• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Mestrado em Engenharia Ambiental

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Mestrado em Engenharia Ambiental"

Copied!
155
0
0

Texto

(1)

Hernani Ciro Santana

PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS MORADORES PARA PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMAS DE COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS

SÓLIDOS DOMICILIARES NA MICRORREGIÃO DE OURO PRETO (MG).

Ouro Preto 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental

Mestrado em Engenharia Ambiental

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Ambiental, Área de concentração Meio Ambiente.

(2)

ii

Hernani Ciro Santana

PERCEPÇÃO, MOTIVAÇÕES E BARREIRAS DOS MORADORES PARA PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMAS DE COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS

SÓLIDOS DOMICILIARES NA MICRORREGIÃO DE OURO PRETO (MG).

Ouro Preto 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Mestrado em Engenharia Ambiental

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Ouro Preto, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Ambiental, Área de concentração Meio Ambiente.

(3)

iii

S232p Santana, Hernani Ciro.

Percepção, motivações e barreiras dos moradores para participação em programas de coleta seletiva de resíduos sólidos domiciliares

na microrregião de Ouro Preto (MG) [manuscrito] / Hernani Ciro Santana. – 2013.

134 f.: il. color., tabs.; grafs.; mapas.

Orientador: Prof. Dr. José Francisco Prado Filho.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Núcleo de Pesquisas e Pós-graduação em Engenharia Ambiental.

Área de concentração: Meio Ambiente.

1. Percepção - Teses. 2. Motivação - Teses. 3. Coleta seletiva de lixo - Teses. 4. Ouro Preto (MG) - Teses. I. Prado Filho, José Francisco. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Título.

(4)
(5)
(6)

v A DEUS,

AGRADEÇO.

Aos meus pais e grandes amigos, José Antônio A. Santana, Vicência A. Lopes Santana, Túlio A. Santana, Nayarah Santana, Dirceu José D. Bertoldi e Helena Corrêa C. Bertoldi.

OFEREÇO. À minha esposa, companheira eterna, Michele, e aos meus pequenos heróis, Vítor e Pedro, amores da minha vida.

(7)

vi

AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo que me oferece, luz e proteção.

Ao meu orientador, José Francisco do Prado Filho, pela orientação, profissionalismo, suporte técnico, apoio, motivação, ensinamentos e amizade.

À Universidade Federal de Ouro Preto e ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (PROAMB), pela oportunidade de realizar este trabalho. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pela concessão de bolsa de estudos.

Às alunas do PET Ambiental, Clara Silva e Nathália Duarte B. Vieira, pela receptividade, colaboração e amizade.

Aos professores Alberto de Freitas Castro Fonseca, France Maria Gontijo Coelho, Gínia Bontempo, Hubert Mathias Peter Roeser, Renato Rezende, Sérgio Francisco de Aquino, Vera Lúcia de Miranda Guarda, pela colaboração.

À Vânia, secretária do PROAMB, pelo profissionalismo, bom humor e competência. A todos os trabalhadores das associações de catadores pela atenção e boa vontade dispensada.

Às secretarias de meio ambiente municipais, pelo apoio.

À Michele Bertoldi, pelo amor, companheirismo, dedicação, carinho, paciência e força de vontade.

Aos meus filhos, Vítor e Pedro, amores incondicionais e motivações da minha vida. Aos meus queridos pais e a Dirceu e Helena pela dedicação, apoio, confiança, força e amizade.

(8)

vii

RESUMO

“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.”

(9)

viii

RESUMO

SANTANA, H.C. Percepção, motivações e barreiras dos moradores para

participação em programas de coleta seletiva de resíduos sólidos domiciliares na microrregião de Ouro Preto. 2013. 131 p. Dissertação (Mestrado em

Engenharia Ambiental) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto,

Ouro Preto, 2013.

Para fomentar a participação nos Programas de Coleta Seletiva (PCS) de resíduos sólidos urbanos (RSU) com o intuito de melhorar a eficiência dos programas gestores de RSU locais, é necessário conhecer as motivações e barreiras à participação dos indivíduos na coleta seletiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a percepção sobre assuntos envolvendo a gestão de RSU, bem como as principais motivações e barreiras para a participação da população da microrregião de Ouro Preto (Ouro Preto, Mariana e Itabirito) nos PCS. Para o levantamento dos dados, foi realizada uma pesquisa descritiva direta e estruturada (survey). Os dados foram coletados nas residências de Ouro Preto (O.P.), Mariana (M.) e Itabirito (It.), por entrevista direta, em 2012. Os dados foram analisados, de forma descritiva, utilizando SPSS. Embora a maioria dos moradores em O.P., M. e It. conheça o PCS (84,5%; 90,5% e 84,5%, resp.) e tenha interesse em participar (90,5%, 92,7% e 88,7%, resp.), observou-se um distanciamento entre o interesse e a atitude dos entrevistados em participar dos PCS. A participação da população se diferiu consideravelmente entre os municípios, sendo maior em It. (72,2%) que M. e O.P. (65,7% e 47,5%, resp.). A maioria das populações dos municípios envolvidos mostrou ter conhecimento insuficiente sobre questões envolvendo os RSU nos municípios, principalmente em Ouro Preto e Mariana, evidenciando a necessidade de informações sobre o assunto. Em It., o grau de aprovação dos moradores em relação à eficiência do gerenciamento de RSU foi maior quando comparada a O.P. e M., que se refletiu no grau de satisfação da população e credibilidade individual quanto ao gerenciamento municipal de RSU. As motivações e barreiras para a participação nos PCS se diferiram entre os moradores dos municípios. A preocupação com o meio ambiente foi mencionada com maior frequência pelos moradores de todos os municípios como uma das mais fortes motivações para separar os materiais recicláveis dos RSU. Em O.P. e M., a geração de emprego e renda e a melhoria da limpeza da cidade foram as mencionadas com maior frequência, enquanto em It., a recompensa monetária decorrente da participação no PCS se destacou entre as outras motivações mencionadas. Em O.P., a falta de espaço físico disponível no domicilio para separar e armazenar os RSU domicílio foi o fator que mais desencorajou o cidadão a separar seu lixo. Em M., a falta de resultados visíveis dos PCS foi o desestímulo mencionado com maior frequência pelos entrevistados. Em It., a falta de local apropriado no município para dispor os resíduos recicláveis foi o problema mais citado pelos entrevistados. Os resultados demonstraram baixo envolvimento da população com questões relacionadas ao gerenciamento dos RSU, que pode estar associado ao baixo grau de satisfação e credibilidade dos moradores em relação à gestão de RSU ou motivos individuais específicos.

(10)

ix

ABSTRACT

SANTANA, H.C. Perception, motivation and barriers of householders for

participation in domestic waste segregative collection programs in Ouro Preto microregion. 2013. 2013. 131 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental),

– Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2013.

In order to encourage participation in segregative collection programs (SCP) in order to improve the efficiency of urban solid residues (USR) management programmes of the Government, it is necessary to know the motivations and barriers to the participation of people in segregative waste collection. The aim of this study was to evaluate the Knowledge and perception regarding issues involving the management of USR, as well as the main motivations and barriers to the participation of the population of the microregion of Ouro Preto (Ouro Preto, Mariana and Itabirito) in SCP. To the data collection, a descriptive research, direct and structured (survey), was conducted. Data were collect in residences of Ouro Preto (O.P.), Mariana (M.) and Itabirito (It.), by direct interview, in 2012. Data were analyzed, in descriptive form, using the SPSS. Although most residents in O.P., M. and It. Know about the SCP (84.5%; 90.5% and 84.5%, resp.) and are interested in participating (90.5%, 92.7% and 88.7%, resp.), there was a gap between interest and attitude of respondents to participate of the SCP. The participation of the population differed considerably among the cities, being higher in It. (72.2%) than M. and O.P. (65.7% and 47.5%, resp.). The majority of respondents in all cities showed to have insufficient knowledge regarding issues related USR in the cities, mainly in O.P. and M., showing the necessity of information regarding the subject. In It, the approval level of the residents regarding the efficiency of USR management was higher when compared to O.P. and M., which was reflected in the degree of satisfaction of the population and personal credibility regarding the USR management from the cities, which were higher in It.. The motivations and barries to the participation in SCP differed among the cities. The concern about the environment was mentioned more often by residents of all cities as one of the strongest motivation to separate the recyclable materials from USR. In O.P. and M., the generation of employment and income and improved cleaning of the city were motivations also mentioned with great frequency, while in It, the monetary reward as a result of participation in the SCP stood out among the other mentioned motivations. In O.P., the lack of physical space available for separating and storing the waste by the interviewees in the own domicile was the factor that discouraged people to separate your trash most frequently. In M., the lack of visible results of SCP was discouraging most frequently mentioned by respondents. In It, the lack of an appropriate place in the city to dispose of recycle residues was the most cited by respondents.The results showed low population involvement with issues related to the management of solid urban waste, which may be associated with the low degree of satisfaction and credibility of residents regarding USR management or individual specific reasons.

