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Práticas do Professor Titular de Turma

Parte I – Contextualização e itinerário formativo

2. Percurso enquanto futura Educadora de Infância

1.2. Caracterização da turma e da equipa educativa

1.2.2. Práticas do Professor Titular de Turma

No início do ano letivo, o Professor Titular de Turma definiu os objetivos que pretendia cumprir, as metas que desejava alcançar e as estratégias que iria implementar, tendo por base o Projeto Curricular de Turma do ano anterior.

Os objetivos definidos ambicionavam a promoção do sucesso escolar, a melhoria dos comportamentos e das atitudes dos alunos da turma, a participação das famílias no processo de ensino e aprendizagem e o desenvolvimento de uma cultura positiva na construção de uma cidadania democrática e de valores36.

Todos estes objetivos tinham um fim comum: contribuir para o desenvolvimento harmonioso da personalidade dos indivíduos, incentivando a formação de cidadãos livres, responsáveis, autónomos e solidários, promovendo o espírito democrático (Lei n.º 46/86, de 14 de outubro).

35Método de ensino e de reeducação da leitura e da escrita, multissensorial, fonomímico, estruturado e

cumulativo que tem como grande objetivo a melhoria das competências de linguagem e escrita (Teles, & Machado, 2005).

36

42 Para além dos objetivos definidos para toda a turma, e tal como foi referido anteriormente, o Professor Titular de Turma estabeleceu algumas estratégias a implementar com cada um dos alunos com dificuldades de aprendizagem.

Seguindo os princípios orientadores da ação pedagógica no 1.º CEB, onde é expresso que se deve dar aos alunos a oportunidade de estes “realizarem experiências de aprendizagem ativas, significativas, diversificadas, integradas e socializadoras que garantam (…) o direito ao sucesso escolar” (Ministério da Educação, 2004, p. 23), o Professor Titular de Turma tencionava contribuir para a formação integral dos seus alunos através de uma perspetiva global e de inclusão.

Nesse sentido, pretendia a consciencialização de todos para a necessidade de se construir uma sociedade mais capaz e mais solidária (Araújo, 2008), onde a salvaguarda do respeito pelo outro e a consciencialização de valores como a democracia, o pluralismo das ideias e a competência eram objetivos exequíveis (Marchão, 2012).

A negociação entre o Professor Titular de Turma e os alunos relativamente ao que se ia fazer era mínima, sendo os alunos pouco envolvidos na tomada de decisões e sendo as aulas, na sua maioria, de carácter expositivo.

Importa referir que é importante envolver os alunos em processos de negociação, para que estes aprendam a ser mais autónomos, responsáveis, críticos e reflexivos. Estes processos permitem ainda definir o modo como a aprendizagem se irá desenvolver, sistematizar, registar e avaliar (Roldão, 1999; Zabalza, 2003).

No entanto, durante as aulas expositivas, o Professor Titular de Turma dialogava com os alunos, não só sobre os conteúdos previstos no currículo, mas também sobre assuntos de cultura geral e da História de Portugal.

No decorrer das aulas, era valorizada a exposição do Professor Titular de Turma e a comunicação entre este e a turma. Contudo, não existia espaço para interações entre alunos, a não ser quando estes realizavam as atividades propostas mais rapidamente e se dispunham a ajudar os colegas com mais dificuldades.

43 Neste sentido, seria importante a implementação de hábitos de trabalho em pequeno e em grande grupo, pois “apesar de aprender ser uma atividade individual, [esta] não tem de ser solitária” (Cardoso, 2013, p. 211).

A disposição dos alunos para ajudar, sendo a característica essencial da aprendizagem cooperativa, levava-os a construírem os seus próprios conhecimentos através das interações que estabeleciam com os seus pares (Lopes, & Silva, 2009), o que se tornava fundamental no seu processo de ensino e aprendizagem.

O manual escolar era o recurso privilegiado durante a lecionação das aulas, sendo por vezes acompanhado de outros recursos didáticos como o CD multimédia. Correia e Matos (2001) defendem que este recurso – manual escolar – envolve e desenvolve um sistema de relações sociais complexas que determina muito do que se passa no campo do ensino e da aprendizagem, sendo considerado como um dos principais eixos estruturantes do currículo e também um importante referencial da ação pedagógica.

No entanto, é importante que o manual escolar seja utilizado como um auxiliar e não como o único meio de ensino ou como a única fonte para a construção da aprendizagem.

