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Uma das metas mais relevantes do Governo federal dos anos 1990 foi a valorização do magistério e a garantia do efetivo ensino fundamental a todo brasileiro. A educação fundamental passa a ser pensada no contexto do desenvolvimento sócio-econômico. Afirma C. R. Brandão que, desde o início dos anos 1980, se buscava, na verdade, promover “modificações de atitudes sobre bases mais econômicas do que sociais, mais políticas do que comunitárias.”219

No governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Ministério da Educação não poupou esforços para garantir o acesso à escola. Criou fundos, fez parcerias com os estados e municípios, provocou a sociedade para que se organizasse em conselhos de acompanhamentos e fiscalização da aplicação de recursos, exigiu dos tribunais de contas permanente fiscalização.

Alguns de seus principais programas e ações para o início do século XXI foram as seguintes:220

A Nova Educação Profissional

Apoio ao Deficiente Visual

Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM

Fomento à Pós-graduação

Formação de Professores no Ensino Fundamental

FUNDEF – Fundo de Manutenção de Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério

Programa Dinheiro Direto na Escola

Programa Nacional Biblioteca da Escola

Programa Nacional de Alimentação Escolar

Programa Nacional de Transporte Escolar

Programa Nacional do Livro Didático

Programa Nacional Saúde do Escolar

Projeto Escola Jovem

Proposta Curricular para Jovens e

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Uma das mais importantes resenhas escritas sobre a educação popular foi a de BRANDÃO, C.R. In: Da educação fundamental ao fundamental da educação. Cadernos Cedes n. 1. São Paulo: Cortez, 1980, p.16. Ali são examinadas as correntes históricas e filosóficas que fundamentam ação sócio- político-educacional.

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FUNDESCOLA

Fundo de Financiamento do Estudante de Ensino Superior (FIES)

Grupo Nacional de Formadores no Ensino Fundamental

Informática na Educação Especial

O Ensino Médio na TV Escola

O Novo Ensino Médio

Parâmetros em Ação no Ensino Fundamental

Prêmio Educação para a Qualidade do Trabalho

Programa de Formação de Professores Leigos em Exercício – Proformação

Adultos

Referenciais Curriculares Nacionais de Educação Infantil

Revista Criança

Sistema de Manutenção do Ensino Fundamental

Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB

Subsídios para Credenciamento e Funcionamento de Instituições de Educação Infantil

TV Escola

7.1.1Fundo de manutenção do ensino fundamental e de v alorização do magistério – FUNDEF221

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF) foi o projeto maior do governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, no que é pertinente à educação. O FUNDEF é um instituto legal sem personalidade jurídica, criado por emenda constitucional e regulamentado por lei federal, para vincular a aplicação de recursos públicos municipais e estaduais exclusivamente para o ensino fundamental.

O FUNDEF foi criado com o objetivo de universalizar o ensino fundamental e melhorar a remuneração e o nível pedagógico do magistério. Para tanto, criou-se um mecanismo de rateio que recolhe um percentual da receita de

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Muitos dos dados aqui expostos foram pesquisados junto ao material distribuído pelo Dr. Luiz Mário Vieira, Coordenador de Assistência Técnica do Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará, quando do treinamento por ele ministrado na Assembléia Legislativa do Ceará em 1999, para os consultores jurídicos que trabalharam na CPI do FUNDEF.

impostos e redistribui na proporção do número de alunos matriculados na rede de ensino fundamental de cada estado ou município.

A essência da sua criação está na vinculação dos recursos recebidos em proporção ao número de alunos matriculados na rede de ensino fundamental, o que oferece grande motivação para a administração ampliar suas matrículas nas escolas públicas, e a garantia de que estados e municípios receberão um valor mínimo por aluno por ano, equivalente à média nacional ou estadual, a que for maior, para seus investimentos no ensino fundamental, diminuindo os desníveis regionais.

Esse mínimo nacional estipulado em 2003 foi de R$ 446,00 (quatrocentos e quarenta e seis reais) para o aluno da 1.ª a 4.ª série do ensino fundamental e R$ 468,30 (quatrocentos e sessenta e oito reais e trinta centavos) para o estudante de 5.ª a 8.ª série do ensino fundamental. Diante desses valores, a União teve a obrigação de complementar os recursos de apenas 4 estados: Bahia, Maranhão, Pará, Piauí.222

Para que o valor mínimo nacional do aluno por ano correspondesse ao valor médio nacional em 2003, ele deveria representar os valores de R$ 761,00 (setecentos e sessenta e um reais) e R$ 799,05 (setecentos e noventa e nove reais e cinco centavos) respectivamente, para a 1.ª a 4.ª e para a 5.ª a 8.ª séries do ensino fundamental, o que obrigaria a União a complementar esse valor mínimo em 12 estados: Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte. Só no Estado do Ceará, a soma

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BRASIL. Ministério da Educação – Grupo de Trabalho (Port. n.º 71, de 27.01.2003 e n.º212, 14.02.2003) Relatório Final. Anexo II – FUNDEF (situação atual).

a ser complementada pela União seria de R$ 461.734,40 (quatrocentos e sessenta e um mil, setecentos e trinta e quatro reais e quarenta centavos).223

O Presidente do Conselho Estadual de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEF no Ceará em 2003, Prefeito do Município de Pereiro, José Irineu de Carvalho, pronuncia o descontentamento dos prefeitos com a União, que determinou um valor mínimo anual por aluno bem inferior à média aritmética nacional prevista na Emenda Constitucional n.º 14, de 1996, e nos artigos 74 e 75 da Lei n.º 9.394/96, que têm por finalidade a equalização de oportunidades educacionais.

