• Nenhum resultado encontrado

1. INTRODUÇÃO

2.4 OS PRÊMIOS DA QUALIDADE

2.4.2 Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ (Brasil)

Muito semelhante ao Prêmio Europeu da Qualidade e ao Prêmio Malcolm Baldrige (MBNQA) é o brasileiro Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), do qual emprestou muitos de seus critérios e de suas características. Em 1991, no Governo Collor, foi criada a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ) por representantes de 39 organizações brasileiras dos setores público e privado. Sua principal função era administrar o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) e as atividades decorrentes do processo de premiação em todo o território nacional, bem como fazer a representação institucional externa do PNQ nos fóruns internacionais. A premiação iniciou-se no ano seguinte, 1992, e até hoje 41 empresas de diversos setores foram congratuladas com o prêmio.

2.4.2.1 A Fundação Nacional da Qualidade – FNQ (antiga FPNQ)

Até 2004, a então chamada de FPNQ (Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade) havia cumprido seu objetivo inicial, que era o de estabelecer o PNQ, seguindo as melhores práticas internacionais. Em 2005, visando se tornar um dos principais centros mundiais de estudo, debate e irradiação de conhecimento sobre Excelência em Gestão, mudou sua denominação para FNQ - Fundação Nacional da Qualidade, nomenclatura que mantém até os dias atuais.

Segundo o site da FNQ2, a retirada da palavra Prêmio do nome evidencia uma nova etapa de seus trabalhos, que antes tinha como principal foco de atuação o PNQ. Essa mudança passa, necessariamente, pela missão da instituição de disseminar os Fundamentos da Excelência em Gestão, e, assim, contribuir para o aumento da competitividade das organizações brasileiras. Dessa forma, foram estabelecidos quatro eixos estratégicos com o intuito de pôr a FNQ ao lado de suas congêneres mundiais:

a) Efetividade no cumprimento da missão; b) Sustentabilidade financeira;

c) Capacidade de promover a evolução do MEG® (Modelo de Excelência em Gestão);

d) Reconhecimento pela sociedade.

Os processos de transformação da FNQ contaram com três etapas, conforme descrito em seu sitio na rede mundial de computadores:

1. Dos anos 1991 a 1996: desenvolver estrutura e conquistar credibilidade baseada em sólidos conceitos e critérios de avaliação da gestão das organizações;

2. Dos anos 1997 a 2003: consolidar o PNQ como marco referencial para a excelência em gestão no país;

3. Dos anos 2004 em diante: conscientizar profissionais e empresários de todo o Brasil da importância de uma gestão eficaz e disseminar os conceitos e fundamentos da excelência que fazem parte do Modelo de Excelência da Gestão (MEG), desenvolvido pela FNQ, e foco principal do prêmio.

Atualmente, a FNQ recebe contribuições de várias organizações, mais de 260 no total, sendo classificadas nas seguintes categorias de sócios:

a) Membro Benemérito (fundador);

b) Membro Mantenedor: com mais de 500 empregados; c) Membro Mantenedor I: com até 500 empregados; d) Membro Mantenedor II: com até 50 empregados;

Além disso, o restante de sua receita vem da realização de cursos,

seminários, eventos e publicações, que procuram disseminar a cultura da qualidade e a excelência em gestão.

2.4.2.2 A evolução do PNQ

Conforme comentado anteriormente, a primeira premiação do PNQ ocorreu em 1992, sendo que seus critérios foram quase que totalmente baseados no modelo do MBNQA. Isto se deve, pois, a um amplo estudo tendo como referência

benchmarkings de outros prêmios de qualidade, em que o modelo americano era o

de mais fácil aplicação, já que se baseava em referências de excelência da gestão da qualidade, mas sem prescrever metodologias ou ferramentas específicas de gestão. Além disso, o MBNQA já dispunha de uma ampla bibliografia, o que facilitou os trabalhos de implementação do modelo. Segundo Silva (2001), nos ciclos de premiação posteriores foram coletados valiosos subsídios dos demais prêmios instituídos ao redor do mundo, o que possibilitou um enriquecimento nos critérios de avaliação. Tais critérios são revistos anualmente, o que permite que esteja em linha com as práticas de gestão de negócios mais modernas no mundo.

