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O Plano Nacional de Leitura (PNL) e a sua implementação nas escolas

Capitulo I Enquadramento teórico

1. A Leitura no 1º ciclo

1.4. O Plano Nacional de Leitura (PNL) e a sua implementação nas escolas

A falta de hábitos de leitura da população portuguesa desencadeou, em Julho de 2006, a criação do Plano Nacional de Leitura (PNL). Estudos recentes do PISA do ano 2000 (Programme for International Student Assessment) mostravam que Portugal se encontrava numa situação muito desfavorável, principalmente em relação aos jovens em idade escolar, logo era urgente tomar medidas para inverter esta situação. Felizmente, estudos de 2009 permitiram verificar algumas melhorias. “Portugal sendo um dos países que mais melhorou o seu desempenho comparando 2000-2009. Importa salientar que apenas sete países tiveram um acréscimo mais elevado do que o registado por Portugal: Polónia, Israel, Letónia, Albânia, Indonésia, Peru e Chile 1”: (Carvalho, 2011, p. 49).

Esta iniciativa do governo, da responsabilidade do Ministério da Educação e Ciência em articulação com o Ministério da Cultura e do Gabinete do Ministro dos Assuntos:Parlamentares:tem:como:objetivo:central:“elevar:os:níveis:de:literacia dos portugueses e colocar o país a par dos nossos parceiros europeus.” (Ministério da Educação e Ciência, 2013).

O PNL é considerado um projeto prioritário pois, sendo:a:leitura:“considerada:um: alicerce da sociedade de conhecimento, indispensável ao desenvolvimento sustentado”: (Ministério: da: Educação: 2006a: p 2), era necessário tomar medidas drásticas devido aos nossos baixos níveis de literacia em relação à média europeia. Era fundamental que este projeto viesse dar um impulso para a promoção da leitura, logo o PNL privilegiava o cruzamento de dois aspetos fundamentais: a continuidade e a inovação. Considerou-se que um dos fatores de sucesso era:por:um:lado:“assentar: em estruturas já existentes, e, por outro, partir das práticas de promoção da leitura já em:curso:no:terreno”:(Costa, 2011, p. 20)

Este programa tem a duração de 10 anos, dividido em duas fases de 5 anos cada, estabelecendo como principais objetivos:

- “Promover a leitura, assumindo-a como fator de desenvolvimento individual e de progresso nacional;

- Criar um ambiente social favorável à leitura;

- Inventariar e valorizar práticas pedagógicas e outras atividades que estimulem o prazer de ler entre crianças, jovens e adultos;

- Criar instrumentos que permitam definir metas cada vez mais precisas para o desenvolvimento da leitura;

- Enriquecer as competências dos atores sociais, desenvolvendo a ação de professores e de mediadores de leitura, formais e informais;

- Consolidar e ampliar o papel da Rede de Bibliotecas Públicas e da Rede de Bibliotecas Escolares no desenvolvimento de hábitos de leitura;

- Atingir resultados gradualmente mais favoráveis em estudos nacionais e internacionais de avaliação de literacia.”:(Ministério:da:Educação:e:Ciência:p: 2013)

A 1ª fase repercutiu-se desde Setembro de 2006 até 2011, na qual se reforçaram programas lançados ao nível do incentivo da leitura. A 2ª fase está a decorrer, após a conclusão dos dados obtidos na 1ª fase, definindo assim novas metas, para que o desenvolvimento da literacia e dos hábitos de leitura progridam de ano para ano, sendo cumprindo os objetivos propostos.

Após 1º ano do lançamento do PNL, os resultados foram bastante satisfatórios. Uma das iniciativas que teve grande sucesso foi o projeto a Ler+ que resultou de uma parceria com o National Reading Trust. Este projeto, realizado com o apoio da Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular e da Fundação Caloust Gulbenkien pretende: “que as escolas e bibliotecas escolares, em estreita parceria com as bibliotecas públicas e toda a comunidade, promovam e dinamizem uma cultura integrada:de:leitura”:(Ministério da Educação e Ciência, 2013)

Existem programas específicos para os vários anos escolares: - Pré-escolar, Está na Hora dos Livros;

- 1.º Ciclo, Está na Hora da Leitura; - 2.º Ciclo, Quanto Mais Livros Melhor;

- 3.º Ciclo e no Ensino Secundário, Navegar na Leitura.

Para o nosso trabalho, interessa-nos, claro, em particular, o programa do 1º ciclo Está na Hora da Leitura,

“que:prevê:1:hora:diária:de:leitura:e:de:atividades:centradas em livros na sala de aula. Algumas indicações são dadas diretamente aos professores como: ter em atenção a hora do dia que considera mais adequada para a implementação deste programa; selecionar as obras, dentro das listas fornecidas, para o ano letivo em concreto, tendo em conta a progressão efetiva dos alunos e o fomento do interesse pelos livros e pela leitura; escolher diversas obras, para que haja o contacto dos alunos com diversos autores, ilustradores, temas, estilos; voltar a ler o mesmo livro, se as crianças o desejarem; e não prolongar excessivamente no tempo o trabalho com o mesmo:livro” (Pires e Balça, 2012, p. 96)

O contexto escolar foi sem dúvida o mais focado e no qual houve uma maior projeção e atenção para esta dinamização dos hábitos de leitura, contudo outros contextos não foram esquecidos. Houve também a necessidade de haver uma dinamização da leitura no seio familiar, nas bibliotecas públicas e outros espaços de acesso à comunidade. Foram igualmente criados programas específicos para trabalhar nestes contextos: Leitura a Par, Há sempre tempo para ler, Ler antes de ler, Já sei ler e À conquista do leitor.

Foi também construído um site eletrónico do PNL, que tem vindo a ser fundamental para a divulgação e ajuda na promoção da leitura.

Este site disponibiliza um conjunto de ferramentas para que na escola e até em casa seja mais fácil orientar o aluno/filho para a promoção da leitura, bem como algumas listas de obras sugeridas consoante a idade de cada um. Este está organizado em 13 pastas com os mais diversos assuntos e que podem ser benéficas para a promoção deste plano, de modo a que qualquer professor/educador tire benefício do mesmo para o desenvolvimento da literacia da criança. O fato de incluir uma Biblioteca Digital reforça a pertinência das nossas preocupações com a leitura neste tipo de suporte.

É ainda importante referir que esta iniciativa foi muito bem aceite por todas as escolas e jardins de infância, pois foi organizada de forma coerente com as orientações curriculares do Ministério da Educação para a leitura nos tempos letivos; foram propostas diversas atividades articuladas com as práticas que eram realizadas nas escolas, não havendo, assim, uma rutura mas sim uma continuidade do trabalho até então desenvolvido. Por fim, foi atribuída uma verba para a aquisição de novos livros o que permitiu o enriquecimento e qualidade de um leque variado e diversificado, melhorando a oferta dos espaços de leitura.

O Plano Nacional de Leitura Português, à semelhança do que acontece noutros países da UE, sugere as mais variadas atividades e tem sido uma grande contribuição para melhorar e dinamizar a promoção da leitura. É de esperar que todos estes esforços sejam recompensados havendo uma maior entrega de todos os alunos, permitindo uma melhoria dos índices de leitura e consequentemente nos de literacia dos alunos.