Keywords: Segregative Collection Programs. Behaviour. Survey. Solid waste.

(11)

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição da coleta seletiva no Brasil, em 2012... 02

Figura 2 - Frequência relativa dos locais de destinação final dos resíduos sólidos urbanos no Brasil, em 2011...09

Figura 3 - Evolução do número de programas municipais de coleta seletiva no Brasil entre 1994 e 2012...13

Figura 4 - Municípios que realizaram a coleta seletiva em Minas Gerais em 2010..14

Figura 5 - Placa utilizada no bairro Jardim Alvorada, em Ouro Preto, para disposição dos resíduos sólidos domiciliares para fins de coleta seletiva, segundo tipo de resíduo (orgânico ou reciclável)...16

Figura 6 - Delimitação geográfica referente aos ATOs de Minas Gerais. A área em amarelo delimita o ATO número 5 no agrupamento 59, no qual estão inseridos os municípios de Ouro Preto, Mariana e Itabirito...33

Figura 7 - Aterro controlado de Ouro Preto. Entrada desprovida de placa de identificação (A). Terreno com presença de animais (cavalos) e muitos resíduos espalhados, sem valas para drenagem de águas pluviais (B). Material lixiviado (indicado pela seta) passando por fora do reator UASB (C). Reator UASB cercado para evitar pisoteio de animais (D)...36

(12)

xi

Figura 9 - Aterro controlado de Itabirito. Entrada identificada com placa (A). Guarita e balança para pesagem dos resíduos (B). Terreno com leiras de terra para posterior cobertura dos resíduos sólidos e drenos de gases espalhados pela área, com presença de animais (C). Cobertura de resíduos, com presença de animais (D)...42

Figura 10 - Dados sociodemográficos dos entrevistados residentes em Ouro Preto, Mariana e Itabirito...47

Figura 11 - Distribuição de frequência relativa da faixa etária por categoria de gênero dos entrevistados residentes em Ouro Preto, Mariana e Itabirito...48

Figura 12 - Distribuição de frequência relativa da escolaridade por categoria de gênero dos entrevistados residentes em Ouro Preto, Mariana e Itabirito...49

Figura 13 - Distribuição de frequência relativa da escolaridade por categoria de renda familiar mensal dos entrevistados residentes em Ouro Preto, Mariana e Itabirito...50

Figura 14 - Conhecimento da população acerca da existência do Programa de Coleta Seletiva (PCS) de resíduos no município...51

Figura 15 - Conhecimento da população sobre a existência de um local apropriado para depositar os resíduos recicláveis em seu bairro...59

Figura 16 - Frequência relativa (%) da quantidade média diária de resíduos sólidos domiciliares produzidos, por domicílio, em Ouro Preto, Mariana e itabirito, segundo o conhecimento dos entrevistados...61

Figura 17 - Percepção do entrevistado em relação à eficiência do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos na rua onde mora...67

(13)

xii

Figura 19 - Situação de limpeza de ruas e locais de disposição temporária de RSU de Ouro Preto, na época das entrevistas...68

Figura 20 - Situação de limpeza de ruas e locais de disposição temporária de RSU de Mariana, na época das entrevistas...68

Figura 21 - Situação de limpeza de ruas e locais de disposição temporária de RSU de Itabirito, na época das entrevistas...69

Figura 22 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que consideraram o número, o local e a disposição de lixeiras públicas no município satisfatórios...70

Figura 23 - Satisfação dos moradores em relação ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos nos municípios de Ouro Preto, Mariana e Itabirito...71

Figura 24 - Nível de credibilidade dos entrevistados em relação ao serviço de limpeza pública do município...71

Figura 25 - Expectativas individuais quanto a melhorias no gerenciamento de resíduos sólidos urbanos do município. ...72

Figura 26 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que se preocupam com a quantidade de resíduos sólidos domiciliares produzidos em seu domicílio...79

Figura 27 - Percepção dos entrevistados em se tratando do grau de importância em se reciclar o lixo produzido e minimizar o uso se materiais que prejudicam o meio ambiente...80

(14)

xiii

Figura 29 - Percepção dos entrevistados em se tratando do seu nível de contribuição para minimizar a quantidade de resíduos sólidos domiciliares produzidos...81

Figura 30 - Percepção dos entrevistados quanto ao seu potencial individual em elevar o número de ações que poderiam ser realizadas a fim de contribuir com a coleta seletiva ou disposição adequada de resíduos sólidos domiciliares...82

Figura 31 - Percepção dos entrevistados em relação ao grau de importância da conscientização das crianças em relação à problemática dos resíduos sólidos...82

Figura 32 - Tipo de informações que mais motivam ou motivariam os moradores a participar da coleta seletiva em Ouro Preto, Mariana e Itabirito...91

Figura 33 - Meios de divulgação usados pela população das cidades da microrregião de Ouro Preto para receber informações e ou treinamento sobre a forma correta de separar, acondicionar e dispor os resíduos sólidos domiciliares...92

(15)

xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Participação dos entrevistados na coleta seletiva, segundo seu conhecimento acerca da existência do Programa de Coleta seletiva de resíduos no seu bairro...52

Tabela 2 - Frequência relativa (%) dos entrevistados interessados em participar do Programa de Coleta Seletiva, conforme seu conhecimento sobre o atendimento do seu bairro pelo Programa...53

Tabela 3 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que participavam do Programa de Coleta Seletiva, segundo gênero...54

Tabela 4 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que participavam do Programa de Coleta Seletiva, segundo faixa etária...56

Tabela 5 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que participavam do Programa de Coleta Seletiva, segundo escolaridade...57

Tabela 6 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que participavam do Programa de Coleta Seletiva, conforme renda familiar mensal...58

Tabela 7 - Conhecimento dos entrevistados em relação aos tipos de resíduos sólidos domiciliares (RSD) produzidos em maior quantidade no domicílio...60

Tabela 8 - Conhecimento dos entrevistados sobre os tipos de resíduos sólidos domiciliares (RSD) que podem ser separados com vistas à reciclagem...63

(16)

xv

Tabela 10 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que atribuíram muita ou extrema responsabilidade à comunidade, Prefeitura, órgãos governamentais e autoridades locais, a si próprio, a indústrias e comércio e a Organizações não Governamentais no que tange a resolução de problemas associados ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos em Ouro Preto, Mariana e Itabirito...74

Tabela 11 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que consideraram razoavelmente responsáveis a comunidade, a Prefeitura, órgãos governamentais e autoridades locais, a si próprio, a indústrias e comércio e a Organizações não Governamentais no que tange a resolução de problemas associados ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos em Ouro Preto, Mariana e Itabirito...74

Tabela 12 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que atribuíram pouca ou muito pouca responsabilidade à comunidade, Prefeitura, órgãos governamentais e autoridades locais, a si próprio, a indústrias e comércio e a Organizações não Governamentais no que tange a resolução de problemas associados ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos em Ouro Preto, Mariana e Itabirito...75

Tabela 13 - Opinião dos entrevistados em relação aos maiores prejuízos advindos do atual acondicionamento e coleta de RSU no seu bairro...76

