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PRÁTICA DOCENTE: UMA AÇÃO CONSTANTE DE INFORMAÇÃO

4 A PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO NO BRASIL

4.2 PRÁTICA DOCENTE: UMA AÇÃO CONSTANTE DE INFORMAÇÃO

Ensinar passou a ser uma tarefa formal assumida pela educação escolar a partir do momento em que a sociedade delegou à escola a responsabilidade pela inserção dos homens na convivência com seus semelhantes e na participação ativa junto à sociedade. A educação, numa perspectiva mais ampla, não acontece somente na escola, mas ainda assim, ela assume a posição ativa no processo de contribuir significativamente com a construção de conhecimentos relevantes para a prática social.

Segundo Santiago e Marin (2010, p.39) “a educação, em sua dimensão mais ampla, não ocorre somente na escola, mas é nela que se espera que homens e mulheres aprendam, ou possam construir conhecimentos úteis e necessários ao convívio social”. Sendo assim, entende-se que o educador dará condições para que o aluno possa construir conhecimentos, a partir do processo de ensino-aprendizagem, e que esses conhecimentos façam sentido à vida prática dele, proporcionando assim, que ele intervenha como cidadão na sociedade.

Nesse contexto, o papel do educador engloba, dentre outras coisas, o auxílio aos indivíduos no entendimento da sociedade para exercerem um posicionamento mais crítico acerca da realidade em que vivem. Assim, através dessa capacitação poderão atuar de maneira mais atuante na sociedade sendo capazes de julgar questões no campo social, econômico, cultural e político em prol de si mesmo e da coletividade.

O educador tem uma missão muito importante no processo de transformação de uma sociedade através de sua prática docente diária. Apesar de que, infelizmente, no Brasil, esses profissionais não têm a sua importância traduzida em bons salários e boas condições de trabalho, ao contrário, a maioria deles sofre com a insegurança em sala de aula, baixa remuneração e condições de trabalho precárias. Mesmo com todas as dificuldades apresentadas, os profissionais da educação necessitam de uma formação continuada para ter condições de acompanhar as mudanças da sociedade e continuar com o objetivo de formar cidadãos mais críticos.

Nesse contexto, é interessante ressaltar a necessidade da formação permanente dos docentes na intenção de aprimorar a reflexão crítica sobre a prática docente, e assim a prática do passado ou do presente possa sempre ter a possibilidade de ser renovada para o futuro (Freire, 2013). Nesse sentido, o professor vai sentir a necessidade de utilizar informação atualizada para aplicar em sala de aula, em pesquisas e no próprio desenvolvimento intelectual. Dessa maneira, a busca por informação tornar-se algo incessante produzindo cada vez mais a necessidade de preencher vazios cognitivos que se apresentam no desenvolvimento

de atividades do cotidiano. O profissional da educação deve buscar se aperfeiçoar naquilo que faz, a formação continuada é parte integrante de seu aprimoramento e desenvolvimento profissional. Dessa maneira, o docente se mantém em constante pesquisa, num processo de formação que nunca tem fim. De acordo com o pensamento das autoras Gasque e Costa (2003, p.55):

A formação continuada é importante para que o professor se atualize constantemente e desenvolva as competências necessárias para atuar na profissão. A ideia de competência parece, então, transbordar os limites dos saberes, ou seja, o professor deve possuir tanto conhecimentos quanto competências profissionais que não se reduzem somente ao domínio dos conteúdos ensinados.

Segundo as autoras, o professor precisa adquirir competências profissionais que o possibilitem desenvolver sua prática docente não apenas através dos conhecimentos que ele pretende transformar em conteúdo, mas antes de tudo, é necessário que ele esteja capacitado para lidar com as novas ferramentas que podem ser utilizadas na esfera educacional na atualidade, principalmente em função de tornar o ensino atraente aos olhos dos alunos e dinâmico do ponto de vista pedagógico. Ensinar requer constante reflexão crítica sobre a ação docente, é necessário inserir-se no processo de formação permanente para redefinir estratégias, aperfeiçoar os conhecimentos, buscar novos horizontes e saberes, novas habilidades e novas estratégias de ensino.

Perrenoud et al (2002) define competência como uma aptidão para enfrentar situações semelhantes mobilizando múltiplos recursos cognitivos, sejam eles saberes, atitudes, capacidades, informações, valores, percepção e raciocínio. Para isso, é importante que o docente se capacite em prol de obter domínio sobre essas ferramentas que o conduzirão ao caminho da competência profissional.

Nesse contexto, a pessoa que educa, em quanto se capacita, estará também na posição de aprendente em constante busca pelo aperfeiçoamento de sua prática. De acordo com Freire (2013, p. 25) “... embora diferentes entre si, quem forma se forma e reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado”, para ele não existe docência sem discente, quem ensina aprende e quem aprende ensina também.

No pensamento de Maldaner (2010, p. 18) “O professor, ao envolver-se plenamente em refletir o seu fazer, pensando teoricamente sobre ele, produz novas compreensões e significados para esse fazer”, ou seja, o aperfeiçoamento da prática educativa acontece à medida que o professor reflete acerca da sua prática. Essa reflexão deve fazer parte do

cotidiano do docente para que ele possa sempre repensar a docência de uma forma que possa enriquecer a prática de ensino. A prática docente precisa ser reinventada, sempre, para que o seu objetivo principal (a educação dos alunos) tenham mais possibilidades de sucesso.

