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4.4. Políticas Públicas voltadas para a Gestão dos resíduos sólidos urbanos:

4.4.2. Políticas Públicas Estaduais

Em Minas Gerais, foram criados diversos programas e incentivos pelo governo do Estado com o intuito de estimular a sustentabilidade financeira na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos. A exemplo dessas iniciativas podem ser listadas: a Lei 12.040/1995, do ICMS Ecológico, alterada pela Lei 13.803/2000, também conhecida como Lei Robin Hood no Estado de Minas Gerais, o Programa Minas Joga Limpo e a Deliberação Normativa nº 52/2001 do Conselho de Política Ambiental (COPAM), os quais serviram como “start” para o Programa Minas sem Lixões, iniciado efetivamente em 2003. Estas políticas tem o papel de viabilizar a melhoria no manejo e gestão dos RSU em Minas Gerais, facilitando as articulações entre os municípios (BRUSCHI, 2011).

4.4.2.1. Arranjos Territoriais Ótimos

O Arranjo Territorial Ótimo (ATO)11 é uma proposta de agrupamento dos

municípios mineiros para a realização da gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos, que servirá como referência para a formação de consórcios.

11 Arranjo Territorial Ótimo é uma proposta de agrupamento de municípios para a realização da

gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos. Os ATOs foram desenvolvidos a partir de parâmetros técnicos, que levam em consideração critérios de três pilares: socioeconômico, logística e transporte, e resíduos sólidos urbanos. Fonte: FEAM, 2010.

28 A divisão do Estado de Minas Gerais em Arranjos Territoriais Ótimos (ATOs) foi feita pelo Governo de Minas Gerais por meio do Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SISEMA) para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos. Diferentemente dos consórcios municipais, que consistem em um contrato regulamentado pela Lei Federal Nº 11.107/05 (BRASIL, 2005), formado de acordo com a decisão dos municípios, o ATO é constituído a partir de critérios técnicos, que levam em consideração critérios de três pilares: socioeconômico, logística e transporte e resíduos sólidos urbanos. Trata-se de uma referência feita com base nos dados ambientais, socioeconômicos, de transporte e logística e de geração de resíduos (FEAM, 2010).

A elaboração da proposta dos ATOs surgiu em decorrência da realidade do estado, que possui um quadro de crescente aumento na geração de RSU, grande dificuldade geográfica de alocação de novos aterros sanitários, custos de operação, etc (ATO, 2010).

Uma das maiores vantagens dos ATOs é a redução do custo per capita para a gestão dos resíduos municipais (ATO, 2010). Por outro lado, para o município que já possui o aterro sanitário municipal, haverá um compartilhamento do uso do aterro pelos municípios consorciados, o que reduzirá a sua vida útil (BRUSCHI, 2011).

Os municípios têm total autonomia para decidir sobre a sua participação ou não no consorciamento previsto no ATO.

4.4.2.2. Arranjo Territorial Ótimo N° 5 - Agrupamento 58

Os municípios de Mariana, Ouro Preto e Itabirito estão agrupados na microrregião de Ouro Preto, cuja área corresponde ao Arranjo Territorial Ótimo N° 5, Agrupamento 58, inserido nos ATOs da bacia de São Francisco em Minas Gerais, conforme definido pelo programa estadual de Arranjos Territoriais Ótimos (ATOs) (FEAM, 2010).

Embora exista um estudo que sugere a concretização de um ATO entre os municípios estudados nesse trabalho, segundo a FEAM (2012), o ATO N° 5 não foi concretizado devido à complexidade para sua implantação e em função da existência de diferentes contextos políticos e socioeconômicos o que impediu um

29 acordo assinado entre os três municípios, inviabilizando o consorciamento voltado para a gestão de RSU entre os três municípios do ATO N°5.

4.4.2.3. Política Estadual de Resíduos Sólidos

A Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos Urbanos (GIRSU) é definida como um conjunto articulado de ações políticas, normativas, operacionais, financeiras, de educação ambiental e de planejamento desenvolvidas e aplicadas aos processos de

geração, segregação, coleta, manuseio, acondicionamento, transporte,

armazenamento, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos. Assim, para promover a GIRSU no território de Minas Gerais, foi instituída a Lei Estadual 18.031/2009, que dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos em Minas Gerais (MINAS GERAIS, 2009).

A Política Estadual de Resíduos Sólidos é norteada pelos princípios da não- geração, redução e prevenção da geração, reutilização e reaproveitamento, reciclagem, tratamento e a destinação final ambientalmente adequada e valorização dos resíduos sólidos (MINAS GERAIS, 2009), sendo que a participação da sociedade no planejamento, na formulação e na implementação das políticas públicas, bem como na regulação, na fiscalização, na avaliação e na prestação de serviços, por meio das instâncias de controle social consiste em uma de suas diretrizes.

