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7 INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

7.1 Aspecto regulativo: agenda pública de turismo brasileira

7.1.2 Arranjo Institucional

7.1.2.1 Posição na estrutura organizacional

Por posição na estrutura organizacional entende-se a disposição dos órgãos de gestão do turismo na organização dos governos brasileiros. É notável uma inconsistência institucional dos órgãos de turismo brasileiros no período de 1930 a 2010. O primeiro órgão criado para promover e coordenar o desenvolvimento do turismo é a Divisão de Turismo, que nasce no Departamento de Imprensa e Propaganda da Presidência da República no ano de 1939. Os órgãos estaduais também criados com esta finalidade, em 1940, são submetidos ao Departamento Nacional de Imprensa e Propaganda perdendo então autonomia de gestão. Em 1945 é extinta o DNIP bem como a Divisão de Turismo. O então criado Departamento Nacional de Informações assume as tarefas de organizar, promover e fiscalizar serviços de turismo interno e externo, contudo, tal Departamento não possui uma secretaria ou divisão destinada a tal

fim.

Apenas em 1958 é instituída a Comissão Brasileira de Turismo (COMBRATUR) vinculada diretamente à Presidência da República com atribuições de coordenar, planejar e supervisionar a execução da política nacional de turismo. O efeito esperado com a criação do órgão é possibilitar e facilitar o aproveitamento das potencialidades turísticas do país.

Em 1961 é criada a Divisão de Turismo e Certames vinculada ao Ministério da Indústria e do Comércio, um ano antes da extinção da Combratur, em 1962, mas também é extinto cinco anos depois de sua criação (1967). Mas é a partir do Decreto-Lei 55/66 que o turismo institui-se legalmente com a Política Nacional de Turismo, que visava integrar diretrizes e normas para o planejamento do desenvolvimento do turismo. Essa política estava associada à dinamização do turismo enquanto atividade econômica, e deveria adaptar-se as necessidade de desenvolvimento econômico que se vislumbrava no período. O mesmo Decreto-Lei criou ainda o Conselho Nacional de Turismo (CNT) e a Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR). O Conselho era o órgão responsável por formular, coordenar e dirigir a Política Nacional de Turismo e à Empresa Brasileira de Turismo cabia executar as diretrizes desta Política, ambos os órgãos pertenciam à organização do Ministério da Indústria e do Comércio. Para coordenar as ações de todos os organismos que tratam de turismo, é instituído em 1967 o Sistema Nacional de Turismo, que tinha como efeito esperado a coordenação das ações do CNT, da EMBRATUR e Ministérios relacionados ao setor. No mesmo ano a EMBRATUR foi vinculada à organização do Ministério da Indústria e Comércio.

No ano de 1968, outras medidas demonstraram a ascensão do turismo à agenda de políticas públicas brasileiras, como a criação da Divisão de Turismo na Comissão Coordenadora da Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores e a criação da Comissão Interministerial para Facilitação do

Transporte Aéreo Internacional.

Já em 1971, com o intuito de prover recursos para o financiamento de obras, serviços e atividades turísticas consideradas de interesse para o desenvolvimento do turismo nacional, foi criado o Fundo Geral do Turismo (FUNGETUR) a ser gerido pela EMBRATUR, do qual se esperava como efeito a criação e ampliação de infra-estrutura e serviços turísticos.

Em 1973, o CNT foi vinculado ao Ministério da Indústria e Comércio como órgão da administração direta e a EMBRATUR passou a ser órgão da administração indireta.

Em 1983 foi criada a Comissão Permanente de Esporte e Turismo na Câmara dos Deputados, com o propósito de opinar sobre assuntos relativos a esporte, turismo e lazer. Pela primeira vez é instituída uma Comissão para o debate do turismo em âmbito legislativo.

Com a nova constituição federal, promulgada em 1988, a promoção e o incentivo do turismo foram assumidos como dever da União, estados e municípios, como fator de desenvolvimento social e econômico (art. 180). No ano de 1989, a então Comissão de Esporte e Turismo foi recomposta e instituída a Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Turismo na Câmara dos Deputados. No mesmo ano esta Comissão também foi recomposta, sendo constituída uma nova Comissão para tratar exclusivamente de assuntos relativos ao turismo, a Comissão de Turismo. No ano de 1991, a EMBRATUR foi renomeada, passando a se chamar Instituto Brasileiro de Turismo, absorvendo atribuições do Conselho Nacional de Turismo, como a formulação e coordenação da Política Nacional de Turismo. Esta Política será planejada conforme disposto no decreto 448/92.

