenvolver in- dicadores específicos de avaliação da qualidade da educação especial, bem como da qualidade da educação bilíngue para surdos; e 8.9 – garantir transporte gratuito para todos(as) os(as) estudantes da educação do campo, ribeirinhos na faixa etária da educação escolar obrigatória. Além disso, o estado também prevê a ampliação do acesso à internet, dado o im- pacto que esta ferramenta produz na aprendizagem. Rondô- nia ainda apresenta percentuais inferiores à média brasileira quando o assunto é o acesso à internet nas escolas de ensino médio.17 Por isso, o PEE-RO prevê: 8.10 – universalizar, até o quinto ano de vigência do PEE, o acesso à internet e triplicar, até o final da década, a relação computador/aluno(a) no Sis- tema de Ensino da educação básica.

A Meta 19 do PNE, que trata da implementação da gestão de- mocrática, está expressa na Meta 19 do PEE-RO, que estabeleceu 14 estratégias para alcançá-la e conserva todas as estratégias de interesse do IU. Dentre as estratégias contidas no documento, destaca-se a importância da participação dos responsáveis no processo avaliativo deste modelo de gestão: 19.12 – Garantir a participação dos pais na avaliação de docentes e gestores esco- lares, com critérios elaborados pela instituição escolar e os pais devidamente orientados; atendendo em um prazo de 4 anos.

17 Os percentuais de computadores nas escolas e acesso à internet (Rondônia e Bra-

sil) encontram-se em 4.4 Características das escolas segundo existência de com- putador e acesso à internet, neste documento.

Ensino Médio

A Meta 3 do PNE estabelece “universalizar, até 2016, o aten- dimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e ele- var, até o final do período de vigência do PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco por cento)”. Ela está expressa na Meta 3 do PEE-RO e define que o estado deverá sair de 45,7% para 85% na taxa líquida de matrículas no EM. Além de metas relacionadas à reforma e construção de novas escolas e aquisição de mobiliário, labo- ratórios e afins, o documento também prevê ações de redução da evasão: 3.15 – elevar durante a vigência do Plano, o desem- penho acadêmico nas escolas, mediante estudo das causas, implantando programas localizados de prevenção da repe- tência e da evasão. No entanto, cabe ressaltar que as questões relacionadas às diversas formas de discriminação, entendidas como potenciais motivadoras de abandono e baixo desempe- nho escolar, não foram destacadas nesta meta.

O documento de Rondônia considerou outros temas de inte- resse do IU, como os processos avaliativos e a formação conti- nuada dos docentes. Na estratégia 3.10, o PEE-RO define que as escolas devem aplicar metodologias didático-pedagógicas e avaliativas, com base no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica. Já a formação dos docentes é contemplada na estratégia 3.17, com a ampliação da participação em Pro- gramas de Incentivo à Iniciação Científica com bolsa de estu- dos ao professor e aluno pesquisador. A abordagem interdis- ciplinar do currículo é garantida no Plano Estadual, mas os rondonienses também destacam a necessidade de: 3.19 – ga- rantir a contratação de equipes multidisciplinares (psicope- dagogo, psicólogo e assistente social) para apoio educacional; e 3.20 – garantir, a partir da aprovação do Plano, projetos de incentivo ao desenvolvimento da arte e cultura popular na escola. O Estado também indica a necessidade de revisar o quantitativo de aulas para elevar a carga horária das disci- plinas de língua portuguesa e matemática do ensino médio.

Metas que abordam as questões de gênero e das relações étnico-raciais

A Meta 11 do PNE se destina mais especificamente à educação profissional técnica de nível médio, com objetivos de expandir o estágio na educação profissional técnica e, também, expandir o ensino médio gratuito integrado à formação profissional para as populações do campo e para as comunidades indígenas e quilombolas, de acordo com os seus interesses e necessidades. A Meta 11 do PNE, relacionada à educação profissional, está descrita também na Meta 11 do PEE-RO e define aumentar em 3 vezes as matrículas da educação profissional técnica de ní- vel médio, assegurando a qualidade da oferta e, pelo menos, 60% da expansão no segmento público. Além disso, prevê coo- perar na institucionalização de sistema nacional de avaliação da qualidade da educação profissional técnica de nível médio das redes pública e privada e elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos cursos técnicos de nível médio na rede pú- blica federal e estadual para 90% (noventa por cento). A Meta define também a elevação, nos cursos presenciais, da relação de estudantes por professor para 20 (vinte), mas não faz menção a questões étnico-raciais.