Tabela 14 - Maiores benefícios advindos do Programa de Coleta Seletiva, segundo os entrevistados...77

Tabela 15 - Motivações do comportamento para reciclagem...84

(17)

xvi

Tabela 17 - Frequência relativa (%) dos entrevistados que receberam informações ou algum treinamento para separar, acondicionar e dispor os resíduos sólidos

domiciliares, segundo sua participação no Programa de Coleta

Seletiva...94

Tabela 18 Justificativas dos entrevistados para a aplicação de multa em Ouro Preto para aqueles que inviabilizarem a coleta seletiva em razão da disposição inadequada dos resíduos sólidos domiciliares...98

Tabela 19 - Justificativas dos entrevistados para a aplicação de multa em Mariana para aqueles que inviabilizarem a coleta seletiva em razão da disposição inadequada dos resíduos sólidos domiciliares...99

Tabela 20 - Justificativas dos entrevistados para a aplicação de multa em Itabirito para aqueles que inviabilizarem a coleta seletiva em razão da disposição inadequada dos resíduos sólidos domiciliares...100

(18)

xvii

SUMÁRIO

RESUMO...vii

ABSTRACT...viii

LISTA DE FIGURAS...iv

LISTA DE TABELAS...xiii

1 INTRODUÇÃO ...1

2 JUSTIFICATIVA...4

3 OBJETIVOS...6

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...7

4.1. Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos...7

4.2. Programas de Coleta Seletiva com vistas à reciclagem...10

4.2.1. Programas de Coleta Seletiva nos municípios da microrregião de Ouro Preto...15

4.2.1.1. Ouro Preto...15

4.2.1.2. Mariana...18

4.2.1.3. Itabirito...18

4.3. Comportamento para reciclagem...19

4.4. Políticas Públicas voltadas para a Gestão dos resíduos sólidos urbanos: estratégias de intervenção no comportamento para reciclagem...24

4.4.1. Políticas Públicas Nacionais...25

4.4.2. Políticas Públicas Estaduais...26

4.4.2.1. Arranjos Territoriais Ótimos...26

4.4.2.2. Arranjo Territorial Ótimo N° 5 - Agrupamento 58...27

4.4.2.3. Política Estadual de Resíduos Sólidos...28

4.4.2.4. Plano Estadual de Coleta Seletiva...29

4.4.2.5. Política Estadual de Reciclagem de Materiais...31

4.4.3. Políticas Públicas Municipais de gestão de RSU voltadas ao estímulo da participação dos moradores da região dos Inconfidentes na coleta seletiva...32

4.4.3.1. Programa Quem preserva paga menos (Ouro Preto)...32

(19)

xviii

5.1. Área de estudo ...33

5.1.1. Ouro Preto...34

5.1.2. Mariana...37

5.1.3. Itabirito...41

5.2. Pesquisa descritiva...43

5.3. Pesquisa exploratória...44

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO...45

6.1. Perfil sociodemográfico dos municípios da microrregião de Ouro Preto...45

6.2. Participação e interesse da população nos Programas de Coleta Seletiva de resíduos sólidos urbanos...51

6.3. Determinantes sociodemográficos do comportamento para reciclagem...53

6.4. Conhecimento sobre questões relacionadas aos RSU e à coleta seletiva...58

6.4.1. Conhecimento sobre a existência de Pontos de Entrega Voluntária ou coletores especiais para a coleta seletiva...59

6.4.2. Conhecimento sobre o tipo e a quantidade de resíduos sólidos domiciliares (RSD) produzidos nos domicílios...60

6.4.3. Conhecimento sobre questões envolvendo reciclagem...61

6.4.4. Conhecimento sobre a existência das Associações de Catadores de Recicláveis...64

6.5. Percepção ambiental sobre questões envolvendo o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos...65

6.5.1. Percepção sobre o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos...66

6.5.2. Percepção da população quanto à ao nível de responsabilidade no que tange a resolução de problemas associados ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos...72

6.5.3. Percepção de prejuízos resultantes do atual acondicionamento e coleta de RSU no seu bairro...75

6.5.4. Percepção de benfeitorias resultantes da coleta seletiva...76

6.5.5. Consciência ambiental sobre questões envolvendo os RSU...78

6.6. Motivações e barreiras do comportamento para reciclagem...83

(20)

xix

6.6.2. Barreiras do comportamento para reciclagem......103

6 CONCLUSÃO...105

REFERÊNCIAS...108

APÊNDICES...124

APÊNDICE 1 - Números de residências por bairro e por estrato, para os municípios de Ouro Preto, Mariana e Itabirito...124

APÊNDICE 2 – Questionário utilizado nas entrevistas nos domicílios dos municípios da microrregião de Ouro Preto...128

APÊNDICE 3 – Questionário utilizado nas entrevistas nas Secretarias Municipais de Meio Ambiente dos municípios da microrregião de Ouro Preto...133

(21)

1

1. INTRODUÇÃO

A gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU) continua sendo um desafio para quase todos os municípios brasileiros. A limpeza urbana, considerando a coleta, o transporte e a destinação final dos resíduos, além de custar caro aos cofres públicos, é responsável por sérios problemas socioeconômicos,

operacionais e ambientais, sociais e de saúde pública (NGUYEN-VIET et al., 2009;

REGO et al., 2007; HELLER; CATAPRETA, 2003).

A média diária de geração de RSD no Brasil varia entre 1,1 kg/hab (IBGE, 2010; PNRS, 2012) e 1,213 kg/hab (ABRELPE, 2011), padrão similar ao dos países da União Europeia, que é de 1,298 kg/hab (ABRELPE, 2011). Além da grande taxa de geração de RSD no país, suas características também evidenciam boa potencialidade de transformação em novos produtos ou insumos antes de sua destinação final, principalmente pelo uso de técnicas como compostagem e reciclagem, uma vez que a composição gravimétrica dos RSD é constituída majoritariamente de matéria orgânica (51,4%) e de materiais recicláveis (ABRELPE, 2011).

Porém, a grande diversidade nos constituintes dos RSD dificulta e reduz a eficiência de sua transformação direta. Desta forma, a separação prévia dos resíduos e o correto acondicionamento nos locais onde eles foram gerados contribui para se evitar a contaminação dos materiais, otimizar e reduzir os custos com o seu tratamento, além de minimizar os impactos ambientais (DEBORTOLI; BORBA, 2006). Considera-se, por isso, que a implantação de programas de coleta seletiva é de grande importância, uma vez que reduz efetivamente o volume de resíduos

destinados aos aterros sanitários e melhora o gerenciamento dos RSU (VIDAL et al,

2001).

(22)

2 1) (ABRELPE, 2011; CEMPRE 2012) e na maioria dos (86%) municípios não abrange toda a área urbana ( CEMPRE 2012).

Figura 1 - Distribuição da coleta seletiva no Brasil, em 2012.

Fonte: Pesquisa CICLOSOFT (2012).

Na microrregião de Ouro Preto (Ouro Preto, Mariana e Itabirito) esta situação não é diferente. Segundo informações das Secretarias Municipais de Meio Ambiente dos municípios, os programas de coleta seletiva atendem a 40%, 60% e 65% das áreas urbanas de Ouro Preto, Mariana e Itabirito, respectivamente, sendo que aproximadamente 20% a 30% do total de RSU coletado diariamente nos municípios são destinados às Associações de Catadores de Recicláveis, responsáveis pela separação dos RSU e sua comercialização (OURO PRETO, 2012; MARIANA, 2012; ITABIRITO, 2012).

(23)

3 É conhecido que a falta de conscientização ambiental e condutas inadequadas dos indivíduos em se tratando da separação, acondicionamento e disposição dos resíduos sólidos urbanos (RSU) são, dentre outros, fatores que contribuem para agravar e dificultar os programas de coleta seletiva (REFSGAARD; MAGNUSSEN, 2009; BORTOLETO; HANAKI, 2007).

