• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 3 – Resultados e Discussão

3.5 Análise

3.5.1 Preenchedor de margem esquerda de SN

(13) Corpus AphasiAcervus (16/04/2009)

Contexto: O episódio a seguir ocorre após a pausa para o café, durante as atividades do Programa de Linguagem, no qual se procura explorar os aspectos verbais e não verbais que constituem o modo de existência da linguagem (conversações, comentários, relatos, explanações, leituras, etc.) por meio de ações planejadas – no caso, estão organizando um evento chamado “Cine CCA”, no qual os participantes, depois de escolherem um filme, o exibem em uma sala coletiva do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) aberta para o público. Nessa interação os participantes estão escolhendo o filme que irão assisitr no próximo “Cine CCA”. EC se lembra de um filme que havia visto (“Dança comigo”) e que gostaria de sugerir para ser

53

exibido; contudo, não se lembra do título do filme. Ela dá, então, pistas sobre um outro filme (“Uma linda mulher”), no qual atua o mesmo ator (Richard Gere) do filme que ela quer sugerir. Os outros participantes tentam identificar o filme cujo nome EC procura evocar. Participam dessa interação EC e MS, participantes afásicos, e as pesquisadoras HM, EM e JS.

1. EC ow, sa[be a:] 2. MS [dois] 3. EC sabe [le:]

4. MS [dois] 5. EC sabe [le:]

6. MS [três]

7. EC sabe le:... le o monér/ Monér... sabe [o filme/] 8. HM [a mulher/] 9. EC a monér né/...o le homem

10. HM o homem... o homem do filme/

11. EC nossa o monér... sabe o filme o monér/ 12. EM você tá falando do nome do filme/ 13. EC éh:: le nome

14. EM Monér/

15. EC não... é le: moner é le:: ai meu Deus\ 16. MS mulher/

17. EC é molher... nossa homem... monér... eh:: é filme o 18. monér eh:

19. HM mulher/ mas que filme você tá falando/ 20. MN (SI) que apresenta/

21. EC nã::o... meu Deus\ éh:: ai meu Deus\... +o le

22. ponsim...+ entendeu/ o le chamá... le carro e entrá:: 23. em +faz gestos circulares com a mão, como se segurasse 24. algo e o girasse+

25. JS “uma linda mulher”/ 26. EC éh::: éh::

27. EM como chama/

28. JS “uma linda mulher”

29. EC éh:: éh:: verdade é... entendi... ó no se le o natal e 30. lá natal... homem... três homem... mone- o três e le 31. tançá le éh:: pal- éh:: tança... le alfasál éh::. 32. EM vários tipos de dança/