A Meta 8 do PNE foca na inclusão dos grupos mais vulnerá- veis: elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos de idade, de modo a alcançar, no mínimo, 12 anos de estudo em 2024 (último ano de vigência do PNE) para as populações do campo, da região de menor escolaridade no país e dos 25% mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados ao Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- tística (IBGE). No PEE-RO, a Meta 09 prevê, ao mesmo tempo, a elevação da escolaridade da população jovem a partir de 18 anos e inclui a questão das políticas afirmativas. A meta define que a escolaridade média da população a partir de 18 anos deve ser elevada, de modo a alcançar, no mínimo, 10 anos de estudos no último ano de vigência do PEE para negros, indígenas, qui- lombolas, populações do campo, ribeirinhos e povos das flores- tas, comunidades tradicionais da região de menor escolaridade

e dos 25% mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com vistas à redução da desi- gualdade social.

Vale destacar que esta meta também estabelece uma expecta- tiva de anos de estudo (10 anos) menor do que a indicada pelo PNE (12 anos). Enquanto o PNE indica a necessidade de tri- plicar o número de matrículas, garantindo pelo menos 50% da expansão do segmento público, o Plano Estadual de Rondônia prevê, em sua Meta 13, o atendimento de, no mínimo, 30% dos alunos do ensino médio até o final da vigência do PEE.

A Meta 12 do PNE se dedica às questões relacionadas com o ensino superior, mas há partes que mencionam a inclusão de grupos historicamente desfavorecidos no Brasil. No es- tado de Rondônia, a Meta 14 se refere a este tema, mas, nova- mente, estabelece percentual menor (40%) do que o recomen- dado pelo PNE para o aumento da taxa bruta de matrículas do ensino superior. As estratégias traçadas aqui não tratam as questões que são do interesse do Instituto Unibanco (as rela- ções étnico-raciais, as questões de gênero, a gestão voltada ao ensino médio etc).

A Meta 14 do PNE trata do acesso aos cursos de pós-gradua- ção, tema que não está diretamente relacionado com o traba- lho desenvolvido pelo IU, mas, considerando que menciona questões de gênero, é importante citá-la. A Meta 16 do PEE- -RO considera a questão do acesso aos cursos de pós-gradua- ção. Entretanto, a questão de gênero novamente não foi tra- tada nesta meta.

Metas voltadas para a Formação de Professores

A Meta 15 do PNE estipula que os professores deverão ter en- sino superior com licenciatura na área de conhecimento em que atuam. Ela está expressa na Meta 15 do PEE-RO e define, em

um prazo de 5 anos, que 100% dos professores da Educação Bá- sica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam. A questão da reforma curricular dos cursos de pedagogia, no entanto, não foi abordada nesta meta.

A Meta 16 do PNE prevê: i) formar, em nível de pós-gradua- ção, 50% dos professores da educação básica; e ii) garantir educação continuada a todos os profissionais da educação básica na sua área de atuação. Em Rondônia, o PEE define que 100% dos professores da educação básica devem estar formados em nível de pós-graduação lato sensu, até o último ano de vigência do PEE, assegurando condições de acesso ao strictu sensu e garantindo a todos profissionais da educação básica formação continuada em sua área de atuação. Prevê também o estabelecimento de parcerias com as IES locais, prioritariamente as públicas, para promover, a partir do pri- meiro ano da vigência do PEE, programas de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, com vista à formação de profissio- nais da educação para o Sistema de Ensino, priorizando os profissionais do ensino público municipal, estadual e fede- ral. Cabe ressaltar que não foi verificado nenhum programa ou plano específico do estado para a formação dos docentes rondonienses. Além disso, o percentual de 100% de docentes profissionais da educação básica com formação de pós-gra- duação representa um desafio, tendo em vista que o estado pretende alcançar a totalidade dos profissionais e que não fo- ram identificados programas robustos de acesso aos cursos de pós-graduação no período em que esta pesquisa foi realizada.

No documento PANORAMA DOS TERRITÓRIOS RONDÔNIA (páginas 55-61)

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