Para candidatar-se ao PNQ, são elegíveis organizações nacionais ou multinacionais, sociedades de economia mista, abertas ou não, limitadas ou com outras formas legais, inclusive as unidades autônomas de uma organização maior. Os diversos segmentos de negócios foram divididos em cinco categorias de premiação, de acordo com setor e o porte:

1. Grandes empresas: organizações que possuam 500 ou mais pessoas na força de trabalho;

2. Médias empresas: organizações que possuam entre 100 e 499 pessoas na força de trabalho;

3. Pequenas e microempresas: organizações que possuam 99 ou menos pessoas na força de trabalho;

4. Órgãos da administração pública federal, estadual e municipal: Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário;

Para concorrer ao prêmio, as candidatas devem elaborar um relatório de gestão (RG), que responde a questionamentos relacionados aos itens do Critério de Excelência (tópico a ser apresentado a seguir). Esses critérios, por sua vez, estão baseados nos fundamentos da excelência em gestão, que expressam conceitos reconhecidos internacionalmente e que são encontrados em organizações líderes de Classe Mundial. Além disso, estes fundamentos utilizam o conceito de aprendizado e melhoria contínua, segundo o ciclo de PDCA (Plan, Do, Check, Action), que faz parte da administração da qualidade total (TQM). Os onze fundamentos presentes são: Pensamento Sistêmico, Aprendizado Organizacional, Cultura de Inovação, Liderança e Constância de Propósitos, Orientação por Processos e Informações, Visão de Futuro, Geração de Valor, Valorização das Pessoas, Conhecimento sobre o Cliente e o Mercado, Desenvolvimento de Parcerias e Responsabilidade Social. O Quadro 3, a seguir, apresenta os conceitos de cada fundamento, acompanhados de uma explicação de como são colocados em prática nas organizações de alto desempenho:

Quadro 3 - Fundamentos da Excelência em Gestão Fonte: Adaptado de PNQ (2011).

Com base nestes fundamentos, é que toda a metodologia do PNQ foi desenvolvida, e que culminou com o Modelo de Excelência em Gestão (MEG) da Fundação Nacional da Qualidade.

2.4.2.3 A metodologia do PNQ

A metodologia do PNQ foi desenvolvida com base nos fundamentos da excelência em gestão, e seu propósito é atingir os seguintes objetivos (SILVA, 2001, p.78):

1. Contribuir para a melhoria nas práticas de desempenho e capacitação das empresas;

2. Facilitar a comunicação e o compartilhamento das melhorias práticas entre todas as empresas, e;

3. Poder ser utilizado como ferramenta de trabalho para compreender e colocar em prática a gestão do desempenho em planejamento, treinamento e avaliação.

Os fundamentos definem os pilares, a base teórica de uma boa gestão. Esses fundamentos são colocados em prática por meio dos oito critérios, descritos a seguir (FNQ, 2011):

1. LIDERANÇA: Este critério aborda os processos gerenciais relativos à orientação filosófica da organização e controle externo sobre sua direção; ao engajamento, pelas lideranças, das pessoas e partes interessadas na sua causa; e ao controle de resultados pela direção.

2. ESTRATÉGIAS E PLANOS: Este critério aborda os processos gerenciais relativos à concepção e à execução das estratégias, inclusive aqueles referentes ao estabelecimento de metas e à definição e ao acompanhamento de planos necessários para o êxito das estratégias.

3. CLIENTES: Este critério aborda os processos gerenciais relativos ao tratamento de informações de clientes e mercado e à comunicação com o mercado e clientes atuais e potenciais.

4. SOCIEDADE: Este critério aborda os processos gerenciais relativos ao respeito e tratamento das demandas da sociedade e do meio ambiente e ao desenvolvimento social das comunidades mais influenciadas pela organização.

5. INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO: Este critério aborda os processos gerenciais relativos ao tratamento organizado da demanda por informações na organização e ao desenvolvimento controlado dos ativos intangíveis geradores de diferenciais competitivos, especialmente os de conhecimento.

6. PESSOAS: Este critério aborda os processos gerenciais relativos à configuração de equipes de alto desempenho, ao desenvolvimento de competências das pessoas e à manutenção do seu bem-estar.

