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REPOSITORIO INSTITUCIONAL DA UFOP: A mineração de brita na região metropolitana do Rio de Janeiro.

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Academic year: 2018

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Ministério da Educação e do Desporto

Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto Departamento de Engenharia de Minas

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral

A Mineração de Brita na Região Metropolitana do

Rio de Janeiro

Autor: João Antônio Prado Silva

Orientador: Prof. Dr. Wilson Trigueiro de Sousa

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral do Departamento de Engenharia de Minas da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Mineral.

Área de concentração: Lavra de Minas.

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À Deus por ter me concedido saúde, e disposição para vencer mais uma etapa da vida. Aos meus pais e irmãos por todo apoio, amor e incentivo sem o qual não teria conseguido chegar até aqui.

Ao meu orientador e amigo Wilson Trigueiro por todo o incentivo e confiança na longa jornada deste mestrado.

À Reinaldo Caravellas por ter investido em mim como profissional me incentivando, permitindo a ausência na empresa e financiando as eternas viagens Rio-Ouro Preto.

Aos companheiros de trabalho Diogo Marques, José Antonio Veleda, Osvaldo, Paulo Tostes, Eduardo Togoro, Anderson, Juliana Vieira, Márcia Daltro, Danielle, Marcelo Braga e Renato.

Aos eternos companheiros Miguel Ângelo, Maria Mazzei, Antonio Rezende, Antonio Vargas, Matias, José Antonio Neves, Alexandre Brugger, Maria Marta Gameiro.

Ao Prof. Dr. Rubens Porto Jr. da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Ao Engenheiro Sydnei Crisafulli da GEO RIO pelo incentivo e amizade.

Às pedreiras da RMRJ que me receberam e me ajudaram.

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A mineração de brita fornece matéria prima utilizada diretamente na construção civil, permitindo a execução de obras básicas de infra-estrutura, edificações e pavimentações em geral, exercendo papel fundamental no desenvolvimento urbano. Em contrapartida, tal desenvolvimento, juntamente com a necessidade da proximidade fornecedor-consumidor, tem aproximado a população dos empreendimentos mineradores (pedreiras) e dos impactos gerados pela extração do mineral, tais como emissão de poeiras, ruídos e vibrações. A Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) constitui-se num nítido exemplo de desenvolvimento acelerado e dos conflitos de interesse associados à mineração de brita.

Este trabalho analisa a viabilidade da mineração de brita na RMRJ em seus múltiplos aspectos, através da geração de um diagnóstico dessa atividade, bem como de suas interações econômicas, ambientais e sociais. Para tal, o método utilizado consistiu no levantamento de informações, através de pesquisa extensiva e de um levantamento de dados junto às empresas mineradoras, através de visitas técnicas. Com base nas informações coletadas, foi possível gerar um mapa de localização das pedreiras da RMRJ, além de um levantamento dos impactos ambientais, técnicas de lavra e instrumentos de controle ambiental e recuperação de áreas degradadas pela atividade. De acordo com os resultados obtidos, dentre as empresas visitadas na RMRJ, todas possuem Plano de Controle Ambiental (PCA) e Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), que contemplam basicamente projetos e medidas mitigadoras de atenuação e controle dos impactos ambientais (positivos e negativos) decorrentes da operação do empreendimento.

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The crushed stone mining directly supplies the raw material used in civil construction, making possible the execution of basic infrastructure, construction and paving works in general, playing a fundamental role in the urban development. Such development along with the necessity of the supplier-consumer proximity has approximated the population and the mineral enterprises (quarries), as well as the impacts associated with the mining production, such as dust, noise and vibrations. The Metropolitan Region of Rio de Janeiro (MRRJ) consists in a clear example of quick urban development and the conflicts associated with crushed stone mining.

The present study analyzes the feasibility of crushed stone mining in the MRRJ considering its multiple aspects and building a diagnosis of the activity as well as of its economical, environmental and social interactions. The basic information was collected through extensive research and technical visits to the quarries. Based on the collected data, a location map of the MRRJ quarries was plotted, and it was also possible to perform a survey of their environmental impacts, extraction methods, environmental control, and degraded area recovery instruments. All visited companies in the MRRJ have an Environmental Control Plan (ECP) and a Degraded Area Recovery Plan (DARP), which present basically projects and actions in order to mitigate and control the environmental impacts inherent to the activity.

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SUMÁRIO

ÍNDICE DE TABELAS ... III ÍNDICE DE FIGURAS ... IV LISTA DE ABREVIAÇÕES ... X

1 INTRODUÇÃO ... 1

2 OBJETIVOS ... 4

2.1 Objetivo Geral ... 4

2.2 Objetivos Específicos ... 4

3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO ... 6

4 METODOLOGIA DA PESQUISA ... 7

5 CONCEITUAÇÃO DO PROBLEMA ... 8

5.1 Impactos Ambientais ... 11

5.1.1 Alterações Ambientais no Meio Físico ... 12

5.1.2 Alterações Ambientais no Meio Biótico ... 29

5.1.3 Alterações no Meio Antrópico ... 30

5.2 Encerramento da Atividade ... 31

5.3 Ações Governamentais para o Setor Mineral ... 37

5.3.1 Políticas Governamentais ... 37

5.3.2 Instituições Responsáveis ... 40

6 CARACTERIZAÇÃO DA MINERAÇÃO DE BRITA ... 43

6.1 Geologia da RMRJ ... 43

6.2 Caracterização da Atividade e Áreas de Mineração ... 47

6.2.1 Métodos de Lavra ... 47

6.2.2 Unidades Produtoras ... 49

6.3 Mercado Nacional de Brita ... 56

6.4 Aplicações da Brita ... 57

6.5 Produção e Consumo de Brita na RMRJ ... 61

6.5.1 Situação no Período 1970-2000 ... 61

6.5.2 Alternativas para o Uso da Brita ... 66

7 MINERAÇÃO DE BRITA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .... 67

7.1 Conceitos de Desenvolvimento Sustentável ... 67

7.2 Mineração e Desenvolvimento Sustentável ... 70

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8 MEDIDAS MITIGADORAS E DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL

PARA A MINERAÇÃO DE BRITA NA RMRJ ... 73

8.1 Principais Medidas de Controle Ambiental Adotadas ... 73

8.2 Principais Medidas de Recuperação das Áreas Degradadas pela Mineração de Brita ... 87

9 RESULTADOS OBTIDOS ... 91

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ... 95

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 103

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Quadro Demonstrativo das Competências dos Órgãos Ligados à

Mineração. ... 42

Tabela 2 - Unidades Produtoras do Grupo I. ... 54

Tabela 3 -Unidades Produtoras do Grupo II. ... 55

Tabela 4 - Unidades Produtoras do Grupo III. ... 55

Tabela 5 - Unidades Produtoras do Grupo IV. ... 56

Tabela 6 - Classificação das Britas segundo a NBR 7225. ... 58

Tabela 7 - Usos das Britas. ... 59

Tabela 8 - Propriedades do Concreto X Características dos Minerais Agregados. ... 60

Tabela 9 - Distribuição das Unidades Produtoras de Brita por Município na RMRJ – 1970-2000. ... 62

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Municípios da RMRJ. ... 2 Figura 2 - Pedreira totalmente inserida dentro da malha urbana. O sítio geográfico

onde hoje está inserido esta mineradora instalada primordialmente na década de 40 possuía um uso do solo totalmente rural na época de sua instalação (plantação de laranja). A atividade se instalou no local muito antes do avanço da malha urbana. Com o passar dos anos a urbanização chegou a esta região da cidade do Rio de Janeiro. Esta ocupação se deu de forma desordenada e sem considerar a presença da atividade de mineração no local. Na porção inferior da foto se observa uma invasão dentro do terreno da mineradora. Esta invasão ocorreu na década de 80. A ocupação desta área foi feita sem o assentimento da empresa e sem que o poder público tomasse qualquer providência para a retirada dos invasores. Apesar de operar com todos os controles ambientais pertinentes a sua atividade, esta situação geográfica reduziu consideravelmente a vida útil da empresa. ... 9 Figura 3 - Rompimento de talude no topo da cava final de uma pedreira da

