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3. POLÍTICAS PÚBLICAS: ELEMENTOS DE ANÁLISE

3.1. TRAJETORIA DAS POLÍTICAS HIDRÁULICAS, AGRÍCOLAS, AGRÁRIAS E

3.1.2. Política Agrícola

A trajetória da economia rural do Rio Grande do Norte foi semelhante à da região Nordeste que até a segunda metade do século XX a sua sustentação estava em atividades tradicionais que formavam o complexo rural, especialmente a cana-de-açúcar, o algodão e a pecuária.

O cultivo de algodão no Rio Grande do Norte encontrou nas décadas de 60, 70 e até 1985, períodos áureos, chegando a ser considerado um dos maiores produtores de algodão do nordeste e destacando-se nacionalmente. Nesse período, o Estado chegou a produzir mais de 90 mil toneladas/ano de algodão em caroço. Todavia, na safra de algodão nos anos 80 foram plantados mais de 400 mil hectares de algodão arbóreo e herbáceo. Na época, o parque têxtil contava com mais de 24 indústrias de beneficiamento de algodão. O negócio algodão se constituía como a principal atividade econômica do Estado, com participação relevante na geração de emprego e renda. No gráfico abaixo é possível observar os anos dourados para o algodão, com a produção quase que constante no período de 1960 a 1977. Tem-se entre 1979 e 1983 uma grande seca, o que explica o declínio mais acentuado em 1983.

Gráfico 4 - Área colhida em hectares do algodão herbáceo (1960-2010)

Fonte: Ipeadata, temas regionais. Elaboração própria.

A década de 80 não traz para o algodão as mesmas perspectivas dos anos 60 e 70. Tem- se uma redução acentuada na área colhida, como é possível observar no gráfico acima. Isso aconteceu, principalmente pelas irregularidades climáticas, praga do bicudo, a deficiência de tecnologia no processo de cultivo, a baixa produtividade, os custos de produção elevados, a desorganização do setor e a ausência de políticas públicas que possibilitassem acesso às linhas de créditos para os custeios, financiamentos e comercialização das safras. Tudo isso fez com que o algodão nordestino, inclusive o do Rio Grande do Norte, perdesse competitividade de mercado, apresentando, a cada ano, deficiência na estrutura de comercialização da safra. Diante disso, inúmeras famílias no interior do estado passaram a sobreviver exclusivamente da aposentadoria dos idosos.

Apesar da decadência do algodão, a economia agrícola estadual não entrou em decadência. A emergência de novos “nichos de mercado”, particularmente no campo das frutas tropicais, abriu novas oportunidades para a Região Nordeste e em particular para o Rio Grande do Norte, através da fruticultura irrigada e de sequeiro baseadas nas novas tecnologias que emergiam no processo de modernização da agricultura brasileira e em novas relações sociais de trabalho baseadas no assalariamento e na agricultura familiar em projetos de colonização e reforma agrária.

O processo de modernização da agricultura foi determinante para consolidação da grande agricultura e o desenvolvimento de políticas públicas para o fomento de tal grupo. No Rio Grande do Norte esse processo foi iniciado a partir da atuação das empresas ligadas à a fruticultura irrigada, nos anos 70, com destaque para a MAISA. No primeiro momento tem-se o cultivo de caju, produto comum a pequena e grande empresa agrícola. Todavia, no período

0 100000 200000 300000 400000 500000 600000 19 60 19 62 19 64 19 66 19 68 19 70 19 74 19 76 19 78 19 80 19 82 19 84 19 86 19 88 19 90 19 92 19 94 19 96 19 98 20 00 20 02 20 04 20 06 20 08 20 10 H e ctar e s Anos

de 1979-1983, houve uma grande seca, responsável por tornar o cultivo de caju inviável. Paralelo a isso, a Petrobrás passa a perfurar poços no Rio Grande do Norte e encontra água nas instalações de empresas privadas. Diante do insucesso do caju e a abundância de água, é incorporado um novo produto: o melão.

