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Segue abaixo o QUADRO 5, que está dividido em: política, ano de publicação, grande área sobre o que discorre cada aparato normativo, seu caráter restritivo e/ou favorável à GEDM:

QUADRO 5- Políticas Públicas: Limites e Possibilidades da GEDM dentro do Quadro Normativo Brasileiro

Política A n o

Grande Área Pode Restringir Pode Favorecer

Lei nº 10.257 2 0 0 1 Política Urbana

Não associa em nenhum momento a questão energética ao planejamento das cidades.

Art. 2º - garante o direito a cidades sustentáveis, gestão democrática e participativa, planejamento do desenvolvimento das cidades, ordenação e controle do uso do solo; Art. 40 - Plano Diretor é parte do processo do planejamento municipal e deve ser realizado de forma transparente e participativa; Art. 42 - deve dispor de mecanismos de acompanhamento e controle; Art. 45 - participação popular.

Lei nº 10.295 2 0 0 1 Eficiência Energética

Art. 4º fica a encargo do Poder Executivo o desenvolvimento de mecanismos que promovam a eficiência energética nas edificações construídas no País (visão centralizadora).

Inicia a discussão sobre conservação e uso racional de energia sob a perspectiva de uma política nacional e não somente setorizada.

Resolução 414- Aneel 2 0 1 0 Direitos e Deveres N/A

O autoconhecimento e a autogestão, uma vez que se trata de um manual com toda legislação pertinente ao tema e com as obrigações tanto do consumidor de energia como das distribuidoras de energia elétrica.

Resolução 428- Aneel 2 0 1 2 Geração Distribuída

A questão do "crédito de energia", da forma como a política foi formulada, faz com que na prática o produtor de energia descentralizada pague ICMS sobre a energia que ele produziu, uma vez que ele deve pagar esse imposto na energia que a distribuidora devolve ao produtor em forma de crédito. Porém, vale lembrar que o ICMS é um imposto estadual, podendo-se optar por retirar esse imposto e incentivar a produção.

Incentiva a geração distribuída e descentralizada de energia elétrica. Simplifica a conexão das pequenas centrais à rede das distribuidoras de energia elétrica e permite que a energia excedente produzida possa ser ss d d , ndo um “c dito d ene i ” qu s á ost io m nt uti iz do para abater seu consumo de energia elétrica.

Fonte: Elaboração própria, 2015. Documentos consultados já estão citados na primeira coluna desta tabela e são referenciados no capítulo Referências Bibliográficas.

Do QUADRO 5, é importante detalhar duas Políticas Públicas: a lei que cria o Estatuto da Cidade e a Resolução Normativa Aneel 428/2012 sobre geração distribuída:

 A Lei nº. 10.257/2001 - Estatuto da Cidade: determina em seu Art. 2º que a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao

transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações.

É possível afirmar que o desenvolvimento de uma GEDM, com vistas ao desenvolvimento do potencial local de geração de energia e da busca pela eficiência energética e conservação de energia são quesitos que se enquadram dentro das diretrizes apontadas acima, como a garantia do direito a cidades sustentáveis. Sobre o mesmo artigo temos ainda a seguinte diretriz: II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;

Nesse princípio observa-se a demanda pela participação popular no planejamento das cidades, questão levantada pela presente pesquisa dentro da GEDM. Conclui-se, portanto, que a participação popular é uma diretriz pautada pela legislação brasileira para os planos diretores das cidades.

É necessário citar ainda as demais diretrizes que podem favorecer a GEDM: III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social; IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais; VII – integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do Município e do território sob sua área de influência; VIII – adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e do território sob sua área de influência; X – adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais; XIII – audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população;

XVII - estímulo à utilização, nos parcelamentos do solo e nas edificações urbanas, de sistemas operacionais, padrões construtivos e aportes tecnológicos que objetivem a redução de impactos ambientais e a economia de recursos naturais.

Ainda sobre o Estatuto da Cidade, é possível observar a existência de uma amarração entre os planejamentos dos diferentes níveis, uma vez que estabelece à União a atribuição de legislar sobre: normas gerais de direito urbanístico, normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios em relação à política urbana, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional, assim como instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos e elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social.

Dessa forma, o desenvolvimento do Plano Diretor deve ter correspondência com os planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social. E, no que diz respeito ao planejamento municipal, em especial: a) plano diretor; b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo; c) zoneamento ambiental; d) plano plurianual; e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual; f) gestão orçamentária participativa; g) planos,, programas e projetos setoriais; h) planos de desenvolvimento econômico e social.

Portanto, se considerarmos o planejamento energético como um plano setorial, da mesma forma haveria de se estabelecerem correspondências entre o planejamento da cidade e o da energia em nível municipal.

Para garantir a gestão democrática da cidade, a lei, em seu Art. 43, determina que deverão ser utilizados os seguintes instrumentos: I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal; II – debates, audiências e consultas públicas; III – conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal; IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.

E ainda sobre participação popular, o Art. 45 determina que os organismos gestores das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas incluirão obrigatória e significativa participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade, de modo a garantir o controle direto de suas atividades e o pleno exercício da cidadania.

No entanto, é importante apontar ainda que, em nenhum momento, existe menção às questões energéticas que são intrínsecas ao cotidiano das cidades, ao desenvolvimento do planejamento das cidades; no texto da norma, fala-se em planejamento de áreas que têm forte apelo energético (como no caso do saneamento ambiental, do planejamento da infraestrutura urbana, assim como do transporte, dos serviços públicos e do uso do solo), tanto para busca de ganhos em eficiência energética, quanto para o desenvolvimento do aproveitamento energético, mas essas questões não são contempladas na norma como parte do planejamento das cidades dentro do plano diretor.

 Resolução Aneel nº. 428/2012: Estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de compensação de energia elétrica e dá outras providências. Essa resolução incentiva o investimento em geração distribuída e descentralizada de energia elétrica. Simplifica a conexão das pequenas centrais à rede das distribuidoras de energia elétrica e permite que a energia excedente produzida possa ser repassada para a d , ndo um “c dito d n i ” qu s á ost io m nt uti iz do b t s u consumo d n i t ic . o nt nto, qu st o dos “c ditos d n i ” um pouco desvantajosa para o produtor, uma vez que na prática o produtor de energia descentralizada acaba tendo de pagar o Imposto de Contribuição sobre Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a energia que ele próprio produziu, uma vez que ele deve pagar esse imposto na energia que a distribuidora devolve ao produtor em forma de crédito. Porém, vale lembrar que o ICMS é um imposto estadual, significa dizer que os estados têm livre escolha para aplicá-lo ou não.