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10.1 – Estuário

Aula 11 Ecossistemas de praia e costão rochoso

11.1 Praias Arenosas

Figura 11.1 – Praias arenosas

Fonte: http://paraibapesca.blogspot.com

Os ecossistemas de praias são importantes como atração turística e como um lugar onde a energia das ondas é utilizada. É um dos ecossistemas mais bem representados em todas as costas do mundo. Uma praia arenosa pode ser definida, de uma maneira simples, como a região costeira onde as ondas retrabalham ativamente o sedimento. Estende-se desde as dunas costeiras, passando pela região entre marés, até profundidades aproximadas de 20 metros. Ao longo de toda a sua extensão existe uma importante movimen- tação de sedimento que é basicamente constituído por areia, mas também

de seixos e matacões (www.cem.ufpr.br/Laboratorios/PraiasArenosas).

Possui uma grande quantidade de organismos que passam desapercebi- dos da maioria das pessoas, devido ao fato de encontrarem-se geralmente ocultos na areia ou expostos apenas durante os períodos de baixa-mar. Re- presentantes da maioria dos grupos de animais marinhos e alguns grupos de animais terrestres, podem aí ser encontrados, porém as plantas macros- cópicas estão praticamente ausentes, sendo os vegetais representados por diversos grupos de algas microscópicas. Alguns dos organismos que habi- tam estes ambientes, como almejas e camarões, representam importantes recursos pesqueiros. Por ser em grande parte um ecossistema fisicamente controlado, o estudo da interação entre os organismos e o meio ambiente físico é fundamental para o entender como o ecossistema praial funciona. Este entendimento é imprescindível para um correto uso e manejo dos ecos- sistemas de praia arenosa, assim como para uma exploração sustentável dos recursos renováveis que neles se desenvolvem (www.cem.ufpr.br/Labora- torios/PraiasArenosas).

Apesar de ser um ambiente aparentemente homogêneo, ele pode ser divi- dido em porções ou zonas em função principalmente do grau de umidade do sedimento. As praias arenosas podem apresentar características físicas muito diferentes, e diversos esquemas de classificação têm sido propostos. A proximidade de costões rochosos, o regime de ondas e marés atuantes no local, as características físicas do sedimento, a proximidade de rios e estuá- rios, e a freqüência de fenômenos meteorológicos de grande escala, como frentes e ressacas, estão entre os fatores que determinam as características morfológicas e dinâmicas de uma praia arenosa.

Para a observação ou o estudo deste ecossistema é necessário um mínimo de conhecimento dos fenômenos que regem a subida e descida das águas, ou seja, as marés. As águas que compõe os oceanos estão sujeitas à atração gravitacional do sol e da lua. Embora seja muito menor que o sol, a lua, por se encontrar mais próxima da terra, exerce uma influência maior sobre a massa líquida, determinando o regime básico das marés:

marés vivas ou de sizígia nas fases de lua cheia e lua nova, quando a atração lunar soma-se ao máximo à solar, produzindo grandes oscilações do nível da água.

marés mortas ou de quadratura, nos quartos crescentes e minguante, quando, devido ao não alinhamento do sol, terra e lua, os efeitos da atração

Sizígia: Conjunção ou oposição de um planeta ou satélite natural (Lua), com o Sol, que influencia na freqüência e intensidade das marés.

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são atenuados e, portanto, o fluxo e refluxo das águas.

Estas diferenças periódicas de amplitude entre as marés determinam nas praias três faixas distintas:

uma superior, constantemente umedecida por borrifos, mas apenas cober- ta pelo mar por ocasião de marés altas excepcionais, ressacas ou tempesta- des;

uma faixa mediana sempre coberta e descoberta pelas marés duas vezes por dia;

uma faixa inferior, quase sempre submersa, eventualmente exposta duran- te as marés baixas de sizígia, ou seja, nas fases de lua nova e lua cheia.

Nestas três faixas, os organismos marinhos distribuem-se em função princi- palmente de sua capacidade de evitar a exposição ao ar e, conseqüentemen- te, a perda de água por evaporação. Assim, na faixa superior, encontramos espécies melhor adaptadas à vida terrestre do que à aquática.

Da fauna marinha, apenas o grauçá e as pulgas da praia desenvolveram estas adaptações, mas vários insetos, como por exemplo, a tesourinha, e alguns aracnídeos, vindos do continente, aventuram-se nesta faixa, às custas de tolerar a influência da água salgada. A faixa mediana, menos exposta, é povoada por um maior número de espécies - principalmente crustáceos, poliquetos e moluscos - todas de origem marinha, apresentando particu- laridades morfológicas ou comportamentais para impedir a perda de água durante a baixamar.

