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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.2 População e amostra da pesquisa

De acordo com Richardson et al. (2008, p. 157), o universo ou população de pesquisa pode ser definido como “o conjunto de elementos que possuem determinadas características. Usualmente, fala-se de população ao se referir a todos os habitantes de determinado lugar”. Desta maneira, se pode definir como o universo de pesquisa deste estudo todos os servidores docentes e técnico-administrativos da Universidade Federal de Santa Catarina.

Todavia, muitas vezes devido ao elevado número do universo de pesquisa, opta-se por investigar apenas uma parcela da população, assim é necessário determinar uma amostra. A amostra pode ser entendida como “qualquer subconjunto do conjunto universal ou da população” (RICHARDSON et al., 2008, p. 158). Existem duas formas de determinar uma amostra: de forma probabilística e não probabilística. Assim, no caso probabilístico utiliza-se da técnica de amostragem probabilística, ou seja, todos os sujeitos têm a mesma probabilidade de serem escolhidos.

As unidades de análise da presente pesquisa são os servidores docentes e técnico-administrativos da Universidade Federal de Santa Catarina. Tendo como universo da pesquisa um número aproximado de 2.057 servidores docentes atuando no ensino superior (efetivos e substitutos) e 2.808 servidores técnico-administrativos, totalizando 4.865 indivíduos aptos à pesquisa.

Optou-se, portanto, em não realizar uma amostra nesta pesquisa, tendo em vista que o pesquisador teve meios para divulgar e enviar a pesquisa a toda a população. Deste modo, esta primeira parte da pesquisa é censitária, ou seja, abrange a totalidade dos componentes do universo (MARCONI; LAKATOS, 2009). Entretanto, não se conseguiu a totalidade de respostas da população, assim, a população acessível, totalizou-se em 279 pesquisados.

Portanto, na primeira etapa desta pesquisa, o questionário online, os pesquisados manifestaram neste instrumento se estariam disponíveis a serem entrevistados. Dos 279 respondentes do questionário, 30 se disponibilizaram a serem entrevistados pelo pesquisador. Foram selecionados alguns participantes29 tendo como base o critério de alta

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Um participante foi escolhido devido ao seu conhecimento de casos de assédio moral na instituição, descritos no questionário respondido. Desta forma, o pesquisador poderia ter uma visão de terceiros sobre determinados casos.

frequência nas situações características de assédio moral contidas no questionário aplicado e acessibilidade. Após este primeiro filtro, foi escolhido um número similar de servidores docentes e técnico- administrativos de ambos os sexos, totalizando 11 indivíduos para entrevistas. Posteriormente foi encaminhado um e-mail para agendamento da entrevista, a qual obteve retorno de 7 pesquisados.

Portanto, com a população estimada de 4.865 indivíduos que constituíram a população, chegou-se a um número de 279 respondentes do questionário online (5,7% da população), destes, 7 pesquisados foram entrevistados. Para manter o anonimato os pesquisados foram identificados com a letra “P” seguidos de seus respectivos números (1 a 279) e os entrevistados foram identificados com a letra “E” de 1 a 7. 4.3 Coleta dos dados

A coleta de dados é a fase da pesquisa cujo objetivo é recolher informações sobre o tema em estudo. Segundo Lakatos e Marconi (1991), toda e qualquer pesquisa se utiliza na coleta de dados de variadas fontes, primárias e/ou secundárias. Considera-se que as fontes secundárias são as bibliografias existentes, já as fontes primárias são os documentos referentes aos temas, assim como podem ser os dados brutos que nunca foram coletados e analisados antes. Foram coletados tanto dados primários quanto secundários. Os dados secundários foram obtidos em bibliografias e documentos, como livros, artigos científicos, monografias, dissertações, teses, além de relatórios oficias de organizações como UFSC, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e outros.

Já os dados primários foram coletados em dois momentos. Primeiramente, o levantamento de dados quantitativos foi com a aplicação de um questionário online, e no segundo momento, para uma abordagem mais qualitativa, foram realizadas entrevistas individuais com pesquisados que se disponibilizaram a descrever com maiores detalhes informações vivenciadas no processo de assédio moral.

O questionário é um instrumento de coleta de dados muito utilizado, o qual tem pelo menos duas funções “descrever as características e medir determinadas variáveis de um grupo social” (RICHARDSON et al., 2008, p. 189). De acordo com Chizzotti (2006) o questionário consiste em um conjunto de questões pré-elaboradas, sistemáticas e sequenciais, dispostas em itens que compõem o tema da pesquisa, com o objetivo de levantar dos pesquisados respostas por escrito ou verbalmente sobre o assunto pesquisado.

Como já mencionado, os questionários30 foram respondidos pelos servidores docentes e técnico-administrativos da Universidade Federal de Santa Catarina, e foram disponibilizados online para os pesquisados responderem. Em relação à divulgação da pesquisa, em especial ao questionário, ocorreu primeiramente com um setor de divulgação na instituição (localizado na Superintendência de Governança Eletrônica e Tecnologia da Informação e Comunicação – SETIC) para a divulgação por e-mail a todos servidores da instituição. Posteriormente, a divulgação ocorreu por e-mail (Anexo A) aos sindicalistas vinculados ao Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Santa Catarina (SINTUFSC), bem como pela divulgação no boletim nº 730 (Anexo B) do Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (APUFSC). Em dois momentos o pesquisador enviou e-mails aos servidores da instituição, fruto de coletas de endereços de e-mail nas páginas de departamentos, cursos, Pró-Reitorias, secretarias e outros setores da instituição.

