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5 CONCEITUAÇÃO DO PROBLEMA

5.3 Ações Governamentais para o Setor Mineral

5.3.1 Políticas Governamentais

Segundo Barreto (2001), com a instauração em 1986 da Assembléia Nacional Constituinte e com o I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República, o tema desenvolvimento da mineração foi discutido dentro da visão da geração de empregos, diversificação da produção mineral e visando o aumento da participação do setor mineral na composição do PIB nacional. O clima da discussão era de desenvolvimento sob uma visão nacionalista e democrática. A constituição de 1988 foi a principal norteadora da política mineral bem como regulamentou o setor. Um tema marcante e que gerou grande impacto sobre o setor foi o estabelecimento de um tratamento preferencial às empresas nacionais, o que limitou a ação do capital estrangeiro.

A constituição de 1988 discutiu ainda temas importantes para o setor mineral, como a extinção do Imposto Único sobre Minerais – IUM e a criação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias – ICMS, que incidiria sobre todas as atividades econômicas, inclusive a mineração. Criou um capítulo específico para o meio ambiente – Capítulo VI; foi a primeira constituição a dedicar alguns incisos sobre a questão garimpeira como forma de aproveitamento mineral e definiu as terras indígenas como bens da União.

Em 1993 o planejamento de ações do governo no setor mineral voltou sob a forma de planos plurianuais, sendo o Plano Plurianual para o Setor Mineral (DNPM, 1994) responsável pelas alterações que norteariam o setor na década de 1990, como o fim das restrições ao capital estrangeiro no acesso aos bens minerais, a partir de um dispositivo constitucional que daria às empresas de capital estrangeiro o mesmo tratamento que às empresas nacionais; autarquização do DNPM; informatização do sistema de cadastro e

de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM em empresa pública, com atribuições de Serviço Geológico; isenção do ICMS para exportações minerais; revisão do Código de Mineração; elaboração de um novo Estatuto da Mineração com a inserção de temas como fechamento de mina e meio ambiente; criação de um fundo setorial para a mineração, dentre outras.

Segundo Barreto (op. cit.), foi lançado em 1996, pelo governo federal o Plano Plurianual – PPA de desenvolvimento nacional, com duração prevista até 1999. Este plano, denominado “Brasil em Ação”, no que se refere ao setor mineral, procurou “estimular a elevação dos investimentos privados em pesquisa, prospecção e exploração de novas jazidas minerais, o aperfeiçoamento do arcabouço jurídico-institucional e o aprimoramento dos mecanismos de fomento tecnológico e industrial do setor, de forma a criar um ambiente propício para o desenvolvimento da atividade do país, em bases sustentáveis” (Ministério do Planejamento, 2001 apud Barreto, 2001).

O PPA 2000-2003, denominado “Avança Brasil”, segundo Barreto (op. cit.), teve como uma de suas metas apoiar o setor produtivo sob a ótica do desenvolvimento sustentável, respeitando as vocações regionais e seus ecossistemas.

No que se refere ao Programa de Desenvolvimento da Produção Mineral, executado pelo Ministério das Minas e Energia, através de sua Secretaria de Minas e Metalurgia, considerou os seguintes aspectos para o desenvolvimento da produção mineral: levantamentos geológicos básicos; fiscalização e controle da produção mineral; avaliação dos distritos minerais; difusão de tecnologias minerais em áreas de garimpo e fiscalização da produção irregular de minerais.

Como resultado foi constatado um incremento na produção mineral; incremento de investimentos no setor; aumento da disponibilidade de áreas para pesquisa mineral pelo governo; início de levantamentos aerogeofísicos para mapeamento na Reserva Nacional do Cobre (nos Estados do Pará e Amapá) e na Amazônia Legal; aumento substantivo de outorgas de alvarás de autorização de pesquisa e liberação de áreas que se encontravam sob especulação e improdutivas, disponibilizando-as para os investidores.

O PPA 2004-2007, denominado “Brasil um País de Todos” teve como principais eventos: a promulgação da Lei no 10.848/04 que previa a aplicação de 15% da cota- parte do Ministério de Minas e Energia, dos royalties governamentais advindos da exploração e produção de petróleo e gás natural, em projetos e estudos destinados a promover o conhecimento geológico do território brasileiro através de levantamentos geológicos sistemáticos.

É importante ressaltar também a atuação do Programa de Geologia do Brasil, intitulado Levantamentos Geológicos, programado e coordenado em conjunto com a SGM. Encontram-se os em andamento em todas as regiões do país 19 projetos de mapeamentos geológicos nas escalas 1:250.000 e 1:100.000, envolvendo 55 folhas cartográficas. Destacam-se Levantamentos Aerogeofísicos nas Regiões Norte e Centro- Oeste, Mapas Geológicos Estaduais e Bancos de Dados e Sistemas de Informações Geográficas.

Quanto à preocupação com os recursos hídricos, este PPA prevê a criação do maior banco de dados de informações hidrogeológicas do país, o sistema SIAGAS, com mais de 100 mil poços cadastrados. O sistema envolve Gerenciamento e formulação das políticas de recursos hídricos do país, notadamente no que tange ao convívio com a seca no semi-árido. Destacam-se a criação do Sistema Simplificado de Abastecimento visando garantir o prolongamento da vida útil dos poços, bem como a assinatura de convênio com a FINEP no valor de R$ 4,2 milhões, visando a avaliações hidrogeológicas nas bacias interiores do semi-árido brasileiro.

Quanto ao tema Desenvolvimento Tecnológico, foi assinado acordo de Cooperação Técnica entre a CPRM/SGB e o DNPM para instalação, operação e manutenção do Centro Nacional de Treinamento para o Controle da Poluição na Mineração (CECOPOMIN), que funcionará nas dependências da CPRM/SGB, em São Paulo; e a formação da Rede Nacional de Estudos Geocronológicos, Geodinâmicos e Geoambientais (GeoChronos), iniciativas do MME, MCT e PETROBRAS.

Este PPA prevê ainda parcerias internacionais com Cuba e Moçambique, geração da Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo (durante o ano de 2004, concluíram-se 90%

todos os tempos) em um conjunto de 46 CD-ROMs, contendo toda a cobertura cartográfica brasileira na escala 1:1.000.000 (46 folhas), com lançamento previsto para 2005; e o lançamento do Livro Geologia, Tectônica e Recursos Minerais do Brasil, cujos trabalhos de edição gráfica e digital concluíram-se em dezembro de 2004. Essa obra sintetiza o entendimento da geologia do continente sul-americano à luz dos avanços obtidos com a modelagem do território brasileiro.

Este PPA trouxe ainda algumas ações especiais de gestão e transparência como: Proposta preliminar de reformulação institucional da empresa, criação da ouvidoria, adoção do código de ética, modernização gerencial, treinamento e aperfeiçoamento, participação em eventos técnicos, Centros Integrados de Estudos Geológicos (CIEGS), Criação de novos Núcleos Regionais da CPRM (Natal –RN). Em estágios avançados de entendimentos, sendo de se registrar o grande interesse dos respectivos estados, deverão ser implantados, em 2005, os núcleos de apoio de Curitiba (PR), Vitória (ES) e Boa Vista (RR).

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