O comportamento para reciclagem é caracterizado por uma ação geralmente voluntária e de baixo envolvimento, sendo normalmente influenciado por fatores diversificados (GONÇALVES-DIAS, 2009; MENESES; PALÁCIO, 2006; MORGAN; HUGLES, 2006). Envolve uma série de etapas que incluem a decisão do indivíduo em participar ou não do programa de coleta seletiva e a execução de processos rotineiros como separação dos resíduos sólidos domiciliares (RSD), seguida do acondicionamento dos itens separados, sua retirada da residência e destinação em PEV ou coletores apropriados para coleta seletiva com vistas à posterior reciclagem dos RSU,

Estudos demonstram a relação entre uma diversidade de variáveis e comportamentos para reciclagem, porém os fatores que determinam estes comportamentos podem ser influenciados conjuntamente por características gerais da população (geográficas, culturais, etc.) em estudo, fatores sociodemográficos (sexo, renda, escolaridade, idade, etc.) ou ainda por motivações individuais para selecionar e segregar os resíduos de origem domiciliar. Tais motivações podem ser de origem interna ou psicológica (atitudes, crenças, percepções, valores) e de origem externa ou situacional (situações físicas, normativas, políticas, etc.)

(GONÇALVES-DIAS, 2009; BISWAS et al., 2000; MORGAN; HUGLES, 2006;

PICKET et al., 1993).

(24)

4 No Brasil, estudos têm sido conduzidos com esta abordagem, apresentando conclusões peculiares para cada região estudada (BRINGHENTI, 2004; NORONHA,

2005; SANTOS et al., 2002; OLIVEIRA, 2006; GONÇALVES-DIAS, 2009). Na

microrregião de Ouro Preto (Ouro Preto, Mariana e Itabirito), observam-se diferenças significativas na participação dos moradores nos Programas de Coleta Seletiva entre os municípios nela inseridos, mas estudos sobre o tema ainda não foram realizados com o devido foco de atenção e interesse.

Diante disso, buscou-se com a pesquisa avaliar o comportamento e a percepção dos moradores da microrregião de Ouro Preto sobre assuntos envolvendo a gestão de resíduos sólidos urbanos, bem como as principais motivações e barreiras para a sua participação nos Programas de Coleta Seletiva de resíduos sólidos urbanos que estão em andamento nos municípios da microrregião.

2. JUSTIFICATIVA

O gerenciamento de resíduos sólidos urbanos pode ser considerado atualmente um dos principais problemas de saneamento enfrentados na microrregião de Ouro Preto (Itabirito, Mariana e de Ouro Preto), o qual é agravado por atitudes individuais negativas. O descarte de lixo em locais inapropriados, por exemplo, é notório em várias regiões do perímetro urbano dos municípios da microrregião de Ouro Preto, o que não deveria ocorrer principalmente em municípios como Ouro Preto e Mariana, cuja economia é fortalecida e consideravelmente dependente do turismo nacional e internacional.

(25)

5 Sendo que pelo menos 50% dos resíduos sólidos domésticos gerados nos municípios é constituído por matéria orgânica e materiais recicláveis, observa-se grande potencial no seu tratamento tanto por processo de compostagem quanto por reciclagem, podendo gerar benefícios ambientais e socioeconômicos. Porém, sendo os RSD constituídos de matérias-primas heterogêneas, a separação por tipologia e o acondicionamento nos locais em que são gerados são práticas necessárias que viabilizam a posterior transformação dos RSD. Assim, para sustentar um programa de reciclagem é fundamental a existência de eficientes programas de coleta seletiva nos municípios, sendo esta eficiência altamente dependente da participação da população.

Ainda que Programas de Coleta Seletiva tenham sido implantados há pelo menos quatro anos na microrregião de Ouro Preto, observam-se diferenças significativas na participação dos moradores na coleta seletiva entre os municípios nela inseridos, sobretudo nas taxas de participação e comportamento da população, o que implica em diferenças na eficiência e expansão dos programas nos municípios, que atualmente atendem a 60%, 65% e 40% das áreas urbanas de Mariana, Itabirito e Ouro Preto, respectivamente.

Sendo que cada indivíduo percebe, age e responde de modo diferente às ações sobre o ambiente em que vive, ao abordar diferentes aspectos referentes à percepção e compreensão relacionadas ao meio ambiente, bem como aos fatores que motivam seu comportamento, torna-se possível o entendimento da relação cidadão-meio ambiente e de condutas específicas da população quanto à sistemática de separação e disposição dos resíduos domiciliares. Tal compreensão possibilitaria a construção de alternativas viáveis aos modelos atuais de desenvolvimento e soluções adequadas aos problemas existentes na microrregião de Ouro Preto.

(26)

6 Fatores que influenciam e motivam a decisão e o comportamento dos cidadãos em participar dos Programas de Coleta Seletiva na microrregião de Ouro Preto ainda não foram estudados com maior nível de detalhe. Considera-se que estas informações são de extrema importância para possibilitar a formulação de estratégias para tomadas de decisão e ações futuras dos órgãos governamentais, além da formulação de políticas públicas ambientais visando ao estímulo da participação nos programas de coleta seletiva, que inclui, dentre outras ações, a separação e a disposição dos resíduos recicláveis em coletores apropriados. Assim, uma possível mudança de conduta da população melhoraria a eficiência dos programas de coleta seletiva, os quais dependem diretamente da colaboração da população quanto à separação dos RSD gerados.

Além de beneficiar a população quanto à melhoria na qualidade ambiental e sanitária, a separação dos RSD com destino à coleta seletiva contribuirá para gerar empregos e renda a vários indivíduos, apresentando grande importância social. Nos municípios da microrregião de Ouro Preto, este benefício foi reconhecido com a formação das Associações de Catadores de Recicláveis, responsáveis em separar uma parcela dos resíduos de origem domiciliar coletados com vistas á reciclagem. No entanto, esta atividade não inclui a maioria do lixo gerado no município e, portanto, a coleta deve ser melhor estruturada e expandida, juntamente com apoio e participação da sociedade nos Programas de Coleta Seletiva.

3. OBJETIVOS

3.1. Geral

O presente estudo tem como objetivo geral avaliar o comportamento e a percepção dos moradores da microrregião de Ouro Preto (Ouro Preto, Mariana e Itabirito) sobre assuntos envolvendo a gestão de resíduos sólidos urbanos, bem como as principais motivações e barreiras para a sua participação nos Programas de Coleta Seletiva de resíduos sólidos urbanos que estão em andamento.

(27)

7

a) Caracterizar os programas de Coleta seletiva municipais;

b) Avaliar a influência das variáveis sociodemográficas no comportamento da

população para reciclagem;

c) Avaliar o conhecimento da população dos municipios estudados sobre

questões relacionadas à gestão de RSD e à coleta seletiva além de verificar a participação das populações das cidades estudadas em Programas de Coleta Seletiva, e o grau de interesse em participar nesta atividade;

d) Avaliar a percepção ambiental dos moradores sobre assuntos envolvendo a

gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos;

e) Avaliar fatores que motivam a participação da população em Programas de

Coleta Seletiva, bem como aqueles que as desestimulam;

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos

A forma como é disposta os resíduos sólidos urbanos é considerada peça fundamental do perfil epidemiológico e ambiental de uma comunidade (AZEVEDO; HELLER; SCHALCH, 2001), uma vez que os depósitos a céu aberto de RSU podem

provocar importantes problemas ambientais, sociais (CALIJURI et al., 2007) e de

saúde pública (SHARHOLY et al., 2008). O lançamento de resíduos sólidos em

áreas abertas (lixões), por exemplo, favorece a geração de odores indesejáveis, a poluição dos solos e das águas superficiais e subterrâneas, além da propagação de doenças estimulada pela proliferação de vetores (moscas, mosquitos, baratas, ratos, etc.) (SISINNO; OLIVEIRA, 2000).

No Brasil, o gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos nas cidades é de competência exclusiva do poder público local e se refere aos aspectos

tecnológicos e operacionais da gestão1

de resíduos sólidos, incluindo fatores

1

(28)

8 administrativos, gerenciais, econômicos, ambientais e de desempenho. Portanto, está relacionado à prevenção, redução, segregação, reutilização, acondicionamento, coleta, transporte, tratamento, recuperação de energia e destinação final de resíduos sólidos (PNUD, 1996).