33. EC é éh:: tança... é le três mino... le gordinho... otro é 34. magrinho e:: e menino e [le mul- homem]

35. EM [mas foi um espetáculo] que 36. você assistiu/

37. EC não... é le filme... le são/ minas, minas assisti é 38. LEGAL\

39. EM você assistiu em Minas [esse filme/]

40. EC [éh:: éh: é] mais novinho e tudo 41. aí ó

42. EM mas você sabe o título do filme/

43. EC eu num se::i... ó nosse le trem tudo oh nossa óia... le 44. passa trem assim ó... [(SI) assim]

45. EM [ah é uma comédia/] 46. EC éh:: éh::.... não

47. HM eu já sei qual que é... Richard Gere... é esse filme 48. que ele tá no metrô e ele passa pelo salão de dança

54

49. EC éh:: nossa é verdade 50. JS ah:: “quer dançar comigo” 51. HM “vem dançar comigo”

52. EC éh::: eu quero... no::ssa ele:::

53. HM que aprende a dançar no salão... num é isso/

54. EC é e les três menino e o le... no:::ssa graças a Deus... 55. e o... legal\ olha esse nome num sai ((risos))

56. EM ô EC você tá sugerindo que a gente passe [esse 57. Filme]

58. EC [eu 59. quero...] eu que-

60. EM “quer dançar comigo”/

61. EC aham... eu quero ver... nossa le adorei

Neste episódio, podemos observar como os referentes vão sendo construídos e negociados colaborativamente pelos interactantes no decorrer da interação. Podemos perceber vários processos que emergem nos enunciados e nas semioses não verbais coocorrentes, tais como inferenciação, seleção lexical, metaenunciação, recategorização, manipulação enunciativa do conhecimento enciclopédico e compartilhado, reconhecimento de pressupostos culturais e de regras pragmáticas que presidem nossos gestos interpretativos, a busca da relevância tópica. Podemos perceber, ao analisar os dados de EC uma grande quantidade de fenômenos linguístico- interacionais, incluindo o elemento le, que relevam também da competência linguístico- comunicacional de EC.

Na linha 1, podemos ver que EC hesita fazendo uso do artigo “a” seguido por uma pausa, o que indica que está tendo dificuldades para evocar uma palavra. Nas linhas 3, 5 e 7, essa hesitação ocorre no elemento le, seguido de pausas, como se ela estivesse fazendo uma reformulação, dizendo le em vez do artigo “a”. Observando a sequência do episódio acima, inferimos que o que ela estaria tentando evocar seria o filme “Uma linda mulher”. Dessa forma, percebe-se o porquê da troca do artigo “a” (que não concordaria com a palavra “filme” e nem poderia ser usado antes de “uma linda mulher”). O elemento le, neste caso, entra para auxiliá-la, preenchendo um vazio no especificador que ela não está conseguindo completar. Dessa forma, ele a ajuda a evocar, na linha 7, o enunciado “sabe le o monér”. Além disso, a hesitação a ajuda a manter o seu turno enquanto tenta evocar o nome do filme, pois, como podemos perceber pela transcrição, há sobreposição de vozes, ou seja, uma disputa pelo turno.

Na linha 7, EC faz uso de uma forma metaenunciativa ao dizer “sabe [o filme/]”, para mostrar que quando disse um pouco antes, na mesma linha (7), “le o monér/ monér”, estava no plano enunciativo da menção, falando sobre o título de um filme. Ao usar essa expressão

55

metaenunciativa, EC também contextualiza de que ordem é sua fala, estabelecendo uma orientação argumentativa específica. Com isso, EC também mostra que ainda está no supertópico da conversa (que seria a decisão de filmes para o “Cine CCA”) e a partir daí cria-se um novo tópico para a conversa, que será a negociação para se chegar ao filme que EC quer evocar.

Outro fator utilizado por EC para fazer o interlocutor perceber que ela está no plano da menção é o uso do elemento le antes do artigo “o” e do nome, em “le o monér/ monér”. Dessa forma, podemos pensar que há aqui dois sintagmas nominais. O primeiro, que tem como especificador o elemento le, tem um núcleo elíptico (“filme”). No segundo, o artigo “o” aparece como especificador do sintagma “uma linda mulher”, apesar de não concordar em gênero com ele. Na linha 8, percebemos uma negociação colaborativa de construção do sentido, em que HM faz uma pergunta verificadora (“a mulher/”) para tentar compreender o que EC estava falando. EC, na linha 9, ao repetir novamente a expressão “a monér” seguida pelo marcador “né”, confirma para HM que ela está no caminho certo para a compreensão. Depois de uma pequena pausa estratégica, ela produz “o le homem”. Essa pequena pausa leva-nos a pensar que EC agora está introduzindo um novo referente, estando este relacionado com o primeiro. Neste caso, a partícula

le aparece depois do artigo “o”. Podemos pensar que ele está no lugar do especificador do sintagma

nominal “homem”.

Novamente, na linha 10, HM faz uma nova pergunta verificadora, a fim de compreender se esse novo referente teria relação com o que EC estava tentando falar anteriormente, no caso, se esse “homem” estaria no filme que ela estava tentando evocar (“o homem do filme/”). EC, na linha 11, novamente, mostra que está no plano da menção, ao falar “sabe o filme ‘o monér/’, voltando ao primeiro referente que ela quer evocar, a fim de ser compreendida melhor. EM, na linha 12, faz uma nova pergunta verificadora (“você tá falando do nome do filme/ ”); há aí um reajuste de referência discursiva, uma negociação tópica entre EM e EC sobre o que EC está tentando evocar. Há um afunilamento do sentido de “filme”, que é mais amplo (pois ela poderia estar falando de uma atriz do filme), para o “nome do filme”. EC, na linha 13, confirma para EM que é o nome do filme que ela está tentando evocar.