Na região de Assu, a irrigação pela grande empresa começa em 1985, tendo como principal empresa âncora a Fruticultura do Nordeste Ltda (FRUNORTE) de 10.920 hectares. Sob a influência das políticas regionais para implantar o projeto Baixo-Açu, de tal forma que a FRUNORTE e outras empresas se instalaram no Vale do Baixo-Açu a partir de 1985 pretendiam produzir algodão irrigado. Mas com a sinalização de demanda do mercado internacional a FRUNORTE se dedicou, assim como a MAISA e outras empresas, à produção de frutas frescas para exportação. Neste momento, o modelo de modernização se fortalece e a fruticultura irrigada assume a liderança da economia regional alcançando o seu “auge” no início dos anos 1990 através do seu principal produto de exportação: o melão.

Nos anos 90 existe uma tendência para um modelo de desenvolvimento bastante excludente no que desrespeito aos agricultores familiares nas áreas irrigadas. As grandes empresas acessam a altas somas de recursos dos fundos públicos, como a SUDENE e Fundo Constitucional de Investimento do Nordeste (FINOR). Para Nunes (2009), O estado não exigia contrapartidas, na esperança das primeiras gerarem economias externas, desobrigando-as assim da preocupação com custos de transação, meio ambiente, e com o retorno social e econômico da região. Para Apolinário (2016), as empresas realizaram elevada exploração da força de trabalho em relações precárias, que envolvia a falta de refeições, alojamento, transporte e pagamento de direitos mínimos. Somado a isso, tinha-se o uso de tecnologias de irrigação em práticas inadequadas que contaminaram e salinizaram o solo.

O período de maior crescimento da fruticultura irrigada sob esse modelo ocorreu entre 1994 e 1998, momento em que se intensificou o uso de tecnologias modernas e exportação de frutas, dando início a sua inserção em um ambiente globalizado. O caso do Polo Assu-Mossoró, mostra que sua inserção no mercado global só foi possível devido o uso intenso de tecnologias externas e mercados sinalizados por grandes varejistas mundiais. O melão surge então como o produto responsável pela entrada desse Polo no mercado global. O processo de globalização trouxe consigo uma reestruturação agrícola, atrelado a um novo ambiente de regulação global. Tem-se que depois de 1994, com o Plano Real e os ajustes macroeconômicos, iniciou-se o desmonte dos serviços de assistência técnica, pesquisa e crédito. As empresas nacionais da fruticultura foram submetidas a uma abertura de mercado e ausência de incentivos estatais. Além dos novos desafios oriundos da abertura de mercado e da estabilização econômica, surge

as novas certificações internacionais, que trazem consigo uma série de exigências necessárias para poder manter parcerias de compra. O EUREP GAP surge como a principal certificação. As empresas maiores como a MAISA e a FRUNORTE tentaram se adaptar para se sustentarem no mercado, todavia nos anos 2000 elas não foram capazes de se sustentarem e anunciaram (NUNES, 2009).

Diante desse contexto, emerge novos atores no Polo Assu-Mossoró, com destaque com a chegada ao Vale do Açu, em 1998 a empresa norte-americana DEL MONTE FRES PRODUCE, uma grande exportadora de frutas frescas, com destaque para produção de banana. A outra parte foi ocupada por pequenas e médias. Tem-se ainda os agricultores familiares, que passaram atuar de maneira integrada com as empresas de produção de fruta; ou como parceiros; ou vendendo no mercado local.

No cenário da agricultura familiar é criado a nível nacional o PRONAF (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar). O novo programa deveria ser operado com um grande volume de recursos disponibilizado pelo Conselho Deliberativo de Fundo de Amparo ao Trabalhador (CONDEFAT), que destinou o volume de R$ 200 milhões para que fossem aplicados na produção familiar. A consolidação de uma linha de crédito específica para os agricultores familiarez fez com um número maior de produtores rurais tivesse acesso ao crédito, garantindo mlhores condições de permanência ao campo, que somada a outras políticas foi responsável por fazer com que durante os anos 2000 um maior número de famílias que haviam deixado a zona rural tornassem ao campo.

Nos anos 2000 há a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que apesar de todo o seu histórico de apoio aos movimentos sociais, o seu governo foi constituído por uma coalisão com alguns setores conservadores, tanto na composição ministerial como na bancada de apoio no Congresso, e que, além dos compromissos de campanha assumidos na Carta ao Povo Brasileiro, manteve uma política macroeconômica não muito distante, com exceções importantes (como o reforço do papel do Estado na economia, um maior controle da abertura externa, a revalorização das empresas estatais e a recusa em dar continuidade às privatizações) ao receituário neoliberal dominante.