RMRJ. Pode-se observar que houve um grande escorregamento e que o material movimentado é constituído por uma camada de solo superficial associado a rocha gnáissica bastante intemperizada e trabalhada por explosivos durante a operação de decapeamento. Nota-se que as bermas finais constituídas de rocha sã cumpriram com sua finalidade retendo todo o material do escorregamento ocorrido no topo da cava. ... 14 Figura 4 – Foco de erosão no flanco de uma cava de pedreira. Esta área foi

decapeada sem a devida estabilização, gerando taludes com alturas extremamente grandes e alta declividade. Esta associação aliada a heterogeneidade de materiais observados tornou a área bastante susceptível a processo erosivos. ... 15 Figura 5 - Operação de limpeza da rede de drenagem assoreada por material

carreado das pilhas de estoque de material da pedreira, após chuva torrencial. O material retirado da galeria é constituído de pó de pedra e brita corrida e argila. ... 16 Figura 6 - Emissão de material particulado para a atmosfera por operação de

pedreira. ... 17 Figura 7 – Emissão de poeiras minerais geradas durante a perfuração de rocha. ... 18 Figura 8 - Detonação de uma bancada de pedreira localizada na RMRJ.

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Figura 9 - Detalhe do momento após a detonação da bancada, onde o material desmontado se deposita na praça de trabalho. Nota-se que nesta fase a geração de poeiras minerais é ainda mais intensa. ... 19 Figura 10 – Emissão de material particulado para atmosfera gerado pelo transito

interno de caminhões fora-de-estrada. ... 20 Figura 11 – Emissão de material particulado para atmosfera produzido por

britador cônico na operação de rebritagem. ... 21 Figura 12 – Emissão de poeiras minerais, e gases monóxido de carbono (CO) e os

óxidos de nitrogênio (NO e NO2) gerados durante a detonação de uma

bancada ... 24 Figura 13 – Pedreira localizada na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro,

paralisada na década de 90, sem nenhum tipo de recuperação ambiental. Hoje se observa a implantação de dois túneis da linha amarela que cortam o maciço. ... 32 Figura 14– Pedreira localizada no bairro de jacarepaguá zona oeste do município

do Rio de Janeiro, paralisada na década de 80. Observa-se um paredão único contrastando com a área verde ao redor. Nota-se que a praça de trabalho da antiga pedreira ocorre um processo de sucessão vegetal natural. Abaixo na foto se observa uma enorme ocupação desordenada (favela do Rio das Pedras), gerando também um impacto paisagístico forte, ocupação da faixa marginal de proteção do rio Arroio do Anil, desmatamento e geração de esgotos domésticos sem tratamento e aporte destes a rede de drenagem natural. ... 32 Figura 15 – Antiga pedreira localizada no bairro da Gamboa, centro do Rio de

Janeiro. Observa-se que foi paralisada sem a devida recuperação ambiental e hoje funciona uma escola municipal bem próxima ao paredão deixado pela antiga atividade. No topo e nos flancos da rocha se observam inúmeras habitações de baixa renda implantadas sem nenhuma obra de contenção geotécnica. ... 33 Figura 16 – Antiga Pedreira sem o devido planejamento, localizada próximo a

central do Brasil paralisada na década de 60. A área hoje é utilizada como garagem de uma empresa de ônibus. No topo da antiga pedreira houve uma ocupação desordenada hoje chamada de favela da pedra lisa, no lado esquerdo da foto se observa à favela da providência. ... 33 Figura 17 – Pedreira localizada em Jacarepaguá zona oeste do município do Rio

de Janeiro, paralisada em 2001. Esta área foi paralisada sem que as medidas de recuperação fossem implantadas e hoje mostra nítidos contrastes entre a área da cava e a área de mata ao redor gerando um forte impacto paisagístico. Nota-se também o acúmulo de água nas antigas áreas de exploração. ... 34 Figura 18 – Pedreira paralisada no final da década de 90 pelo poder público

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lavrado em um sistema de bancos sobrepostos. A paralisação mais uma vez se deu sem planejamento e sem a devida recuperação da área

degradada. ... 34

Figura 19 - Mapa Geológico da RMRJ ... 43

Figura 20 - Legenda do Mapa Geológico da RMRJ... 44

Figura 21– Pedreira inserida dentro da malha urbana da cidade do Rio de Janeiro, mostrando no lado direito da foto a lavra em bancos superpostos lavrados de forma descendente e do lado esquerdo um passivo de um paredão único lavrado no passado com a utilização de martelo pneumático e de difícil recuperação hoje devido à proximidade com a comunidade que cerca a atividade. ... 48

Figura 22 – Pedreira lavrada primordialmente em banco único, formando um “paredão” rochoso de cerca de 70 metros de altura. Hoje se torna muito difícil implantar bancos neste tipo de cava devido a ocupação desordenada das áreas próximas a atividade. Esta pedreira está cercada por comunidades de baixa renda (favelas) implantadas sem o menor controle do estado reduzindo a vida útil do empreendimento e gerando um impacto econômico à atividade tornando hoje a operação da pedreira difícil e com custos elevados. ... 49

Figura 23 – Mapa de Localização das pedreiras na RMRJ ... 51

Figura 24– Legenda do Mapa de Localização das pedreiras da RMRJ ... 52

Figura 25 – Mapa de Localização das Regiões Produtoras de Brita da RMRJ ... 53

Figura 26 - Produção de Brita no Brasil por Estado ... 57

Figura 27 - Segmentação do Consumo de Brita por Setor no Brasil... 58

Figura 28 - Evolução do Número de Unidades Produtoras no Período 1970-2000 ... 62

Figura 29 - Evolução da Produção de Brita na RMRJ no Período 1970-2000... 63

Figura 30 - Evolução da Produção por Unidade Produtora no Período 1970-2000 ... 63

Figura 31 - Vendas de Brita na RMRJ no Período 1970-2000... 64

Figura 32 - Composição Regional de Vendas em 1980 ... 65

Figura 33 - Composição Regional de Vendas em 2000 ... 65

Figura 34 – Flanco da cava de uma pedreira da RMRJ. Nota-se que o substrato rochoso se trata de um gnaisse bastante intemperizado e observam-se alguns pontos de instabilidade com rompimento de taludes e deslizamento de blocos. Esta área foi revegetada com espécies arbóreas da Mata Atlântica, com a finalidade de reduzir a infiltração de água da chuva minimizando o impacto causado pela ação das intempéries sobre o substrato desnudo bem como o impacto visual da exposição da rocha na cava já explorada. ... 75 Figura 35 – Detalhe da berma revegetada mostrando espécies arbóreas em

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recoberta por mata bem fechada, propiciando também o retorno de espécies animais ao sítio antes degradado. ... 75 Figura 36– Canaleta de drenagem meia cana construída em concreto para aduzir

as águas superficiais oriundas das áreas de lavra e beneficiamento da empresa à bacia de decantação localizada a jusante desta. ... 76 Figura 37 – Caixa de sedimentação em concreto, construída para receber toda a

água drenada das frentes de lavra e áreas de beneficiamento. Esta caixa recebe uma limpeza periódica para a retirada do material carreado por ação das chuvas de forma a evitar o assoreamento da rede de drenagem local. A porção à esquerda da caixa mostra o material sedimentado após chuva torrencial. ... 77 Figura 38– Drenagem informal construída em forma de vala escavada no terreno.

