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7 MINERAÇÃO DE BRITA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

8.1 Principais Medidas de Controle Ambiental Adotadas

Os instrumentos mitigadores utilizados para racionalizar e redirecionar as atividades aqui descritas são algumas opções de intervenção adotadas nas empresas visitadas. Entre estas opções podemos citar medidas de controle dos processos erosivos; medidas para mitigar o assoreamento; controle da emissão de materiais particulados para a atmosfera; controle de ruídos; controle de efluentes líquidos; destino adequado de sucatas e lixo industrial; e condições de higiene e segurança no trabalho.

Medidas de Controle dos Processos Erosivos

Um empreendimento mineral normalmente apresenta um perfil composto por solos, rocha intemperizada e rocha sã. No caso das pedreiras da RMRJ a operação de lavra se dá normalmente em uma encosta, de forma que processos erosivos podem ser induzidos ou acelerados. Estes processos são observados principalmente no topo e nas bordas das cavas normalmente recobertas por uma camada de solo mais espessa. Outros pontos onde puderam ser observados pequenos processos erosivos foram as pilhas de material estéril, que na maioria das empresas não receberam nenhum tratamento de proteção superficial.

As principais medidas adotadas nas empresas visitadas são: o replantio de espécies nativas ou exóticas de forma a fornecer uma cobertura vegetal de proteção do solo e revegetação dos taludes finais da área minerada e das áreas de decapemanto (figura 34, 35); definição do local a ser implantado as pilhas de estéril evitando linhas de fluxo de águas da chuva; construção das pilhas de estéril em camadas, compactadas pelo trânsito da pá mecânica e dos caminhões, o que ajuda a consolidar mais o depósito de estéril; em algumas unidades se observou um sistema de drenagem superficial e em outra unidades foi realizado um plantio temporário de vegetação rasteira, gramíneas e leguminosas nas áreas de depósito de material estéril, com a finalidade de fixar o solo e diminuir o escoamento superficial, evitando processos erosivos.

Figura 34 – Flanco da cava de uma pedreira da RMRJ. Nota-se que o substrato rochoso se trata de um gnaisse bastante intemperizado e observam-se alguns pontos de instabilidade com rompimento de taludes e deslizamento de blocos. Esta área foi revegetada com espécies arbóreas da Mata Atlântica, com a finalidade de reduzir a infiltração de água da chuva minimizando o impacto causado pela ação das intempéries sobre o substrato desnudo bem como o impacto visual da exposição da rocha na cava já explorada.

Figura 35 – Detalhe da berma revegetada mostrando espécies arbóreas em diversos estágios de crescimento. Esta proteção superficial ajuda a controlar os processos erosivos, além de reduzir o impacto visual gerado pela atividade. Com o passar dos anos nesta área não se observará mais a exposição de rocha desnuda, mas apenas uma área recoberta por mata bem fechada, propiciando também o retorno de espécies animais ao

Medidas para Mitigar o Assoreamento

A principal medida adotada na maioria das empresas é o direcionamento do escoamento das águas superficiais, conduzindo-as a uma bacia de decantação. Esta canalização à bacia de decantação nem sempre é feita através de obras de drenagem com canaleta, mas por meio de caimentos de piso direcionando o fluxo das águas superficiais à bacia de decantação. Em todas as empresas visitadas se observou a presença de uma caixa de decantação ou lago construído artificialmente para o recebimento da água das chuvas saturadas em partículas sólidas (Figuras 36 e 37).

Figura 36 – Canaleta de drenagem meia cana construída em concreto para aduzir as águas superficiais oriundas das áreas de lavra e beneficiamento da empresa à bacia de decantação localizada a jusante desta.

Figura 37 – Caixa de sedimentação em concreto, construída para receber toda a água drenada das frentes de lavra e áreas de beneficiamento. Esta caixa recebe uma limpeza periódica para a retirada do material carreado por ação das chuvas de forma a evitar o assoreamento da rede de drenagem local. A porção à esquerda da caixa mostra o material sedimentado após chuva torrencial.

O que se observou é que o sistema de drenagem nas empresas é quase sempre informal, ou seja, não estão implantadas em campo grandes obras de drenagem superficial e sua eficiência real é de difícil avaliação.

Figura 38 – Drenagem informal construída em forma de vala escavada no terreno. Este tipo de drenagem é o mais comum observado se trata de uma vala construída através da

escavação do terreno e com desnível para a saída da bacia. Esta canaleta aduz toda a água de chuva oriunda das frentes de lavra á caixa de decantação localizada á jusante.

Controle da Emissão de Materiais Particulados para a Atmosfera

Este tipo de controle deveria ser uma das maiores preocupações das empresas, pois a emissão de poeira mineral pode causar doenças respiratórias graves. As maiores fontes de emissão de particulados são a central de britagem, peneiramento, pisos de rolamento de máquinas e equipamentos, e estoques de material fino (pó de pedra). Em uma escala menor podemos incluir também a perfuração de rocha e detonações.

