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4. Prática Pedagógica Acompanhada

5.1 Planos de Aula e Aulas Lecionadas

Lecionar a disciplina de matemática pode transformar-se num desafio prazeroso ao conseguirmos captar a atenção dos alunos e percebemos que transmitimos uma mensagem que o aluno retém, no entanto lecionar é muito mais do que a explanação dos conteúdos, uma vez que a transmissão de conhecimentos também ocorre na interação com os alunos.

No início do ano letivo a professora orientadora referiu a possibilidade de lecionar um número de aulas superior ao previsto para a avaliação no âmbito do mestrado. Foi com um sentimento de tristeza que, devido à pouca disponibilidade, não lecionei mais aulas. Todavia, concluo, no final deste percurso, que mais importante do que quantificar as aulas lecionadas, é a aprendizagem que advém da elaboração das planificações do currículo e da articulação destas com o desenvolvimento das aulas. Castro, Tucunduva e Arns (2008, p.61) salientam a importância do plano de aula enquanto agente organizador de grande importância para o sucesso da prática pedagógica:

O plano de aula é realmente importante na prática pedagógica do professor como organizador e norteador do seu trabalho. É o plano de aula que dá ao professor a dimensão da importância de sua aula e os objetivos a que ela se destina.

O plano de aula é uma ferramenta essencial na prática pedagógica pois permite ao professor “descrever com maior clareza os seus objetivos, a forma com que irá aplicar os conteúdos, os conteúdos que serão ministrados e como fará o diagnóstico dos resultados obtidos ao longo do processo” (Castro, Tucunduva e Arns, 2008, p.61).

As aulas que lecionei tiveram sempre por base um plano de aula previamente elaborado por mim e melhorado, em conjunto, com a orientadora da prática pedagógica, professora Rosário Lopes, cujas sugestões na explicação e articulação dos conteúdos revelaram-se muito importantes na melhoria da prática pedagógica.

A elaboração do plano da primeira aula lecionada teve alguma complexidade, uma vez que era fundamental que o professor estagiário pudesse, como agente facilitador da aprendizagem dos alunos, fazer com que estes não se limitassem a absorver o conhecimento, mas fizessem parte do processo de construção desse mesmo conhecimento. Desta forma era essencial a elaboração de um plano de aula cuja sequencialidade criasse estas oportunidades. Esta estratégia de ensino, protagonizada pela professora da turma e transmitida como linha orientadora na elaboração dos planos de aula, revelou-se produtiva, eficaz e agente de motivação para a criação de um ambiente facilitador da aquisição de conhecimentos por parte dos alunos. A elaboração dos planos das aulas seguintes foi menos complexa, considerando os conhecimentos adquiridos

30 e a observação da forma como a professora da turma orientou as aulas, aplicando algumas das estratégias sugeridas durante a elaboração dos planos de aula.

Na elaboração dos planos de aula e no momento de lecionar os respetivos conteúdos foram considerados os seguintes aspetos:

Definição dos objetivos. Uma definição clara e precisa dos objetivos específicos é um

aspeto muito importante na elaboração do plano, pois representam as linhas condutoras do desenvolvimento da aula.

Pré requisitos. Determinar previamente o conhecimento que os alunos têm dos pré

requisitos essenciais lecionados no presente ou em anos letivos anteriores, permitiu-me dar uma atenção especial a este aspeto e diagnosticar, através da intervenção dos alunos em ambiente de grande grupo, os conhecimentos necessários à boa compreensão dos conteúdos da aula por parte dos alunos. De acordo com a sugestão da professora orientadora, no caso em que os alunos apresentaram dúvidas sobre conteúdos prévios, procedi a uma adaptação do plano de forma a prestar os esclarecimentos necessários, antes de prosseguir com a aula.

Articulação entre o planeamento e a evolução da aula. Na elaboração do plano de

aula tive a preocupação de antever algumas questões que os alunos iriam colocar no decorrer da mesma e os momentos de maior dificuldade na compreensão dos conteúdos lecionados. Numa turma de início do ensino secundário cujos alunos provêm de turmas diferentes, revelando um percurso de aprendizagem distinto, é quase impossível prever todas as dúvidas que irão surgir aquando da explanação dos novos conteúdos. Responder a estas questões e articulá-las no contexto do plano de aula é um processo tão complexo quanto essencial, sob pena dos alunos não assimilarem os conteúdos, neste sentido a primeira preocupação, não obstante a imprevisibilidade das questões, revelou-se muito útil no desenvolvimento das aulas.