Este tipo de drenagem é o mais comum observado se trata de uma vala construída através da escavação do terreno e com desnível para a saída da bacia. Esta canaleta aduz toda a água de chuva oriunda das frentes de lavra á caixa de decantação localizada á jusante. ... 77 Figura 39 – Aspersão de água em linha de britagem utilizada como medida de

supressão da emissão de material particulado para a atmosfera. ... 79 Figura 40 – Umectação de vias de internas de uma pedreira da RMRJ. Prática

utilizada para reduzir a emissão de material particulado gerado pela circulação de máquinas e caminhões. ... 79 Figura 41 – Umectação das vias externas da área de mineração com a finalidade

de evitar a emissão de particulado gerados pela movimentação de veículos e caminhões de entrega externa da pedreira. ... 80 Figura 42 – Plantio de cortina arbórea na área limítrofe de uma pedreira da

RMRJ. Esta cortina atenuará a médio prazo o impacto visual do observador mais próximo do empreendimento mineiro e deverá reter parcialmente material particulado e ruídos gerados pela operação da atividade. ... 80 Figura 43 – Cortina arbórea já implantada. A linha externa é constituída por

eucaliptos e a linha interna de espécies leguminosas esta associação foi constituída de forma a criar uma barreira vegetal mais densa para melhor atenuar emissão de particulados e ruídos. ... 81 Figura 44– Perfuratriz com aspersão de água no furo. Esta injeção de água reduz

consideravelmente a emissão de material particulado para a atmosfera. Nota-se na parte inferior a direita da foto que o material mais escuro sedimentado se trata do material umectado dentro do furo pela aspersão de água e depositada próximo a boca deste reduzindo a emissão de particulados para a atmosfera. ... 81 Figura 45 – Perfuratriz com sistema de coletor de pó utilizada em pedreira da

RMRJ. Toda a poeira produzida durante a perfuração da rocha é direcionada a um sistema do tipo ciclone e depositado em sacos evitando dessa forma que este material vá para atmosfera. ... 82 Figura 46 – Desmonte secundário através da utilização de drop bal. Esta

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utilização de explosivos reduzindo a geração de ruídos e riscos de

ultralançamentos. ... 83

Figura 47– Rocha desmontada pelo drop ball. ... 84

Figura 48 – Utilização de martelo hidráulico no desmonte secundário, o que reduz ruído, vibrações e riscos de ultralançamento na operação de desmonte de rocha. ... 84

Figura 49 – Cava final de pedreira mostrando um sistema de bancos sobrepostos com recolocação de substrato nas bermas e revegetação com espécies nativas. Se traçarmos uma linha envoltória imaginária passando pelas cristas dos taludes e analisarmos a nova morfologia apresentada, veremos que existe uma considerável redução do ângulo geral do talude... 89

Figura 50 – Área de lavra em estágio avançado de recuperação. Ao fundo se observa um talude lateral totalmente revegetado com árvores em torno de 10 metros de altura. Neste estágio a altura dos indivíduos florestais se aproxima ou ultrapassa a altura do talude de rocha, ocultando a rocha exposta e criando um aspecto paisagístico mais agradável além de propiciar o retorno da fauna ao sítio recuperado. ... 90

Figura 51 – Composição dos Direitos minerários das unidades produtoras da RMRJ – Fonte: Cadastro Mineiro DNPM, Agosto de 2005 ... 92

Figura 52 – Composição da vida útil das empresas considerando capacidade instalada e reservas cubadas ... 93

Figura 53 – Composição do uso do solo onde estão inseridas as unidades produtoras de brita da RMRJ. ... 94

Figura 54 - IBRATA Mineração Ltda - Vargem Pequena, Rio de Janeiro. ... 131

Figura 55 - TAMOIO Mineração S/A – Taquara, Rio de Janeiro. ... 131

Figura 56 - Pedreira BANGU Ltda – Bangu, Rio de Janeiro. ... 132

Figura 57 - Pedreira BANGU Ltda Bangu, Rio de Janeiro. ... 132

Figura 58 - EMASA Mineração Ltda- Jabour, Rio de janeiro. ... 133

Figura 59 - Empresa de Mineração PENA BRANCA Ltda – Campo Grande, Rio de Janeiro. ... 133

Figura 60 - SIMGRA Sociedade Industrial de Mineração de Granitos Ltda – Pedra de Guaratiba, Rio de Janeiro... 134

Figura 61 - LAFARGE do BRASIL S/A – Inhaúma, Rio de Janeiro. ... 134

Figura 62 - Sociedade Nacional de Engenharia Ltda – SNEC – Inhaúma, Rio de Janeiro. ... 135

Figura 63 - Anhanguera Unidade Inhaúma – Inhaúma, Rio de Janeiro. ... 135

Figura 64 - Mineração CISPEL Ltda – Jurujuba, Niterói. ... 136

Figura 65 - Empresa de Mineração Estrela Ltda – Anai, São Gonçalo. ... 136

Figura 66 - Pedreira Carioca Ltda – Lindo Parque, São Gonçalo. ... 137

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Figura 68 - Mineração Ouro Branco Ltda – Rocha, São Gonçalo. ... 138

Figura 69 - Vila Real Mineração Ltda – Colubandê, São Gonçalo. ... 138

Figura 70 – MACASA Mineração Ind. Com S/A, - Jardim Alcântara, São Gonçalo. ... 139

Figura 71 - IBRATA Mineração Unidade Itaboraí – Itaboraí. ... 139

Figura 72 - COMVÉM Mineração Ltda – Suruí, Magé. ... 140

Figura 73 - CETEL Ltda – Suruí, Magé. ... 140

Figura 74 - Holcim S/A – Magé. ... 141

Figura 75 - Mineração CARNEIRO Ltda – Taquara, Duque de Caxias. ... 141

Figura 76 - J. Serrão Mineração – Chacrinha, Japerí. ... 142

Figura 77 - Pedreira São Pedro Ltda – Cerâmica, Nova Iguaçu. ... 142

Figura 78 - Pedreiras. ... 143

Figura 79 - Empresa de Mineração Santo Antonio Ltda ESAM – Nova Iguaçu. ... 143

Figura 80 - Mineração Nova Santa Luzia Ltda – Itaguaí. ... 144

Figura 81 - EMFOL Mineração Ltda – Seropédica... 144

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas CAP – Capítulo

CETEM – Centro de Tecnologia Mineral

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CMMAD – Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear

CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral

DRM/RJ – Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro EIA/RIMA – Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental EPI – Equipamento de Proteção Individual

FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente GPS – Global Position System

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ICMS – Imposto de Comércio Mercadorias e Serviços

IUM – Imposto Único Mineral LI – Licença de Instalação LO – Licença de Operação LP – Licença Prévia

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NBR – Norma Brasileira

MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia PCA – Plano de Controle Ambiental PPA – Plano PluriAnual

PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas RMRJ – Região Metropolitana do Rio de Janeiro

SEMA – Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro

SINDIBRITA – Sindicato das Indústrias de Brita do Estado do Rio de Janeiro SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente

SGM – Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto

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1 INTRODUÇÃO

A extração e utilização de bens minerais é uma das mais antigas atividades desenvolvidas pelo homem e tidas como base de desenvolvimento da sociedade desde os primórdios da humanidade.

Registros históricos mostram que, mesmo antes do surgimento das técnicas de agricultura de subsistência os homens primitivos, formados por caçadores e coletores, já utilizavam bens minerais (sílex) para confeccionar as pontas de suas lanças e ferramentas mais primitivas. Desta forma, a história da humanidade sempre esteve intimamente ligada à extração mineral. Isto pode ser comprovado pela divisão das etapas de desenvolvimento da cultura humana, como: Idade da Pedra, Idade do Bronze, Idade do Ferro, etc.

