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5. Análise das informações coletadas junto aos licenciandos

5.2 Posições dos alunos sobre o uso do Livro Didático

Gráfico 11, destacamos que os alunos poderiam indicar mais de um uso para o recurso:

Gráfico 11: Respostas dos alunos sobre o uso do Livro Didático no Ensino Médio

Fonte: Autoria própria

Podemos notar que a maioria dos alunos, aponta o livro didático como possível objeto de estudo. Essa escolha pode ser consequência do imaginário oriundo do Ensino Médio, mas pode também ser originária ou complementada pelo contato que estavam tendo com esse material ao longo do primeiro semestre da graduação, uma vez que é característico do curso os alunos recorrerem ao livro didático como principal recurso de estudo para as avaliações. Entretanto, ele não é amplamente utilizado em sala de aula, muitas vezes sendo subutilizados como destacam autores como Zambon e Terrazzan (2017) o que pode ter levado o aluno dizer, se referindo a este recurso:

Ismael - É um dos principais meios de ensino, pois é através dele que o aluno tem um maior contato com a matéria, pode resolver exercícios

propostos e usar outros já resolvidos para auxiliá-lo na resolução. Não muito necessário na sala de aula. (Grifo nosso)

Para esse aluno o livro não tem um uso significativo em sala de aula. Outro aluno, que enfatiza a importância do livro para estudo é o Gustavo que diz:

Gustavo - O livro didático é de extrema importância para o uso do aluno. Deve ser utilizado de forma a consulta do aluno quando estudando em casa.

Notamos com o exemplo desses dois alunos que o livro didático como objeto para o estudo do aluno extraclasse está muito presente no imaginário desses licenciandos. É possível que esse imaginário tenha relação com a forma como utilizavam o livro didático nas aulas do Ensino Médio e como, possivelmente, seguem o utilizando no Ensino Superior.

Enquanto oito alunos associam o uso do livro como objeto para o aluno, cinco o associam ao professor, sendo utilizado como base para a aula. Outros 5 o associaram com resolução de exercícios. Sobre a resolução de exercícios, diversos estudos apontam que esse é o principal uso que se faz desse material em sala de aula do nível médio. Zambon e Terrazzan (2017) trazem isso em seu estudo sobre a (sub)utilização do livro didático no Ensino Médio e apontam que esse uso para o livro é encontrado em estudos desde a década de 70 e que essa “tradição” pode ser originária do uso que é feito desse material no nível superior.

Um aluno que levanta uma questão importante sobre o uso do livro é Bruno:

Bruno - O livro didático é importante pois lá está contido o conhecimento que o aluno pode necessitar de acordo com o problema que lhe for apresentado, mas um problema é que são situações muito controladas e que só necessitam utilizarem formas mecânicas já decoradas para resolverem.

Notamos que o aluno reconhece o amplo uso do livro para esse objetivo, mas ressalta que as condições de produção desse conhecimento são controladas de forma a desenvolver estratégias para resolver determinados tipos de exercícios. Entretanto, tanto no Ensino Médio quanto no Superior, alguns livros buscam trazer exercícios clássicos de

simples aplicação de fórmula e outros que exigem mais do aluno. Rafael também evidencia a questão do uso feito dos exercícios. Para ele, o livro é:

Rafael - Importante para o aprendizado pois incentiva o aluno a ler e compreender o assunto ministrado, porém incentiva o método de “decorar” fórmulas e etc.

Percebemos que o aluno reconhece que o livro pode ter um papel importante na aprendizagem de conteúdos, mas que dependendo da forma como esse recurso é usado pode privilegiar o processo de repetição empírica, na qual simplesmente se reproduz uma fórmula, exercício após exercício, até decorá-la e muitas vezes com o único objetivo de reproduzi-la nas avaliações.

Outro ponto apresentado pelos alunos é que o livro didático pode ser utilizado como base para as aulas, mas cabe destacar que, embora eles tenham apresentado esse uso para o livro, também trouxeram a importância de não se limitar a ele e nem o seguir completamente. Thiago coloca que seu uso deve ser:

Thiago - Como apoio e consulta da teoria, no entanto, nunca se prender ao livro fielmente e abordar outros tópicos.

Ainda com esse uso, temos a aluna Camila que aponta que o uso do livro didático tem seu lado positivo, mas pode apresentar problemas no decorrer do seu uso:

Camila - Auxilia na montagem das aulas para definir os tópicos a serem abordados, mas o professor/aluno acabar utilizando o livro didático como uma “Bíblia”.

O aluno Ricardo apresenta indícios de ter uma proposta diversificada para o livro didático quando coloca que ele

Ricardo - Pode ser utilizado para fazer os estudantes pesquisarem sobre determinado assunto necessário para a aula e para praticar o pensamento crítico nos alunos.

Entretanto, como ele não oferece mais informações sobre como seriam essas propostas, inferimos que seu contato com o livro em ambiente escolar, possivelmente no Ensino Médio, ocorreu de maneira diferenciada de outros alunos, uma vez que não o apresenta como base para elaborar as aulas, ou como possível objeto de estudo do aluno.

Quando o aluno apresenta que o livro pode ser utilizado para os alunos pesquisarem, podemos pensar em uma aula na qual o professor faz sugestões de leituras para as aulas seguintes nas quais os alunos recorrem ao texto, não como fonte de exercícios, mas como um recurso com informações, que pode ser utilizado no ensino. Outro ponto que Ricardo coloca é com relação ao pensamento crítico, aqui podemos novamente levantar a hipótese de que o contato que ele teve com o livro foi diferente do já comentado.

5.3 Posições dos alunos sobre o uso de textos de Divulgação