O setor de limpeza urbana do Brasil tem importante participação no cenário econômico e social do país. Por se tratar de serviços que demandam mão de obra intensiva, o número de empregos formais no setor vem aumentando a cada ano e em 2011 superou 310 mil, movimentando valores que ultrapassaram 21 bilhões de Reais por ano (ABRELPE, 2011). Além disso, o país gastou em 2011 cerca de 17 milhões com recursos aplicados à coleta de RSU e demais serviços de limpeza urbana, valor equivalente a R$ 3,94 ao mês por habitante (ABRELPE, 2011).

Os resíduos sólidos urbanos (RSU) constituem todos os resíduos resultantes de atividades domésticas em residências, bem como aqueles de limpeza urbana originários da varrição, limpeza de vias públicas, etc. (BRASIL, 2010). A partir de

2010, conforme instituído pela Lei N° 12.305/10, o aterro sanitário2 passou a ser a

única forma de destinação final dos RSU ambientalmente adequado e os municípios terão um prazo até 2014 para se adequarem à legislação (BRASIL, 2010). Em 2011, segundo informações da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2011) foram contabilizados 5.565 locais para destinação final de RSU no Brasil, sendo 2.194 classificados como aterros sanitários, 1.764 aterros controlados e 1.607 como lixões.

Embora os resultados referentes à Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1989; IBGE, 2000; IBGE, 2008), tenham revelado uma melhoria nas últimas décadas em se tratando do destino final dos RSU coletados no Brasil, sobretudo nas regiões Sudeste e Sul do país, o gerenciamento de resíduos sólidos ainda demanda estruturação e soluções, principalmente em cidades menos populosas (até 20.000 habitantes). Entre os anos de 1989 e 2000, o percentual de municípios brasileiros

2 O Aterro sanitário pode ser referido como um local de destinação final dos RSU que, conforme

(29)

9 que direcionou os resíduos coletados a locais apropriados cresceu de 10,7% para 26,9% (IBGE, 1989; IBGE, 2000). Em 2008, o percentual de municípios brasileiros que destinou seu resíduo a vazadouros a céu aberto caiu para 50,8%, alcançando as menores proporções nas regiões Sul e Sudeste, que atingiu 15,8% e 18,7% dos municípios, respectivamente (IBGE, 2008). Entre 2010 e 2011, a geração de resíduos no Brasil cresceu duas vezes mais (1,8%) que a taxa de crescimento populacional urbano (0,9%). Em 2011, do total de 61.936.368 toneladas de resíduos sólidos urbanos gerados no país, 10,3% deixam de ser coletadas e, portanto, tiveram um destino incerto. Do total coletado, apenas 58,1% dos RSU foram dispostos em locais adequados (aterros sanitários) (ABRELPE, 2011) (Figura 2).

Figura 2 – Frequência relativa dos locais de destinação final dos resíduos sólidos

urbanos no Brasil, em 2011.

58,1% 24,2%

17,7% Aterro sanitário Aterro controlado Lixão

Fonte: ABRELPE (2011).

Mais da metade dos RSU coletada no Brasil em 2011 foi proveniente da região Sudeste, que é a região de maior geração de RSU e maior percentual de cobertura de serviços de coleta no país (ABRELPE, 2011). Dos resíduos produzidos nesta região, 96,5% foram coletados e destinados a 1.668 locais, sendo 47,8 % aterros sanitários, 38,3% aterros controlados e 13,8% lixões.

(30)

10 média de 0,935 quilos de RSD por habitante. Do resíduo coletado, 64,1% foram dispostos em aterros sanitários, enquanto o restante foi destinado a aterros controlados (19,0%) e lixões (16,9%) (ABRELPE, 2011).

Segundo a FEAM (FEAM, 2010), houve uma redução nos números de lixões que passou de 823 no ano de 2001 para cerca de 300 em 2011 e um aumento no número de aterros sanitários de 193 no ano de 2005 para 288 no ano de 2011.

4.2. Programas de coleta seletiva com vistas à reciclagem

As características dos RSU nas cidades Brasileiras evidenciam grande potencialidade de transformação em novos produtos ou insumos antes de sua

destinação final, principalmente pelo uso de técnicas como compostagem3 e

reciclagem4, uma vez que a composição gravimétrica dos RSU produzidos é

constituída majoritariamente de matéria orgânica (51,4%) e de materiais recicláveis (31,9 %; dos quais 2,9% são metais, 13,1% papeis, 13,5% plásticos e 2,4% vidros)(ABRELPE, 2011).

A transformação dos constituintes dos resíduos sólidos antes de sua destinação final pode gerar benefícios econômicos e ambientais, como a redução na quantidade de lixo para a destinação final e o aumento da vida útil dos aterros sanitários (DEBORTOLI; BORBA, 2006).

O processo de reciclagem minimiza impactos ambientais, pois contribui para o uso racional dos recursos naturais, incentiva a coleta seletiva, reduz a sua acumulação progressiva e, ao mesmo tempo, gera a produção de novos materiais. A reciclagem gera economia de energia e de recursos naturais e alivia os aterros sanitários, cuja vida útil é consequentemente aumentada. Em termos socioeconômicos, gera renda para aqueles que trabalham no setor. Além disso, a

3 A compostagem consiste em um método de estabilização aeróbica de matérias biodegradáveis, sob

condições adequadas, de forma a se obter um composto que, quando adicionado ao solo, melhora as suas características físicas, físico-químicas e biológicas (LIANG et al., 2003).

4 A reciclagem de resíduos é o processo de transformação daqueles resíduos, cuja primeira utilidade

(31)

11 reciclagem proporciona melhor qualidade de vida e de saúde para a população em geral, através das melhorias ambientais (FORLIN; FARIA, 2002).

Portanto, moderadamente, os resíduos sólidos urbanos não são mais vistos como lixo, mas como um negócio com enorme potencial econômico e de inserção social. No entanto, a grande diversidade dos resíduos sólidos produzidos, provenientes da atividade humana em aglomerações urbanas, juntamente com o seu acondicionamento inadequado, dificulta e reduz a eficiência da transformação destes resíduos.

Sendo os resíduos sólidos urbanos constituídos de matérias-primas heterogêneas, a separação por tipologia e o acondicionamento nos locais em que são gerados são práticas necessárias que viabilizam a posterior transformação dos RSU, pois evitam a contaminação dos materiais reaproveitáveis, aumentam o valor agregado destes e minimizam os custos com reciclagem (CEMPRE, 2012).

Porém, para se iniciar um programa de reciclagem é fundamental a implantação de Programas de Coleta Seletiva nos municípios, que se refere à coleta de resíduos sólidos previamente separados, segundo sua constituição e composição. Este deve ser norteado e estruturado com base na caracterização prévia qualitativa e quantitativa dos resíduos sólidos urbanos coletados no município, já que o tipo de resíduo produzido é bastante diversificado entre as regiões do país e está diretamente condicionado às características, desenvolvimento

econômico, costumes, cultura e taxas de descarte da população local (NORÕES et

al., 2011).

A coleta seletiva, apesar de ser muito difundida, foi instituída pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei federal N° 12.305/2010 (BRASIL, 2010), e deve ser implementada pelos municípios de forma a atender às ações prioritárias estabelecidas na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, que inclui a reciclagem.

(32)

12 cidadãos que dependem da reciclagem de materiais (PGICS, 2009; BRINGHENTI, 2011).

No Brasil, as formas mais comuns de coleta seletiva são a coleta porta a porta (ou residencial), a realizada em pontos de entregas voluntárias (PEV) e a realizada por catadores de recicláveis, segundo dados divulgados no Manual de Gerenciamento Integrado do IPT (IPT, 2000). A coleta porta a porta ocorre pela visita dos veículos responsáveis pela coleta nas residências em dias e horários pré-definidos. A coleta seletiva em PEV é realizada em locais já definidos, nos quais existem coletores distintos para cada tipo de resíduo a ser reciclado, sendo a padronização dos coletores definida pela resolução CONAMA N° 275/2001 (CONAMA, 2001). Na última situação, o cidadão separa os resíduos e o material reciclável é coletado por catadores, os quais podem estar associados ou não a Associações de Catadores de Recicláveis (IPT, 2000).