EM, na linha 14, faz uma pergunta, reproduzindo a parafasia de EC (“monér/”), a fim de verificar se com esta palavra ela pretendia indicar o nome do filme. EC, na linha 15, nega essa possibilidade e, ao produzir “é le:: monér... é le::”, dá a entender que está dizendo que o título do

56

filme é uma frase, e não apenas o nome “mulher”, fato indicado pelo alongamento da partícula le, o que, além disso, tem o papel de manter seu turno enquanto tenta evocar o nome do filme.

MS, ao produzir “mulher/”, em tom de pergunta, na linha 16, verifica se a produção parafásica “monér” seria relativa à palavra “mulher”. EC, na linha 17, confirma a hipótese de MS, e, novamente, reintroduz o referente “homem”. Depois de uma pausa, ela volta ao nome do filme “monér... eh:: é filme o monér eh:”, tentando explicar que, na verdade, ela gostaria de falar sobre o ator do filme. HM, na linha 19, faz uma pergunta, a fim de mostrar que não está conseguindo identificar o filme que EC está tentando evocar.

Nas linhas 21 e 22, EC, então, faz uma pantomima (“faz gestos circulares com a mão, como se segurasse algo e o girasse”) e descreve uma importante cena do filme em questão (“o le ponsim...+ entendeu/ o le chamá... le carro e entrá::”,), para que, a partir de possíveis conhecimentos compartilhados a respeito do filme, se chegue ao nome em questão. Note-se que mesmo pessoas que não assistiram ao filme “uma linda mulher” poderiam ter conhecimento acerca dessa cena do filme, por fazer parte do trailer, além de ser um filme muito conhecido mundialmente. Em todos esses casos, o elemento le preenche a margem esquerda: no primeiro caso, ocorre num sintagma nominal (bolsinha), no segundo, na margem esquerda da sentença (chamar) e no terceiro caso, em um sintagma nominal (carro). Essas ocorrências a auxiliam em sua prosódia e na evocação das palavras, além de indicar ao interlocutor que existem vazios nesses enunciados. Dessa forma, JS parece compreender a cena enunciativa descrita por EC, e, na linha 28, ela evoca o nome do filme “uma linda mulher”. EC mostra sua concordância na linha 26: “éh: éh:”.

Na linha 29, EC, percebendo que foi entendida em seu propósito comunicativo, instaura um novo tópico, a fim de sugerir o filme que ela gostaria de recomendar ao grupo. Ao enunciar, na linha 29: “ó no se le o natal e lá natal...”, ela tenta contextualizar a ocasião em que assistiu ao filme em questão. Ao falar “homem...”, ela se remete ao ator do primeiro filme que estava tentando evocar no primeiro tópico que instaurou. Depois disso, ela descreve novamente uma cena do filme em que três homens estão aprendendo a dançar: “três homem... mone- o três e le tançá le éh:: pal- éh:: tança... le alfasál éh::”.

Apesar de não compreenderem todo o sentido do enunciado de EC, percebemos uma negociação colaborativa de construção referencial quando EM pergunta, na linha 32: “vários tipos de dança/”, mostrando entender parcialmente o que EC tentava dizer.

57

EC confirma a informação a EM e faz uma descrição dos atores do filme. Percebe-se que até então os interactantes ainda não tinham compreendido que era um outro filme o que EC estava tentando evocar. Na linha 35, EM faz uma nova pergunta (“mas foi um espetáculo que você assistiu/”) a fim de identificar o referente.