De forma geral, pode-se definir que o desenvolvimento da sociedade depende de alto consumo de bens minerais, utilizados como matéria-prima nos diversos setores de sua economia. Pode-se, então, afirmar que toda a indústria depende direta ou indiretamente do setor mineral.

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Figura 1 - Municípios da RMRJ. Fonte: Aguiar (2002)

Outro ponto também importante é a história da mineração de brita, que sempre foi pioneira nas periferias das grandes cidades, modificando o uso, a ocupação do solo e as características sócio-econômicas da região onde se instala. No contexto histórico, geralmente um empreendimento mineiro se instala em regiões rurais, ou de baixa densidade populacional, sem infra-estrutura básica.

O inicio das atividades de uma mina traz benfeitorias, com a chegada de insumos básicos fornecidas pelo poder público, como energia elétrica e água, a abertura de acessos e estradas para o escoamento da produção, a chegada de transporte coletivo e o início da abertura de pólos comerciais e de serviços para atender a demanda criada pela nova atividade instalada.

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localizada em uma área isolada, passe ao longo do tempo de sua vida útil a se inserir em um contexto de pressão urbana, onerando os custos de produção e criando conflitos sociais muitas vezes de solução difícil.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral da pesquisa é analisar a mineração de brita na RMRJ na tentativa de gerar um diagnóstico da situação atual das pedreiras (produção, reservas, aspectos locacionais), abordar os conflitos existentes e caracterizar o mercado regional de brita. No texto, quase sempre o termo pedreira é usado com o significado de mina.

Segundo Hennies et. al. (2005), os sítios de mineração recebem o nome de minas. A pedreira é um caso particular de mineração a céu aberto e esta denominação está associada à natureza do produto explotado (rocha para brita), o qual é extraído, beneficiado e utilizado sem que ocorram transformações químicas.

Ainda, segundo Hennies (op. cit.), a denominação pedreira deriva da obtenção de paralelepípedos, ou pedras devidamente aparadas da rocha, sendo a melhor diferenciação entre pedreira e mina a que é sugerida por Nichols (1956) apud Hennies (2005), “pedreira é uma mina a céu aberto em rocha escolhida pelas características físicas antes que químicas”.

Este estudo evidencia a viabilidade ou não da extração mineral com o desenvolvimento urbano, mostrando o estágio atual de tecnologia utilizada para as operações de mineração de forma a criar condutas para que a atividade seja conduzida em consonância com as restrições legais, sócio-econômicas e ambientais.

2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos desta pesquisa visam:

 Identificar os processos de lavra e de beneficiamento adotados pelas empresas da RMRJ;

 Identificar as capacidades instaladas das empresas;

 Identificar as principais exigências legais a que as empresas estão sujeitas;

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 Identificar as principais medidas mitigadoras e/ou compensatórias adotadas pelas empresas, visando a atenuação dos conflitos existentes entre as mineradoras e as comunidades afetadas;

 Propor ações técnicas e operacionais de controle ambiental específicas para áreas urbanas baseadas na legislação existente;

 Propor alternativas de reabilitação ambiental dos empreendimentos visando a sustentabilidade social, econômica e ambiental das localidades afetadas;

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3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Longe de esgotar o estudo da mineração na RMRJ, esta pesquisa se mostra relevante devido ao atual estágio de crescimento desordenado das grandes cidades brasileiras, associadas à carência de obras de infra-estrutura nestas metrópoles, o que caracteriza uma demanda reprimida para o setor de mineração de brita.

A perspectiva de investimentos em obras de infra-estrutura para atender a esta carência tende a elevar num futuro bem próximo o consumo deste bem mineral, o que fará com que as mineradoras hoje em operação aumentem sua produção, bem como a abertura de novas unidades produtoras em regiões próximas aos pólos consumidores.

A extração de rocha para produção de brita, apresenta características específicas quanto às atividades e tecnologias envolvidas para a sua explotação, beneficiamento, disposição de rejeitos, comercialização e que tais atividades interferem de forma negativa no meio ambiente. Estas atividades são temporárias, carecem de medidas de controle ambiental, os seus impactos são reversíveis e apresentam um benefício sócio-econômico evidente.

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4 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia utilizada buscou integrar diversos campos do conhecimento científico, de forma a gerar um diagnóstico do setor produtor de brita na RMRJ. Para tanto, o trabalho de pesquisa foi dividido em cinco etapas:

Primeira etapa - Planejamento das atividades de pesquisa, levantamento da legislação pertinente (Anexo II), revisão bibliográfica sobre a área estudada visando um melhor aproveitamento das informações, definição das áreas a serem estudadas, levantamentos e aquisição do material cartográfico, e elaboração de um questionário específico para ser utilizado na etapa de campo (Anexo III).

Segunda etapa – Realização de visitas técnicas às empresas mineradoras, munido de questionário, que foi respondido durante cada visita. Os itens a serem respondidos caracterizaram as estimativas de reservas, método de lavra utilizado e produção anual. Estes dados foram complementados através de registro fotográfico realizado na ocasião da visita (Anexo IV). Nesta etapa também foram feitas a aquisição de coordenadas para o geo-referenciamento das empresas, com o uso de GPS.

Terceira etapa – Confecção de um mapa de localização das empresas produtoras de brita da RMRJ (Anexo V), em que fica evidenciada a localização geográfica das unidades e a divisão administrativa da RMRJ.

Quarta etapa – Realização de um levantamento dos impactos ambientais da atividade mineira, e uma avaliação das técnicas de lavra utilizadas em cada mineradora, bem como os instrumentos de controle e recuperação das áreas degradadas.

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5 CONCEITUAÇÃO DO PROBLEMA

A atividade de mineração é um procedimento modificador do relevo e, portanto, interfere no meio ambiente. Sabendo-se que a brita é um bem de uso social e que o consumo é sempre crescente, faz-se extremamente necessário discutir instrumentos e mecanismos conciliatórios, diminuindo ao máximo os impactos ecológicos negativos e, conseqüentemente, os custos econômico-sociais.

Segundo Bacci (2000) a proximidade das pedreiras de brita com os centros urbanos é decorrência natural da forte influencia do custo do transporte no preço final do produto, devido ao baixo valor unitário da brita quando comparada com outros bens minerais.

Outro ponto abordado por Bacci (op. cit.) são os fatores ligados à localização natural da jazida como: a necessidade de geologia adequada, grande volume de reservas (o que prolonga a vida da jazida por décadas) e a disponibilidade da área junto ao DNPM, são rígidos e imutáveis.

O desenvolvimento da atividade de lavra a céu aberto em área urbana, com seus riscos potenciais, confronta cada vez mais com os espaços sociais, levando a um crescente conflito com os interesses sociais e de proteção ambiental.

Segundo Bitar (1997), em decorrência de uma relação continuada entre as unidades mineradoras e a dinâmica do crescimento das grandes metrópoles, particularmente nas últimas décadas, criaram-se conflitos com as comunidades circunvizinhas, os quais agravaram-se pela conduta equivocada de diversas empresas, adotadas em um passado quando a preocupação com o meio ambiente não existia.

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No caso de atividades já instaladas é importante refazer uma avaliação da cadeia de impactos gerados pela atividade e planejar a adequação da mesma à sua realidade locacional de forma a propiciar condições favoráveis à sua continuidade.

Sanches (1989) apud Bacci (2000) identificou duas características fundamentais para a situação atual das mineradoras operando em áreas urbanas: o primeiro refere-se à relativa abundância destes bens minerais, e o segundo refere-se à sua localização, onde a percepção ambiental é muito mais aguda, uma vez que se trata de um ambiente cotidiano, onde freqüentemente milhares de pessoas convivem com a atividade (Figura 2). Desta forma o problema assume uma dupla dimensão: uma técnica e outra social.