Explicação do conteúdo e apresentação de exemplos. Qual a melhor forma de

transmitir os conteúdos? Qual a melhor estratégia a adotar para que os alunos os assimilem, não se limitando a memorizar? Qual a melhor articulação entre as diversas etapas do desenvolvimento da aula de forma a facilitar a aprendizagem? Na elaboração dos planos de aula procurei ter estes aspetos presentes e com o apoio da professora orientadora, adotei estratégias que pudessem motivar a participação produtiva dos alunos em aula. A apresentação de exemplos, simples e acessíveis, acompanhando cada etapa da explicação revelou-se muito importante para a boa compreensão dos conteúdos.

Paralelismo entre a explicação teórica e casos concretos. Na implementação do

plano de aula procurei, sempre que o conteúdo permitiu, alertar os alunos para a relevância na sua aprendizagem da compreensão das explicações teóricas e das notações envolvidas, tendo presente que nem sempre é fácil para a professora compreender algumas das dificuldades manifestadas pelos alunos. Parece-me muito importante manter esta preocupação, não permitindo que o tempo e a experiência distanciem o professor das dificuldades inerentes à aquisição de conhecimentos teóricos por parte dos alunos.

A estratégia adotada pela professora da turma foi, na maioria das vezes, apresentar um caso concreto, desenvolvendo por analogia a situação teórica correspondente, a qual adotei na elaboração dos planos de aula. No desenvolvimento das planificações, algumas questões se impuseram, como por exemplo, a apresentação do caso geral e depois particularizar, seria

31 igualmente produtivo? Talvez não exista uma resposta única, dependendo do aluno, do conteúdo ou do ano de escolaridade.

Espaço para intervenção dos alunos e motivação. No decorrer das aulas solicitei,

sempre que possível, a intervenção dos alunos, pedindo exemplos para trabalharmos casos concretos ou colocando questões à turma, caraterizando-se este aspeto por uma dupla vantagem pois além de manter os alunos atentos, permitiu perceber se estavam a acompanhar a explicação dos conteúdos. Outro aspeto que me pareceu importante foi insistir para que registassem no caderno diário a informação escrita no quadro branco, e várias vezes confirmei individualmente se o estavam a fazer. Durante a observação das aulas percebi que, nomeadamente no início do ano letivo, alguns alunos não registavam na íntegra o conteúdo das aulas no caderno diário, dificultando assim o seu estudo em casa.

Tempo atribuído a cada etapa da explicação do conteúdo. Na elaboração dos planos

de aula tive a preocupação de atribuir determinado período de tempo a cada momento da explicação do conteúdo. Articular esse timing com o ritmo da aula revelou-se muito difícil, pois as turmas têm uma dinâmica própria e um ritmo que, devendo ser respeitado, por vezes dificulta o avanço da explicação da matéria. Se por um lado me parece incorreto prosseguir com a explicação, enquanto os alunos manifestam dúvidas e colocam questões, por outro lado respeitar sempre o ritmo dos alunos pode comprometer o cumprimento do programa da disciplina. • Rigor. Nas várias reuniões que tive com a professora orientadora para ajustar os planos

de aula, percebi alguns aspetos referentes ao rigor na explicação e nas transcrições no quadro branco, quer nas definições quer na exposição escrita e oral, que me pareceram muito importantes para uma boa prática pedagógica.

Gestão do quadro branco. A gestão adequada do quadro branco é muito importante

enquanto facilitadora da aprendizagem. Na elaboração dos planos de aula tive a preocupação de planificar a organização dos conteúdos no quadro branco, procurando favorecer a visualização, interpretação e articulação dos conteúdos, por parte dos alunos.

Tarefa. As tarefas que incluí nos planos de aulas foram criteriosamente escolhidas com

o objetivo de consolidar os conteúdos lecionados. Analisando os planos de aula que elaborei ao longo do ano, percebo uma evolução no tipo de tarefas selecionadas. A tarefa da primeira aula lecionada não constava no manual adotado para a disciplina, tendo a preocupação que representasse uma situação real e com um grafismo que chamasse a atenção dos alunos, o efeito foi o oposto, contribuindo para os distrair. Percebi que escolher tarefas de consolidação fora do manual pode contribuir, em algumas situações, para perder tempo de aula, no momento de distribuir o enunciado ou na exposição no datashow. Estas interrupções são muitas vezes aproveitadas pelos alunos como fator de distração, pelo que nos planos de aula seguintes optei por tarefas concretas, simples e específicas, do manual adotado, mas procurando que os alunos aplicassem a matéria lecionada.

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