O profissional da educação deve ter o entendimento de que a continuação da sua formação é parte indispensável da atualização dos conhecimentos em razão da prática docente. Sendo assim, esse profissional será capaz de conduzir seus alunos a uma construção permanente de novos conhecimentos, se colocando no papel de mediador entre o conhecimento e seu produtor. Instigando a curiosidade, a descoberta de novas possibilidades e, antes de tudo, a autonomia do estudante. A ação docente bem sucedida deve conduzir o aluno numa trajetória onde ele será capaz de atribuir sentido às informações que tem acesso, e dessa maneira construir significado acerca da realidade em que vive.

Diante dos desafios diários inerentes ao fazer docente, sempre vai existir a necessidade informacional para a solução de algum problema ou situação, a busca pela informação será sempre uma constante, pois a cada dia surgem novas problemáticas em sala de aula que conduzirão o professor ao processo informacional da busca e uso. O estoque mental de conhecimento demanda atualização constante. Portanto, se faz necessária a formação continuada no sentido de que o professor esteja preparado para lidar com as inúmeras situações do dia a dia.

De acordo com o pensamento de Gauthier (1998, p.27) o ensino é “a mobilização de vários saberes que formam uma espécie de reservatório no qual o professor se abastece para responder a exigências específicas de sua situação concreta de ensino”. Portanto esse abastecimento do qual o autor se refere está relacionado com o estoque de informações que demandam da prática educativa. Podendo esse estoque ser consultado sempre que houver necessidade.

Segundo Dervin (2008) o estoque de informações que o indivíduo adquire ao longo de sua vida pode ser utilizado no momento em que ele se depara com uma situação problema a ser resolvida e percebe um estado insuficiente de conhecimento. Nesse momento ele faz uso de estratégias que possibilite construir uma ponte que conduza-o até a informação que ele necessita. Essas estratégias são exatamente as informações que ele foi adquirindo ao longo do tempo.

Nesse sentido, fazendo uma análise na perspectiva do comportamento informacional, os professores são entendidos como usuários de informação, à medida que esse comportamento representa uma necessidade em razão da prática docente. (GASQUE E COSTA, 2003).

Uma relação entre a Ciência da Informação e a Educação se estabelece no momento em que o professor assume o papel de usuário da informação em virtude da atualização do seu estoque mental de conhecimento para atuar como mediador da construção de novos conhecimentos a partir da prática educativa gerando transformações na estrutura mental do aluno.

É importante destacar que o professor também é um mediador entre fontes e canais de informação relevantes, é através dele que os alunos conhecem o potencial informacional desses instrumentos responsáveis por disseminar o conhecimento científico acumulado pela humanidade.

De acordo com o pensamento de Libâneo (1994) o campo de atuação do professor é a escola, e nesse ambiente ele deve assegurar os alunos quanto ao domínio de conhecimentos e habilidades, promoção do desenvolvimento de capacidades intelectuais, da autonomia de pensamento crítico no sentido de serem capazes de contribuir significativamente com a sociedade, inclusive, participando de movimentos que visem transformações no sentido de melhores condições de vida para todos. Delors (1998, p. 157) destaca que:

O trabalho do professor não consiste simplesmente em transmitir informações [...], mas em apresentá-los sob a forma de problemas a resolver, situando-os num contexto e colocando-os em perspectiva de modo que o aluno possa estabelecer a ligação entre a sua solução e outras interrogações mais abrangentes. A relação pedagógica visa o pleno desenvolvimento da personalidade do aluno no respeito pela sua autonomia [...].

O professor tem uma participação ativa no processo de transmissão de informação para a geração de novos conhecimentos, sendo esse o ponto de partida para indagações mais complexas. Segundo Marteletto (1995, p. 21) essa informação, “na Ciência da Informação, por exemplo, é considerada ora como elemento redutor de incertezas, ora como recurso para a tomada de decisão ou ainda como modificadora da estrutura cognitiva do receptor”.

Nesse contexto, o professor é visto como agente de informações e as informações como ferramentas indispensáveis na construção de novos conhecimentos. No que concerne a aspectos sociais, mudanças relevantes podem acontecer a partir da produção e uso do conhecimento concebido pelos discentes em virtude do pensamento crítico, reflexivo e criativo desenvolvido sobre o pilar da prática educativa.

Nessa perspectiva a pratica docente toma uma dimensão social à medida que idealiza a formação de sujeitos conscientes, capazes de levantar questionamentos na esfera social, cultural, política e econômica.

É possível compreender a educação como um mecanismo importante na melhoria da sociedade. A educação como um componente indispensável na busca por um mundo melhor, onde o professor tem papel importante na construção de novos saberes. O docente comprometido é um profissional que assume sua responsabilidade social, dando a sua parcela de contribuição na busca por um mundo mais justo, de esperança e não de medo, no qual as mudanças necessárias devam ser realizadas.

A educação em nível superior tem muito para contribuir com a sociedade em virtude de ser o momento em que o indivíduo escolhe uma carreira específica para seguir, provavelmente, por muito tempo senão para a vida toda. Em razão disso, a responsabilidade do profissional docente cresce porque ele é formador de opinião e tem a possibilidade de transformar a vida daqueles que estão em busca de conhecimento. Sendo assim, mais tarde quando o indivíduo resolve entrar na pós-graduação para especificar o seu conhecimento mais uma vez o papel do docente é indispensável porque ele tem a possibilidade de conduzir o aprendente para novas dimensões antes não imaginadas.

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