As medidas de controle de emissão de poeira adotadas na maioria das empresas são: pulverização de água nos processos de britagem, rebritagem (Figura 39) e peneiramento; umectação das pistas e áreas de trânsito de máquinas e equipamentos (Figura 40); umectação das vias externas de acesso à empresa em um pequeno raio de distância (Figura 41); implantação de cortinas arbóreas nos limites da propriedade (Figura 42 e 43); utilização de perfuratrizes com sistema de pulverização de água ou coletores de pó (Figura 44 e 45); e umectação dos pisos antes da detonação.

Figura 39 – Aspersão de água em linha de britagem utilizada como medida de supressão da emissão de material particulado para a atmosfera.

Figura 40 – Umectação de vias de internas de uma pedreira da RMRJ. Prática utilizada para reduzir a emissão de material particulado gerado pela circulação de máquinas e caminhões.

Figura 41 – Umectação das vias externas da área de mineração com a finalidade de evitar a emissão de particulado gerados pela movimentação de veículos e caminhões de entrega externa da pedreira.

Figura 42 – Plantio de cortina arbórea na área limítrofe de uma pedreira da RMRJ. Esta cortina atenuará a médio prazo o impacto visual do observador mais próximo do empreendimento mineiro e deverá reter parcialmente material particulado e ruídos gerados pela operação da atividade.

Figura 43 – Cortina arbórea já implantada. A linha externa é constituída por eucaliptos e a linha interna de espécies leguminosas esta associação foi constituída de forma a criar uma barreira vegetal mais densa para melhor atenuar emissão de particulados e ruídos.

Figura 44 – Perfuratriz com aspersão de água no furo. Esta injeção de água reduz consideravelmente a emissão de material particulado para a atmosfera. Nota-se na parte inferior a direita da foto que o material mais escuro sedimentado se trata do material umectado dentro do furo pela aspersão de água e depositada próximo a boca deste

Figura 45 – Perfuratriz com sistema de coletor de pó utilizada em pedreira da RMRJ. Toda a poeira produzida durante a perfuração da rocha é direcionada a um sistema do tipo ciclone e depositado em sacos evitando dessa forma que este material vá para atmosfera.

Controle de Ruídos

Na rotina operacional dos empreendimentos são empregados explosivos, máquinas e equipamentos, que em sua operação geram ruídos. Tais ruídos têm intensidades diferentes, gerando graus de importâncias distintas quanto à sua mitigação. As principais medidas de controle adotadas pelas empresas referem-se aos cuidados com o desmonte e com as vibrações geradas pelas detonações.

Para atenuar estes efeitos indesejáveis, observou-se que diversas medidas foram adotadas para minimizar o ruído e o deslocamento de ar durante o desmonte. Existe um sistema de alerta, informando os horários das detonações primárias e secundárias, e as eventuais medidas preventivas a serem praticadas. Na maioria das empresas é prática de rotina examinar cuidadosamente, principalmente nos furos da primeira linha, quanto às anomalias geológicas existentes, tais como vazios, juntas, camadas de rochas brandas intercaladas com rochas duras, etc. Também é prática usual examinar, em pisos já trabalhados pela sub-perfuração de um banco superior, o topo da bancada, para verificar o grau de fraturamento gerado pela detonação anterior para que o tamanho do tampão

seja com certeza maior que este horizonte de fraqueza. Em termos gerais, observou-se, principalmente nas pedreiras inseridas dentro da malha urbana, a restrição à utilização de cordel detonante, e sua substituição pelo não elétrico. Também nas pedreiras inseridas na malha urbana observou-se a adoção de tampões maiores. É utilizado material adequado para o preenchimento do tampão (britas 0 ou 1), melhorando o confinamento da coluna de explosivos, evitando assim o impacto de ar gerado pela ejeção do tampão. A maioria das empresas aboliu o desmonte secundário com explosivos, melhorando a qualidade da fragmentação do fogo primário e utilizando drop ball e rompedor hidráulico (Figuras 46, 47 e 48).

Figura 46 – Desmonte secundário através da utilização de drop bal. Esta operação acaba com a necessidade do desmonte secundário com a utilização de explosivos reduzindo a geração de ruídos e riscos de ultralançamentos.

Figura 47 – Rocha desmontada pelo drop ball.

Figura 48 – Utilização de martelo hidráulico no desmonte secundário, o que reduz ruído, vibrações e riscos de ultralançamento na operação de desmonte de rocha.

