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Parte I – Contextualização e itinerário formativo

2. Percurso enquanto futura Educadora de Infância

1.2. Caracterização da turma e da equipa educativa

1.2.1. Turma do 2.º ano de escolaridade

A turma do 2.º ano de escolaridade era constituída por 21 alunos com idades compreendidas entre os 7 e os 8 anos, sendo 12 do sexo masculino e 9 do sexo feminino, tendo todos os alunos frequentado a Educação Pré-Escolar.

O grupo integrava um aluno de nacionalidade ucraniana, três alunos com NEE de caráter permanente, três alunos com dificuldades de aprendizagem e um aluno portador de uma doença oncológica30.

Importa referir que não se respeitou o Despacho n.º 5048-B/2013, de 12 de abril, onde é expresso que as turmas que integram alunos com NEE de carácter permanente devem ser constituídas por 20 alunos, no máximo, “não podendo incluir mais de 2 alunos nestas condições” (art. 19.º).

30Aluno acompanhado pelo Hospital Pediátrico de Coimbra desde o dia 2 de dezembro de 2013.

Devido à sua doença e ao impedimento de frequentar a escola, encontra-se abrangido pela Lei n.º 71/2009, de 6 de agosto, conjugada com o Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, e com a Lei n.º 28/2008, de 12 de maio, beneficiando de apoio pedagógico domiciliário.

38 Contrariamente ao que acontece nos Jardins de Infância, as crianças com idades compreendidas entre os 7 e os 12 anos, intervalo que abrange as idades dos alunos da turma, começam a formar pequenos grupos de amigos com quem partilham interesses. Essa partilha põe de parte o egocentrismo característico do estádio pré- operatório de Piaget, passando a existir mais interação e começando a desenvolver-se a capacidade de se colocar no lugar do outro de forma cognitiva e social – estádio das operações concretas.

Na maioria, os alunos eram autónomos, participativos e curiosos e demonstravam interesse em descobrir e aprender um pouco mais do que o que lhes era dado a conhecer.

O aproveitamento da turma era bom, tendo a maioria dos alunos acompanhado de forma positiva os conteúdos programáticos abordados. Contudo, o aluno de nacionalidade ucraniana apresentou algumas dificuldades relacionadas com a perceção vocabular, uma vez que era exposto à utilização de três línguas diferentes – português, ucraniano e russo.

Para além deste aluno, também os três alunos já mencionados como tendo dificuldades de aprendizagem apresentaram resultados escolares inferiores aos dos restantes alunos da turma, tendo sido elaborado pelo Professor Titular de Turma um Plano de Acompanhamento Individual para cada um deles.

De um modo geral, a turma era interessada e motivada e os alunos dispunham-se a ajudar os colegas com mais dificuldades.

É extremamente importante que se incuta nos alunos este sentido de responsabilidade e de aprendizagem cooperativa, pois permite-lhes construírem o seu próprio conhecimento através da interação social (Lopes, & Silva, 2009). Porém, alguns alunos intervinham constantemente, querendo ser os mais rápidos a terminar as tarefas propostas e revelando, assim, alguma competitividade na resolução dessas tarefas e nos resultados das fichas de avaliação.

39 O comportamento global da turma era bom, embora um pequeno grupo de alunos apresentasse, por vezes, comportamentos incorretos e afastados dos padrões exigidos.

1.2.1.1. Alunos com Necessidades Educativas Especiais de caráter permanente

Tal como já foi referido, a turma integrava três alunos com NEE de caráter permanente que eram acompanhados diariamente pela Unidade de Ensino Estruturado. Esses alunos sofriam de uma Perturbação do Espetro do Autismo31 e estavam a cumprir um Currículo Específico Individual, de acordo com o previsto no artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro.

Os alunos autistas, tal como os alunos ditos “normais”, têm o direito à educação e a escola deve proceder às reorganizações necessárias do processo de ensino e aprendizagem, proporcionando-lhes oportunidades para conviverem com alunos da mesma faixa etária, o que estimula as suas capacidades interativas, evitando o isolamento social (Lopes, 2011).

Contudo, ao longo do estágio, estes alunos raramente permaneceram na sala de aula e, quando o fizeram, foi somente para realizarem atividades individuais que traziam da Unidade de Ensino Estruturado, sendo sempre acompanhados por um(a) Professor(a) de Educação Especial ou por uma assistente operacional de ação educativa.

De acordo com a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), as escolas regulares devem adotar uma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro das suas necessidades, e devem constituir-se como os meios mais eficazes para combater as atitudes discriminatórias, criando assim comunidades mais abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos.

31Distúrbio do neuro-desenvolvimento que provoca dificuldades muito específicas na comunicação e

na interação, estando associadas a dificuldades na utilização da imaginação, na aceitação de alterações nas rotinas e à exibição de comportamentos estereotipados e restritos (Ministério da Educação, 2008).

40 Deste modo, seria importante a convivência destes alunos com a restante turma, o que favoreceria as interações e os contactos sociais e proporcionaria não só o seu desenvolvimento, mas também o dos outros alunos, levando estes últimos a aprenderem a respeitar as diferenças (Lopes, 2011).

1.2.1.2. Alunos com dificuldades de aprendizagem

Os três alunos com dificuldades de aprendizagem32 apresentavam constrangimentos sobretudo na área de Português, tal como já tinha sido diagnosticado ao longo do 1.º ano de escolaridade33.

Estes alunos, embora tivessem sido propostos pelo Professor Titular de Turma para apoio educativo nesse ano letivo, só vieram a participar em sessões de apoio no 2.º ano de escolaridade, no início do mês de fevereiro.

No entanto, sendo o apoio educativo uma medida de promoção do sucesso escolar e de combate ao abandono escolar (Despacho Normativo n.º 6/2014, de 26 de maio) seria importante que este grupo de alunos tivesse tido esse apoio ainda durante o 1.º ano de escolaridade.

Um dos alunos veio sinalizado do Jardim de Infância como tendo NEE ao nível da terapia da fala. Porém, este não teve qualquer tipo de apoio do Agrupamento nesta área. Importa referir que, após a referenciação de qualquer aluno, a avaliação deverá ficar concluída no prazo máximo de 60 dias com a aprovação do Programa Educativo Individual (Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro), o que não sucedeu.

Face ao exposto, o aluno foi avaliado pela equipa de Educação Especial no 1.º ano de escolaridade, tendo sido referido que “se esgotaram todas as medidas de apoio antes de o sinalizar como tendo NEE”34.

32Considera-se que um aluno tem dificuldades de aprendizagem quando apresenta insucesso escolar,

especialmente nas áreas do Português (leitura e escrita) e da Matemática (cálculo) (Correia, 2004).

33Projeto Curricular de Turma (2013/2014). 34

41 O analfabetismo da mãe foi também um fator que afetou o percurso escolar deste aluno, uma vez que esta não lhe conseguia prestar o apoio necessário. Deste modo, foi-nos proposto que, enquanto o estágio decorresse, lhe fornecêssemos apoio individual, recorrendo ao Método Distema35.

Relativamente aos restantes dois alunos, as suas dificuldades resultavam principalmente da falta de concentração e de atenção assim como de ausência de estudo e de trabalho. Para atenuar estas falhas, os alunos foram mudando várias vezes de lugar, procurando gerir-se o comportamento, promover-se a ajuda entre pares e encontrar-se o equilíbrio desejado em termos de estímulos de atenção.

O Professor Titular de Turma definiu ainda algumas estratégias a implementar com cada um destes alunos, tendo por base as dificuldades diagnosticadas.

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