Esse período mostrou-se conturbados para as então grandes produtoras da fruticultura irrigada no estado e mais ainda para os trabalhadores que ficaram desempregados. A desativação dessas empresas não foi acompanhada com outras atividades, pode dar origem a um processo de desapropriação, já que a terra não estaria cumprindo a sua função social, que é a produção agropecuária e a geração de empregos. Foi o que ocorreu com as grandes empresas produtoras de melão que entraram em “falência” no Polo Açu-Mossoró. Afinal de contas, a

desapropriação por interesse social no Brasil não é um mau negócio, dado que a terra é paga em títulos da dívida agrária e as benfeitorias em dinheiro, tudo avaliado a preços de mercado. Por outro lado, os municípios de Açu e Mossoró são também municípios polos em áreas de produção de petróleo, de energia eólica e de turismo. Assim sendo, a renda da terra, seja ela dada pela localização ou pelos investimentos (I e II), permite que ela também seja utilizada como reserva de valor e não somente para a agricultura irrigada. (MATOS, 2016)

Na realidade, a revisão da literatura e as visitas exploratórias realizadas no Polo Açu- Mossoró comprovaram que as grandes empresas pioneiras na introdução da fruticultura irrigada e que respondiam pela maior parte da produção de frutas tropicais, lideradas pelo melão, como a MAISA, FRUNORTE e Fazenda São João, foram todas desapropriadas. Com o desaparecimento dessas empresas também desapareceram as experiências de contratos de parcerias com os estabelecimentos familiares, em particular nas áreas de reforma agrária, assim como as ricas experiências de produtores autônomos organizados em associações e cooperativas que comercializavam a produção nos mercados interno e externo. Os produtores autônomos de melão que foram visitados retornaram às antigas formas de comercialização diretamente com intermediários que se deslocam para as áreas de produção de melão e compram a produção de cada agricultor, numa avaliação visual de campo, seguida de acordo entre as partes quanto ao valor a pagar. (MATOS, 2016).

A partir da falência de grandes produtoras de melão, a empresa nacional, Agrícola Famosa Ltda. ganha cada vez mais espaço no mercado da fruticultura irrigada, tendo como principal produto o melão e tornando-se a maior empresa produtora e exportadora de melão no país. Suas atividades serão ainda discutidas neste trabalho no próximo capítulo. O gráfico abaixo evidencia a maneira crescente como a produção de melão veio se comportando, assim como o evidente fim da relevância da produção de algodão no estado.

Gráfico 5 - Produção de Melão x Produção de Algodão no Rio Grande do Norte (1990- 2015)

Fonte: Produção Agrícola Municipal, IBGE. Elaboração Própria.

Para agricultura familiar convém destacar que, durante o período 2003-início de 2010, houve um avanço na institucionalização dos mecanismos de política direcionados aos setores tradicionalmente mais marginalizados no meio rural brasileiro. Isso se refletiu na constituição de marcos legais importantes como, por exemplo, a Lei da Agricultura Familiar (Lei 11.326, de 24 de julho de 2006), a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Lei 11.346, de 15 de setembro de 2006) e, recentemente, a Lei de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) (Lei 12.188, de 11 de janeiro de 2010), além da promulgação da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, pelo Decreto 6.040, de 07 de fevereiro de 2007. (DELGADO, 2011)

O governo Lula foi responsável por montar um aparato governamental mais consistente e abrangente de apoio à agricultura familiar. Apesar das dificuldades e fraquezas ainda existentes, e da disparidade de poder em relação ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) passou a assumir uma condição de ministério que trata das questões e dos temas relativos ao fortalecimento e à consolidação da agricultura familiar no país, bem como ao reconhecimento do direito ao acesso a políticas públicas e à reprodução econômica e social sustentável da diversidade de populações e de povos existentes no meio rural, muitos deles condenados anteriormente à “invisibilidade” (DELGADO, 2011). 0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 1990 1993 1996 1999 2002 2005 2008 2011 2014 Toneladas A n o s Algodão Melão

No Rio Grande do Norte existiram impactos significativos decorrentes da ampliação do crédito destinado aos agricultores familiares. Na tabela a baixo será possível observar o aumento significativo do número de contratos. Todavia é importante ressaltar que apesar da política mostra-se um marco para os agricultores familiares, o acesso ao crédito é dificultado pelo fato dos agricultores terem problemas para manter uma boa relação com os bancos, que vão desde do excesso de burocracia, que atrelada a baixa escolaridade desses agricultores, emerge como uma grande barreira ao acesso da política, até o atraso a liberação do crédito, que é apresentado por muitos agricultores como a principal dificuldade para que esses aproveitem os melhores períodos para cultivo.

