• Nenhum resultado encontrado

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.8. PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO NA PÓS-MENOPAUSA

A prática regular da atividade física exerce um papel de extrema importância nos componentes da composição corporal, estando associada à proteção para o excesso de gordura visceral, doenças metabólicas e redução das componentes da massa isenta de gordura, nomeadamente a massa muscular e o osso. Segundo a WHO (2009), a prática regular da atividade física promove uma atenuação dos ganhos de massa gorda associados ao envelhecimento e à menopausa e maior conservação das componentes da massa isenta de

2. REVISÃO DA LITERATURA

16

gordura, proporcionando uma maior qualidade de vida às mulheres na pós-menopausa e protegendo-as da manifestação de doenças metabólicos e cardiovasculares.

A atividade física exerce um importante papel na proteção e redução da gordura visceral. A redução da gordura visceral através da atividade física regular pode ser explicada em função do efeito lipolítico causado pela libertação das catecolaminas e de outras hormonas lipoliticas (cortisol, hormona do crescimento, etc.), proporcionando elevadas taxas de lipólise na região abdominal, devido à presença de uma elevada densidade de receptores lipolíticos  e à acentuada irrigação e enervação do tecido adiposo desta região (Després, 1991).

Um estudo realizado por Pitanga et al. (2010), com 387 mulheres obesas e desenvolvido com o objetivo de analisar a associação da atividade física com as co- morbidades cardiovasculares, demonstrou que o grupo de mulheres obesas classificadas como ativas apresentava proteção para a manifestação de comorbidades cardiovasculares, sendo a incidência de hipertensão, diabetes do tipo 2 e dislipidemia menor nas mulheres com maior nível de atividade física habitual. Uma outra pesquisa desenvolvida com o intuito de identificar a melhor intensidade e duração da atividade física para discriminar a ausência de comorbidades cardiovasculares em mulheres obesas (atividade física analisada em diferentes intensidades), permitiu concluir que níveis de intensidade moderada e com uma duração de 150 minutos por semana estavam associados a uma menor incidência de patologias crónico degenerativas (Pitanga et al., 2011), estando em sintonia com as orientações de exercício procedidas do American College of Sport Medicine para a obesidade e a sindrome metabólica (ACSM, 2010). Outro estudo (Pitanga et al., 2010), realizados, demonstraram que a caminhada e a atividade moderada são acessiveis à maior parte das mulheres pós- menopáusicas, não requerendo equipamento sofisticado ou material técnico específico constituindo uma das suas atividades físicas de eleição e constituindo um meio atraente de promoção de um estilo de vida mais ativo na mulher. Segundo Demerath (2011), o risco de comorbidades cardiovasculares em mulheres pós-menopáusicas pode ser atenuado em cerca de 30%, com a adoção de uma prática regular de atividade física. De acordo com Vallance et al. (2011), a mulher nesta fase do climatério tem preferência pela prática de atividades físicas moderadas em oposição às vigorosas, conferindo-lhes as primeiras maior bem-estar psicológico, sentimento de energia, auto-eficácia e reforço positivo, particularmente na presença de um excesso de peso e/ou estilo de vida sedentário

2. REVISÃO DA LITERATURA

Os estudos com atividade física tem demonstrado os mais promissores resultados para prevenção da sarcopenia e da osteoporose quando comparados a outros tipos de intervenções (Silva et al, 2006). Ring-Dimitriou et al. (2009), ao analisarem o efeito do exercício físico em diferentes intensidades em 42 mulheres na perimenopausa registaram um aumento significativo na força muscular em mulheres que realizavam exercícios resistidos com intensidade moderada, quando comparadas a mulheres que realizavam exercícios físicos em baixa intensidade. Os efeitos da atividade física nos músculos e tecidos adjacentes favorece diversas melhorias na saúde e qualidade de vida, principalmente em indivíduos com mais idade, reduzindo o risco de queda e aumentando a velocidade da marcha, contribuindo também para a melhoria da condição cardiorrespiratória (Ochi et al., 2010).