A coleta seletiva porta a porta é a modalidade adotada pela maioria dos municípios (88%), sendo que 53% dos municípios adotam os Pontos de Entrega Voluntária como uma forma alternativa de participação na coleta seletiva e 72% apoiam a contratação de Associações de Catadores de Recicláveis como parte integrante da Coleta seletiva municipal (CEMPRE, 2012). A coleta seletiva é executada, na maioria dos municípios brasileiros, pelas cooperativas de catadores (65%), embora agentes da prefeitura (48%) e empresas particulares (26%) também realizem o serviço. Para a realização da coleta, as cooperativas de catadores recebem caminhões como apoio do poder municipal, além de maquinários, galpões de triagem, ajuda de custo como água e energia elétrica. Esse apoio tem o intuito de reduzir custos aos cofres municipais, uma vez que a media dos gastos com a coleta seletiva, que foi de R$ 424,00/t em 2012, superam quatro vezes o valor da coleta regular de resíduos (CEMPRE, 2012).

(33)

13 heterogeneidade também pode ser observada por região, em função do tamanho da população do município, uma vez que a coleta seletiva foi detectada em cerca de 90% das cidades com mais de cem mil habitantes, enquanto para cidades menos populosas este número não ultrapassou 37,5% dos municípios (ABRELPE, 2011).

Em 2012, apenas 14% da população brasileira foi atendida pela coleta seletiva, o que correspondeu a 776 municípios, (CEMPRE, 2012), ainda que alguns desses atendimentos se resumissem à disponibilização de pontos de entregas voluntárias ou na formalização de convênios com associações de catadores para a realização dos serviços de coleta (ABRELPE, 2011). Além disso, segundo estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) (2011), em muitos municípios, a coleta seletiva não abrange toda a área urbana (IBOPE, 2011).

Figura 3 – Evolução do número de programas municipais de coleta seletiva no Brasil

entre 1994 e 2012.

Ano 1994 1999 2002

2004 2006 2008 2010 2012

81 135 192 237

327 405 443

766

Fonte: CEMPRE (2012).

(34)

14 estrutura para coleta seletiva de RSD em Minas Gerais é pequeno. Além disso, o PCS não é realizado de forma adequada em alguns municípios, pois a grande parte dos resíduos coletados é misturada e compactada em caminhões, o que dificulta a triagem e inviabiliza a plena reciclagem dos resíduos.

Figura 4 – Municípios que realizaram a coleta seletiva em Minas Gerais em 2010.

(35)

15 Segundo pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública da USP, em 2013, dos 38 municípios pertencentes a região metropolitana de São Paulo, 76% deles dispõem de programas oficiais de coleta seletiva de resíduos com inclusão de catadores, enquanto na região metropolitana de Belo Horizonte, que tem 34 municípios, apenas 16 deles (47%) tem coleta seletiva, dos quais 15 fazem parcerias com organizações de catadores (RLP, 2013).

4.2.1. Programas de Coleta Seletiva nos municípios da microrregião de Ouro Preto.

Os programas de coleta seletiva implementados nos municípios da microrregião de Ouro Preto (Ouro Preto, Mariana e Itabirito) contam com coleta porta a porta (ou residencial) e pontos de entregas voluntárias (PEV). Os três municípios também recebem o auxílio de Associações de Catadores de recicláveis para execução de ações envolvidas no programa.

4.2.1.1. Ouro Preto

Segundo estudos apresentados por Gomes et al., (2007), Prado Filho (1998)

e levantamento da Vale/AS em 2009, a porcentagem do lixo orgânico nos RSD coletados no município varia entre 39,63% e 53,66%, enquanto a de materiais recicláveis encontra-se entre 33,47 % e 48,02%. Considerando uma geração de

resíduos em torno de 50 toneladas/dia no município (MOL; SANTI, 2007, GOMES et

al., 2007), esse panorama indica grande potencialidade de transformação dos RSD,

assim como a necessidade de separação prévia com vistas à reciclagem, que deve contar com o apoio contínuo do Programa de Coleta Seletiva municipal.

Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Ouro Preto, o município dispõe de coleta seletiva desde o ano de 2005, quando foi sancionada a Lei municipal 171/05 que instituiu o Programa de Coleta Seletiva (PCS) nas escolas públicas municipais (OURO PRETO, 2012).

(36)

16 nas residências e através dos meios de comunicação locais. Porém, apenas em 2011, o PCS foi regulamentado pela Lei N° 684/11.

Segundo dados da Prefeitura Municipal de Ouro Preto (dados não publicados), 11 bairros são atendidos pela coleta seletiva em 2013. Alguns destes bairros se organizaram para aperfeiçoar o serviço de coleta seletiva, a exemplo o bairro Jardim Alvorada, onde os moradores fixaram em frente às residências uma placa com ganchos que é provida de marcações que indicam o tipo de resíduo disposto (orgânico ou reciclável), visando otimizar o trabalho de coleta e reduzir significativamente o ataque de animais como cães e cavalos aos resíduos dispostos para coleta (Figura 5).

Figura 5 – Placa utilizada no bairro Jardim Alvorada, em Ouro Preto, para disposição

dos resíduos sólidos domiciliares para fins de coleta seletiva, segundo tipo de resíduo (orgânico ou reciclável).

Fonte: o autor (Junho, 2013).

Segundo o diagnóstico do Plano Municipal de Saneamento Básico de Ouro Preto (OURO PRETO, 2012), os programas de coleta seletiva são essenciais para melhorar a eficiência da gestão de RSU e suas diretrizes visam à implementação de medidas que garantam a redução, a reutilização e a reciclagem dos RSU assim como a criação de mecanismos que assegurem a correta destinação dos resíduos gerados. Além disso, visam promover a motivação da população para práticas adequadas com relação aos RSD e monitoramento do sistema, garantindo assim uma melhor qualidade de vida para a população e o aumento da vida útil do aterro.

(37)

17 Municipal N° 2.882/12. A Associação de Catadores de Materiais da Rancharia (ACMAR) é constituída prioritariamente por mulheres, totalizando oito trabalhadoras em 2013, enquanto a Associação Padre Faria é composta por número maior de catadores (12), e inclui homens e mulheres. Tanto a ACMAR quanto a Associação Padre Faria são constituídas de pessoas com baixo nível de escolaridade. A terceira é o Clube da Melhor Idade Renascer, que conta com cento e quarenta membros. Nesta associação, os membros separam e armazenam os resíduos gerados em seus domicílios e os vendem. Portanto, o perfil dessa associação não se enquadra dentro das características das duas outras associações de catadores.

Segundo dados disponibilizados pela Prefeitura de Ouro Preto, 20% do total de RSD gerados no município são destinados às Associações de Catadores de Recicláveis, que são responsáveis pela separação dos resíduos e sua comercialização (Prefeitura de Ouro Preto, 2012). Porém, segundo dados fornecidos pelas associações de catadores Rancharia e Padre Faria, foram comercializadas, mensalmente em 2013, aproximadamente 20 e 35 toneladas por mês nestas associações, respectivamente.

A prefeitura fornece para as associações de catadores um galpão coberto para separação e processamento dos resíduos, prensa para enfardamento, energia elétrica, telefone e um caminhão com motorista para a coleta dos resíduos, que é utilizado na forma de rodízio entre elas. Ademais, os membros das associações receberam treinamento para realizar a coleta seletiva e processar o material recolhido. Tal capacitação foi ministrada por representantes da Organização não

governamental Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (INSEA5), através

de convênio com a Prefeitura Municipal.

A logística da coleta seletiva de resíduos segue um rodízio entre as associações, uma vez que a prefeitura disponibiliza apenas um único caminhão e este fica a serviço das associações. Todo o material recolhido pelo caminhão vai para as associações de catadores.

Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (OURO PRETO, 2012), o Programa de Coleta Seletiva de Ouro Preto trouxe grandes benefícios para a cidade

(38)

18 como a redução de lixo nas ruas, o aumento da vida útil do aterro municipal em decorrência da redução de resíduos, assim como a inclusão social dos membros das associações de catadores, uma vez que cerca de 80% dos associados viviam e ou retiravam seu sustento do antigo lixão.

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, as maiores barreiras encontradas pela administração em se tratando da coleta seletiva são a dificuldade em buscar recursos financeiros, trabalhar a mudança de conduta e interesse dos cidadãos locais visando a uma maior participação e o aumento do conhecimento em relação à importância da participação no programa de coleta seletiva.

Entretanto, apesar dessas informações, não existem estudos detalhados sobre a coleta seletiva no município e a quantificação dos benefícios ambientais, sociais e econômicos.

4.2.1.2. Mariana

De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Mariana (MARIANA, 2012), a cidade dispõe de coleta seletiva desde 19 de dezembro de 2008. Inicialmente, a coleta atendia a três bairros e atualmente considera que 60% do município é atendido pelo PCS.

A cidade conta com uma associação de catadores, o Centro de Aproveitamento de Materiais Recicláveis (CAMAR), que é conveniada com a Prefeitura Municipal, que fornece galpão, energia, prensas, caminhão e telefone. Das 40 toneladas de RSD coletadas diariamente em Mariana, cerca de 20% são destinadas à associação. Porém, segundo dados da CAMAR, a média de material comercializado pela mesma está em torno de 45 toneladas mês. A coleta seletiva é realizada de segunda a sexta, obedecendo a uma ordem pré-definida de atendimentos aos bairros.

A Secretaria de Meio Ambiente do município relata que a coleta seletiva não é regulamentada por Lei e são pequenos os incentivos para fomentar a participação e conscientização da população nos programas. Citam-se como exemplo, campanhas com panfletos e propaganda nas rádios locais.

(39)

19 Da mesma forma como acontece em Ouro Preto não há estudos consistentes de levantamento de dados quantitativos e qualitativos a respeito dos benefícios sociais e ambientais da coleta seletiva de resíduos em Mariana.

4.2.1.3. Itabirito

Itabirito dispõe de coleta seletiva de RSD desde 2002. Inicialmente, ela foi implementada de forma experimental em dois bairros da cidade. Atualmente, segundo informações locais, 65% da cidade é atendida pela coleta seletiva. A prefeitura apoia financeiramente o projeto, o que inclui custos com o transporte (caminhão da coleta), refeições, leite e energia elétrica.

O material coletado é levado para Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Itabirito (ASCITO), que assim como a coleta seletiva, está regulamentada pela Lei n° 2412/2005 (PMI, 2012). Os membros desta Associação são responsáveis por coletar, separar e vender os materiais para empresas de reciclagem. Das 40 toneladas de RSD coletadas diariamente no município, em torno de 30% vão para a associação de catadores. Segundo dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, foram comercializados pela associação 285.374 quilos de materiais recicláveis em 2012. No entanto, segundo dados da ASCITO, a média mensal de materiais recicláveis comercializados é de 45 toneladas .

A prefeitura, em convênio com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), adquiriu e forneceu à associação de catadores um caminhão baú, que é usado para realizar a coleta seletiva em empresas, comércio, escolas, distritos e atendimentos a demandas domiciliares, o convenio adquiriu equipamentos, como duas prensas, um kit para produção de vassouras com plásticos do tipo PET (polietileno tereftalato), uma empilhadeira elétrica, uma balança rodoviária, uma balança eletrônica, um elevador para carga e uma esteira de triagem, possibilitando aumento de produção e maior qualidade e segurança no trabalho.

A Prefeitura junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMA), acompanha o aumento da participação na coleta seletiva através do volume de materiais vendido pela associação.

(40)

20 moradores, como forma de estimular e incrementar a participação. Além disso, promove campanhas contínuas através de parceria entre a ASCITO, Centro de Educação Ambiental e a equipe de zoonoses municipal. A entrega de panfletos explicativos de como separar o resíduo reciclável, uma “ecobag” e um ímã de geladeira com dias e horários da coleta seletiva e do lixo convencional no bairro são ações das campanhas, que buscam aumentar a participação dos moradores na coleta seletiva.

Segundo a administração municipal, a maior barreira encontrada pelos responsáveis em relação à coleta seletiva é convencer, manter envolvido o cidadão e mostrar que ele é peça fundamental para o bom funcionamento do programa.

4.3. Comportamento para reciclagem

A falta de conscientização ambiental e ações inadequadas em relação à disposição dos resíduos sólidos são fatores que contribuem para facilitar ou dificultar o desenvolvimento de programas gestores de RSU do governo. Em se tratando de programas de coleta seletiva municipais, por exemplo, a frequência com que os cidadãos rotineiramente separam seus resíduos domiciliares e os dispõem à coleta seletiva é fator determinante do sucesso dos Programas. Portanto, a eficiência do gerenciamento de RSU não é somente dependente das esferas governamentais, mas de uma ação conjunta envolvendo também indivíduos urbanos e as

organizações não governamentais (CORRAL-VERDUGO, 2003; AFROZ et al., 2009;

BRINGHENTI, GÜNTHER, 2011).

(41)

21

O comportamento6 para reciclagem tem sido estudado por diversos autores

(CORRAL VERDUGO, 1999; NORONHA, 2005; KRELING, 2006; MCKNIGHT-YEATES, 2009). Este comportamento está relacionado à separação rotineira dos resíduos domiciliares recicláveis no domicílio e é caracterizado por uma ação geralmente voluntária e de baixo envolvimento, podendo também ser compulsória quando existir legislação específica (GONÇALVES-DIAS, 2009; MENESES; PALÁCIO, 2006; MORGAN; HUGLES, 2006; PITIERS, 1991).

O comportamento para reciclagem envolve uma série de etapas que incluem inicialmente a decisão do cidadão em participar ou não do programa de coleta seletiva, seguida da execução de processos rotineiros como seleção, armazenamento e remoção dos resíduos (PITIERS, 1991). A seleção se refere ao descarte e separação corretos dos resíduos domiciliares de acordo com as características do material (recicláveis, orgânicos, perigosos, etc.), de modo a segregar o material reciclável dos demais, sem inviabilizar a posterior reciclagem. O armazenamento diz respeito à forma correta de descartar e acondicionar os itens separados, que pode ser realizada segundo orientações do Programa de Coleta Seletiva, em recipientes oferecidos pelo Programa ou, quando estes não forem oferecidos, em recipientes como caixas de papelão, coletores especiais de plástico ou metal ou sacolas plásticas, sendo o último usado com maior frequência pela população brasileira. A remoção está associada à retirada dos itens separados da residência, os quais podem ser coletados na própria residência ou então entregues pelos moradores em um ponto de entrega voluntária (PEV) ou coletor especial (GONÇALVES-DIAS, 2009). A execução correta de todas estas etapas contribui positivamente para o Programa de Coleta Seletiva, sendo fundamental para viabilizar a posterior reciclagem dos materiais.

Muitos estudos demonstram a relação entre uma diversidade de variáveis e comportamentos para reciclagem, porém os fatores que determinam estes comportamentos são diversificados e influenciados tanto por características gerais da população (geográficas, culturais, etc.) em estudo, quanto por motivações individuais para selecionar e segregar os resíduos domiciliares. Tais motivações podem ser de origem interna ou psicológica (atitudes, crenças, percepções, valores)

6 O termo comportamento descreve uma relação ou interação entre atividades do organismo, que são

(42)

22 e de origem externa ou situacional (situações físicas, normativas, políticas, etc.)

(GONÇALVES-DIAS, 2009; BISWAS et al., 2000; MORGAN; HUGLES, 2006;

PICKET et al., 1993).

A influência dos fatores socioeconômicos no comportamento para reciclagem também tem sido estudada, porém resultados inconsistentes têm sido apresentados, uma vez que o efeito das características sociodemográficas depende da ação conjunta de outros determinantes.