Além disso, ainda é evidente a ausência de assistência técnica no estado, o que dificulta no desenvolvimento de projetos eficientes para esses agricultores e contribui com a inadimplência desses com as instituições que emitem o crédito. Soares (2013) destaca que o grupo que apresenta maiores índices de inadimplência no estado, corresponde ao grupo B. Entre as causas merece destaque, o investimento errado por parte dos agricultores, o uso do dinheiro para outras finalidades e aqueles que deram acesso ao crédito com a intensão de não paga-lo.

Tabela 1 - Número de contratos do PRONAF no Rio Grande do Norte (1999-2012)

Fonte: BACEN- Anuário estatístico do crédito rural, apud Soares (2013).

No mapa 1 abaixo será possível ver os municípios cujos valores dos contratos são mais relevantes, como Areia Branca, Pendências, Macau, Guamaré, Galinhos e Tibau do Sul, onde o número de estabelecimentos com agricultura familiar é pequeno. Com exceção de Mossoró e Ipanguaçu, que são municípios que grande incidência de estabelecimentos com agricultura familiar. Todavia, no Mapa 2, é possível verificar que poucos contratos foram realizados nesses municípios (1 a 68 contratos), com exceção de Mossoró e Ipanguaçu, cuja participação se faz

presente em diversos grupos de contrato. É possível observar, que há uma tendência dos recursos do programa ficarem concentrados nas mãos de poucos agricultores, sendo esses normalmente mais capitalizados (BRASIL, 2014).

Mapa 1 - Cartograma do Rio Grande do Norte: Número de contratos do PRONAF por município, em 2012

Mapa 2 - Rio Grande do Norte: Média dos valores dos contratos do PRONAF por município, em 2012

Fonte: Retirada da dissertação de Brasil (2014)

É relevante observar que o aumento da atuação do crédito tem fortalecido novos cultivos e criações, que possuem um maior grau de sustentabilidade com o semiárido, o que será determinante para mudanças na caracterização produtiva do agricultor familiar no Rio Grande do Norte. Deve-se destacar também a importância das demais políticas públicas que foram desenvolvidas em torno do governo Lula, como o destaque para a criação do mercado institucional para agricultura familiar. O gráfico abaixo retratará as novas tendências de cultivo para agricultura familiar, que são mais adaptas ao meio ambiente.

A criação de bovinos mostrou-se uma atividade pouco sustentável em toda a história da pecuária do Rio Grande do Norte, tendo em vista que esse animal tem um alto custo, dado a necessidade de uma boa alimentação e o seu elevado consumo de água, em um ambiente marcado pela seca. Diante do expressivo fracasso, principalmente para os agricultores familiares que investem tudo que possuem, emerge no estado a criação de ovinocaprino, dado que são animais que a sua sobrevivência possui um custo menor e encontram uma aceitação

cada vez maior no mercado. Deve-se destacar o papel do mercado institucional, que se tornou comprador dos produtos oriundos desses animais, com destaque para o leite de cabra.

Gráfico 6 - Número de Bovinos e Ovinocaprino no Rio Grande do Norte (1990-2015)

Fonte: Produção da Pecuária Municipal - IBGE. Elaboração própria.

Na produção de mel no Rio Grande do Norte predomina a atuação agricultores familiares. Esses comercializam o seu produto de maneira individual ou por meio de cooperativas, com destaque para a COOPAPI, na região do Apodi. Nos períodos de seca, a produção apresenta queda e para garantir o sustento esse agricultores buscam agregar valor a mel, produzindo própolis, pomada de mel e própolis, sache de mel, trufas de chocolate e recheio de mel e nos últimos anos tem-se tido também a produção de cosméticos.

Gráfico 7 - Produção de mel no Rio Grande do Norte (1990-2015)

Fonte: Produção da Pecuária Municipal - IBGE. Elaboração própria.