A prática de atividades físicas no tempo livre revela oferecer importante associação para prevenção da sarcopenia. Indivíduos classificados como ativos no tempo livre apresentam maior proteção para a sarcopenia. Pesquisa realizada com 1712 indivíduos, acompanhados durante três anos, com o objetivo de examinar a influência da atividade física no tempo livre na prevenção da sarcopenia, demonstrou que níveis de atividade física de 300 a 2000 kcal/semana apresentaram associação para prevenção da sarcopenia (Chiang et al., 2013). De acordo com as orientações procedidas do American College of Sport Medicine (2010) níveis de atividade física de 150 minutos/semana a 300 minutos/semana de intensidade moderada conferem um importante efeito protetor para as doenças metabólicas, limitações funcionais e sarcopenia.

2.9. REFERÊNCIAS

American College of Sports Medicine (2010). ACSM´s guidelines for exercise testing and

prescription. (8ª ed.) Phildelphia: Wolters Kluwer - Lippincott Williams & Wilkins.

Aragão, F., Abrantes, C., Gabriel, R., Sousa, M., Castelo-Branco, C., & Moreira, M. (2011). Effects of body composition and menopause characteristics on maximum oxygen uptake of postmenopausal women. Menopause, 18(11), 1191-1197.

Boirie, Y. (2009). Physiopathological mechanism of sarcopenia. The Journal of Nutrition,

Health & Aging, 13(8), 717-723.

Chiang, P. H., Wahlqvist, M. L., Huang, L. Y., & Chang, Y.C. (2013). Leisure time physical activities and dietary quality of the general and indigenous Taiwanese populations are

2. REVISÃO DA LITERATURA

18

associated with fat distribution and sarcopenia. Asia Pacific Journal of Clinical

Nutrition, 22(4), 599-613.

Chumlea, W. C., Guo, S. S., Kuczmarski, R. J., Flegal, K. M., Johnson, C. L., Heymsfield, S. B., … Hubbard, V. S. (2006). Body composition estimates from NHANES III bioelectrical impedance data. Int J Obes Relat Metab Disord, 26(12), 1596-609.

Clark, B., & Taylor, J. (2011). Age-related changes in motor cortical properties and voluntary activation of skeletal muscle. Current Aging Science, 4(3), 192-199.

Conn, V. S., Tripp-Reimer, T., & Maas, M. L. (2003). Older women and exercise: theory of planned behavior beliefs. Public Health Nurs, 20(2), 153-63.

Craig, C. L., Marshall, A. L., Sjöström, M., Bauman, A. E., Booth, M. L., Ainsworth, B. E., … Oja, P. (2003). International Physical Activity Questionnaire: 12-country reliability and validity. Med Sci Sports Exerc, 35, 1381-1395.

Demerath, E. W., Rogers, N. L., Reed, D., Lee, M., Choh, A. C., Siervogel, R. M., & Czerwinski, S. A. (2011). Significant associations of age, menopausal status and lifestyle factors with visceral adiposity in African-American and European-American women. Annals of Human Biology, 38(3), 247-256.

DeNino, W. F., Tchernof, A., Dionne, I. J., Toth, M. J., Ades, P. A., Sites, C. K., &Poehlman, E. T. (2001). Contribution of abdominal adiposity to age-related differences in insulin sensitivity and plasma lipids in healthy nonobese women. Diabetes Care, 24(5), 925- 32.

Després, J. P., Pouliot, M. C., Moorjani, S., Nadeau, A., Tremblay, A., Lupien, P. J., … Bouchard, C. (1991). Loss of abdominal fat and metabolic response to exercise training in obese women. American Journal of Physiology, 261(24), E159-E167. European Comission. (2014). Special Eurobarometer 412: sport and physical activity.

