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2. CAPITULO 2: O ESTADO DA ARTE

2.3. PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO, PRÁTICAS DE GESTÃO E A QUESTÃO

2.3.1. PRÁTICAS DE GESTÃO

As organizações devem promover mecanismos e práticas que suportem ou incentivem a criação de um conhecimento organizacional (GOMES, G.; WOJAHN, 2017). Estes mecanismos incluem a socialização, internalização e externalização, bem como todas as práticas de gestão que estabelecem um clima propício à aprendizagem (MBENGUE; SANÉ, 2013 apud GOMES; WOJAHN, 2017).

Estas práticas são a essência da capacidade de aprendizagem organizacional, que pode ser definida como o conjunto de práticas de gestão que facilitam o processo de aprendizagem, ou mesmo como um conjunto de mecanismos que aumentam a capacidade de organização para manter e melhorar seu desempenho (CHIVA; ALEGRE; LAPIEDRA, 2007).

Uma prática pode ser compreendida como os processos que uma empresa aplica para aperfeiçoar a forma como gerencia seus negócios (HANSON; VOSS, 1995). Os subsídios básicos de uma prática são as rotinas que frequentemente são padronizadas com regras institucionais e procedimentos operacionais (WELLSTEIN; KIESER, 2011).

As organizações se esforçam para implementar o máximo de "boas", senão "melhores" práticas quanto possível, com o intuito de ampliar sua vantagem competitiva. Uma "melhor prática" pode ser compreendida como como um conjunto de atividades de trabalho interrelacionadas, que é utilizada repetidamente por indivíduos ou grupos onde um conjunto de conhecimentos demonstram que produzirão um ótimo resultado (SZULANSKI, 1996; TUCKER; NEMBHARD; EDMONDSON, 2007).

Cada organização deve tomar decisões estratégicas sobre diversos aspectos como onde e como competir, definindo critérios para que seja capaz de medir o progresso e sucesso observados através de um conjunto de práticas (KUULA et al., 2012, p.108 apud CASTRO; FRAZZON, 2017).

O termo “Gestão” significa fazer as coisas de forma eficaz através das pessoas para alcançar os resultados desejados. Isso requer uma combinação de liderança, comunicação e habilidades de pessoas (LUKE, 2011 apud GOMES; WOJAHN, 2017). É necessário considerar que a capacidade de aprendizagem de uma organização pode ser definida como a habilidade da mesma em processar o conhecimento ou seja, a capacidade de criar, adquirir, transferir e integrar conhecimento bem como, modificar o comportamento para refletir a nova situação cognitiva, com o objetivo de melhorar o desempenho organizacional (JEREZ-GÓMEZ; CÉSPEDES-LORENTE; VALLE-CABRERA, 2005).

A aprendizagem organizacional pode se manifestar nos esforços para o desenvolvimento de produtos, resultando em práticas e habilidades para a inovação (MCKEE, 1992).

O uso das melhores práticas para transferir conhecimento tem sido um tópico popular nas últimas duas décadas, trabalhando como uma ferramenta de gestão para atingir ou exceder metas de desempenho. Uma porcentagem significativa da literatura considera as melhores práticas como chave para compreender a competição global e movimentar as organizações para o alto desempenho (WHITTLEET et al., 1992, SZULANSKI, 1996, O'DELL; GRAYSON,

1998, DAVIES; KOCHHAR, 2002, WATSON, 2007 apud ALWAZAE; KJELLIN; PERJONS, 2014).

Apesar dos méritos das melhores práticas, o escopo, o contexto e a definição, as melhores práticas estão relacionadas a diferentes âmbitos e contextos. O termo “Melhores práticas” também pode ser definido como a forma mais eficiente (menor quantidade de esforço) e eficaz (melhores resultados) de realizar uma tarefa, com base em procedimentos repetíveis que têm provado ao longo do tempo para um grande número de pessoas (GRAUPNER apud ALWAZAE; KJELLIN; PERJONS, 2014).