A faixa inferior é habitada por formas quase sem adaptações para a vida fora d’água, tanto que algumas podem até morrer quando ocorrem marés excepcionalmente baixas e de longa duração, principalmente durante dias de calor intenso.

Curiosidade

Alguns organismos que habitam as praias arenosas: Emerita brasilienisis (ta- tuíra - crustáceo), Coronis scolopendra (tamburutaca - crustáceo), Ocypode quadrata (maria-farinha ou grauçá - crustáceo), , Tivella mactroides (molusco bivalve), Callinectes sp (siri-azul- crustáceo), Renilla sp (rim-do-mar), Callichi- rus major (corrupto- crustáceo), entre outros.

A praia é um fantástico filtro. Cada onda esparrama água através da areia e quando a água retorna, está filtrada; a praia é algo semelhante ao filtro de areia usado em redes de tratamento de água. O espaço entre grãos contém animais minúsculos e micróbios que consomem matéria orgânica e retornam nutrientes a água. Disponível em http://www. unicamp.br/fea/ortega/eco/ iuri10b.htm

Além dos organismos residentes, isto é, aqueles que permanecem durante toda sua fase adulta no sedimento, as praias arenosas recebem visitantes ocasionais, tais como gaivotas e maçaricos, que exploram a areia em busca de alimento. Resta ainda mencionar a presença de componentes de outras comunidades marinhas que são trazidos à praia pelos ventos, ondas ou cor- rentes. Destes, merece destaque a caravela, pela sua capacidade de produzir queimaduras perigosas que podem até requerer cuidados médicos.

Vegetação litorânea Fauna de praias arenosas(principais espécies)

Figura 11.2 Zonação: Distribuição diferenciada de espécies ao longo de gradientes de condições ambientais

Fonte: http://www.ib.usp.br/

Importante

Algumas estruturas construídas ao nível do mar têm sido ameaçadas pelo movimento marinho; para deter a areia foram construídas paredes de ro- chas, com o objetivo de eliminar o fluxo normal de nova areia pela corrente, que causa mais erosão na praia. As casas deveriam ser construídas sobre plataformas, assim a areia poderia se locomover entre elas.

As praias vêm sofrendo uma crescente descaracterização em razão da ocu- pação desordenada e das diferentes formas de efluentes, tanto de origem industrial quanto doméstica, o que tem levado a um sério comprometimento da sua balneabilidade, principalmente daquelas próximas a centros urbanos. O problema dos esgotos domésticos e do lixo são bastante sério e exigem medidas imediatas. Além do lixo de origem local, há aquele lançado ao mar pelos navios e o de origem exógena transportado pelos rios.

Também merecem destaque a crescente especulação imobiliária, a minera- ção com retirada de areia das praias e dunas, e o crescimento explosivo e desordenado do turismo sem qualquer planejamento ambiental e investi- mentos em infra-estrutura, como por exemplo, saneamento básico (http:// ambientes.ambientebrasil.com.br).

nostisi Exógena: Que esta na

superfície ou que tem origem externa.

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Uma das feições que se formam nas praias são as dunas litorais, que se formam por trás da linha de preamar. Estas formações explicam-se por uma alimentação de areia a partir da praia e a presença de fortes ventos com direção praticamente constante. A ausência de vegetação na praia e a capa- cidade do vento para secar as areias úmidas favorecem o desenvolvimento das dunas. Quando a vegetação recobre a duna, tende a fixá-la até que uma tempestade particularmente violenta, ou a ação humana, abra uma brecha por meio da qual recomeça a erosão. As formas das dunas litorais dependem da quantidade de areia, do seu grau de evolução e da violência do vento.

As dunas litorais formam-se na zona superior e seca da praia, onde o ven- to, mesmo de pouca intensidade, pode deslocar os grãos de areia. Quando encontram um obstáculo ou a energia do vento não tem capacidade para os transportes, os grãos de areia depositam-se e se essa quantidade for su- ficiente formam-se dunas. Em geral, as dunas litorais não excedem os 15 metros de altura. À medida que se vão formando, as dunas são objetos de alterações constantes. Submetida à força do vento, a duna avança na dire- ção do vento dominante. Dunas em deslocação podem destruir terrenos de cultivo, zonas arborizadas e até zonas urbanas.