Geneve: European Comission.

Harlow, S., Gass, M., Hall, J., Lobo, R., Maki, P., Rebar, R. W., … Group, S. C. (2012). "Executive summary of the stages of reproductive aging workshop +10: addressing the unfinished agenda of staging reproductive aging". Journal of Clinical Endocrinology

2. REVISÃO DA LITERATURA

Kim, M., Shinkai, S., Murayama, H., &Mori, S. (2014). Comparison of segmental multifrequency bioelectrical impedance analysis with dual-energy X-ray absorptiometry for the assessment of body composition in a community-dwelling older population. Geriatr Gerontol Int, 27.

Kotani, K., Tokunaga, K., Fujioka, S., Kobatake, T., Keno, Y., Yoshida, S., …Matsuzawa, Y. (1994). Sexual dimorphism of age-related changes in whole-body fat distribution in the obese. Int J Obes Relat Metab Disord, 18(4), 207-2.

Kuk, J. L., Saunders, T. J., Davidson, C., & Ross, D. (2009). Age-related changes in total and regional fat distribution. Ageing Research Reviews, 8(4), 339–348

Lee, L. L., Arthur, A., & Avis, M. (2008). Using self-efficacytheoryto develop interventions that help older people overcome psychological barriers tophysicalactivity: a discussion paper. Int J Nurs Stud, 45(11), 1690-9.

Lee, P. H., Macfarlane, D. J., Lam, T. H., & Stewart, S. M. (2011). Validityof theInternationalPhysical ActivityQuestionnaireShort Form (IPAQ-SF): a systematic review. Int J Behav Nutr Phys Act, 21(8), 115.

Ling, A., Craena, A., Slagboomb, P., Gunne, D., Stokkelc, M., Westendorpa, R., & Maiera, A. (2011). Accuracy of direct segmental multi-frequency bioimpedance analysis in the assessment of total body and segmental body composition in middle-aged adult population. Clinical Nutrition, 30(5), 610-615.

Lovejoy, J. C., Champagne, C. M., de Jonge, L., Xie, H., & Smith, S. R. (2008). Increased visceral fat and decreased energy expenditure during the menopausal transition. Int J

Obes (Lond), 32(6), 949-58.

Lovejoy, J. C., Champagne, C. M., de Jonge, L., Xie, H., Macfarlane, D., Chan, A., & Cerin, E. (2011). Examining thevalidityand reliability of the Chinese version of the InternationalPhysical ActivityQuestionnaire, long form (IPAQ-LC). Public Health

Nutr, 14(3), 443-50.

Mäder, U., Martin, B. W., Schutz, Y., &Marti, B. (2006). Validityof four shortphysical activityquestionnairesin middle-aged persons. Med Sci Sports Exerc, 38(7):1255-66. Merwe, V. (2005). "Weight gain after the menopause-is it inevitable?". Continuing Medical

2. REVISÃO DA LITERATURA

20

Monteiro, M., Gabriel, R., Aranha, J., Neves-e-Castro, M., Sousa, M., & Moreira, H. (2010). Influence of obesity and sarcopenic obesity on plantar pressure of postmenopausal women. Clinical Biomechanics, 25(5), 461-467.

Moreira, M. H., & Sardinha, L. B. (2003). Exercício físico, composição corporal e factores de

risco cardiovascular na mulher pós-menopáusica. Vila Real: UTAD.

Moreira, M., Castro, R., Freitas, J., Gabriel, R., & Monteiro, M. (2008). Functional fitness, obesity and sarcopenia in postmenopausal women. Climacteric, 11, S120.

Nicklas, B. J., Penninx, B. W., Ryan, A. S., Bernan, D. M., Lynch, N. A., & Dennis, K. E. (2003). Visceral adipose tissue cutoffs associated with metabolic risk factors for coronary heart disease in women. Diabetes Care, 26(5), 1413-20.