EC, na linha 37, mostra que ainda está dentro do supertópico (decisão sobre os filmes a serem projetados no Cine CCA) e diz que está falando novamente sobre um filme, acrescentando a informação de que o assistiu em Minas Gerais (“le são/ Minas, Minas assisti é LEGAL\”). Os interactantes, por pertencerem a uma mesma comunidade de práticas (o CCA), já têm um conhecimento compartilhado sobre os integrantes do grupo. Portanto, quando EC faz referência a Minas, eles compreendem que se trata de Minas Gerais, estado onde moram os familiares de EC.

A fim de colaborar com a construção do referente e mostrar que está compreendendo EC, EM, na linha 39, reformula a frase de EC: “você assistiu em Minas esse filme/”. EC confirma a EM e EM pergunta a EC se ela saberia o nome do filme (linha 42 – “mas você sabe o título do filme/”), o que facilitaria a compreensão por parte do grupo.

EC afirma que não sabe o nome do filme e tenta fazer uma descrição de uma cena marcante (linhas 43 e 44 – “ó nosse le trem tudo oh nossa óia... le passa trem assim ó...”). Neste caso, novamente o elemento le preenche a margem esquerda de um sintagma nominal (“trem”) e de uma sentença (antes do verbo “passar”), o que auxilia tanto na fala de EC quanto na compreensão por parte dos interlocutores, atuando em sua prosódia. Além disso, completando esses “vazios”, a evocação das palavras seguintes se torna mais fácil.

HM, que provavelmente já assistiu ao filme, tentando compreender a fala de EC, busca o sentido imediatamente anterior (função cognitiva de referência por meio de uma reativação do contexto situacional). HM provavelmente lançou mão dessa estratégia porque EC, no outro tópico, estava falando de um ator que fazia o filme “uma linda mulher”, e também pela descrição de EC deste segundo filme. Assim, HM enuncia o nome do ator “Richard Gere” (linha 47).

De forma a verificar se EC estava falando do filme que ela tinha em mente, HM descreve uma cena do filme (linhas 47 e 48 – “é esse filme que ele tá no metrô e ele passa pelo salão de dança”).

EC confirma a suposição de HM, e JS, na linha 50, se lembra do nome do filme (“ah:: “quer dançar comigo”). HM faz uma reformulação da fala de JS, na linha 51, corrigindo o nome do filme “vem dançar comigo”.

58

Na linha 54 ocorre um caso bastante incomum, a partícula le aparece antes do quantificador “três” e concorda em número com ele, assim como ocorreria com um artigo no português brasileiro, que geralmente é o item em que marcamos o plural. Ele está ocupando, junto com o quantificador, a posição de especificador do sintagma nominal “três menino”. A flexão do elemento le e a consequente concordância com o quantificador definido do sintagma nominal é mais um indício de que essa forma linguística tem sido usada na fala de EC como um elemento que, na fala ordinária, é tipicamente posicionado na margem esquerda de uma unidade linguística. Na linha 56, EM, baseando-se na fala de EC na linha 52 (“éh::: eu quero... no::ssa ele:::”) e inferindo que EC estava durante todo o tempo dentro do supertópico (decisão de filmes para o Cine CCA), pergunta se EC está sugerindo esse filme para o Cine CCA (“ô EC você tá sugerindo que a gente passe esse filme/”).

Temos então a confirmação de que o sentido foi atingido pela última intervenção de EC na interação - “aham... eu quero ver... nossa le adorei” (linha 61).

Podemos perceber a partir dessa descrição que a construção dos referentes “Uma linda mulher”, “Richard Gere” e “Vem dançar comigo” se deu de maneira colaborativa durante toda a interação, da mesma forma ocorreu a construção dos subtópicos.

(14) Corpus AphasiAcervus (11/09/2008)

Contexto: A pesquisadora EM pergunta se alguém viu alguma parada militar na televisão. EC responde que viu na televisão o então presidente do Brasil, Lula. Estão sentados ao redor da mesa as pesquisadoras EM, HM e JS e os participantes afásicos EC, MS, LM, MG, NS, VM, MN e SI.

