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4. A Reabilitação Urbana em Portugal

4.6. Programa de Realojamento

Com a regulamentação dada pelo DL nº. 226/87 de 6 de Junho, deu-se início ao

Programa de Realojamento, que directa e indirectamente contribuiu para o desenvolvimento de operações de reabilitação urbana, na medida em que se permitia o apoio financeiro aos municípios para acções de construção de habitação social, que contemplassem o realojamento de famílias originárias de habitações não clássicas, bem como residentes em fogos degradados.

Desta forma permitiu-se a melhoria das condições de habitação para famílias residentes no centro histórico, mas por outro lado, permitiu-se a saída massiva de população do centro

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DL n.º 69/90 de 2 de Março que disciplinava o regime jurídico dos Planos Municipais de Ordenamento do Território à época.

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Surge pelo despacho 4/SEUH/85 de 22 de Janeiro.

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Coincidindo com a ante publicação do diploma legal que regula a instalação e competências das Sociedades de Reabilitação Urbana através do DL n.º 104/2004 de 7 de Maio.

histórico, a sua deslocalização para bairros periféricos, o abandono de imóveis e o consequente despovoamento habitacional de área antigas de algumas cidades, em especial em Lisboa e Porto, onde foi criado um programa especial.

O programa especial de realojamento nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto (PER) foi criado ao abrigo do DL n.º 163/93 de 7 de Maio e visava a erradicação definitiva das barracas e o realojamento condigno das famílias. Este programa implicava um acordo entre o antigo INH e os municípios.

Competia aos municípios, de acordo com as alíneas a), b) e c) do art.º 4.º do referido diploma, fazer o levantamento, caracterização e identificação dos núcleos de barracas existentes, dos seus habitantes e dos proprietários dos terrenos, bem como a apresentação de um programa cronológico dos empreendimentos a construir e ou fogo a adquirir para o seu realojamento.

Competia também às autarquias assegurar a fiscalização das áreas de intervenção, demolir todas as barracas e impedir a construção de novas barracas na área de intervenção. Este programa previa o financiamento de um conjunto de despesas relacionadas com a construção de novas habitações, despesas essas elencadas nas alíneas a) a e) do n.º1 do art.º 6.º.

O financiamento dividia-se em duas partes, sendo que 50% da despesa ilegível era atribuído pelo antigo INH sob a forma de comparticipação a fundo perdido e era criada a possibilidade de financiar a parte não comparticipada sob a forma de empréstimo bonificado de acordo com o n.º 3 do art.º 6.º.

Para além dos municípios e empresas públicas, o art.º 8.º do diploma permitia o acesso a financiamento para os fins previstos no n.º1 do art.º 6.º às IPSS’s, a pessoas colectivas de utilidade pública de fins assistenciais, cooperativas de habitação e construção a custos controlados e os agregados familiares registados no levantamento efectuado pelos municípios ao abrigo dos acordos de adesão estabelecidos. Esta última possibilidade relativa aos agregados familiares era designada de acordo com o n.º 4 do art.º 8.º PER Famílias e possibilitava também o benefício de uma comparticipação a fundo perdido.

De acordo com o n.º 1 do art.º 22.º, os prédios e as fracções autónomas financiadas ao abrigo do programa, ficavam sujeitas a um conjunto de restrições no que à alienabilidade

diz respeito, devendo lembrar-se que o incumprimento desta imposição implicava a devolução dos montantes concedidos pelo ex - INH acrescidos de 10%, conforme está implícito no n.º 1 do art.º 25.º. Da mesma forma, o art.º 10.º impunha um uso obrigatório dos prédios e fracções autónomas abrangidas para residência permanente em regime de renda apoiada ou em regime de propriedade resolúvel.

Este programa contemplava a possibilidade de venda da habitação aos agregados familiares, impondo um conjunto de regras quanto ao preço da renda, nomeadamente no n.º 1 do art.º 24.º, ao definir como preço de renda máxima o valor considerado na concessão de financiamento, corrigido pela taxa anual de inflação definida pelo INE.

O DL n.º 79/96 de 20 de Junho cria, de acordo com os princípios do DL n.º 163/93 de 7 Maio e com o objectivo de uma maior celeridade nos realojamentos, a possibilidade de financiamento para apoio a aquisição ou reabilitação de fogos por famílias abrangidas pelo PER.

Assim, de acordo com as alíneas a) e b) do n.º 1 do art.º 2.º, os agregados familiares que constem do levantamento municipal no âmbito do PER e que aufiram um rendimento anual bruto compatível com o suporte da divida respeitante à compra de habitação, reúnem as condições para serem contemplados com este apoio, o qual se traduzia numa comparticipação a fundo perdido de 50% do valor de aquisição, bem como na concessão de empréstimo acessório, sendo que a soma da comparticipação e do financiamento não poderia ultrapassar 80% dos preços máximos estabelecidos.

Este diploma regulava também no art.º 4.º a possibilidade de comparticipação e financiamento para reabilitação de fogos. Neste caso, o fogo sujeito a reabilitação poderia situar-se em qualquer ponto do território nacional, desde que se encontrasse devoluto e fosse propriedade do agregado familiar e passasse a ser residência fixa permanente do mesmo. A comparticipação a fundo perdido poderia atingir 50% da despesa ilegível nos termos previstos no diploma, bem como o acesso a financiamentos.

A base de cálculo seria um orçamento apresentado por empresa de construção civil, visado pelo município de da área territorialmente competente. O princípio da alienabilidade bem como o destino dos abrangidos mantém-se o inalterado face ao DL nº. 163/93 de 7 de Maio.

Passados dez anos da implementação do PER pelo DL n.º 193/93 de 7 de Maio e face à avaliação de resultados, bem como ao cruzamento de dados referentes à habitação, contemplados nos Censos 2001, o governo através do DL n.º 271/2003 de 28 de Outubro, procedeu a algumas alterações no PER, no sentido de favorecer e estimular a reconstrução e manutenção de habitações, privilegiando a reabilitação urbana face à construção e aquisição de novos fogos.

Através deste diploma integra-se também a possibilidade de financiamento de equipamento social associado aos processos de realojamento. O diploma regula de forma única o PER e o PER Famílias, introduzindo alterações relativamente à inalienabilidade, introduzindo uma maior flexibilidade face ao imposto até então.