As melhores práticas podem ser percebidas como um exemplo ideal de como executar melhor uma tarefa específica, não as enxergando como leis que definem como as coisas deveriam ser feitas, mas sim como exemplo ideal mostrando como fazê-lo (SZULANSK apud ALWAZAE; KJELLIN; PERJONS, 2014). As melhores práticas podem ser observadas sob três níveis: uma boa ideia, uma boa prática, e uma melhor prática comprovada; ainda são atividades que são usadas pelas organizações mais eficazes para gerenciar e operar diversas funções (JARRAR; ZAIRI, 2000; TURBAN et al., 2011 apud ALWAZAE; KJELLIN; PERJONS, 2014).

Essas definições não se concentram apenas no conteúdo das melhores práticas, mas também implicitamente apontam que a implementação de melhores práticas conduzirá à melhoria do desempenho.

A maioria das definições de melhores práticas pode variar significativamente entre os pesquisadores, onde a maioria parece concordar que uma prática está associada a uma perspectiva competitiva ou colaborativa. Na perspectiva competitiva significa que as melhores práticas estão focadas em tornar um produto, um serviço ou uma prática mais competitiva ou bem-sucedida, enquanto que na perspectiva da colaboração significa que as melhores práticas estão se concentrando no compartilhamento de conhecimento colaborativo para a criatividade e engenhosidade ou inovação (ALWAZAE; KJELLIN; PERJONS, 2014).

Nesse sentido, são acolhidas práticas adotadas pelas empresas de melhor desempenho, que tentam transformas as "melhores práticas para todas as empresas", sem considerar os potenciais fatores influentes no ajuste da prática assim, geralmente também é aceito que as melhores práticas conduzem a um desempenho superior (LEE et al., 2005; LAUGEN et al., 2005; DAVIES; KOCHNAR, 2002 apud CASTRO; FRAZZON, 2017).

As instituições de ensino superior têm práticas "emprestadas" desenvolvidas nos negócios. De acordo com Chaffee (1985), a introdução e utilização de práticas como

planejamento – programação-sistemas de orçamentação (PPBS), gerenciamento por objetivos (MBO) e orçamento base-zero são exemplos dessas práticas (MAASSEN; POTMAN, 1990).

Com o intuito de atingir os objetivos previamente definidos, foi preciso listar e identificar as variáveis componentes do modelo conceitual, a começar pelas práticas de gestão (Variáveis Dependentes). Desta forma, o Quadro 3 apresenta parcialmente as práticas identificadas neste estudo. A lista completa das práticas encontra-se no Gestão. Embora algumas práticas apresentem-se com nomes semelhantes, optou-se por preservá-la uma vez que podem ter sido extraídas em contextos diferentes. O tratamento que será dado a estas práticas posteriormente eliminará quaisquer redundâncias nesse aspecto.

Quadro 3 - Lista de Práticas de Gestão

Código da

Prática Nome da Prática Ano Autor Título

0001 Adotar o Gerenciamento dos recursos humanos considerando

aspectos multiculturais 2005 Zhou, Yuanqiang; Lu, Lei; Jiang, Bo Study on staff management practice of multinational company affiliates in China. 0002

Adotar o gerenciamento dos membros de equipe

considerando as Diferenças Culturais

2005 Zhou, Yuanqiang; Lu, Lei; Jiang, Bo Study on staff management practice of multinational company affiliates in China.

0003 Adotar metas de aprimoramento de comunicação efetiva entre os

membros da equipe 2005 Zhou, Yuanqiang; Lu, Lei; Jiang, Bo Study on staff management practice of multinational company affiliates in China. ... ... ... ... ...

2844 Possuir ações-respostas previamente estabelecidas 2014

Fernandes, Gabriela; Ward, Stephen; Araújo, Madalena; Loureiro, Isabel; Braga, Ana Perceptions of Different Stakeholders on Improving and Embedding Project Management Practice in Organisations

2845 Envolver os stakeholders nos projetos da organização 2014

Fernandes, Gabriela; Ward, Stephen; Araújo, Madalena; Loureiro, Isabel; Braga, Ana Perceptions of Different Stakeholders on Improving and Embedding Project Management Practice in Organisations

A identificação das práticas de gestão é fundamental no contexto deste trabalho, uma vez que tem por objetivo encontrar qual a influência dessas práticas na performance das IES considerando o efeito moderador dos recursos, que será o foco da próxima seção.