7. PROCESSOS: Este Critério aborda os processos gerenciais relativos aos processos principais do negócio e aos de apoio, tratando separadamente os relativos a fornecedores e os econômico-financeiros.

8. RESULTADOS: Este Critério aborda os resultados da organização na forma de séries históricas e acompanhados de referenciais comparativos pertinentes, para avaliar o nível alcançado, e de níveis de desempenho associados aos principais requisitos de partes interessadas, para verificar o atendimento.

Estes critérios podem ser colocados em prática, conforme a Figura 2 a seguir, por meio de um ciclo de aprendizado contínuo, o PDCA (Plan, Do, Check, Action). Esta ênfase no aprendizado reforça a idéia de melhoria contínua apresentada por William Deming no Japão, que posteriormente foi disseminada para o Ocidente, em que a avaliação periódica dos processos organizacionais e sua melhoria criam um ciclo contínuo, em que sempre é possível ser melhorado e aprimorado algum processo dentro da empresa. Tal ciclo será descrito detalhadamente.

Figura 2 - Visão Sistêmica da Excelência em Gestão Fonte: FNQ (2011).

A etapa de planejamento (P) do ciclo PDCA está presente nos critérios: Clientes, Sociedade, Liderança e Estratégia e Planos.

O sucesso de uma organização está diretamente relacionado à sua capacidade de atender às necessidades e expectativas de seus clientes. Elas devem ser identificadas, entendidas e utilizadas para que se crie o valor necessário para conquistar e reter esses clientes.

Para que haja continuidade em suas operações, a empresa também deve identificar, entender e satisfazer as necessidades e expectativas da sociedade e das comunidades com as quais interage, sempre de forma ética, cumprindo as leis e preservando o ambiente.

De posse de todas essas informações, a liderança estabelece os princípios da organização, pratica e vivencia os fundamentos da excelência, impulsionando, com seu exemplo, a cultura da excelência na organização. Os líderes analisam o desempenho e executam, sempre que necessário, as ações requeridas, consolidando o aprendizado organizacional.

As estratégias são formuladas pelos líderes para direcionar a organização e o seu desempenho, determinando sua posição competitiva. Elas são desdobradas em todos os níveis da organização, com planos de ação de curto e de longo prazo. Recursos adequados são alocados para assegurar sua implementação. A organização avalia permanentemente a implementação das estratégias e monitora os respectivos planos e responde rapidamente às mudanças nos ambientes interno e externo.

A etapa posterior, referente à execução (D) no PDCA, é composta pelas Pessoas e pelos Processos.

As pessoas que compõem a força de trabalho devem estar capacitadas e satisfeitas, atuando em um ambiente propício à consolidação da cultura da excelência.

Com isso, é possível executar e gerenciar adequadamente os processos, criando valor para os clientes e aperfeiçoando o relacionamento com os fornecedores. A organização planeja e controla os seus custos e investimentos. Os riscos financeiros são quantificados e monitorados.

Para efetivar a etapa do Controle (C), são mensurados os resultados em relação a: situação econômico-financeira, clientes e mercado, pessoas, sociedade, processos principais do negócio e processos de apoio, e fornecedores.

Os efeitos gerados pela implementação sinérgica das práticas de gestão e pela dinâmica externa à organização podem ser comparados às metas estabelecidas para eventuais correções de rumo ou reforços das ações implementadas.

Esses resultados, apresentados sob a forma de informações e conhecimento, retornam a toda a organização, complementando o ciclo PDCA com a etapa referente à ação (A).

Segundo o FNQ (2011), essas informações representam a inteligência da organização, viabilizando a análise do desempenho e a execução das ações necessárias em todos os níveis. A gestão das informações e dos ativos intangíveis é um elemento essencial à jornada em busca da excelência.

Os oito Critérios de Excelência são divididos ainda em 23 itens, cada um com pontuações diferentes, conforme Quadro 4 - Critérios de Excelência. Esses itens são avaliados a partir de três dimensões: enfoque (como atender aos requisitos dos itens), aplicação (profundidade e extensão com que o enfoque vem sendo utilizado) e resultados (consequências da aplicação do enfoque). Ao final, a soma das pontuações em cada item gera a nota final para empresa (máximo de 1000 pontos) e demonstra em que estágio a organização se encontra, conforme Figura 3 - Faixas de Pontuação e Estágio da Organização.

