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Plataformas Digitais de Colaboração e Cocriação

Capítulo 2. Enquadramento teórico

2.3 Plataformas Digitais de Colaboração e Cocriação

Nos últimos 5 a 10 anos, temos assistido a uma mudança dramática no comportamento Homem, isto devido à forma como partilhamos a história da nossa empresa e resumimos no LinkedIn, produzimos conteúdos em blogs para o mundo inteiro ler, construímos comunidades e conectamo-nos com pessoas no Facebook, pesquisamos e analisamos empresas no Yelp, informamos às pessoas onde estamos no Foursquare e podemos encontrar instantaneamente tudo o que procuramos no Google. Estes são novos comportamentos que têm sido moldados pelas novas tecnologias, tornaram-nos mais abertos para o mundo e mais colaborativos. Isso não é apenas um facto que acontece na geração dos millennials15, mas também uma tendência

que estamos a observar em todas as áreas demográficas e geográficas do mundo (Morgan, 2014).

15 A geração Y (também chamada geração do milénio, geração da internet, ou millennials) é um conceito que em Sociologia se refere às pessoas nascidas após 2000.

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De acordo com Morgan (2014), estamos muito mais disponíveis a viver uma vida pública, colaborativa e conectada, onde podemos envolver-nos com pessoas e informações da maneira que quisermos. Mas aí reside o problema e a oportunidade. Estes novos comportamentos estão agora a entrar nas organizações e isso deu origem a novas plataformas sociais e colaborativas para os negócios, o que igualmente despertou cinco tendências que alteraram o futuro do trabalho, conforme apresentadas na figura 7.

Fonte:thefutureorganization.com

Se há uma coisa em que todos podemos concordar, é que o mundo do trabalho está a mudar muito rapidamente e que parte da responsabilidade tem sido a forte influência destas cinco tendências.

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1- Novos comportamentos

Conforme abordado anteriormente, muito temos mudado os nossos comportamentos, nomeadamente na forma como comunicamos, colaboramos, temos acesso à informação e partilhamos as nossas experiências pessoais. E todos esses novos comportamentos são influenciados pelas novas tecnologias, mais propriamente a Web e os Social Media, onde os mesmos estão a conquistar as empresas e obrigá-las a fazerem mudanças.

2- Tecnologias

Big data16, Cloud17, a Internet das Coisas18, robôs, vídeo, plataformas de colaboração e outras

tecnologias estão a mudar a maneira de como trabalhamos e vivemos. Por exemplo, a Cloud tem vindo a colocar o poder da tecnologia nas mãos dos funcionários, os robôs e softwares têm vindo a forçar-nos a repensar que tipos de trabalho os humanos devem e podem fazer, as plataformas de colaboração permitem-nos conectar e cocriar em qualquer lugar, em qualquer momento e em qualquer dispositivo.

3- Millennials nos postos de trabalho

Até o ano 2020, a geração Millennials deve representar pouco mais da metade de toda a força de trabalho, sendo que até 2025, estima-se que a geração Millennials será de 70% a 75% da força de trabalho.

Esta nova força de trabalho traz consigo uma nova atitude em relação ao trabalho, novas expectativas, um conjunto de valores diferentes e novas abordagens sobre como o trabalho deve ser feito. Esta é uma geração que está a começar a questionar gradualmente o valor das universidades, está mais preocupada com a sustentabilidade e tem vontade e a capacidade de aprender e ensinar.

4- Mobilidade

Temos tido acesso a muitas estatísticas e histórias sobre smartphones e tablets, mostrando que estes são cada vez mais poderosos do que os computadores e que essa tendência tem vindo a aumentar. Isso significa que muitos funcionários conseguem aceder a informações e contactar pessoas, da mesma forma como fariam através dos seus computadores portáteis ou fixos.

16 Big Data é o termo que descreve o grande volume de dados – estruturados e não estruturados – que impactam os negócios diariamente.

17 A cloud ou nuvem é como se fosse um dispositivo de armazenamento de dados colocado na Internet, de forma gratuita ou pago, acessível a partir de qualquer plataforma, seja móvel ou não.

18 A Internet das Coisas uma rede de objetos físicos, veículos, prédios e outros que possuem tecnologia embarcada, sensores e conexão com a rede e é capaz de coletar e transmitir dados.

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Vemos cada vez mais pessoas a trabalhar enquanto se deslocam nos táxis, enquanto esperam nos aeroportos ou mesmo quando combinam férias com trabalho, isto é, trabalhando de forma remota não necessitam de estar no escritório assim sendo podem estar em países diferentes e neste sentido podem explorá-los como se estivessem de férias.

