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4. A Reabilitação Urbana em Portugal

4.10. Política de Cidades POLIS XXI

Para o período 2007-2013114 o Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional apresentaram a Politica de Cidades POLIS XXI, neste caso o POLIS apresenta-se como uma Politica e não como um Programa tal como no período anterior.

Esta Politica visa dar resposta aos desafios que se colocam às cidades, de modo a “transformar as nossas cidades em motores de desenvolvimento das regiões e do País”115, o modelo de desenvolvimento apresentado incorpora as vertentes do conhecimento e da inovação associada à base urbana.

A reabilitação urbana assume no seio da Politica de Cidades um papel de destaque. Esse destaque verifica-se, quer ao nível da oportunidade que representam bem como pelos impactos que poderá ter na resolução de problemas, obstáculos e limitações das cidades. A reabilitação urbana surge como uma das necessidades no contexto das cidades, na medida em que existem alojamentos a necessitar de reparação, sendo que o seu nível de degradação é elevado, nomeadamente nas áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa devido do congelamento das rendas verificado no século XX116.

A Politica de Cidades contém duas vertentes dentro do domínio da reabilitação, a componente da Reabilitação de Edificado e a componente da Reabilitação Urbana, sendo certo que não existe reabilitação urbana sem reabilitação do edificado, ou seja, as componentes complementam-se.

A Politica de Cidades não é um programa e um programa não faz uma política, assim a política é um conjunto de peças que inclui entre outros aspectos uma visão estratégica, instrumentos de acção, instituições e dispositivos (de avaliação/monitorização) na actual

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Lei n.º 18/2000, de 10 de Agosto que autoriza o Governo a criar o regime excepcional aplicável às sociedades gestoras das intervenções previstas no Programa Polis e Decreto-Lei n.º 314/2000, de 2 de Dezembro que estabelece o regime excepcional aplicável às sociedades gestoras das intervenções previstas no Programa Polis, que estabelece o seu regime.

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Coincidente com o QREN em vigor.

115

In “Apresentação da Politica Cidades POLIS XXI 2007-2013”.

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Politica de Cidades POLIS XXI. A ambição apresentada passa por criar condições para que as cidades portuguesas se transformem em territórios de inovação e competitividade; territórios de cidadania e coesão social; territórios de qualidade ambiental e de vida e territórios bem planeados e governados.

Os objectivos estabelecidos117 aplicam-se a territórios alvo como: Espaços urbanos específicos; cidades/rede de cidades e cidades - região, apresentando-se a regeneração urbana como uma dimensão de intervenção em conjunto com a competitividade e a integração regional.

Objectivos Operativos POLIS XXI Qualificar e integrar os distintos espaços de cada cidade

Fortalecer e diferenciar o capital humano, institucional, cultural e económico Qualificar e intensificar a integração da cidade na região envolvente

Inovar nas soluções para a qualificação urbana, promovendo a sustentabilidade ambiental e eficiência

Tabela 4 - Objectivos Operativos POLIS XXI

Fonte: Programa POLIS

O instrumento de política “Parcerias Para a Regeneração Urbana”, em conjunto com as “Redes Urbanas para a Competitividade e Inovação”, as “Acções Inovadoras para o Desenvolvimento Urbano” e os “Equipamentos Estruturantes do Sistema Urbano Nacional” formam os quatro vectores da Política de Cidades – POLIS XXI.

Este instrumento tem como objectivo “apoiar acções dirigidas à revitalização integrada de espaços intra-urbanos”118 . Este instrumento é desenvolvido de forma independente por cada Programa Operacional Regional – POR, sendo no caso da região norte inscrito no Eixo 4 – Qualificação do Sistema Urbano, do POR Norte, inserido no Quadro de Referência Estratégia Nacional - QREN.

Este conceito de parceria, obrigatoriamente implica que as acções sejam levadas a cabo por um conjunto de entidades em articulação com os municípios. Essas entidades passam por empresas, associações, instituições de ensino, administração central, concessionários de serviços entre outros.

117

Qualificação e coesão, Projecção nacional e internacional, Integração na região envolvente e Inovação nas soluções.