0 200.000 400.000 600.000 800.000 1.000.000 1.200.000 1.400.000 1.600.000 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 N ú m ero d e cab eças Bovino Ovinocaprino 0 200.000 400.000 600.000 800.000 1.000.000 1.200.000 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Qu ilogra m as Anos

Cultivos como mandioca, feijão e milho apresentaram significativas quedas, dado que os agricultores passaram a ter a percepção de que esses cultivos não se adaptam ao clima do semiárido. Eles demandam o uso intensivo de água, o que é verificado no anos em que há seca a área plantada desse cultivos é menor.

Gráfico 8 - Área plantada de Feijão, Milho e Mandioca no Rio Grande do Norte (1990- 2015)

Fonte: Produção Agrícola Municipal. Elaboração própria.

Apesar de ser um cultivo típico da agricultura familiar desde da criação do projeto Serra do Mel nos anos 70, a produção de castanha de caju merece destaque, diante do seu aumento a partir de 2001 e dado o fato que ao longo da história os agricultores passaram a se articular por meio de cooperativas com destaque para COOPAPI e COOPERCAJU, que atualmente junto outras cinco cooperativas e três associações formam a COOAFARN, cuja a sua atuação será descrita nos estudos de caso deste trabalho.

0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 H ec tar es Área plantada do Feijão Aréa plantada do Milho Área plantada de Mandioca

Gráfico 9 - Quantidade de Castanha de Caju, produzida no Rio Grande do Norte (1990- 2015)

Fonte: Produção Agrícola Municipal - IBGE. Elaboração própria.

Em 2005 tem-se a importante criação de mais uma linha de crédito para agricultura familiar, ofertada pelo Banco do Nordeste, o Microcrédito Rural Agroamigo. Ele visa atender agricultores familiares enquadrados em condições específicas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), com exceção dos grupos A e A/C e que estejam localizados na região Nordeste, norte do estado de Minas Gerais e Espírito Santo.

A maior parte dos agricultores familiares, principalmente os mais pobres, não tem acesso ao crédito como os vários serviços financeiros ofertados formalmente pelos bancos e outros agentes financeiros. Ainda há os problemas relativos a seca que ocasiona a perda da safra, queda da produção, rebanho dizimado, fragilidade da estrutura produtiva, entre outros fatores, levam inclusive à inadimplência dos agricultores familiares que tiveram acesso ao crédito. Apesar dos fatores como a seca, os agricultores familiares do Rio Grande do Norte obtiveram significativa evolução no montante adquirido no período de 2005-2013, como é possível visualizar no gráfico abaixo.

Deve-se destacar alguns desafios referentes a linha de crédito criada pelo BNB para agricultura familiar. A partir das viagens de campo, foi possível relatar que os agricultores apontam a burocracia e a falta de uma assistência técnica eficiente por parte do banco. Em relação a instituição bancária, é um desafio para o AGROAMIGO a necessária expansão dos recursos. A partir dos dados no Banco do Nordeste, tem-se que o Rio Grande do Norte é o penúltimo estado nos valores nominais recebidos no nordeste, ficando atrás apenas do estado de Sergipe. É possível observar na tabela 2 que desde do início do programa há uma tendência

0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 TO N EL A DA S ANOS

de baixa participação relativa do estado em relação aos desembolsos realizados, como é possível observar na tabela abaixo.

Tabela 2 - Valores nominais desembolsados pelo AGROAMIGO no Rio Grande do Norte entre 2005 e 2013 (em milhões R$)

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total

2,26 12,74 18,71 16,68 26,79 37,72 48,47 51,86 78,58 293,81 Fonte: Dados do BNB. Elaboração própria.

Tabela 3 - Participação relativa no AGROAMIGO no Rio Grande do Norte entre 2005 e 2013 (em %)

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Total

13,47 9,05 7,82 7,33 6,73 7,04 6,97 6,28 6,94 6,98 Fonte: Dados do BNB. Elaboração própria.

Em 2003 tem-se um importante programa desenvolvido pelo governo federal, Luz para Todos, que teve por objetivo promover a inclusão social das famílias rurais de baixa renda por meio do fornecimento dos serviços de distribuição de energia, sempre seguindo alguns requisitos. O programa Luz para Todos que até hoje tem sido executada sendo coordenada pelo Ministério de Minas e Energia e operacionalizada com a participação das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobras e de suas empresas.

As metas alcançadas pelo programa se refletem no aumento da taxa percentual de cobertura de energia elétrica que a cada ano vem crescendo em todo o País. De acordo com o