5- Globalização

Globalização é essencialmente a capacidade das organizações trabalharem num mundo onde não existem limites. O mundo está a tornar-se uma “grande cidade”. Fatores como o idioma, moeda e localização física estão a tornar-se mesmos importantes. A facilidade com que se pode estar a trabalhar em Paris, mas ter clientes em Pequim ou no Brasil é real. Tem vindo a tornar as pessoas mais livres e disponíveis para trabalhar com qualquer pessoa em qualquer lugar e não sentirem limites.

Após o enquadramento das tendências que estão a mudar o futuro do trabalho, podemos perceber a importância que tem o recurso a plataformas online, igualmente denominadas de digitais. Estas plataformas são ambientes ideais para a criação e para o envolvimento de pessoas e tecnologias da informação na criação de valor. As comunidades on-line têm várias desvantagens (por exemplo, falta de contato direto), mas têm a vantagem de ter recursos operacionais mais eficientes do que as comunidades tradicionais devido às habilidades desenvolvidas na troca, armazenamento e processamento de informações. Além disso, o uso de ferramentas de social media permite o desenvolvimento de novos métodos de agregação de conhecimento, como mercados de previsão (Bothos, Apostolou, & Mentzas, 2009) ou visualização de dados (Chen & Hsiang, 2007).

As plataformas on-line tendem a ser mais dinâmicas e abertas, dessa forma são diferenciadas de empresas, órgãos governamentais e outras organizações institucionalizadas. Os limites mais flexíveis e ambíguos das comunidades on-line permitem que os indivíduos participem de uma forma ativa e consoante a sua disponibilidade. A flexibilidade resulta no recrutamento mais fácil de novos membros e no fluxo constante de novas ideias. Plataformas on-line também têm estruturas descentralizadas e capacidades de liderança distribuída. Segundo Luo, Xia, Yoshida e Wang (2009), a criação coletiva emerge nas comunidades, que têm uma auto-organização transparente.

As plataformas digitais têm vindo a ser cada vez mais usadas para apoiar a comunicação e colaboração de equipas dispersas. As plataformas são adotadas principalmente para substituir os recursos insatisfatórios do email tradicional e para melhor apoiar a colaboração virtual. Considera-se que os recursos das plataformas trazem benefícios ao nível do conhecimento, por exemplo, ao facilitar a procura e a organização de informações, enquanto o e-mail impede a comunicação e o compartilhamento de conhecimento (Anders 2016). Outra vantagem é a

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sincronicidade, na medida em que este meio permite que vários participantes se comuniquem ao mesmo tempo, sendo elevado o uso da teleconferência (Baralou & Tsoukas 2015).

A comunicação assíncrona tem sido considerada como uma barreira para a resolução de problemas e tomada de decisões (Rosen et al., 2007, p. 264). No entanto, em alguns casos, pode trazer simplicidade positiva ou sinceridade às discussões entre os membros do projeto. A necessidade de realmente escrever força a pessoa a expressar perspetivas e opiniões de forma resumida, diminuindo as reuniões tradicionais.

Estratégias inovadoras como, a gamificação, competição e trabalho colaborativo promovem a participação e consequentemente trazem mudança de comportamento (Piccolo, Alani, De Liddo, & Baranauskas, 2014). O termo “Participação Social Mediada por Tecnologia”, que foi definido por Preece e Shneiderman (2009), explica que este comportamento possibilita que massas atinjam objetivos comuns através da participação e colaboração na Web. As plataformas digitais de colaboração e cocriação diferem em termos dos usuários ou dos seus propósitos, mas todas elas parecem compartilhar um número de características comuns.

A cocriação é uma colaboração e criação de valor. E várias empresas têm usado a cocriação para desenvolver essas interações. A P & G criou uma plataforma online chamada P & G connect

+ develop, onde a empresa compartilha as suas necessidades de inovação e solicita aos

consumidores soluções inovadoras que possam resolver os seus problemas. A Adidas desenvolveu uma comunidade online para consumidores que desejam conectar-se profundamente com a Adidas. Em “Adidas Insiders”, os consumidores podem fornecer feedback e dar ideias para novos produtos e campanhas. No caso da Solved foi criada uma plataforma digital de colaboração e cocriação onde, com a sua extensa comunidade de especialista nas áreas da energia, mobilidade, smart cities, economia circular, edifícios verdes e infraestruturas sustentáveis, se resolvem desafios ambientais de todo o mundo.

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