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Políticas de remuneração docente nos municípios do Estado do Pará: Instrumentos

CAPÍTULO II A POLÍTICA DE REMUNERAÇÃO EM SEIS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO

2.1. Políticas de remuneração docente nos municípios do Estado do Pará: Instrumentos

Nos municípios do Pará, as políticas de remuneração direcionadas ao profissional da docência desenvolvem-se, principalmente, por meio de Planos de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR), sendo que este documento, segundo Dutra Jr (2000, p. 36):

Consiste no conjunto de normas que definem e regulam as condições e o processo de movimentação dos integrantes em uma determinada carreira, e estabelece a progressão funcional e a correspondente evolução da remuneração.

No plano de carreira encontra-se descrita a política de remuneração que o ente federado, em determinado momento, conseguiu desenvolver em meio às disputas políticas decorrentes da criação do documento.

Dentre os seis municípios objetos deste estudo (Metropolitana de Belém: Belém, Sudeste Paraense: Parauapebas, Baixo Amazonas: Santarém, Sudoeste

Paraense: Altamira, Nordeste Paraense: Abaetetuba, e Marajó: Breves), 5 (cinco) destes utilizam-se de planos de carreira enquanto que Belém ainda faz uso de Estatuto do Magistério, porém ambos os documentos explicitam a política de remuneração do município.

Nessa linha de pensamento, Dutra Jr. et al (2000, p. 37) argumenta que “nem sempre é muito nítida a linha divisória entre conteúdos de estatuto e de plano de carreira”, portanto, ainda que a legislação brasileira oriente o ente federado pela adoção de planos de carreira, há municípios que adotam o Estatuto, sem, no entanto, ocasionar prejuízos para a compreensão de sua política de remuneração.

Sobre o estatuto Dutra Jr. Et al (2000, p. 36) informa que:

O estatuto corresponde ao conjunto de normas que regulam a relação funcional dos servidores com a administração pública, e dispõe, por exemplo, sobre investidura, exercício, direitos, vantagens, deveres e responsabilidades.

No que alude à política de remuneração docente, as diferenças conceituais não são significativas a ponto de gerarem transtornos, visto que ambos discorrem sobre a carreira docente.

No parecer CNE/CEB (2004, p. 2) temos a seguinte explicação:

A legislação fala em Plano de Carreira e, em alguns casos, do Estatuto. Cabe, então, diferenciar conceitualmente Plano de Carreira e Remuneração de Estatuto. O Plano de Carreira “é a própria definição da carreira, em sua estrutura, organização e funcionamento. No âmbito do serviço público, é instituída em norma legal específica”. O Estatuto, “encerra o sentido de regulamentação, de regime jurídico. Contém as normas definidoras de direito e obrigações”. (CNE/CEB 2004, p. 2)

Ainda que a linha divisória entre ambos seja de difícil percepção, poderíamos inferir que o plano de carreira, conceitualmente, apresenta uma abrangência maior enquanto instrumento de uma política de remuneração.

Sobre o plano de carreira, Oliveira (2009, p. 5) argumenta que esse documento “é a explicação formal de um conjunto planejado, estruturado, sustentado e sequencial de estágios que consolidam a realidade evolutiva de cada indivíduo [...]”, ou seja, o plano de carreira expressa os mecanismos de evolução na

profissão que consequentemente deverão evidenciar motivos para a permanência na carreira docente.

Cabe destacar essa discussão conceitual, pois são os planos de carreira que evidenciarão a política de remuneração instituída em cada um dos seis municípios do Pará que são objeto desse estudo.

O plano de carreira deve orientar a carreira docente como um todo e seu valor está muito além de apresentar a política de remuneração do município, conforme discorre Mozer (2016, p. 9)

O plano de carreira não deve ser percebido apenas como uma maneira para se ganhar mais, é preciso que os colaboradores percebam no mesmo outros benefícios, entre eles o estímulo ao próprio desenvolvimento contínuo.

Portanto, a importância de um plano de carreira docente está, também, no fato de apresentar indicadores de valorização profissional que motivem aos que estão na carreira à formação continuada, que beneficia tanto a prática quanto a reflexão docente.

Lima; Santos; Maia; (2014, p. 8) entendem que “o plano de carreira é a principal motivação profissional, e as principais razões pelas quais os colaboradores decidem trabalhar nas organizações”. Na área de educação esta não seria necessária ou prioritariamente a razão de o educador permanecer na profissão, mas é evidente a importância que o plano de carreira possui, enquanto política de remuneração para o planejamento profissional dos educadores quanto ao futuro na carreira.

A política de remuneração evidenciada no plano de carreira deve propiciar ao professor condições objetivas para o desenvolvimento de uma carreira valorizada, de tal maneira que o professor considere estimulante alcançar o ápice dessa carreira.

Sobre a importância do plano de carreira, Silva (2015, n.p.) entende que:

Um Plano de Carreira possibilita ao servidor vislumbrar e experimentar concretamente a ascensão profissional dentro da empresa. Para isso, os critérios para promoção em um Plano de Carreira devem ser transparentes e devem possibilitar avanços concretos ao alcance de todos os trabalhadores. Normalmente, uma ascensão dentro de um Plano de Cargos e Salários se dá gradativamente e sob dois principais critérios: antiguidade e

merecimento. E, paralelamente, podem ser aplicados mais dois critérios: avanços por triênio/quinquênios/… (promoção por período fixado – igual para todos) e avanços por titulação.

A importância desse documento se faz no sentido de ser base de planejamento profissional e de ser ferramenta para o alcance de direitos garantidos em legislações hierarquicamente superiores como a LDBEN 9.394/96 e a CF/88. Constituindo-se, ainda, como um importante instrumento de uma política de remuneração para a carreira docente.

Os direitos e deveres, principalmente os concernentes à remuneração, são fundamentais que se façam presentes nesse documento, ainda que a composição da remuneração esteja presente nos planos, por si só não se faz garantia de cumprimento, mas estando assegurados direitos relativos, por exemplo, à remuneração, o campo de disputas passa a ser o da efetivação dos mesmos.