Na maioria dos estudos apresentados na literatura, o gênero não tem sido considerado um fator determinante da atitude dos indivíduos em separar o lixo

destinado à coleta seletiva (AFROZ et al., 2009; OMRAN et al., 2009), embora

alguns trabalhos tenham indicado uma maior participação de mulheres em questões ambientais relacionadas à gestão de resíduos sólidos (BABAYEMI; DAUDA, 2009).

De maneira geral, uma correlação positiva entre educação e comportamento favorável da população em relação ao meio ambiente e à disposição em separar os

RSD tem sido demonstrada (AFROZ et al., 2009; DAHLEN; LAGERKVIST, 2010;

OWENS et al., 2000; CORRAL-VERDUGO; PINHEIRO, 1999; CALDEIRA, et al.,

2009), embora conclusões similares não foram encontradas por outros autores

(VALLE; et al., 2004; OMRAN et al., 2009).

Cidadãos com maior renda familiar têm mostrado um comportamento mais favorável ao meio ambiente e maior participação em PCS que indivíduos com baixa

remuneração (CORRAL-VERDUGO; PINHEIRO, 1999; AFROZ et al., 2009).

A idade é apontada como outro fator importante para a decisão dos indivíduos em separar seus resíduos domiciliares (STERNER; BARTELINGS, 1999;

BLAINE et al.,2001; FENECH, 2002; MARTIN et al., 2006; BRUVOLL et al., 2002),

embora sua influência não foi demonstrada em diversos estudos (SCHULTZ et

al.,1995; OMRAN et al., 2009).

O efeito de determinantes de origem interna no comportamento para reciclagem dos indivíduos também tem sido estudado. Os fatores que determinam este comportamento se referem às características psicológicas dos indivíduos, como atitudes, conhecimento, hábitos, personalidade, dentre outros (CORRAL-VERDUGO; PINHEIRO, 1999).

(43)

23

(BAGOZZI et al., 1999). Geralmente se refere a uma pré-disposição aprendida para

uma resposta específica, podendo ser moldada diretamente pelas experiências ou

informações recebidas (BLACKWELL et al., 2005).

A atitude está altamente associada ao comportamento humano e envolve três componentes: a) cognitivo, que se refere às crenças individuais em relação ao objeto, advindos da elaboração de pensamentos e, em seguida, construção do

conhecimento7 adquirido pela combinação de experiências e informações obtidas; b)

afetivo, que reflete a avaliação dos sentimentos ou resposta afetiva que se tem em relação ao objeto e c) conotativo, relacionado à tendência do indivíduo de se comportar de maneira específica (intenção comportamental) (ZIKMUND, 2006).

A atitude existe para exercer alguma função para o indivíduo, sendo determinada por algum motivo ou razão (SOLOMON, 2002). Em relação ao comportamento para reciclagem, a atitude resulta de um processo conjunto

envolvendo pensamento e opiniões8 importantes para a tomada de decisão, em que

são levados em consideração os custos e benefícios do comportamento em relação

a outras alternativas (WARLOP et al., 2001).

Percepções ou convicções relativas ao meio ambiente, também conhecida

como percepção ambiental9, interferem no processo de conhecimento e determinam

o exercício de atitudes ambientais adequadas. A percepção ambiental caracteriza a maneira como cada indivíduo percebe o ambiente que o cerca, determinando o seu modo de interação (tanto positiva ou negativa) com o meio à sua volta, influenciando as pessoas e o ambiente com o qual reage e interage (direta ou indiretamente). Assim, estudos de percepção ambiental tem possibilitado a compreensão da inter-relação entre o homem e o meio ambiente, seus anseios, critérios de julgamento e

7 O conhecimento se refere a tudo que é conhecido, advindo tanto de experiência direta quanto de

informações obtidas de várias fontes, sendo usado para atingir um objetivo como, por exemplo, separar os resíduos recicláveis adequadamente e, desta forma, é um determinante do comportamento para reciclagem (PIETERS,1991; SCHIFFMAN; KANUK, 2000).

8 Opinião é um juízo de valor sobre algo questionável ou o parecer de alguém sobre algo, podendo

ser favorável ou não.

9 A percepção ambiental de cada indivíduo pode ser definida como um produto dos componentes

(44)

24

condutas10, de forma a conhecer o perfil da conscientização (ambiental) e cidadania

participativa, frente aos diversos aspectos do contexto ambiental (MORIN, 2002). Vários estudos mostram a influencia de fatores psicológicos diversificados no comportamento para a reciclagem como, por exemplo, da consciência ambiental (VICENTE; REIS, 2008), atitudes altruístas (SIMMONS; WILDMAR, 1990), consciência dos benefícios da reciclagem (DAHLEN; LAGERKVIST, 2010), atitudes pró-ambientais, dentre outros.

Além dos determinantes internos, outros de origem externa ao comportamento também influenciam a conduta ambiental dos indivíduos.

O efeito de vários determinantes externos no comportamento para reciclagem também tem sido estudado. Por exemplo: a divulgação de informações de como reciclar o lixo (materiais aceitos, pontos de coleta, como separar o lixo, etc.) através de panfletos, rádios, campanhas, etc, a infraestrutura dos Programas de Coleta Seletiva, como a disponibilidade de pontos de entrega voluntária (PEV) ou coletores especiais e sua proximidade física com as residências (DAHLEN; LAGERKVIST, 2010), a disponibilidade de espaço físico para separação e

armazenamento dos RSD no domicílio (AFROZ et al., 2009), influência social,

intervenção institucional, fatores culturais, políticas públicas (CHU; et al., 2006;

GONÇALVES-DIAS, 2009), cobrança de taxas pelo serviço (BERGLIND, 2006,

RAHMAN et al., 2005), incentivos monetários com base nas diferenças no tipo e

quantidade de matérias recicláveis (AFROZ et al., 2009; DAHLEN, LAGERKVIST,

2010; VICENTE, REIS, 2008), dentre outros fatores específicos (VALLE et al., 2004;

VALLE et al., 2005).

4.4. Políticas públicas voltadas para a gestão dos resíduos sólidos urbanos: estratégias de intervenção no comportamento para reciclagem

Com o propósito de melhorar a eficiência dos programas de gestão de RSU, políticas públicas têm sido criadas a fim de nortear ações e decisões dos governos capazes de produzir resultados que promovam mudanças e solucionem, parcial ou totalmente, alguns problemas relacionados com as questões socioambientais.

Imagem

Figura 1 - Distribuição da coleta seletiva no Brasil, em 2012.
Figura 3  –  Evolução do número de programas municipais de coleta seletiva no Brasil  entre 1994 e 2012
Figura 4 – Municípios que realizaram a coleta seletiva em Minas Gerais em 2010.
Figura 5  –  Placa utilizada no bairro Jardim Alvorada, em Ouro Preto, para disposição  dos  resíduos  sólidos  domiciliares  para  fins  de  coleta  seletiva,  segundo  tipo  de  resíduo (orgânico ou reciclável)
+7

Referências

Documentos relacionados

Se um ou vários vizinhos se propuseram como roteador de backup, o de maior prioridade é selecionado roteador de backup (roteadores que se propuseram designado não são

O homem não se torna lobo, nem vampiro, como se mudasse de espécie molar; mas o vampiro e o lobisomem são devires do homem, isto é, vizinhanças entre moléculas

No Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Ouro Preto (PROPEC/UFOP), a consideração de altas temperaturas na análise de estruturas

Disserta¸c˜ao (Mestrado) — Programa de P´os Gradua¸c˜ao em Engenharia Civil, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG, Brasil, 2016.. BARSAN, G.;

responsável para aplicação, após a comprovação dos pagamentos efetuados e poderão ser feitas de acordo com as modalidades de ensino on-line ou semipresencial, conforme

A cinza de biomassa vegetal pode ser utilizada como corretivo de acidez do solo, por apresentar porcentagens de cálcio elevada e recuperação do carbono através

Art. O sistema de abastecimento de água deve contar com responsável técnico, profissionalmente habilitado. Toda água fornecida coletivamente deve ser submetida a

Graças à utilização da diatomácea como elemento básico no processo filtrante, o Diato–filtro TETIS vai além do simples tratamento da água por filtragem: fornece água