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No caso de novas atividades, que venham a se instalar em áreas de baixa densidade demográfica, faz-se necessário a previsão de impactos, envolvendo a avaliação das possíveis cadeias de conseqüências geradas por um determinado empreendimento de mineração, considerando-se inclusive o desenvolvimento local futuro de forma a prevenir riscos e custos ambientais e sociais futuros.

Nesse sentido é de suma importância realizar estudos aprofundados, caso a caso, sobre os fatores impactantes e os sistemas potencialmente impactáveis, para que sejam adotadas estratégias corretas de monitoramento e gerenciamento.

Desta forma, para um trabalho ambiental sério e bem embasado, não basta apenas pretender avaliar impactos genéricos, é necessário que se conheçam os sistemas impactáveis que se sobrepõem e se intercruzam. O estabelecimento deste quadro de possíveis conseqüências depende de uma minuciosa revisão dos campos de interferências que ele possa ter com o meio físico, ecológico e social.

Segundo Chiossi et al. (1982), Macedo et al. (1985) e Teixeira (1992) apud Bitar (1997), as principais alterações causada pela atividade de mineração podem ser resumidas em: supressão vegetal, reconfiguração de superfícies topográficas, impacto visual, aceleração de processos erosivos; indução de escorregamentos, modificação de

cursos d’água, aumento da emissão de gases e partículas em suspensão no ar, aumento

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5.1 Impactos Ambientais

O objetivo dos estudos de avaliação dos impactos ambientais decorrentes da implantação e operação de um empreendimento mineiro é identificar, prever e prevenir as alterações ambientais produzidas pela atividade de lavra e beneficiamento, bem como as atividades de desativação e fechamento de um empreendimento mineral.

Dessa forma, a previsão de impactos envolve a avaliação das possíveis cadeias de conseqüências que podem ser geradas na operação. É necessário realizar estudos aprofundados, caso a caso, sobre os fatores impactantes e os sistemas potencialmente impactáveis.

Esta previsão envolve uma visão do cenário pré-existente de ocupação espacial e qualidade ambiental da área da pedreira e seu entorno, assim como os possíveis cenários a serem criados nas diferentes fases da mina em tempos futuros.

Este trabalho procurou estabelecer um quadro de possíveis interferências com o meio ambiente, ocasionadas pelas atividades das pedreiras e identificou as prováveis conseqüências que essa atividade pode gerar nas interações com o meio físico, ecológico e social.

Identificar estes impactos ambientais não se trata de uma leitura analítica do projeto em si mesmo, mas, acima de tudo, principalmente nas atividades a serem implantadas. Está em jogo uma avaliação de sua viabilidade econômica e técnica, cruzada com sua viabilidade ambiental de forma a evitar os conflitos ambientais e sociais observados hoje nos grandes centros urbanos entre a mineração, o poder público e as comunidades circunvizinhas.

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Quanto à avaliação dos impactos causados, segundo Bacci (op. cit.), atualmente problemas como a falta de mecanismos para o planejamento dos órgãos responsáveis pela gestão ambiental e a inépcia das instituições ambientalistas, destituídos de recursos técnicos, humanos e financeiros, impedem avanços para uma correta e segura avaliação dos impactos causados pela atividade.

Ainda segundo Bacci (op. cit.), principalmente em áreas urbanas, a quantificação destes impactos fornecerá dados palpáveis e reais do problema que, associados à análise das normas vigentes e estudos de casos, poderá ser estabelecida a real gravidade do problema da mineração em área urbana.

A seguir estão descritos alguns dos principais impactos ambientais específicos à lavra de rocha para brita a céu aberto, sendo os mesmos relativos tanto ao meio físico quanto aos meios biótico e antrópico.

5.1.1 Alterações Ambientais no Meio Físico

A atividade de mineração, como qualquer outra atividade extrativista, ocasiona impactos ambientais, e pode interferir na qualidade da água, na qualidade do ar e na potencialidade do solo. Entre estes impactos estão as alterações decorrentes da ação das intempéries sobre o substrato desnudo, a emissão de material particulado para a atmosfera, os impactos causados pelas detonações, a alteração paisagística e a geração de efluentes líquidos.

Alterações Decorrentes da Ação das Intempéries sobre o Substrato Desnudo

Na natureza, existe um sistema de circulação de água que envolve processos de precipitação, condensação e evaporação, sendo este sistema denominado ciclo hidrológico.

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e gravitacionais. Dependendo da intensidade e duração da chuva, do ângulo do talude, da permeabilidade do solo ou do maciço rochoso fraturado, é possível encontrar situações em que todo o volume de água é absorvido pelo solo ou situações em que parte deste volume escorre superficialmente.

Em seu movimento rumo à saída de uma bacia hidrográfica, a água da chuva flui sobre ou através de uma superfície composta por solos e rochas impermeáveis que formam e revestem as vertentes e as calhas de drenagem. Os obstáculos que então encontra determinam os caminhos que ela vai seguir e a velocidade com que se deslocará, e dissipa boa parte de energia de que está provida, ao propiciar que as partículas sólidas sejam removidas ou transportadas pelo fluxo líquido.

Os deslocamentos dos sedimentos carreados pelo escoamento superficial acabam provocando o remanejo e a redistribuição pela bacia de ponderáveis massas de partículas sólidas e este fenômeno, certamente afeta o uso, a conservação e a gestão dos recursos hídricos. A ação das águas das chuvas gera dois impactos de caráter direto, negativo, temporário, local e reversível: erosão e assoreamento.

A erosão é o resultado de uma ação combinada de intemperismo e transporte. Os fatores controladores deste fenômeno são a precipitação da chuva (intensidade e total pluviométrico) e a energia cinética associada, as propriedades do solo (textura, densidade, porosidade, teor de matéria orgânica, pH do solo, etc), o tipo e a porcentagem de cobertura vegetal, e a geometria da encosta (inclinação, comprimento e forma).

Devido à presença nas pedreiras de materiais com características geotécnicas diferentes e, por conseguinte, com suscetibilidades à erosão distintas, pode-se considerar que uma pedreira divide-se em área de lavra, decapeamento e depósitos de estéril.

Área de Lavra

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rocha, e por este motivo constantemente retrabalhados quanto a sua estabilidade física, associada à alta competência e sanidade das rochas utilizadas para a produção de brita, o impacto gerado por ação erosiva pode ser considerado de baixa magnitude.

Os principais problemas de erosão podem ser gerados nos taludes finais da pedreira após o término da atividade mineral, considerando-se que esta região remanescente foi ao longo da atividade bastante trabalhada mecanicamente pelo uso de explosivos, podendo gerar pontos de instabilidade e possibilitando a ocorrência de movimentos de massa (figura 3).

Figura 3 - Rompimento de talude no topo da cava final de uma pedreira da RMRJ. Pode-se observar que houve um grande escorregamento e que o material movimentado é constituído por uma camada de solo superficial associado a rocha gnáissica bastante intemperizada e trabalhada por explosivos durante a operação de decapeamento. Nota-se que as bermas finais constituídas de rocha sã cumpriram com sua finalidade retendo todo o material do escorregamento ocorrido no topo da cava.

Áreas de decapeamento e de depósitos de estéril

(32)

mineiras este material deve ser retirado de forma adequada sem gerar taludes de trabalho com alturas muito grandes e depositado em locais adequados.

Figura 4– Foco de erosão no flanco de uma cava de pedreira. Esta área foi decapeada sem a devida estabilização, gerando taludes com alturas extremamente grandes e alta declividade. Esta associação aliada a heterogeneidade de materiais observados tornou a área bastante susceptível a processo erosivos.

Este material, composto por uma mistura que em termos granulométricos varia desde a fração argila até a presença de blocos de rocha alterada, deverá ser disposto em pilhas de estéril.