Os critérios indicados são avaliados por banca examinadora, que dá as notas, sendo formada por um grupo de profissionais voluntários e avaliados pela FNQ para desempenhar a função de examinadores das empresas postulantes ao Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ).

Quadro 4 - Critérios de Excelência

Fonte: PNQ (2011).

Na Figura 3, consegue-se avaliar o estágio de Excelência de cada empresa com base na pontuação alcançada.

Figura 3 - Faixas de Pontuação e Estágio da Organização Fonte: PNQ (2011).

Dessa forma, há um conjunto de nove faixas, em que se consegue avaliar o estágio de desenvolvimento da excelência da empresa: desde os estágios iniciais, em que os enfoques ainda são preliminares em cada critério, até os estágios mais avançados, em que a empresa é referência nacional e internacional em padrões de excelência e de qualidade.

As empresas situadas na faixa 9 são, geralmente, as grandes postuladoras ao Prêmio, já que atingiram o estágio mais avançado da excelência e tem desenvolvida uma cultura da qualidade que permeia toda a empresa.

2.4.2.4 As empresas vencedoras do PNQ

Desde 1992, ano de instituição do prêmio PNQ, até 2011, quarenta e uma empresas de diversos setores foram congratuladas com o prêmio, como empresas exemplo de excelência em qualidade. O Quadro 5, a seguir, mostra cada uma das vencedoras e o ano de premiação:

Quadro 5 – Empresas vencedoras do PNQ por ano de premiação (N = 41 vencedoras) Fonte: FNQ (2011), adaptado pelo Autor

A seguir, uma classificação interessante a se fazer para avaliar as empresas vencedoras é dividi-las por setor de atividade, para que se analise se algum setor se destaca na premiação. O método utilizado para a classificação por setor e subsetor

é o sugerido pela Bovespa3. Nesta classificação, há cerca de onze setores econômicos, como Petróleo, Gás e Biocombustíveis, Consumo Cíclico, Materiais Básicos, Telecomunicações, Utilidade Pública, entre outros, e 46 subsetores. Por exemplo, o setor de Materiais Básicos tem os seguintes subsetores: Mineração, Siderurgia e Metalurgia, Químicos, Madeira e Papel, Embalagens e Materiais diversos. Já o setor de Utilidade Pública tem os subsetores de Energia, Água e Saneamento e Distribuição de Gás. Para este trabalho, preferiu-se, então, a classificação pelos 46 subsetores, por ser uma classificação mais precisa da atividade da empresa.

As vencedoras do PNQ ficaram assim classificadas por subsetor:

Quadro 6 – Empresas vencedoras do PNQ e classificação por subsetor de atividade

(N= 41 vencedoras) Fonte: Dados da pesquisa

A Tabela 1 resume os dados por subsetor:

Tabela 1 – Resumo das vencedoras do PNQ por subsetor de atividade

Fonte: Dados da pesquisa

Ao realizar a classificação por subsetor constata-se que 10 das 41 ganhadoras do prêmio, ou seja, quase 25% da população, são do subsetor de energia. Para uma melhor visualização da predominância do subsetor de energia, elaborou-se o Gráfico 1 abaixo:

Gráfico 1 – Empresas vencedoras do PNQ e classificação por subsetor de atividade (N= 41 vencedoras)

Fonte: Dados da pesquisa

O subsetor de energia se destaca, então, com 10 premiações. Estas dez premiações correspondem a um total de oito empresas, que são: Coelce, CPFL Paulista (vencedora por três vezes), Eletrobrás Eletronorte, Rio Grande Energia, AES Sul, Elektro, AES Eletropaulo e CPFL Piratininga. As vencedoras do subsetor de energia estão em destaque no Quadro 7:

Quadro 7 – Empresas do subsetor de energia vencedoras do PNQ (N = 8 empresas) Fonte: Dados da pesquisa

Os dados mostram que o subsetor de energia está se destacando na premiação, principalmente a partir do ano de 2008. Tal fato ratifica a importância deste setor, conforme comentado no capítulo introdutório. Serão vistas na seção seguinte, então, algumas características deste subsetor de energia4.

Documentos relacionados