Controle das Vibrações

Na atividade de mineração a maior fonte de geração de vibração é observada no desmonte de rocha. Outras fontes, como transporte interno de cargas pesadas e sistema de britagem, também ocasionam vibrações, que são consideradas desprezíveis se comparadas ao desmonte.

As principais medidas mitigadoras utilizadas nos procedimentos de desmonte, para reduzir os níveis de vibração são: nas pedreiras urbanas existe uma preocupação grande em adequar a malha, inclinação, e uma boa limpeza do pé do banco a ser detonado para que não haja peso nem engastamento excessivos; observa-se uma preocupação em usar a razão de carga adequada para o tipo de rocha a ser desmontada; em algumas empresas, principalmente naquelas onde existem engenheiros de minas residentes e atuantes no processo de lavra, notou-se a preocupação de adotar esperas de retardo adequadas, de tal forma que o tempo dado seja suficiente para que a linha anterior se fragmente e se desloque antes que a linha posterior seja detonada; outra medida adotada em diversas pedreiras visitadas é o retardamento da detonação furo a furo, o que diminui o fator carga por espera, dificultando a sobreposição de ondas e reduzindo assim o impacto causado pela detonação; acompanhamento constante da perfuração quanto ao grau de inclinação e altura; e o uso de subperfuração a menor possível, desde que não haja a ocorrência de repés.

Controle de Efluentes Líquidos

Os principais efluentes gerados pela operação de pedreiras são oriundos do setor de manutenção da empresa, dos postos de abastecimento dos equipamentos, do esgoto gerado pelos escritórios, refeitórios e alojamentos.

O setor de manutenção executa serviços de reparos, consertos, lavagem e lubrificação de equipamentos e máquinas. A principal medida de controle adotada e exigida pelo órgão ambiental é que toda a água utilizada no processo de lavagem de equipamentos, peças ou mesmo do piso da oficina contaminado com detritos de óleo deverá ser direcionada por meio de canaletas e desníveis de piso para um sistema de caixas separadoras de água e óleo. Estas caixas constam de três estágios:

Estágio 01 – caixa de areia – neste estágio os resíduos sólidos são separados por meio de precipitação;

Estágio 2 – caixa sifonada 1a fase – a água entra na caixa sifonada e o óleo é separado

Estágio 3 – caixa sifonada 2a fase – a água vinda da primeira caixa sifonada recebe um

tratamento final antes de ser canalizada à rede de esgotos. O processo de separação do óleo é idêntico ao da caixa sifonada anterior.

Após a segunda caixa sifonada é exigida uma caixa de visita, de onde poderá ser monitorada a qualidade da água após passar pelo conjunto separador.

O órgão ambiental exige que todo o óleo acumulado nas caixas sifonadas seja retirado periodicamente. Esta periodicidade é determinada pelo nível de utilização do lavador. Todo o material ao ser retirado do sistema deve ser devidamente acondicionado em tambores para posterior reciclagem por empresas especializadas e que possuam licenciamento na FEEMA.

Um segundo ponto passível de contaminação é o tanque metálico para o armazenamento de óleo diesel, que na maioria das empresas é aéreo. É prática comum que o serviço de abastecimento e estocagem deste óleo sejam feitos tomando-se todos os cuidados para que não haja vazamentos para o solo.

Quando o tanque de abastecimento é aéreo é exigido pelo órgão ambiental que seja construído um dique de contenção envolvente, com dimensões suficientes para reter toda a capacidade do reservatório de combustível e mais um fator de segurança não determinado em norma.

Outra medida de controle é a inspeção periódica do tanque para que se avalie o seu estado quanto à corrosão, evitando-se assim que possíveis vazamentos possam contaminar o solo ou o lençol freático.

As instalações sanitárias da empresa geram esgoto in natura, que sem tratamento podem comprometer o lençol freático da região. Na maioria das empresas visitadas não existe rede de esgoto pública. Estas empresas possuem um sistema fossa/filtro implantado em seu sítio como forma de tratamento. Após passar por este sistema o efluente é direcionado à rede pluvial ou à drenagem natural.

Sucatas e Lixo Industrial

De uma forma geral todo o lixo gerado na operação do empreendimento sofre uma coleta, sendo acondicionado em recipientes adequados para ser posteriormente coletado pela empresa de lixo municipal.

Quanto às sucatas, todas as empresas acumulam alguma quantidade de forma mais organizada e seletiva do que outras, e dão como destinação final a venda para empresas especializadas na compra deste tipo de material.

Higiene e Segurança no Trabalho

Na maioria das empresas se observa a prática obrigatória do uso de equipamentos de proteção individual (EPI), consistindo basicamente de botas, capacetes, protetores auriculares, máscaras anti-particulados, luvas e óculos de proteção.

Em todas as empresas se constatou que existe uma CIPA constituída.

8.2 Principais Medidas de Recuperação das Áreas Degradadas pela Mineração

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