Dependendo do tamanho da pilha de estéril e das áreas de decapeamento, o impacto gerado por ação erosiva nestas regiões poderá ter conseqüências graves ao sítio e, portanto, deve ser passível de controle dentro do projeto de recuperação da área minerada de cada empresa.

O processo de assoreamento consiste na acumulação ou concentração de partículas sólidas em um determinado curso d’água ou drenagem. O transporte destas partículas se dá através de um meio aquoso.

(33)

O carreamento de sólidos nas áreas trabalhadas dentro da pedreira, bem como na pilha de estéril, é muito intenso, devendo ser motivo de medidas de mitigação e controle previstas no PRAD de cada empresa (Figura 5).

Figura 5 - Operação de limpeza da rede de drenagem assoreada por material carreado das pilhas de estoque de material da pedreira, após chuva torrencial. O material retirado da galeria é constituído de pó de pedra e brita corrida e argila.

Emissão de Material Particulado para a Atmosfera

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Figura 6 - Emissão de material particulado para a atmosfera por operação de pedreira.

As principais fontes de emissão de material particulado podem ser observadas a seguir:

Remoção da cobertura vegetal – com a retirada da vegetação existente o solo anteriormente protegido passa a ficar exposto, o que pode vir a gerar processos erosivos e poeiras. Esta atividade gera um impacto direto, negativo, temporário, local e reversível.

Decapeamento - genericamente os serviços de decapeamento são potencialmente geradores de níveis razoáveis de materiais particulados para a atmosfera, pois desagregam o solo. Esta atividade gera um impacto direto, negativo, temporário, local e reversível.

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Figura 7– Emissão de poeiras minerais geradas durante a perfuração de rocha.

Desmonte de rocha – o desmonte de rocha gera no momento da detonação uma elevada produção de materiais particulados, num processo momentâneo e descontínuo (Figura 8 e 9). Este tipo de atividade gera um impacto direto, negativo, temporário, local e reversível.

(36)

Figura 9 - Detalhe do momento após a detonação da bancada, onde o material desmontado se deposita na praça de trabalho. Nota-se que nesta fase a geração de poeiras minerais é ainda mais intensa.

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Figura 10– Emissão de material particulado para atmosfera gerado pelo transito interno de caminhões fora-de-estrada.

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Figura 11 – Emissão de material particulado para atmosfera produzido por britador cônico na operação de rebritagem.

Pilha de estéril – A pilha gerada pelo armazenamento de material estéril por ser constituída em grande parte por material argiloso está sujeita a ação direta dos ventos, e dessa forma pode contribuir para a emissão de poeira. Este tipo de atividade gera um impacto direto, negativo, temporário, local e reversível.

Impactos Causados pelas Detonações

Segundo Bacci (op. cit.) a detonação de um explosivo é uma reação exotérmica, que ocorre em um curtíssimo espaço de tempo, quase que instantaneamente, gerando gases como produto final. Este fenômeno envolve uma alta quantidade de energia que é liberada sob a forma de calor e trabalho mecânico, produzindo pressões e temperaturas elevadas.

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Vibrações – a vibração é um tipo particular de movimento ondulatório caracterizado por deslocamentos repetidos de uma porção de matéria ao redor de uma posição de repouso (MANCINI, 1994 apud BACCI, 2000.).

Para haver o movimento vibratório se faz necessário o atendimento a três condições: um corpo dotado de massa, um agente perturbador e uma força recuperadora que faça o corpo voltar à sua posição inicial de repouso.

No caso do desmonte de rochas com explosivos, a massa seria o próprio maciço rochoso, o agente perturbador seriam as ondas sísmicas geradas pela detonação do explosivo, e a força recuperadora seria a própria elasticidade do maciço rochoso.

Segundo Bacci (op. cit.), a velocidade da partícula é o melhor parâmetro para descrever a vibração e os danos potenciais às estruturas. Na verdade, a velocidade da partícula seria a velocidade de oscilação, sendo três as suas componentes: vertical, longitudinal e transversal. A detecção destas ondas através de monitoramentos sismográficos se refere às suas próprias diferenciações, sendo registradas separadamente as ondas de compressão e dilatação, chamadas longitudinais, as ondas de cisalhamento secundárias

ou ondas “S”, chamadas transversais, e as ondas verticais responsáveis pelo

deslocamento de partícula superficial, de movimento elíptico e retrógrado.

Os parâmetros a serem avaliados seriam o pico nos três eixos de verificação, a resultante, a aceleração da partícula, o deslocamento desta, as freqüências associadas de 0 a 250 Hz, a conformação das ondas sísmicas e o estudo dos possíveis danos a estruturas vizinhas. Todas as medições deverão estar dentro do limite estabelecido pela NBR 9653, de novembro de 1996, da Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT.

A vibração trata-se de um impacto direto, negativo, temporário, local e reversível.

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materiais e sensação de incômodo ao ser humano. O som ocorre em um meio que possui massa e elasticidade. As moléculas de gás no ar são distribuídas quase que uniformemente e seus movimentos são aleatórios.

O mecanismo da propagação do impacto de ar consiste na transferência de momento de uma molécula para outra. O efeito deste fenômeno é propagado via uma onda de compressão que se propaga na atmosfera similarmente à onda “P” propagando no solo. Sob determinadas condições atmosféricas e planos de fogo inadequados, o impacto de ar produzido pode deslocar-se a longas distâncias.

A velocidade do som no ar ao nível do mar e a 00 C é de 326 m/s. Esta velocidade aumenta de 1% a cada 5,50 C de aumento de temperatura do ar, isto porque as velocidades das moléculas de ar aumentam com a temperatura e, portanto, tornam a passagem da pressão flutuante mais rápida. Onde a onda se move mais rapidamente que a velocidade do som no ar, ela pode contribuir para o aumento do impacto no ar.

Todos os resultados das medições devem estar dentro do limite estabelecido pela NBR 9653, de novembro de 1996 (ABNT, 1996).

O impacto de ar trata-se de impacto direto, negativo, temporário, local e reversível.

Emissão de gases – segundo Bacci (op. cit.) os gases que deveriam ser produzidos por explosivos comerciais são: dióxido de carbono (CO2), Nitrogênio (N2) e vapor d’água

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Figura 12 – Emissão de poeiras minerais, e gases monóxido de carbono (CO) e os óxidos de nitrogênio (NO e NO2) gerados durante a detonação de uma bancada.

Contudo, em condições reais, além dos gases já mencionados são produzidos, sob a forma de fumaças, o monóxido de carbono (CO) e os óxidos de nitrogênio (NO e NO2),

que em uma lavra a céu aberto são rapidamente dispersados pelos ventos, não chegando a prejudicar animais e seres humanos. Em uma lavra subterrânea exigem cuidados especiais quanto à escolha do explosivo e à quantidade empregada, bem como quanto às condições de detonação e ventilação da pedreira (DU PONT, 1977 apud BACCI, 2000). Todos os explosivos utilizados são da classe 1 com seu balanço de oxigênio 0 (gerando predominantemente monóxido de carbono), não possuindo substâncias causadoras de efeitos fisiológicos.

Trata-se de impacto direto, negativo, temporário, local e irreversível.

Danos à rocha remanescente - a detonação é um processo essencialmente destrutivo que além de desmontar a rocha gera danos à rocha remanescente. Estes danos poderão posteriormente gerar problemas de estabilidades de taludes e a produção de danos periféricos não visíveis.

(42)

tipo de acontecimento ocorre em pequenas percentagens e não pode ser estimado o seu alcance, como no caso de um lançamento normal.

A maior causa da geração de ultralançamentos se deve ao fato dos gases produzidos durante a detonação encontrarem fraturas através do corpo rochoso e por estas passarem a altas velocidades, de forma concentrada e unidirecional, arrastando consigo fragmentos de rochas que são atirados a grandes distâncias.

Trata-se de impacto direto, negativo, temporário, local e irreversível.

