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2. Capítulo 1 Marco normativo e legal da logística reversa no Brasil

2.3 Logística reversa no Brasil

2.3.3 Pneus

Assim como para os resíduos apresentados anteriormente, o sistema de LR de pneus é regulado por outras tratativas legais além do estabelecido na PNRS e não há, portanto, acordo setorial e TCLR vigente no Estado de São Paulo.

A abordagem relativa à prevenção da degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada é estabelecida na Resolução Conama nº 416 de 30 de setembro de 2009. Nesta resolução, em seu art. 3º, estabelece que para cada pneu novo comercializado, as empresas fabricantes e importadoras deverão dar destinação adequada para um pneu inservível, declarando ao IBAMA, de acordo com o art. 5º, numa periodicidade máxima de um ano, a destinação adequada dos pneus, através do CTF (Cadastro Técnico Federal) (BRASIL, 2009). E, para a verificação do cumprimento, são estabelecidos métodos e procedimentos pela Instrução Normativa Ibama nº 1, de 18 de março de 2010, que dispõe sobre o cálculo da meta que os fabricantes e importadores deverão declarar individualmente em relatório do CTF, e no ‘Relatório de Comprovação de Destinação de Pneus Inservíveis’ (IBAMA, 2010).

No entanto, desde 1999 que já se fala na obrigação dos fabricantes e importadores de pneumáticos em coletar e dar uma destinação ambiental adequada aos pneus

inservíveis, com a resolução Conama nº 258/1999, alterada posteriormente pela resolução nº 301/2002. Ambas revogadas pela resolução Conama nº 416/2009.

Em 1999, em consequência dessas exigências legais, a ANIP (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), que representa a indústria fabricante de pneumáticos no Brasil (12 associados atualmente), cria um programa nacional de LR chamado Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis. Este, que em 2007, transforma-se no atual sistema de LR Reciclanip (RECICLANIP, 2018).

Portanto, fica a cargo da Reciclanip, que é um sistema financiado pela indústria fabricante de pneus, realizar a coleta dos pneus inservíveis nos pontos de coletas determinados e encaminhar para a destinação final adequada. O resíduo é reaproveitado, sendo utilizado como fonte de energia/matéria-prima para a indústria (RECICLANIP, 2018).

Assim como é apontado na Resolução Conama nº 416/2009, as principais responsabilidades dos diferentes atores desse sistema são apresentadas no Quadro 6: Quadro 6. Responsabilidades dos diferentes atores do sistema de LR de pneus inservíveis, de acordo com a Resolução Conama nº 416/2009

Atores Responsabilidades

Fabricantes e importadores

Os fabricantes e os importadores de pneus novos, com peso unitário superior a 2,0 kg (dois quilos), ficam obrigados a coletar e dar destinação adequada aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção definida nesta Resolução

A partir da entrada em vigor desta resolução, para cada pneu novo comercializado para o mercado de reposição, as empresas fabricantes ou importadoras deverão dar destinação adequada a um pneu inservível

Deverão declarar ao IBAMA, numa periodicidade máxima de 01 (um) ano, por meio do CTF, a destinação adequada dos pneus inservíveis estabelecida no Art. 3º

Deverão elaborar um plano de gerenciamento de coleta, armazenamento e destinação de pneus inservíveis (PGP), no prazo de 6 meses a partir da publicação desta Resolução, o qual deverá ser amplamente divulgado e disponibilizado aos órgãos do SISNAMA

De forma compartilhada ou isoladamente, deverão implementar pontos de coleta de pneus usados, podendo envolver os pontos de comercialização de pneus, os municípios, borracheiros e outros. Devendo implantar, nos municípios acima de 100.000 (cem mil) habitantes, pelo menos um ponto de coleta no prazo máximo de até 01 (um) ano, a partir da publicação desta Resolução

Com o objetivo de aprimorar o processo de coleta e destinação dos pneus inservíveis em todo o país, devem: I - divulgar amplamente a localização dos pontos de coleta e das centrais de armazenamento de pneus inservíveis; II - incentivar os consumidores a entregar os pneus usados nos pontos de coleta e nas centrais de armazenamento ou pontos de comercialização; III - promover estudos e pesquisas para o desenvolvimento das técnicas de reutilização e reciclagem, bem como da cadeia de coleta e destinação adequada e segura de pneus inservíveis; IV - desenvolver ações para a articulação dos diferentes agentes da cadeia de coleta e destinação adequada e segura de pneus inservíveis Distribuidores,

revendedores,

Deverão, em articulação com os fabricantes e importadores, implementar os procedimentos para a coleta dos pneus inservíveis existentes no País, previstos

destinadores,

consumidores, poder público, junto aos fabricantes e importadores nesta Resolução Fabricantes, importadores, reformadores e destinadores de pneus inservíveis

Deverão se inscrever no Cadastro Técnico Federal - CTF, junto ao IBAMA

Comerciantes São obrigados, no ato da troca de um pneu usado por um pneu novo ou reformado, a receber e armazenar temporariamente os pneus usados entregues pelo consumidor, sem qualquer tipo de ônus para este, adotando procedimentos de controle que identifiquem a sua origem e destino

IBAMA Com base nos dados do PGP, dentre outros dados oficiais, apresentado pelo fabricante e importador, relatará anualmente ao CONAMA, na terceira reunião ordinária do ano, os dados consolidados de destinação de pneus inservíveis relativos ao ano anterior, informando: I - a quantidade nacional total e por fabricante e importador de pneus fabricados e importados; II - o total de pneus inservíveis destinados por unidade da federação; III - o total de pneus inservíveis destinados por categoria de destinação, inclusive armazenados temporariamente; IV - dificuldades no cumprimento da presente resolução, novas tecnologias e soluções para a questão dos pneus inservíveis, e demais informações correlatas que julgar pertinente

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado da Resolução Conama nº 416/2009

Apesar de não estar claramente previsto na resolução, tanto o SINIR (2018) quanto da Reciclanip (2018), indicam a possibilidade de que o SLR ocorra em parceria com prefeituras municipais, ao disponibilizarem locais para o armazenamento dos pneus inservíveis, posteriormente coletados pela Reciclanip.

No que se refere aos resultados do sistema, o Relatório de Pneumáticos 2017 do Ibama – que contempla dados dos dois relatórios do CTF alimentados pelos próprios fabricantes e importadores – apresentou para 2016 uma meta de destinação nacional de 510,4 mil toneladas de pneus inservíveis, sendo cumprido 493,3 mil toneladas (IBAMA, 2017). No ano de 2017 os fabricantes de pneus cumpriram 99, 55 % da meta, que foi de 587, 9 mil toneladas, sendo o saldo de destinação 585,2 mil toneladas (IBAMA, 2018).