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Os objectivos do instrumento “Parcerias para a Regeneração Urbana” foram definidos no Regulamento Especifico Politica de Cidades – Parcerias Para a Regeneração Urbana que em seguida se apresenta (FONTE: CCDR-N):

Promover a coesão e a inclusão sociais, a integração e a igualdade de

oportunidades das diferentes comunidades que constituem a cidade;

Promover os factores de igualdade entre homens e mulheres;

Estimular a revitalização socioeconómica de espaços urbanos

degradados;

Qualificar o ambiente urbano e os factores determinantes da qualidade

de vida da população;

Reforçar a atractividade das cidades através da preservação e

valorização de espaços de excelência urbana;

Reforçar a participação dos cidadãos e inovar nas formas de

governação urbana através da cooperação dos diversos actores urbanos.

Este instrumento tem aplicabilidade nos municípios das áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa bem como em outros centros urbanos definidos como de níveis superiores em sede de PROT ou PNPOT.

As operações financiadas no âmbito deste instrumento beneficiam de uma comparticipação de 70% chegando aos 85% do investimento elegível a fundo perdido.

Só podem ser apoiadas operações inseridas em Programas de Acção correspondentes a (FONTE: CCDR-N):

Programas integrados de valorização de áreas de excelência urbana,

nomeadamente centros históricos, frentes ribeirinhas e marítimas;

Programas integrados de qualificação das periferias urbanas e de outros espaços

relevantes para a estruturação urbana;

Programas integrados de renovação das funções e dos usos de áreas

abandonadas ou com usos desqualificados;

Programas integrados de requalificação e reintegração urbana de bairros críticos,

onde a situação social e económica ou a degradação urbana justifiquem uma intervenção especial.

As tipologias das operações devem integrar acções que se enquadrem nos seguintes domínios (Fonte: CCDR-N):

Qualificação do espaço público e do ambiente urbano,

Desenvolvimento económico,

Desenvolvimento social,

Desenvolvimento cultural,

Acções associadas à animação da Parceria Local e à dinamização do Programa de

Acção.

As Redes Urbanas para a Competitividade e a Inovação são outro dos instrumentos da Politica de Cidades que visa criar uma dinâmica de cooperação entre municípios, entidades públicas e privadas no domínio do desenvolvimento urbano assente em factores territoriais com base em inovação e que promovam a competitividade.

Acções Inovadoras para o Desenvolvimento Urbano

Prestação de serviços de proximidade Acessibilidade e mobilidade urbana

Segurança, prevenção de riscos e combate à criminalidade Gestão do espaço público e do edificado

Construção sustentável Ambiente urbano

Criatividade e empreendedorismo na valorização dos recursos territoriais Governação urbana com incremento da participação dos cidadãos

Tabela 5- Acções inovadoras para o desenvolvimento urbano

Fonte: CCDR-N

Assim, de forma a dar resposta a problemas cada vez mais complexos e numa lógica de transformar os problemas em desafios e os obstáculos em oportunidades, assiste-se a um conjunto de medidas, programas e politicas que integram conceitos inovadores, designadamente ao nível da governança e da participação como elementos diferenciadores, desta forma a visão estratégica global, a eficiência e a objectividade têm uma maior probabilidade de sucesso.

Nesta breve abordagem foi possível identificar, através do enquadramento legal a base estrutural dos diversos Programas Polis, desde o POLIS inicial que surgiu no seguimento do projecto de requalificação levado a cabo pelo Parque Expo, que possibilitou a requalificação do espaço urbano de diversas cidades, sempre com a vertente de valorização ambiental, ligado a frentes de água e espaços de fruição de lazer.

No entanto a Política de Cidade POLIS XXI alarga o conceito introduzindo novos domínios de actuação e numa lógica de estratégia nacional de competitividade, ampliando as possibilidades de integração dos domínios de intervenção e obrigando à introdução de sistemas de monitorização e participação.

De uma forma transversal a todos os programas analisados verifica-se uma preocupação com a melhoria do espaço público e com a resolução dos problemas urbanos através de soluções inovadoras, eficazes e eficientes. Assim encontra-se uma janela de oportunidades para as intervenções nos centros históricos, aproveitando estes financiamentos para acções com um carácter dinamizador de todo o processo reabilitação.

“No Porto como noutros lugares do mundo o centro histórico é hoje um de muitos centros e um de muitos espaços com história”. J.A. Rio Fernandes, 2010