Conforme Irineu de Carvalho, em análise do relatório da empresa Cívita Assessoria e Consultoria, em todo o País, existem 32 milhões de alunos matriculados no ensino fundamental e a arrecadação do FUNDEF em 2003 foi de R$ 25.800.000.000,00 (vinte e cinco bilhões e oitocentos milhões de reais). Logo, com base na lei, o custo aluno por ano deveria ser de R$ 809,00 (oitocentos e nove reais) reais. Sem a fixação correta do valor e sem o repasse da União, o Estado do Ceará vem destinando por aluno o valor de R$ 500,00, perdendo Estado e municípios, deixando de receber da União um repasse de R$ 515.000.000,00 (quinhentos e quinze milhões) de reais só em 2003. A dívida da União no que consiste ao FUNDEF e a determinação da lei n.º 9.424/96, para com os 184 municípios cearenses nos últimos cinco anos, perfaz o valor de R$ 1.055.822.959,35 (um bilhão, cinqüenta e cinco milhões, oitocentos e vinte e dois mil e novecentos e cinqüenta e nove reais e trinta e cinco centavos); já para o Estado do Ceará a União deve R$ 407.824.252,03 (quatrocentos e sete milhões, oitocentos e vinte e quatro mil, duzentos e cinqüenta e

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dois reais e três centavos). Todos, Estado e municípios, são sujeitos de direito, mediante ação judicial.224

Além disto, mediante verificação, constata-se que o valor anual por aluno do ensino fundamental na rede pública equivale a uma mensalidade do mesmo curso quando ofertado pela rede privada de ensino. O fosso entre ensino público e privado persiste, acentuando-se ao avançar das séries, até o total desequilíbrio quando do acesso ao nível universitário. Como resposta a essa situação, o Governo tem apresentado propostas reparadoras de inclusão universitária por cotas, sejam para negros, sejam para egressos do ensino público.225

A União, para evitar o cumprimento da sua função redistributiva e supletiva, no que consiste ao repasse de verbas, nivelou por baixo o valor mínimo garantidor de qualidade do ensino fundamental. Também sob a análise da Secretária da Educação do Estado do Ceará, da gestão do Governador Lúcio Alcântara, Prof.ª Dr.ª. Sofia Lerche Vieira, a União deve ao Estado pelo período de 1998 até 2003 a soma de R$ 407.824.252,03 (quatrocentos e sete milhões, oitocentos e vinte e quatro mil, duzentos e cinqüenta e dois reais e três centavos).

É imprescindível sublinhar que nesse intervalo a União omitiu-se a exercer sua função suplementar, vez que não arcou com a parcela de responsabilidade na manutenção do FUNDEF que por princípio

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MAGALHÃES, Cláudia. Municípios têm perdas de mais de R$1 bilhão do FUNDEF. Disponível em: <http//www.antonioviana.com.br/aaExibMate.asp?CodiMate=09183&C1Mate=1>. Acesso em: 24/abr/2004.

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O Ministério da Educação e a Secretaria de Igualdade Racial estudam projeto para alterar as regras de acesso à Universidade. Entre as discussões, existe a idéia da adoção de uma política nacional de cotas para alunos negros, visando a reverter o quadro atual da exclusão de negros no ensino superior brasileiro. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística , IBGE, o aluno branco tem 5 vezes mais chances de ingressar no ensino superior do que um negro. Entre a população branca com idade superior a 25 anos, 10% possuem um curso superior; já entre os negros, este percentual fica abaixo de 2%. O projeto do Conselho Nacional de Educação determina que todas as universidades públicas do País deverão destinar 20% de suas vagas para alunos negros, mesmo em detrimento de melhores notas obtidas por alunos brancos. Notícia integral disponível em <http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/>. Acesso em 26/abr/2004.

lhe incumbiria. Por outro lado, não se concebeu uma política para a manutenção do ensino médio. Após análise de tal situação, identificou-se um expressivo débito da União para com o governo do

Estado, cujo montante é da ordem de R$407.824.252,03...226

Por entender que essas dívidas devem ser saldadas pelo Governo federal, em 2003, o governo do Estado deu entrada em processo227 junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando à União ressarcimento das seguintes despesas, a seguir enumeradas pela Secretaria de Educação do Ceará.228

Tab 1 Ensino Fundamental - Ceará - 1998 a 2002