Alteração Paisagística

O termo paisagem, segundo Jimeno et al. (1989), engloba numerosas definições. Alguns autores estudam a paisagem sob o ponto de vista puramente estético e resultante da combinação de certos elementos do meio como o relevo, as formas e as cores.

Outros autores a consideram sob uma perspectiva ecológica, entendendo-a como o

resultado de “complexas interrelações derivadas da interação entre rochas, água, ar, plantas e animais” (DUNN, 1974 apud JIMENO, 1989).

Considerando a paisagem como recurso natural e elemento integrador do meio, pode-se estudar aspectos como a identificação e caracterização dos elementos e componentes visuais que compõem o sítio analisado. Os elementos visuais básicos a partir dos quais é possível definir-se e diferenciarem-se paisagens distintas são: a forma, a linha, a cor, a textura, a escala e o espaço.

A forma – define-se como forma a massa ou o volume de um objeto ou objetos que apareçam unificados, tanto por sua configuração superficial como por sua localização em relação ao conjunto da paisagem.

(43)

entre diferentes tipos de vegetação, os corredores visuais, etc, são exemplos que ressaltam o elemento linha.

A cor – refere-se à luz refletida ou emitida por um objeto. É a principal propriedade visual de uma superfície. A cor é definida pela coloração (marrom, vermelho, cinza etc.), pela tonalidade (claro, escuro) e pelo brilho (brilhante, opaco).

Textura – é identificada pela agregação indiferenciada de formas e cores que são percebidas como variações ou irregularidades de uma superfície contínua. A textura pode caracterizar-se por ser grão, densidade, regularidade e contraste interno.

Escala – representa a relação existente entre o tamanho de um objeto e o seu entorno. Há uma escala absoluta, determinada pela medida do tamanho real do objeto, e outra relativa, que se estabelece mediante a comparação entre objetos.

Espaço – a qualidade espacial de uma paisagem está associada à ordenação tridimensional dos objetos e aos vazios que formam a cena. A composição espacial dos elementos define distintas paisagens:

Panorâmica – quando não existem limites aparentes para a visão, predominando os elementos horizontais em primeiro plano com o céu dominando a paisagem.

Fechadas ou Limitadas – quando a paisagem está limitada pela presença de barreiras visuais tais como cadeias de montanhas, bosques, etc.

Focalizadas – caracterizadas pela presença de linhas ou objetos que parecem convergir para um ponto focal que domina a cena.

(44)

Distância – à medida que aumenta a distância desde o ponto de observação, a tendência natural é se perder a nitidez do objeto de observação. Alguns autores chegam a definir três zonas de condições de visibilidade diferentes: zona próxima ou primeiro plano, onde se distinguem com claridade os objetos; zona média ou plano médio, onde se apreciam as formas e volumes, mas se perdem os detalhes mais específicos dos objetos; e zona afastada ou plano de fundo, onde só se distinguem as silhuetas de contorno da paisagem.

Ao nos distanciarmos do objeto de observação constatamos que os elementos visuais modificam-se. Por exemplo, as cores se tornam mais pálidas e menos brilhantes, as linhas de contorno do relevo ficam mais atenuadas e a textura observada reduz seu contraste no que se refere ao detalhe do relevo local, levando à sensação de possuir um grão mais fino.

Posição do observador – Quanto mais próximo do observador, mais visível fica o objeto. A maioria dos autores utiliza três referências de posicionamentos, sendo estas relativas à posição do ponto de visão do observador com relação ao objeto de observação: posição superior (plano acima do objeto), posição normal (plano no mesmo nível do objeto) e posição inferior (plano abaixo do objeto).

Iluminação – as condições de luz variam com a situação atmosférica e sofrem modificações estacionárias e diárias. Tais variações modificam de forma sensível a sensação visual para o observador. A paisagem pode ser observada de forma diferente, dependendo da posição da fonte de luz em relação ao objeto a ser visualizado. O posicionamento da luz em relação a uma encosta, morro ou serra, por exemplo, pode ser frontal, lateral, posterior. Dependendo do posicionamento a sensação visual poderá acentuar ou reduzir determinada característica da paisagem.

Condições atmosféricas – modificam as propriedades visuais dos elementos da paisagem, acentuando-os ou reduzindo-os.

(45)

antecipadamente, sendo que quanto menor for o ângulo, maior informação se obterá sobre a morfologia do terreno circundante.

Os raios de observação são interrompidos quando alcançam um obstáculo que impeça a visão mais adiante. A abrangência visual apresenta uma série de propriedades intrínsecas que determinam a amplitude do território para observar visualmente as modificações ou alterações produzidas:

Tamanho – a degradação da área de estudo é mais visível quanto maior for a superfície de abrangência visual.

Porcentagem das cavidades e zonas de sombra – a possibilidade de ocultação da atuação é inversamente relacionada com a porcentagem de cavidades que dêem origem a zonas de sombra, sendo que quanto menor é o número destas mais visível será a explotação.

Extensão da forma – as aberturas alargadas e focalizadas são mais afetadas pelas

perturbações que as aberturas panorâmicas, onde as vistas não estão “dirigidas” e o dano

visual causado em um setor não perturbe o resto da área.

Geração de Efluentes Líquidos

Como qualquer outra atividade que envolva pessoas e máquinas, a explotação de uma área produz efluentes líquidos que se não forem corretamente mitigados e monitorados ocasionarão a contaminação de córregos, lençóis freáticos e solos. Os principais agentes de contaminação são: resíduos provenientes da lavagem, lubrificação e manutenção de equipamentos não devidamente tratados; esgoto proveniente das instalações sanitárias; a água oriunda das frentes de lavra, vias de acesso e pátios de estocagem que em períodos chuvosos deslocam-se saturadas em materiais particulados; e o tanque de abastecimento de combustível, que pode gerar a contaminação do lençol freático caso haja vazamentos para o subsolo.

(46)

5.1.2 Alterações Ambientais no Meio Biótico

“Os vegetais, animais e microorganismos que vivem numa região e constituem uma comunidade biológica estão ligados entre si por uma intrincada rede de relações que inclui o ambiente físico em que existem estes organismos. Estes componentes físicos e biológicos interdependentes formam o que os biólogos designam com o nome de ecosssistema” (Dias, 2001).

Segundo Dias (op. cit.), a atividade de mineração afeta os ecossistemas principalmente pela alteração ou destruição de habitats, resultando em danos à fauna.

Um empreendimento de mineração normalmente se instala em uma área onde existe uma cobertura vegetal implantada, seja esta formada por florestas, fragmentos florestais, vegetação em estágio inicial de regeneração, rasteira ou áreas de pastagem. Os processos relacionados às distintas atividades extrativas acarretarão modificações dos ecossistemas naturais preexistentes e seus ambientes associados. Alguns destes sistemas, porém, possuem características físicas e biológicas de diversidade e complexidade que lhes permitem diferentes respostas frente a estas alterações. Assim, alguns podem ser potencialmente instáveis enquanto que outros são estáveis em suas características, podendo ser substancialmente alterados sem que sua integridade seja rompida. O maior impacto observado é a supressão vegetal e geração de solos desnudos, o que possibilitará no futuro a instalação de focos de erosão.

No caso da fauna local, impactos como falta de gerenciamento das águas de drenagem das pedreiras, poluição do ar, movimentação de veículos, ruídos oriundos das máquinas em movimento e ruídos e vibrações das detonações nas frentes de lavra, são potencialmente capazes de provocar stress e afastar as comunidades faunísticas, sendo que todos estes impactos não são permanentes.

(47)

5.1.3 Alterações no Meio Antrópico

Segundo Dias (2001.), a identificação e a avaliação dos impactos sobre o meio antrópico envolve complexas relações sociais econômicas e culturais, como memória, emoções, crenças e aspirações dos seres humanos. Segundo a autora, dificilmente um projeto de mineração ou mesmo industrial deixará de causar impacto sobre o meio antrópico.

