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POSICIONAMENTO E PROPOSTAS DA CUT NA CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA NO GOVERNO LULA PREVIDÊNCIA NO GOVERNO LULA

PREVIDÊNCIA SOCIAL

4.3 POSICIONAMENTO E PROPOSTAS DA CUT NA CONTRARREFORMA DA PREVIDÊNCIA NO GOVERNO LULA PREVIDÊNCIA NO GOVERNO LULA

Diferentemente do Governo FHC que levou mais de três anos para aprovar a contrarreforma da Previdência, Lula em dezembro de 2003, apenas oito meses após ter submetido sua proposta para votação contou com o apoio decisivo dos partidos que formavam a coalizão no governo Fernando Henrique Cardoso, como corrobora Nakahodo e Savoia (2008, p. 09)

Em 2003, o governo federal não encontrou maiores dificuldades para apoiar a reforma no Senado: Lula tinha tanto o controle da maioria dos votos - com todos na base aliada, à exceção de um senador do PT, que votou a favor da emenda - como conseguiu assegurar o apoio de metade do PSDB.

Na realidade quando comparado o apoio total recebido por Lula e FHC em suas contrarreformas da Previdência ―o primeiro tinha aproximadamente 55% de todo o apoio institucional, enquanto o segundo contava com menos de 37% do suporte dos atores considerados‖ (NAKAHODO & SAVOIA, 2008, p. 12). Ou seja, o cenário que se deu a posse de Lula era extremamente propício para uma verdadeira aceitação de suas ações, ainda que elas prejudicassem os direitos dos trabalhadores, antes defendidos por ele. Aceitação essa tanto de diversos partidos, quanto das classes trabalhadoras que, como vimos anteriormente, praticamente, paralisou diante desse Governo.

As esperanças depositadas nesse governante por grande parte da população, especialmente, da CUT, foram muitas, principalmente, por dois motivos.

Por um lado, a CUT nasceu imbricada ao PT, partido do qual faz parte Lula54. Pode-

se dizer, até mesmo, que durante certo tempo as fronteiras entre um e outro não estavam claramente definidas55. O PT expressou o movimento das massas, do

conjunto dos trabalhadores, que em geral não estavam ligados aos partidos comunistas – representados no Brasil pós ditadura pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Salientamos que a relação estabelecida entre as Centrais Sindicais e partidos políticos não é uma relação ruim, pelo contrário, tal relacionamento tende a trazer benefícios quando se tem como interesse comum o atendimento das necessidades dos trabalhadores. Esta relação perde o seu sentido quando o movimento sindical alia-se a partidos que não defendem os interesses das classes trabalhadoras e/ou perdem sua autonomia organizativa em face desse vínculo.

De outro lado, o próprio Lula era um representante dos trabalhadores – metalúrgico e sindicalista – com uma história de luta anterior combativa e atrelada aos setores das classes trabalhadoras. No entanto, tão logo chegou ao poder encaminhou uma proposta de contrarreforma previdenciária. Lula seguindo o exemplo dos governos anteriores deixou-se sucumbir pelos organismos internacionais e tratou de rapidamente agradá-los, encaminhando ao Congresso uma proposta de mudança na Previdência.

Assim, o que esperar de uma central tão atrelada ao presidente da República e ao partido do governo? A CUT, como boa parte dos movimentos organizados, permaneceram arrefecidas diante dessa ofensiva aos governos neoliberais, nesse governo, talvez, mais do que nunca. O que esperar de uma Central em que grande parte dos sindicalistas egressos da corrente Articulação Sindical fazia parte da equipe governamental?56 A CUT arrefeceu suas lutas tornando-se mais suscetível à discussão.

54 O PT foi criado em 1981 e a CUT em 1983.

55

Ressalta-se que não é apenas a CUT que tem vínculos com partido político. ―É inegável o fato que parcela dos dirigentes da CUT são filiados ao PT, assim como grande parte dos dirigentes da CTB são filiados ao PCdoB, da FS são filiados ao PDT, e assim por diante. A CUT apoiou Lula para presidente da República, entendendo ser o melhor candidato para fazer um governo voltado para os trabalhadores e setores mais explorados da população. A FS apoiou Geraldo Alckmin, o Conlutas e o PSOL apoiaram Heloisa Helena (FREITAS, 2008, p.06).

