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Capítulo 4: Paradigmas e Metodologia da Investigação

4.3 Planos da Investigação

4.3.1 Estudo do tipo Investigação-Ação

Este trabalho de investigação identifica-se com o estudo tipo Investigação-Ação, no sentido em que o trabalho foi desenvolvido privilegiando a exploração reflexiva que o professor

PROCESSO DE REFLEXÃO ORIENTADA Refletir como um aluno em aulas de Ciências (PRO 1) Refletir sobre outras práticas docentes a partir de materiais multimídia (PRO 2) Refletir sobre seu

próprio ensino a partir de vivências de campo (PRO 4) Refletir sobre opiniões de especialistas (PRO 3)

faz de sua própria prática didático-pedagógica, contribuindo assim para o planejamento e a introdução de mudanças nesta prática.

A Investigação-Ação é uma metodologia de investigação fundamentada no paradigma Sócio-Crítico, com a perspectiva de proporcionar ações mais profícuas no sentido em que se centra na reflexão crítica e na atitude operacional de práticas que podem ser ponto de partida para novas teorias.

As quatro características de uma Investigação-Ação, segundo Coutinho (2013) são: situacional, interventiva, participativa e auto avaliativa. Características estas que estão presentes nesta investigação, no sentido de que, primeiramente, visou-se o diagnóstico e a solução de um problema encontrado no contexto escolar; porque também não se limitou a descrever um problema, mas a desenvolver uma ação interventiva, relacionada à mudança de visões e práticas do ensino de Ciências; além de proporcionar um trabalho co-participativo, quando todos os sujeitos são intervenientes e co-executores na pesquisa; bem como o desenvolvimento de avaliações contínuas com vistas à produção de novos conhecimentos e a mudanças na prática didático-pedagógica relacionada ao ensino de Ciências para os anos iniciais do Ensino Fundamental.

Além disso, a Investigação-Ação tem um caráter cíclico que se origina no constante diálogo entre pressupostos teóricos e a ação concreta, e através desta é gerada uma dinâmica dialética na qual ação e reflexão se integram e se complementam. No processo da Investigação- Ação se desenvolve um conjunto de fases, que se resumem, basicamente, na sequência: planejamento, ação, observação (avaliação) e reflexão (teorização). É um conjunto de procedimentos que origina um movimento circular que dará início a um ciclo de Investigação- Ação, o qual, por sua vez, desencadeia novas espirais de experiências de ação reflexiva (COUTINHO, 2013).

Na sequência, uma figura representativa dos ciclos da Investigação-Ação.

As técnicas e instrumentos de coleta de dados indicados por Latorre44 (2003 apud COUTINHO, 2013, p. 370) são:

- Técnicas baseadas na observação: estão centradas na perspectiva do investigador, em que este observa direta e presencialmente o fenômeno em estudo;

- Técnicas baseadas na conversação: estão centradas na perspectiva dos participantes e enquadram-se nos ambientes de diálogo e de interação;

-Técnicas de Análise de documentos: centram-se também na perspectiva do investigador e implicam uma pesquisa e leitura de documentos escritos que se constituem como uma fonte de informação.

Segundo Coutinho (2013), as técnicas e os instrumentos podem classificar-se também como é apresentado no quadro 3.

Quadro 3 – Técnicas e Instrumentos de Investigação-Ação (COUTINHO, 2013, p. 371).

Instrumentos Estratégias Meios audio-visuais

Testes Entrevistas Vídeo

Escalas Observação participante Fotografia

Questionários Análise documental Gravação áudio

Observação Diapositivos

Sistemática

4.3.2 Coleta de Dados desta Pesquisa

A coleta de dados foi caracterizada por grande permanência na escola campo de pesquisa durante um ano e meio, período em que foi realizado o PRO planejado, bem como múltiplos métodos foram utilizados para a coleta de dados, o que ocasionou grande quantidade de documentos, citados a seguir.

Instrumentos para a coleta de dados, utilizados nesta investigação:

 Questionários:

1. A busca do perfil profissional do professor e de suas concepções e crenças sobre o ensino de aprendizagem de Ciências (Anexo I).