Os impactos podem ter caráter benéfico ou adverso e sua avaliação deve ser feita de forma a caracterizar custos e benefícios da implantação ou mesmo da operação de um determinado empreendimento em um sítio geográfico.

Segundo Dias (op. cit.) os impactos são usualmente classificados em sociais, econômicos e culturais.

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infra-estrutura; aumento local de preço de bens e serviços; substituição das atividades econômicas; aumento da oferta de empregos; incremento da atividade econômica; indução ao desenvolvimento local; e aumento da arrecadação tributária.

5.2 Encerramento da Atividade

O encerramento da atividade de uma pedreira é conseqüência de vários fatores, sendo os principais: exaustão das reservas, problemas econômicos e problemas ambientais. O fechamento de uma pedreira pode ser considerado como o decorrer natural de uma atividade finita, porém deve ser encarado de forma planejada, não legando às gerações futuras problemas ambientais, áreas de risco geotécnico, ou mesmo locais propícios à favelização.

Segundo Caldeira (2004), vem-se observando recentemente uma pressão mundial para o fechamento de uma mina exaurida de modo responsável sob o ponto de vista ambiental, econômico e social. Desta forma se acresce à atividade mais um desafio além dos já enfrentados, como a constante pesquisa por novas reservas, dificuldade de obtenção de novos direitos minerários, legislação ambiental cada vez mais restritiva e, por conseqüência, maior oneração do setor produtivo, dentre outros.

Caldeira (op cit.) enfatiza ainda as dificuldades e desafios enfrentados pelo setor produtivo e os órgãos fiscalizadores para o estabelecimento de critérios gerais e/ou específicos visando garantir o sucesso de um processo de fechamento de uma mina.

Segundo Lima (2002) e Hollands (1993), Waggitt e McQuade (1994), Danielson e Nixon (1999) apud Caldeira (2004) estes critérios devem ser específicos à mina a ser fechada e variarão de acordo com as características locais e intrínsecas de cada local e atividade.

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em conta como hoje. A maioria dessas pedreiras se localizava no centro, em áreas nobres da cidade, como a zona sul e em áreas de subúrbio do Rio de janeiro e foram encerradas para dar lugar à expansão urbana (Figuras 13, 14, 15, 16, 17 e 18).

Figura 13 – Pedreira localizada na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, paralisada na década de 90, sem nenhum tipo de recuperação ambiental. Hoje se observa a implantação de dois túneis da linha amarela que cortam o maciço.

(50)

ocupação da faixa marginal de proteção do rio Arroio do Anil, desmatamento e geração de esgotos domésticos sem tratamento e aporte destes a rede de drenagem natural.

Figura 15– Antiga pedreira localizada no bairro da Gamboa, centro do Rio de Janeiro. Observa-se que foi paralisada sem a devida recuperação ambiental e hoje funciona uma escola municipal bem próxima ao paredão deixado pela antiga atividade. No topo e nos flancos da rocha se observam inúmeras habitações de baixa renda implantadas sem nenhuma obra de contenção geotécnica.

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Figura 17 – Pedreira localizada em Jacarepaguá zona oeste do município do Rio de Janeiro, paralisada em 2001. Esta área foi paralisada sem que as medidas de recuperação fossem implantadas e hoje mostra nítidos contrastes entre a área da cava e a área de mata ao redor gerando um forte impacto paisagístico. Nota-se também o acúmulo de água nas antigas áreas de exploração.

(52)

Quanto à legislação específica, segundo Caldeira (op. cit.) o Brasil, apesar de possuir uma extensa gama de leis que regulamentam a proteção ambiental e esta ser matéria constitucional através da Lei 9605, de 1988, o Brasil possui apenas uma regulamentação específica para a gestão de processo de fechamento de mina, sendo esta editada pelo DNPM através da Portaria no 237, de 18 de outubro de 2001, alterada pela Portaria no 12, de 22 de janeiro de 2002, a qual instituiu as Normas Reguladoras da Mineração - NRM. A NRM no 20 dá instrução sobre os procedimentos administrativos e operacionais em caso de fechamento de mina, suspensão e retomada de operações mineiras, estabelecendo os diversos documentos que devem integrar o plano de fechamento na apresentação do Plano de Aproveitamento Econômico.

Para a concepção de um plano de fechamento de mina este deve envolver aspectos técnicos, econômicos, ambientais e sociais. Se uma atividade já está instalada há muito tempo em um determinado sítio, e durante toda a sua atividade nunca houve a preocupação de que forma deverá ser realizado o seu descomissionamento, dependendo das condições físicas do terreno, pode ser inviável seu fechamento sem deixar um passivo ambiental. Desta forma, o projeto de fechamento de mina deveria ser exigido pelo órgão ambiental dentro do estudo prévio de viabilidade do empreendimento.

Conforme descrito por Lima (op. cit.), hoje se observam dois tipos de plano de fechamento de um empreendimento mineral: um plano de fechamento conceitual e um plano de fechamento atualizado durante a operação do empreendimento.

Plano de fechamento conceitual – exigido durante o processo de licenciamento da atividade. Trata-se de um plano em bases conceituais visando assegurar que o empreendimento pode encerrar suas atividades de forma técnica e econômica sem incorrer em passivos ambientais em longo prazo e sem trazer prejuízos ao bem estar social, ou seja, que os procedimentos de fechamento a serem adotados são viáveis e não causarão prejuízos às gerações futuras.

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mercado (qualidade, teor, substituição do bem mineral) ou pelos órgãos de fiscalização, os planos de fechamento devem ser atualizados durante a vida útil do empreendimento.

Tendo em vista os erros passados, bem como a necessidade de um compromisso mais formal entre as mineradoras, o Estado e a sociedade, se observa a preocupação nas renovações de licença de operação das pedreiras, realizadas pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro - FEEMA, no ano de 2004, ao exigir propostas de uso futuro, dentro do zoneamento permitido, projeção de cava final, estimativa de vida útil, bem como plano de recuperação de área degradada atualizado e amarrada cronologicamente com as fases de lavra.

Em renovações de licenças passadas, o nível de exigências foi bem menor e o controle sobre a atividade foi dificultado pela falta de documentos técnicos que indicassem de que forma a atividade seria exercida, já que os Planos de Controle Ambiental – PCA antigos eram genéricos e contendo o mínimo de informações necessárias à avaliação dos técnicos dos órgãos ambientais. Outra dificuldade encontrada pelo órgão ambiental é a falta em seus quadros funcionais de profissionais da área de mineração, como engenheiros de minas e geólogos. Isto dificulta também o entendimento da atividade de uma forma mais ampla, pois sem experiência na área muitas vezes os técnicos do órgão ambiental deixam passar despercebidos aspectos importantes da atividade de mineração, tornando, às vezes, irreversível o impacto ocasionado.

Sob este aspecto, o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Estado do Rio de Janeiro - CREA-RJ e a Associação Fluminense dos Engenheiros de Minas – AFEM, vêm desenvolvendo um forte trabalho na área, exigindo que a avaliação dos projetos ambientais ligados à mineração sejam realizados por profissionais legalmente habilitados para tal.

Imagem

Figura  3  -  Rompimento  de  talude  no  topo  da  cava  final  de  uma  pedreira  da  RMRJ
Figura 4  –  Foco de erosão no flanco de uma cava de pedreira. Esta área foi decapeada  sem  a  devida  estabilização,  gerando  taludes  com  alturas  extremamente  grandes  e  alta  declividade
Figura 6 - Emissão de material particulado para a atmosfera por operação de pedreira.
Figura 7  –  Emissão de poeiras minerais geradas durante a perfuração de rocha.
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Referências

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