56 ―Os ministros do Trabalho (petroquímico, da Previdência (bancário), da Fazenda (médico), da

Comunicação Social (bancário), das Cidades (bancário), e o próprio Presidente da República (metalúrgico). Além desses nomes, pelo menos uma centena de sindicalistas originários da mesma corrente estão ocupando altos postos na administração e nas empresas públicas. Um órgão da imprensa escreveu que estaríamos assistindo à formação de uma ‗República dos sindicalistas‘ no Brasil‖ (BOITO JR., 2005, p. 231).

Segundo Boito Jr. (2005, p. 259) tal inflexão se deu, porque, primeiro o governo Lula criou uma ilusão de poder e participação no seio do operariado do novo sindicalismo, representado pelos trabalhadores das montadoras de veículos do ABC. Segundo, aproveitando a origem popular de parte de seus integrantes apostou na divisão dos trabalhadores – divisão essa predominante, principalmente entre três setores, trabalhadores empregados, desempregados e trabalhadores sem carteira assinada e os trabalhadores do setor público. E, em terceiro lugar à ascensão de Lula à Presidência ―eliminou a antiga resistência parlamentar ao neoliberalismo, que era composta pelos partidos que, hoje, são a espinha dorsal da base parlamentar do governo – PT, PSB, PCdoB‖, como analisamos anteriormente.

Além disso, Lula queria passar para os diversos setores da sociedade, principalmente para as entidades representantes das classes trabalhadoras que havia debates em torno da aprovação dessa contrarreforma, era uma forma de convencer que as ações eram diferentes do governo anterior, quando, na verdade, não eram.

Com base na experiência negativa da falta de debate público, que acabou prejudicando seu antecessor até os estágios finais de tramitação no Congresso, Lula enfatizou a importância da transparência e abertura na apresentação de sua proposta (NAKAHODO & SAVOIA, 2008, p.12).

A CUT, por sua vez, se na primeira contrarreforma da Previdência, no Governo FHC, mesclou proposições com ações mais defensivas na contrarreforma do Governo Lula, em 2003, ela foi substancialmente propositiva.

Antes de nos adentrarmos nas propostas e posicionamento da CUT durante as discussões para a aprovação da Emenda nº 41, que efetivou a contrarreforma do Governo Lula, cabe analisarmos que lutas, segundo a própria CUT (2009), foram travadas nesse período pela Central, comprovando, mais uma vez, a agradabilidade desse governante para a grande maioria dos sindicalistas cutistas.

O ano de 2002, ano eleitoral, a CUT em sua X Plenária Nacional conclamou a Nação brasileira a votar em Lula para Presidente da República, o que demonstrou nitidamente o apoio da Central ao candidato. No VIII CONCUT realizado no período de 03 a 07 de junho de 2003, Lula fez-se presente nesse evento da Central, era a primeira vez que um Presidente da República esteve em um congresso da CUT, explicitando, outra vez, a proximidade de Lula e do PT dessa entidade

representativa dos trabalhadores. Contraditoriamente, dentre as principais resoluções desse congresso estava a defesa de uma mudança na previdência que ampliasse direitos (Ver anexo I).

Aliás, esse posicionamento demonstrou significativa mudança em relação a postura defendida na contrarreforma da Previdência, no Governo FHC. O grito de ordem neste Governo foi ―Contra as reformas neoliberais de FHC e em defesa da Previdência pública‖, a tônica no Governo Lula mudou, a reforma, agora, podia acontecer, desde que ampliasse os direitos previdenciários. Essa mudança teria sido uma conquista se a CUT tivesse agido de forma combativa por uma reforma que de fato ampliasse direitos e não por pequenas concessões dentro de uma contrarreforma, como aconteceu.

Em janeiro de 2003 a CUT fez um Resumo das Principais Propostas da Entidade para Previdência Social para ser enviado ao novo governante, abordando o conceito de Seguridade Social, o debate em torno da contrarreforma da Previdência Social, aspectos referentes ao regime Geral de Previdência Social (RGPS) e aspectos referentes ao Regime Próprio de previdência Social (RPPS). Tais propostas situavam-se no âmbito mais teórico a respeito da Previdência e não eram proposições que tinham influência direta na configuração dos direitos previdenciários.

