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5. Análise das informações coletadas junto aos licenciandos

5.4 Posições dos alunos sobre os recursos pedagógicos

possibilidade desses recursos que foram apresentados contribuírem para a formação cultural dos estudantes e para seu aprendizado:

“Que tipo de recurso(s), como o(s) apresentado(s) acima, você utilizaria em uma aula de física para: a) Melhorar a formação cultural dos alunos. b) os alunos aprenderem física.”

Para essa pergunta os alunos estavam livres para escolherem mais de um recurso para cada alínea, o que justifica o alto número de respostas apresentados nos Gráficos 13 e 14:

Gráfico 13: Respostas dos alunos sobre contribuições dos recursos para melhorar a formação cultural

Fonte: Autoria própria

Gráfico 14: Respostas dos alunos sobre contribuições dos recursos para aprender física

A partir das respostas dos alunos podemos compreender características dos seus imaginários sobre formação cultural. Das respostas obtidas, 55% associou que utilizariam a leitura de textos. A resolução de problemas aparecer como uma das últimas opções para desenvolver a formação cultural dos alunos o que nos levou, novamente, a pensar se os alunos compreendem a diferença entre problemas e exercícios. Dizemos isso pois, embora a maioria tenha, na questão anterior, relacionado o objetivo desse recurso com a aplicação, prática ou teste de conceitos, alguns alunos acreditavam que ele poderia ser interessante para proporcionar debates, despertar criatividade e desenvolver autonomia dos alunos, objetivos esses, ao nosso ver, capazes de melhorar a formação cultural.

Tal relação feita pelos alunos nos remete a Zanetic (1989) quando o autor comenta sobre cultura no ambiente escolar:

Quando se comenta sobre a cultura, de um modo geral, raramente a física comparece de imediato na argumentação, ou outra representante das ciências naturais dá o ar de sua graça. Cultura, quando pensada "academicamente" ou com finalidades educacionais, é quase sempre evocação de alguma obra literária, alguma grande sinfonia ou uma pintura famosa; cultura erudita, enfim. Tal cultura traz à mente um quadro de Picasso, uma sinfonia de Beethoven, um livro de Dostoyevsky, enquanto que a cultura popular faz pensar em capoeira, num samba de Noel ou num tango de Gardel. Dificilmente, porém, cultura se liga ao teorema de Godel ou às equações de Maxwell. (ZANETIC, 1989, p.96)

Essa noção de cultura apresentada pelo autor vai ao encontro da apresentada pelos nossos licenciandos. Notamos que textos, aparecem como recursos que eles acreditam melhorar a formação cultural, enquanto outros recursos como livro didático e o próprio professor aparecem ao final da tabela. Ainda nessa vertente, continuamos apresentando Zanetic (1989):

Ao mesmo tempo nos deparamos com as dificuldades em lidar com informações científicas básicas, como foi o caso do acidente radioativo de Goiânia em 1988. E também há o crescente interesse despertado por livros de divulgação científica que atingem, às vezes, várias edições no nosso mercado editorial. Mas há uma dificuldade muito grande em integrar essa incipiente curiosidade cultural pela ciência e aquilo que se passa na escola. Ou seja, a maioria das pessoas consome ciência enquanto cultura mas, ao mesmo tempo, está alienada de sua presença real no cotidiano. (ZANETIC, 1989, p. 96)

Assim, o autor traz mais um ponto que justifica os textos serem apresentados como recurso para a formação cultural. Segundo ele, as divulgações científicas trazem a noção de cultura embutida nelas de forma que as pessoas a consumam sem perceber. Entretanto ainda parece haver um limitador para que ela faça parte do cotidiano da população.

Sobre recursos utilizados para aprender física, notamos uma diferença significativa daqueles apontados como possível de se melhorar a formação cultural. O livro didático aparece como o recurso que mais seria utilizado com 13,6% das respostas, mesmo percentual de alunos que disseram utilizar problemas; 12,7% apontaram o uso de atividades experimentais; 10,9% de vídeos; 9% aulas expositivas, lousa e computadores; 8% exercícios 5,5% textos de divulgação científica, 3,6% textos de história da ciência; 2,7% histórias em quadrinhos; e 1,8% textos literários.

As respostas dos alunos com relação ao que eles utilizariam para que os alunos aprendessem física chama a nossa atenção. Problemas e atividade experimental que foram pouco citados como recursos para melhorar a formação cultural, nesse caso encabeçam as primeiras posições de recursos para os alunos aprenderem física, juntamente com o livro didático. A voz do professor e a lousa também aparecem muito mais valorizados aqui, sendo a leitura de textos os recursos menos citados.

Sobre a questão do uso do livro didático para melhorar a formação cultural e/ou aprender física, os dados são interessantes: apenas 5% dos licenciandos, ou seja, um aluno, considerou que o livro didático poderia ser utilizado na formação cultural dos estudantes e, esses também atribuíram que ele poderia ser utilizado para aprender física, entretanto 12 alunos apontaram que utilizariam o livro apenas para que os estudantes do Ensino Médio aprendessem física. Outro dado interessante é que quatro alunos não citaram o livro didático em nenhuma das utilizações. Esses alunos nos levam a pensar que o contato que tiveram com o livro didático pode não ter sido interessante, a ponto de não quererem perpetuar o seu uso. Ao mesmo tempo o Ensino Superior, no caso estudado, o primeiro semestre do curso de licenciatura em física, aparentemente não oferece recursos capazes de mudar o imaginário desses alunos. Retomamos uma citação de Zambon e Terrazzan (2017, p.19), já citada nesse trabalho, no qual os autores dizem que os professores não se sentem preparados para utilizar o livro didático de uma forma que não seja para a simples leitura de conteúdos e resolução de exercícios e a formação inicial

apresenta falhas com relação a isso, visto que, no caso do curso de licenciatura em física é comum que os alunos recorram a esse material simplesmente com esse objetivo. Não é comum desenvolver atividades que mostrem outras possibilidades para o uso do livro didático e, por não terem esse conhecimento na formação, a nova estrutura dos livros didáticos, trazendo em seu corpo seções capazes de tornar a sua utilização mais dinâmica e interessante para os alunos, não é, muitas vezes, aproveitada.

5.5 Questionário referente à leitura de trechos de Livros Didáticos