1. MG eu vô... eu vô 2. EC vai lá::/ 3. MG tem no:: 4. EC televisão/ 5. MG tem

6. EC televisão tem televisão... o le Lula... eu vi

Neste diálogo, na linha 1, MG está respondendo à pergunta de EM, que pergunta se alguém já havia visto uma parada militar na televisão, e comete uma parafasia semântica ao falar “vou” no lugar de “vi”. EC, na linha 2, faz uma pergunta verificadora (“vai lá::?) a MG, pois a resposta de MG não condizia com a pergunta de EM. MG reponde a EC, mas por uma possível dificuldade de evocação não evoca a palavra “televisão”. EC completa a fala de MG evocando “televisão” em tom de pergunta, a fim de verificar se MG está dentro do tópico instaurado por EM

59

(o da parada militar na televisão). MG confirma que EC estava certa. EC então confirma que havia visto a parada na televisão também.

Neste exemplo, le aparece entre um artigo “o” e um substantivo próprio, “Lula”, na época, presidente do Brasil. Pensando novamente no nível do sintagma nominal, esse elemento aparece à esquerda do núcleo, juntamente com o artigo “o”.

(15) Corpus AphasiAcervus (30/04/2009)

Contexto: os participantes do grupo estão conversando sobre um dos participantes do CCA, RC, sujeito afásico, que vai ficar sozinho no Shopping Center. EC faz uma brincadeira com ele. AN, sujeito não afásico, diz que seu marido, RC, irá comprar um presente para ela. Estão sentados na mesa as pesquisadoras EM, HM e JS e os participantes afásicos RC, MN, SP, MG, LM, EC e MS.

1. EC ih sozinho ih:::: ((risos)) 2. AN vai comprá um presente pra mim

3. EC AH presente ((risos)) ah o le parabéns mãe... né/ 4. AN é::

5. EC é:: le ma:io... éh::

No exemplo acima, é preciso levar em conta que EC produz uma parafasia semântica ao usar o item “parabéns” para se referir a uma data comemorativa (dia das mães). A palavra “parabéns” aparece como núcleo de um sintagma nominal, que tem como especificadores manifestados na fala de EC os elementos “o” e le. Na linha 5, EC faz referência ao mês em que ocorre o dia das mães, maio. Neste caso, o elemento le aparece à esquerda do núcleo do SN, auxiliando, dessa maneira, na estruturação desse sintagma.

(17) Corpus AphasiAcervus (19/02/2009)

Contexto: Os participantes estão falando sobre uma reportagem que fala sobre Audrey Hepburn, a atriz considerada a mulher mais linda do cinema. EC, nesse momento, estava lendo em silêncio a reportagem, até que comenta em voz alta que, se atriz estivesse viva, teria sessenta e quatro anos. Estão sentados ao redor da mesa as pesquisadoras EM, HM e JS e os participantes afásicos EC, MS, MN, SI, LM e VM e LM.

1. EC le sessenta e quatro anos... né/

Aqui, o elemento está à esquerda de um quantificador que faz parte do especificador do sintagma nominal “sessenta e quatro anos”.

60 (18) Corpus AphasiAcervus (07/05/2009)

Contexto: Os participantes do CCA estão tomando café. A pesquisadora HM pergunta que dia comemorativo será no domingo. RC, participante afásico, diz que será o dia das mães. EC se lembra de que será dia das mães e de que sexta-feira será aniversário de seu marido. Estão sentados ao redor da mesa as pesquisadoras HM e JS e os participantes afásicos RC, EC, MS, MN, SI, L, VM e MG.

1. HM domingo o que que é hein/ 2. RC é dia das... dia das mães

3. EC nossa! le a mã::e! nó::ssa...[É::]

4. JS [você] vai ganhar presente... 5. hein EC/

6. EC eu num se::i le cu::.

Neste fragmento, o elemento le aparece antes do sintagma nominal “a mãe”. Essa é uma posição variante de le dentro do SN, pois ora ele aparece depois de um artigo, ora antes do artigo, como visto em outros exemplos. De qualquer forma, acreditamos que, independentemente da posição, o elemento le tem uma função gramatical compartilhada com o artigo, a de preencher a margem esquerda do SN.

Documentos relacionados