No que concerne à Seguridade Social o documento trouxe a proposta de preservar as políticas constitutivas da Seguridade Social: Saúde, assistência Social e Previdência Social de forma conjunta e articulada. Neste sentido a CUT afirmou a necessidade de haver transparência no orçamento da Seguridade Social e reinstalação do Conselho Nacional de seguridade Social

De modo não só a impedir a ‗sangria‘ que vem sendo importa ao setor nas últimas décadas, mas, também com o fim de tornar clara a existência repetida do superávit orçamentário, o que implica reconhecer que as contribuições criadas para o financiamento das 3 (três) áreas da Seguridade social são suficientes para assegurar o pagamento de todos os benefícios atuais, gerando ano após ano saldos orçamentários que deveriam constar no orçamento dos anos seguintes, possibilitando uma sensível melhoria nas políticas de saúde, assistência e previdência social (CUT, 2003, p. 01) Em torno da contrarreforma da Previdência Social que o Governo pretendia realizar a CUT (2003, p. 02) argumentou que não ia aceitar discussões pautadas em um viés meramente econômico, mas que o debate deveria ser em torno de

conceitos, não de números ―objetivando atingir uma efetiva justiça social e não apenas o equilíbrio financeiro e atuarial‖. ―Ingênua pretensão‖ essa da CUT por achar que por ser de um partido de esquerda o Governo cumpriria com isso.

A discussão da CUT em torno do RGPS abordava que os problemas financeiros desse regime eram devidos a diversos aspectos, alguns já conhecidos e analisados aqui: alto índice de trabalhadores no setor informal, sem carteira assinada; significativo aumento da perspectiva de vida média dos brasileiros; desvios praticados pelo Tesouro Nacional; altas taxas de sonegação; ineficácia da Procuradoria do INSS em cobrar a dívida ativa previdenciária, estimada em 100 bilhões em 2002; e renúncia fiscal de várias entidades que não recolhem as contribuições previdenciárias. Ou seja, antes de contrarreformar a Previdência é indispensável corrigir essas distorções. Por que os trabalhadores é que tem que perder sempre?

Em relação ao Regime dos servidores públicos a CUT afirmou que qualquer mudança que seja processada nos direitos desses trabalhadores deveria ser para definir critérios de equidade e justiça nas regras previdenciárias, não considerando a unificação dos regimes fundamental para isso. Além disso, para a CUT (2003, p. 05) era indispensável que fosse realizado

Um levantamento prévio sobre o período em que os servidores estavam regidos pela Lei 1.711/52 (no qual a obrigação de realizar as reservas/matemáticas destinadas a custear as aposentadorias dos servidores era do Estado), assim como do período laboral prestado por estes servidores sob a égide da CLT (para fins de compensação previdenciária).

A respeito dos direitos dos servidores públicos tratados pela mídia como privilégios – aposentadoria integral e paridade entre ativos e inativos – a CUT não concordou com esses termos e argumentou que o problema estava no fato de que os recursos arrecadados ao longo de anos, não foram guardados de modo a suprir os pagamentos futuros.

No fim das propostas para o RPPS a CUT (2003) mesclou proposições que trariam avanços com outras que trariam recessões nos direitos previdenciários, propondo

Respeito às expectativas de direito de forma diretamente proporcional;

Fixação de uma meta de definição de teto para os benefícios previdenciários (incluídos os do RGPS), de 20 (vinte) salários mínimos;

As alterações do RPPS deveriam ser progressivas;

Regulamentação do fundo de ativos e bens destinados à cobertura adicional das despesas do RPPS;

Revisão dos critérios de compensação previdenciária, definidos na Lei 9.717/99;

Revisão dos critérios de Previdência Complementar previstas no PL 09, adotando-se o critério de “benefício definido” para a complementação das aposentadorias dos servidores públicos

Gestão bipartite do regime básico e do eventual regime complementar de aposentadoria.

Adoção de medidas de estímulo à permanência do servidor em atividade, tais como a criação de um abono de permanência, a ser pago aos servidores que mesmo tendo completado as condições para a aposentadoria prefiram continuar em atividade.

Apreendemos dessas propostas para o RPPS que, se de um lado a CUT exigiu a defesa dos direitos adquiridos e compensação previdenciária. De outro lado, concordou com algumas restrições nos direitos previdenciários, desde que fossem progressivos, sugeriu a delimitação de um teto de 20 salários mínimos para os benefícios previdenciários, apoiou a iniciativa de regulamentar a previdência complementar para os servidores públicos e, até mesmo, incentivou a criação de um abono de permanência para o servidor que decidisse ficar mais tempo no serviço público, mesmo que tivesse atingido os critérios exigidos para aposentadoria, o que foi contemplado na Emenda nº 41 de 2003.