2. Como entendem a construção do conhecimento científico e a alfabetização científica (Anexo II).

3. Questionário sobre concepções CTS, versão de Canavarro (Anexo III). 4. Como desenvolver ensino de Ciências por Investigação (Anexo IV).

5. Questionário sobre os Modelos Didáticos dos professores, elaborado por Novais, Siqueira e Marcondes (Anexo V). E como desenvolver e planejar o ensino de ciências por investigação.

6. Diferença entre alfabetização e alfabetização científica (AC) (Anexo VI).

7. Pensamento da criança, desenvolvimento cognitivo e afetivo (Anexo VII). 8. Atuação do professor para o desenvolvimento da AC (Anexo VIII). 9. Como planejar o ensino Ciências por investigação.

10. Como problematizar. Qual o papel do professor e do aluno no ensino por investigação (Anexo IX).

11. Mapa Conceitual: Como desenvolver o ensino de Ciências?

 entrevistas semi-estruturadas:

 As perguntas do 1º. Questionário também foram aplicadas na 1ª. entrevista.  Entrevista final – Questões sobre o PRO desenvolvido e o ensino de Ciências

(Anexo X).

 discussões realizadas (gravadas em vídeo) pelo grupo maior (três, relacionadas a conteúdos acerca da aprendizagem, do ensino e de relações CTS, com registro no quadro);

 discussões realizadas (gravadas em vídeo) pelo grupo maior (cinco, acerca do fenômeno da flutuação);

 discussões realizadas (gravadas em vídeo) pelo grupo maior (duas) e pelo grupo colaborativo menor (três) acerca dos textos que abordaram o ensino de Ciências.

 discussões realizadas (gravadas em vídeo) pelo grupo menor (dez) acerca dos planejamentos das sequências de ensino por investigação e atividades desenvolvidas;

 registros no quadro da sala de aula;

 sínteses escritas (três na primeira etapa e duas na segunda etapa, estas últimas solicitadas como mapas conceituais);

 diário de bordo do investigador;

 gravação em áudio e vídeo de todos os encontros e entrevistas;

 transcrição integral dos encontros do curso de formação continuada/PRO e entrevistas desenvolvidos na primeira etapa desta investigação, no segundo semestre de 2012.

 transcrição integral dos encontros do curso de formação continuada/PRO e entrevistas desenvolvidos na segunda etapa desta investigação, durante o ano de 2013.

Além disso, esta investigação enquadra-se na Investigação na/pela ação, no sentido de que visou a produção de conhecimentos, a introdução de mudanças e de formação de

competências nos participantes. O que caracteriza um procedimento de grande complexidade, devido à multidirecionalidade e a coexistência dos seus objetivos (AMADO, 2013).

Dessa maneira, esta pesquisa assumiu um cunho colaborativo e participativo, desenvolvida no ambiente natural da escola em questão, privilegiando a articulação entre a investigadora e o seu conhecimento de especialista, por um lado, e os investigados com o seu conhecimento local e da prática, por outro lado (AMADO, 2013).

Além disso, concordamos com Amado (2013) quando argumenta que desenvolver uma Investigação-na/pela-Ação exige decisões pertinentes tanto em nível organizacional quanto epistemologicamente, pois, implicam conceber os sujeitos investigados como pessoas ativas,

produtores de conhecimento e com uma voz a ser ouvida tão legitimamente como a dos investigadores.

Nesse sentido, a relação desenvolvida entre a investigadora e os investigados foi de proximidade, principalmente na segunda etapa do estudo, o que possibilitou a todos os profissionais envolvidos, sujeitos da investigação, ricas trocas de ideias, de experiências e importantes reflexões sobre o contexto do trabalho, ou seja, acerca de concepções, planejamentos e aulas de Ciências para os anos iniciais do Ensino Fundamental.

Além disso, a investigação realizada possuía já uma orientação para a mudança de acordo com o paradigma Sócio-Crítico, com vistas ao desenvolvimento profissional do professor envolvido no estudo, para que houvesse um melhor entendimento sobre a própria prática pedagógica e a possibilidade de efetuar mudanças e inovações em sala de aula (COUTINHO, 2013).