Para cooperar com a direção da EMBRATUR na formulação da Política Nacional de Turismo foi criado o Conselho Consultivo de Turismo (1992), que visava, além disso, solucionar aspectos conjunturais públicos e privados,

facilitando assim a sua coordenação para o desenvolvimento do turismo. Neste mesmo ano de 1992, através da lei 8490/92, foi criado o Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. A inserção de pauta própria do turismo neste Ministério, não mais inserida na pauta do Comércio, demonstra a relevância que o setor foi adquirindo junto à estrutura organizacional do Estado brasileiro. Ainda em 1992, foi criada a Comissão de Turismo da América do Sul no âmbito da Associação Latino-Americana de Integração – ALADI, com o objetivo de incentivar a promoção do turismo entre os países sul-americanos e de melhor aproveitar os meios e recursos disponíveis para o desenvolvimento turístico de cada um dos países, sendo eles Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

Já em 1994 foi criada a Comissão Especial de Turismo Social, junto ao Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, para propor ao Presidente diretrizes para uma Política Nacional de Turismo Social. Em 1999, o turismo passou a ser dirigido pelo Ministério do Esporte e Turismo. Os objetivos relativos ao turismo se mantiveram, planejar, coordenar e supervisionar os planos e programas de desenvolvimento do turismo. A EMBRATUR foi vinculada a este Ministério.

Já em 2002, além de ampliarem-se os membros do Conselho Nacional de Turismo, este assumiu novas tarefas, como estudar ações visando à democratização das atividades turísticas, zelar pela sustentabilidade ambiental, social e cultural, a defesa do consumidor e a melhoria da qualidade e produtividade turísticas. No mesmo ano, foram reorganizadas as Comissões da Câmara dos Deputados, sendo criada então a Comissão de Economia, Indústria, Comércio e Turismo. Ainda em 2002, com a extinção das Superintendências para o Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e do Nordeste (SUDENE), foram estabelecidos setores prioritários para o desenvolvimento regional dessas regiões, sendo o turismo definido como um desses setores.

No ano de 2003, o turismo atingiu seu ápice institucional com a criação do Ministério do Turismo. Este Ministério foi encarregado de planejar, coordenar, supervisionar e avaliar o desenvolvimento do turismo no país. Com sua criação, foram transferidas da EMBRATUR para o Ministério as competências relativas ao cadastramento de empresas, à classificação de empreendimentos dedicados às atividades turísticas e ao exercício da função fiscalizadora. Neste ano, o Conselho Nacional de Turismo foi mais uma vez ampliado e passa a vincular-se ao Ministério do Turismo, com atribuição de assessorar o Ministério para a formulação, implementação e avaliação da Política Nacional de Turismo. As comissões permanentes da Câmara dos Deputados foram novamente organizadas, bem como retomada a Comissão de Esporte e Turismo.

Já no ano de 2006, é criada a Comissão Interministerial para o Desenvolvimento do Setor de Serviços de Alimentação Fora do Lar sob a presidência do Ministro do Turismo. O intuito foi realizar diagnóstico, articular políticas governamentais intersetoriais e elaborar estratégias conjuntas para o desenvolvimento de ações relativas ao setor. Neste ano, foram estabelecidos o Plano Especial de Cargos da EMBRATUR e a gratificação de qualificação, visando retribuir o cumprimento de requisitos técnico-funcionais, acadêmicos e organizacionais necessários ao desempenho das atividades da autarquia. No ano seguinte, a autarquia foi vinculada ao Ministério do Turismo como entidade da administração indireta.

Em 2007 foi criado o Programa de Qualificação dos Serviços Turísticos, para a ampliação e aperfeiçoamento de tais serviços. Ainda em 2007, a EMBRATUR passou a ter como competências exclusivamente a promoção, marketing e apoio à comercialização dos destinos, produtos e serviços turísticos do Brasil no mercado internacional.

Janeiro aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Neste ano as principais ações governamentais em turismo referem-se às disposições da Lei 11.771 de 2008, que institui o Sistema Nacional de Turismo, cria o Plano Nacional de Turismo e dispõe sobre a Política Nacional de Turismo, que vigoraram até o fim de 2010. Esta Política foi vinculada ao Plano, que tinha por objetivo prover crédito ao setor, promover a imagem do produto turístico brasileiro no mercado nacional e internacional, promover o aumento de turistas e divisas, incorporação de novos segmentos ao mercado interno, proteção do patrimônio natural e cultural, orientações ao setor privado e informações à sociedade.