No VIII CONCUT, em junho de 2003, foi discutido propostas a serem levadas à Câmara dos Deputados e ao Senado, para serem consideradas em suas discussões de contrarreforma da Previdência. Nesse mesmo CONCUT foi eleito o novo presidente da CUT Nacional, Luiz Marinho (apud JORNAL O POVO, 2003), o qual tão logo eleito expressou o posicionamento dessa Central: ―a hora, ainda, é a da negociação. Aprendemos que nem sempre é preciso deflagrar a greve para

alcançar nossos objetivos. Mas, para alcançá-los será sempre preciso estar com a greve preparada‖.

Podemos analisar dessa fala que, tal qual Vicentinho que queria negociar com o Governo FHC, Luiz Marinho, também desejava negociar com o Governo Lula. A esperança era que sendo um governo de esquerda, as propostas seriam mais facilmente aceitas. Desse modo, a greve ou qualquer outra ação mais combativa ficou em segundo plano, enquanto as negociações foram priorizadas. A rejeição à contrarreforma da previdência não estava nos planos da CUT, como mostra Luiz Marinho (apud JORNAL O POVO, 2003)

Nós fizemos ver ao governo e aos parlamentares que essas nossas propostas tinham o significado de uma pauta de reivindicações a ser submetida a um processo negocial. A entrega, na sequência de manifestação pública organizada na Esplanada dos Ministérios, teve o significado de uma abertura formal de negociações entre a CUT e os poderes Executivo e Legislativo federais. Teve o significado também de diferenciar a posição da CUT de outras entidades que querem simplesmente rejeitar a proposta de reforma apresentada pelo governo. Na nossa avaliação, considerando a conjuntura política vivenciada pelo País, esta posição é o caminho mais rápido para que as bandeiras que defendemos sejam derrotadas.

Para a CUT (apud JORNAL O POVO, 2003) a contrarreforma encaminhada ao Congresso Nacional pelo Governo Federal foi fruto de uma discussão restrita aos governadores e o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e possuía inúmeros aspectos que prejudicavam os trabalhadores, tanto do setor público, quanto do setor privado, por isso a CUT apresentou uma resolução com propostas ao Plenário do VIII CONCUT, o qual tratava diretamente de quatorze dispositivos, a maioria direcionada para os trabalhadores do setor público, já que estes foram os principais prejudicados com a contrarreforma de 2003, quais sejam:

Abertura para participação da CUT nas discussões sobre a contrarreforma da Previdência;

Teto dos benefícios previdenciários; Previdência Complementar;

Idade Mínima exigida para aposentadoria;

Critério de cálculo do valor das aposentadorias e pensões; Paridade entre ativos e inativos;

Contribuição de Aposentados e pensionistas;

Regulamentação das atividades especiais no setor público; Aposentadoria especial;

Estabelecimento de mecanismo de proteção para as aposentadorias do INSS; Gestão democrática e paritária para todos os regimes previdenciários;

Seguro de Acidente de Trabalho; Combate à sonegação e

Tratamento dos trabalhadores rurais.

Como analisamos dos temas contemplados nas propostas da CUT, primeiro, ela defendeu a abertura imediata pelo Governo de um processo de negociação com a CUT sobre a contrarreforma da Previdência, o que explicita, mais uma vez, o desejo dessa Central de negociar com os governantes propostas alternativas, ainda que não fossem muito ousadas.

A segunda proposta foi referente ao teto, a CUT continuou propondo a fixação de um teto de vinte salários mínimos, o que segundo ela propiciaria contemplar a grande maioria dos assalariados brasileiros, noventa e cinco por cento (95%). É interessante notar que a CUT mostrou-se contra a enorme diferença que existe entre as remunerações, defendendo a votação imediata da lei que definiria o teto de remuneração dos três poderes.

A terceira proposta atingia os futuros servidores públicos, visto que a CUT propôs que fosse criada entidades fechadas de previdência pública complementar, os chamados fundos de pensão, geridas e financiadas por servidores e o Governo, para aqueles trabalhadores que ingressassem no serviço público após à contrarreforma. Essa foi uma estratégia utilizada também pelo Governo Lula, atacar os direitos dos futuros servidores, acabando extinguindo direitos, com o passar dos anos, como é o caso da aposentadoria integral, tendo em vista que como os atuais servidores não seriam feridos, então não havia motivos para reivindicação.