A aplicação do questionário presencialmente segundo Richardson et al. (2008), permite ao pesquisador, ou pessoa treinada por ele, a explicação e/ou discussão dos objetivos da pesquisa e do questionário, além de diminuir a possibilidade da não resposta de questões. Todavia, devido à presencialidade na aplicação do questionário o pesquisado pode não sentir-se confortável em responder e detalhar as situações solicitadas no instrumento. Deste modo, a aplicação online permite ao pesquisado um completo anonimato, bem como pode abranger um maior número de pesquisados.

O instrumento principal de coleta de dados (Apêndice A), questionário, divide-se em três partes. A primeira apresenta um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A segunda parte apresenta questões sociodemográficas, que incluem informações sobre gênero, idade, estado civil, escolaridade, setor a qual está vinculado na organização, tempo e regime de trabalho, e outras. Essas informações auxiliaram na identificação de características sobre os pesquisados que foram relacionadas ao fenômeno estudado. Na terceira parte formulou- se questões relacionadas a comportamentos negativos no ambiente de trabalho (assédio moral). Para tanto, foi utilizado o instrumento conhecido como NAQ-R (Negative Acts Questionnaire-Revised) de autoria de Einarsen, Raknes, Matthiesen. O questionário foi disponibilizado por e-mail mediante solicitação ao grupo de pesquisa

30 O questionário online ficou disponível para resposta por aproximadamente dois meses, entre o dia 27 de agosto de 2010 a 30 de outubro de 2010.

dos pesquisadores, após isso o questionário foi traduzido para o português. O NAQ-R apresenta 22 atos negativos, situações características de assédio moral, porém, não há a menção do termo nestas situações. Além de constar a frequência a qual o pesquisado foi submetido nos últimos 6 (seis) meses utilizando a escala Likert (nunca, de vez em quando, mensalmente, semanalmente, diariamente). Após a lista das 22 situações, consta uma definição dos autores sobre assédio moral e o pesquisado é questionado se já foi assediado nos últimos 6 (seis) meses e com que frequência isso ocorre/ocorreu.

Apesar do NAQ-R ser um instrumento já validado mundialmente por estes autores, algumas das situações presentes no questionário foram ampliadas. Deste modo, a lista de atos negativos fica mais completa e apresenta maiores detalhes sobre as situações hostis. Bem como, foram inseridas diversas questões sobre o tema em questão, entre elas a definição de assédio moral em uma palavra, as consequências das situações vividas/vivenciadas na vida do pesquisado, se o pesquisado comentou a situação hostil com quem, e por que. Por ser um estudo de caso em uma Instituição de Ensino Superior (IES), o questionário também relacionou questões da instituição analisada com assédio moral. O questionário inicial foi encaminhado para 4 servidores docentes, 3 servidores técnico-administrativos e 3 pesquisadores de assédio moral para um pré-teste. Para Richardson et al. (2008, p. 202) a aplicação do pré-teste tem por “objetivo revisar e direcionar aspectos da investigação”. O autor ainda afirma que o pré-teste não deve ser entendido apenas como uma revisão do instrumento de pesquisa, mas como um teste do processo e coleta dos dados, deste modo, o instrumento deve ser testado nos sujeitos com as mesmas características da população-alvo da pesquisa. Ou seja, o pré-teste é um momento muito útil para a revisão do processo de pesquisa.

No questionário há um convite ao pesquisado, se ele foi alvo de assédio, quanto a sua disponibilidade em aprofundar as informações dadas no questionário em uma entrevista. A partir da aceitação desta, aconteceu a marcação de um horário para entrevistar o pesquisado. Segundo Chizzotti (2006) a entrevista é a técnica mais usual de pesquisa em campo, onde o pesquisador tem a possibilidade de obter dados objetivos e subjetivos. Richardson et al. (2008) corroboram e complementam ao afirmar que a entrevista é uma técnica muito importante que permite o desenvolvimento de uma estreita relação entre as pessoas.

Em relação às técnicas de entrevistas, Richardson et al (2008) afirmam que variam segundo o contexto no qual estão inseridas. A

técnica de entrevista utilizada será a entrevista guiada que permite ao entrevistador utilizar um “guia” de temas a ser explorado durante o transcurso da entrevista, bem como nesta técnica, as perguntas estão pré- formuladas e são realizadas durante o processo de entrevista. De forma similar, Triviños (1992) apresenta a técnica da entrevista semiestruturada, que em geral parte de determinados questionamentos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam a pesquisa, e que em seguida, oferecem amplo campo de questionamentos à medida em que se recebe respostas do pesquisado. Em relação ao roteiro utilizado nas entrevistas (Apêndice C), as principais questões estão relacionadas principalmente às situações vividas e/ou vivenciadas de assédio moral pelo entrevistado. Além da utilização de roteiro formal, o pesquisador teve como base questões respondidas pelo entrevistado no questionário online, deste modo, aprofundou algumas situações respondidas no mesmo.

Foi elaborado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B) o qual é uma proteção legal e moral tanto para o entrevistado quanto para o pesquisador. Neste termo apresentam-se informações do pesquisador e orientadora, objetivo da pesquisa, o método utilizado para as entrevistas, a garantia do anonimato, entre outras informações necessárias para deixar ciente o entrevistado sobre a pesquisa. Com a entrevista, o pesquisador pretende explorar o tema pesquisado, dando assim, condições de aprofundá-lo e de evidenciar aspectos antes não previstos, que são fundamentais para a caracterização do fenômeno no contexto em estudo.