Apesar de se valorizar muito a expressão oral, a expressão escrita não era descurada, existindo, ao longo do dia, diversos momentos que possibilitavam o seu desenvolvimento.

Cardoso (2013) refere que estimular a escrita traz vantagens: ajuda a organizar as ideias e a aumentar o vocabulário, ajuda a comunicar e, assim, promover a cidadania e a inclusão social, e promove, indiretamente, a leitura.

1.2.3. Restante equipa educativa

O clima relacional entre professores e alunos e entre pessoal técnico e alunos era bom e as relações entre adultos eram harmoniosas. Embora algumas vezes existissem diferenças de opinião, essas relações nunca deixavam de ser pacíficas e

44 respeitosas, tendo sempre como objetivo principal o bem-estar e o bom aproveitamento escolar dos alunos.

Os Professores Titulares de Turma, os Professores das AEC e o pessoal técnico trabalhavam em equipa e de forma coordenada, desenvolvendo atividades transversais a todas as disciplinas e a todas as áreas de conteúdo.

Esta capacidade de trabalhar em equipa é fundamental nas escolas, pois através dela é possível mobilizar novos conhecimentos e “encaminhar os alunos para suprirem lacunas em algumas matérias” (Cardoso, 2013, p. 102).

Existia ainda uma relação muito próxima entre a população escolar e as famílias, o que permitia um trabalho conjunto e uma fusão de esforços coerente e muito importante para o desenvolvimento harmonioso e global dos alunos.

1.3. Planificação e avaliação

Tal como o/a Educador(a) de Infância, também o/a Professor(a) do 1.º CEB sente a necessidade de planificar a sua ação pedagógica.

Neste sentido, o Professor Titular de Turma elaborou planificações mensais e anuais, tendo em conta a observação da turma e de cada um dos alunos que a compõe. Contudo, a planificação não deve ser encarada como algo rígido, “mas sim como um fio condutor [da] prática pedagógica” (Lage, 2010, p. 30).

As planificações eram flexíveis e, ao longo do ano letivo, a turma envolveu- se em diversos projetos extracurriculares, como é o caso dos Projetos “aLeR+” (desenvolvido em parceria com a biblioteca escolar), “Eco-Escolas” (criado no âmbito da Educação Ambiental), “Green Cork” (campanha de recolha de rolhas de cortiça para reciclagem), “Heróis da Fruta” (aplicado no âmbito da alimentação saudável), “Crescer com as Árvores” (incrementado no âmbito da preservação das espécies arbóreas endógenas da localidade), “Escola Alerta” (campanha de sensibilização para a igualdade de oportunidades e para os direitos humanos), “Flute Master” (jogo promotor da aprendizagem da flauta de bisel trabalhado na AEC de

45 música), “Solidariedade com Cabo Verde” (angariação de material escolar e de vestuário para as crianças da Ilha do Fogo) e “Artistas Fora de Portas” (realizado pelas alunas estagiárias no âmbito da prática educativa).

Todos estes projetos ambicionavam o envolvimento das famílias dos alunos e da comunidade num ideal de escola aberta, valorizando-se a escola enquanto instituição promotora da constante interação com o meio envolvente.

Assim, torna-se importante que a escola complemente a família, para que, juntas, se convertam em espaços agradáveis para a convivência de todos, contribuindo, assim, para uma educação de qualidade, tanto em casa como na escola (Baltazar, Moretti, & Balthazar, 2006).

Um outro processo fundamental em qualquer nível de ensino é a avaliação. Esta tem como objetivo melhorar o ensino “através da verificação dos conhecimentos adquiridos e das capacidades desenvolvidas nos alunos” (artigo 23.º do Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho). Deste modo, o Professor Titular de Turma recorria às três modalidades de avaliação – diagnóstica, formativa e sumativa.

A primeira “visa facilitar a integração escolar do aluno, apoiando a orientação escolar e vocacional e o reajustamento de estratégias de ensino”, a segunda “gera medidas pedagógicas adequadas às características dos alunos e à aprendizagem a desenvolver” e a terceira “dá origem a uma tomada de decisão sobre a progressão, retenção ou reorientação do percurso educativo do aluno” (idem, artigo 25.º).

Para além destas três modalidades, o Professor Titular de Turma recorria ainda às avaliações semanais, mensais e trimestrais, através das quais efetuava registos escritos, provas orais e registos de observação ocasionais e estruturados.

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1.4. Oferta educativa

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