Os defensores dos Fundos de pensões que os veem como alternativa para complementar a remuneração dos servidores podem considerar essa proposta muito pertinente, contudo, já discutimos anteriormente a insegurança e incerteza trazidas pela previdência complementar. Desse modo, muda-se o foco da luta: em vez de lutar pela ampliação da Previdência pública, propõem-se a complementaridade

proporcionada pelos fundos de pensão, incentivando o processo de privatização da Previdência Social.

No que concerne à idade para aposentadoria dos trabalhadores do setor público a CUT (2003, p. 01) propôs

A manutenção das regras em vigor, para os servidores que ingressarem no serviço público após 16.12.1998 e do critério de transição vigente (para aqueles que já eram servidores em 1998), cuja idade mínima ficou fixada em 53 e 48 anos (homens e mulheres, respectivamente).

A CUT não propôs alterações aos critérios para aposentadoria formulados na contrarreforma anterior, no Governo FHC. Parecia melhor deixar como estava do que piorar a situação, como pretendia o Governo Lula.

Atitude semelhante aconteceu no que se refere aos critérios para cálculo do valor das aposentadorias e pensões. A CUT defendeu a manutenção das regras de cálculo balizadas pela integralidade em relação à última remuneração do servidor em atividade. Contudo, mais uma vez, cedeu brecha para o prejuízo dos futuros servidores, quando defendeu para os trabalhadores que ingressasse no serviço público após a aprovação da Emenda, a fixação de um teto de aposentadoria no valor de vinte salários mínimos – na época 4.800,00 – mais a ―oportunidade‖ de contribuir para um fundo de previdência complementar se a remuneração excedesse ao teto.

Com relação à paridade entre ativos e inativos a CUT defendeu a manutenção do princípio da paridade, porém, fez uma ressalva

Que os benefícios ou vantagens salariais novas (não relacionadas com reajustes salariais destinados a repor o poder aquisitivo corroído pela inflação), sofram a incidência de contribuições assegurando o princípio contributivo, cabendo ao órgão previdenciário aplicar o cálculo atuarial para que o novo benefício seja devidamente financiado (CUT, 2003, p.02).

No que diz respeito a um dos fatores mais polêmicos na proposta do Governo Lula: a contribuição dos aposentados e pensionistas, pretendida por FHC e, felizmente, derrubada, mas não por muito tempo, a CUT manifestou-se contra tal contribuição. Sem dúvida essa proposta foi absurda como expõe, muito bem Souza (2004, p. 117-118)

Em primeiro lugar, em nenhum país sério do mundo, quem já está aposentado ou é pensionista, contribui para o sistema previdenciário. [...] Seja pelo regime de capitalização ou de repartição, aposentou-se ou entrou em regime de pensão, está fora. [...] Em segundo, a cobrança é odiosa, é um atentado aos direitos humanos, aos direitos sociais, ao pacto entre gerações, é uma violação do princípio contributivo: ninguém deve contribuir para o que não lhe reverterá. Em terceiro, os aposentados e pensionistas, públicos e privados, não podem nem devem ser responsabilizados pelo déficit fiscal. Não foram eles os causadores do desequilíbrio das contas públicas. [...] Em quarto, a contribuição reivindicada será uma gota d‘água no oceano. Em termos de valores absolutos será inexpressiva. A contribuição dos ativos é de R$ 23 bilhões com inativos. A contribuição dos inativos seria de apenas R$ 1,8 bilhão. Não será por essa trilha que o Tesouro terá suas contas arrumadas.

Em relação às atividades realizadas pelos servidores públicos em condições insalubres, perigosas, periculosas ou penosas a CUT considerou que precisava ser regulamentada naquela contrarreforma prevendo aposentadoria aos 15, 20 e 25 anos de trabalho de acordo com o tipo de atividade desenvolvida, da mesma forma como já era no serviço privado. O cerne da proposta da CUT era que as atividades especiais no setor público precisavam de regulamentação, seguindo os mesmos critérios e condições presentes no setor privado, na medida em que a natureza e a lesão causada nos agentes são as mesmas.

Inclusive, a CUT defendia na proposta posterior a manutenção da aposentadoria especial para aqueles servidores que sofressem desgaste físico e mental ao exercer sua função, incluindo os professores do ensino fundamental e médio.

Numa outra proposta a Central Única dos Trabalhadores (CUT) propôs o estabelecimento de um mecanismo para proteger o valor das aposentadorias do INSS, tendo em vista que com a aprovação do fator previdenciário, em 1999, houve uma significativa redução no valor da aposentadoria, quando comparado ao último salário em atividade, atingindo igualmente aposentados com rendas distintas.