A Lei tem como objetivos estimular a gestão de resíduos sólidos no território do Estado, de forma a incentivar, fomentar e valorizar a não-geração, a redução, a reutilização, o reaproveitamento, a reciclagem, a geração de energia, o tratamento e a disposição final adequada dos resíduos sólidos, assim como sensibilizar e conscientizar a população sobre a importância de sua participação na gestão de resíduos sólidos. Portanto, para atingir seus objetivos, a lei pretende, dentre outras ações, fomentar a implementação de programas de educação ambiental, assim como a formação de organizações, associações ou cooperativas de catadores dedicados à coleta, à separação, ao beneficiamento e à comercialização dos resíduos sólidos e a implantação do sistema de coleta seletiva nos Municípios.

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4.4.2.4. Plano Estadual de Coleta Seletiva

O Plano Estadual de Coleta Seletiva (PECS), regulamentado pela Deliberação Normativa COPAM Nº 172, de 2011 (Minas Gerais, 2011a), tem como objetivo estabelecer os princípios, diretrizes, estratégias e critérios que orientarão a atuação do Estado no apoio à implantação ou ampliação da coleta seletiva nos municípios, de forma alinhada com as diretrizes do Plano de Regionalização para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos em Minas Gerais, incentivando a inclusão socioprodutiva dos catadores de materiais recicláveis e o fortalecimento dos instrumentos determinados pelas políticas de resíduos sólidos (MINAS GERAIS, 2008).

O PECS é baseado em ações de desenvolvimento de instrumentos de incentivo à implantação de sistemas de disposição final adequada, abrangendo municípios e empreendimentos geradores de resíduos sólidos (MINAS GERAIS, 2011).

Segundo a FEAM (2012), a meta proposta no PECS para 2011 foi apoiar 16 municípios, entre os quais cinco foram considerados destinos indutores de turismo para a Copa do mundo da FIFA em 2014 e dois estão situados em regiões do Norte de Minas, Noroeste ou Jequitinhonha. Em 2012, outros 17 municípios foram atendidos e, em 2013, 16. Os municípios da microrregião de Ouro Preto não foram contemplados com o apoio técnico do Estado para a implantação ou ampliação da coleta seletiva no âmbito do Programa Estadual de Coleta Seletiva. Embora Itabirito e Mariana tenham enviado manifestação formal para participar do processo de seleção e tenham sido classificados, os mesmos foram eliminados da seleção porque já vêm recebendo, e continuarão a receber, fora do âmbito do PECS, o apoio técnico do Estado na implantação e ampliação da coleta seletiva, por meio de termos de cooperação firmados com o Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR) e com a Fundação Israel Pinheiro (FIP) em momento anterior à regulamentação do PECS.

Dentre as estratégias para a implementação de Programas de Coleta Seletiva, podem-se citar o incentivo e o estímulo à participação da população dos municípios comtemplados nestes programas.

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4.4.2.5. Política Estadual de Reciclagem de Materiais

Seguindo as diretrizes da Lei Estadual 13.766/2000, que dispõe sobre a Politica Estadual de Apoio e Incentivo à Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos, a Política Estadual de Reciclagem de Materiais tem o papel de promover campanhas educacionais diretamente voltadas à população envolvida, bem como elaborar programas e convênios com intuito de fortalecer e criar associações e cooperativas destinadas à coleta seletiva (MINAS GERAIS, 2000).

A Política Estadual de Reciclagem de Materiais, que foi regulamentada pela Lei Estadual Nº 14.128, de 19 de dezembro de 2001 (BRASIL, 2001), tem como objetivo incentivar o uso, a comercialização e a industrialização de materiais recicláveis, tais como: papel e papelão, sucatas de metais ferrosos e não ferrosos, plásticos, garrafas plásticas e vidros, entulhos de construção civil, resíduos sólidos e líquidos, urbanos e industriais, passíveis de reciclagem e produtos resultantes do reaproveitamento, da industrialização e do recondicionamento dos materiais supracitados.

A lei 14.128/01 (MINAS GERAIS, 2001) tem como forma de incentivo a inserção de empresas de reciclagem em programas de financiamento com recursos de fundos estaduais e a neutralidade fiscal, com os objetivos de desonerar tributos estaduais, a criação de distritos industriais voltados para a indústria de reciclagem de materiais e o desenvolvimento ordenado de programas municipais de reciclagem de materiais, além de promover campanhas de educação ambiental voltadas para à divulgação e a valorização do uso de material reciclável e seus benefícios.

Neste sentido, a criação de mercados de recicláveis que absorvam os materiais separados pelas associações, atrelada a sistemas eficientes de divulgação de informações à população, em se tratando dos benefícios gerados e campanhas educativas, são instrumentos das políticas ambientais capazes de estimular a participação individual.

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4.4.3. Políticas Públicas Municipais de gestão de RSU voltadas ao estímulo da

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