Norman, R., Flight, I. & Rees, M. (2000). "Oestrogen and progestogen hormone replacement therapy for peri-menopausal and post-menopausal women: weight and body fat distribution." Cochrane Database Systematic Reviews, (2), CD001018.

North American Menopause Society (2010). "Estrogen and progestogen use in postmenopausal women: 2010 position statement of The North American Menopause Society." Menopause, 17(2), 242-255.

Ochi, M., Tabara, Y., Kido, T., Uetani, E., Ochi, N., Igase, M., … Kohara, K. (2010). Quadriceps sarcopenia and visceral obesity are risk factors for postural instability in the middle-aged to elderly population. Geriatr Gerontol, 10(3), 233-43.

Pedersen, B. K. (2009). The diseasome of physical inactivity--and the role of myokines in muscle--fat cross talk. J Physiol, 587(Pt 23), 5559-68.

Pitanga, C. P. S., Oliveira, R. J., Lessa, I., Costa, M. C., & Pitanga, F. J. G. (2010). Atividade Física como fator de proteção para co-morbidades cardiovasculares em mulheres obesas. Revista Brasileira de cineantropometria e desempenho humano, 12(5), 324- 330.

Pitanga, F. J. G., Lessa, I., Barbosa, P. J. B., Barbosa, S. J. O., Costa, M. C., & Lopes, A. S. (2010). Atividade física na prevenção do diabetes em etnia negra: quanto é necessário?. Revista da Associação Médica Brasileira, 56 (6), 697-704.

2. REVISÃO DA LITERATURA

Pitanga, F. J. G., Lessa, I., Pitanga, C. P. S., & Costa, M. C. (2011). Atividade física na prevenção das comorbidades cardiovasculares em mulheres obesas: quanto é suficiente?. Rev Bras Ativ Fís Saúde, 16(4), 334-338.

Reaven, G. M. (1998). Insulin resistance and human disease: a short history. J Basic Clin

Physiol Pharmacol, 9(2-4), 387-406.

Ring-Dimitriou, S., Steinbacher, P., Von Duvillard, S. P., Kaessmann, H., Müller, E., & Sänger, A. M. (2009). Exercise modality and physical fitness in perimenopausal women. Eur J Appl Physiol, 105(5), 739-47.

Rolland, Y., & Vellas, B. (2009). La sarcopénie. La Revue de Médecine Interne, 30(2), 150- 160.

Rolland, Y., Lauwers-Cances, V., Cristini, C., Abellan van Kan, G., Janssen, I., Morley, J. E., &Vellas B. (2009). Difficulties with physical function associated with obesity, sarcopenia, and sarcopenic-obesity in community-dwelling elderly women: the EPIDOS (EPIDemiologie de l'OSteoporose) Study. American Journal of Clinical

Nutrition, 89(6), 1895-1900.

Schoeller, D. A. (2000). Bioelectrical impedance analysis. What does it measure? Ann N Y

Acad Sci, 904, 159-62.

Shuster, L., Rhodes, D., Goustout, B., & Rocca, W. (2010). Premature menopause or early menopause: long-term health consequences. Menopause, 65(2), 161-166.

Silva, T. A. A., Frisoli, A., Pinheiro, M. M., & Szejnfeld, V. L. (2006). Sarcopenia Associada ao Envelhecimento: Aspectos Etiológicos e Opções Terapêuticas. Rev Bras Reumatol,

46, 391-397.

Sipilä, S., Narici, M., Kjaer, M., Pöllänen, E., Atkinson, R., Hansen, M., & Kovanen, V. (2013)."Sex hormones and skeletal muscle weakness".Biogerontology, 14(3), 231-245. Sites, C. K., L'Hommedieu, G. D., Toth, M. J., Brochu, M., Cooper, B. C., & Fairhurst, P. A. (2005). The effect of hormone replacement therapy on body composition, body fat distribution,and insulin sensitivity in menopausal women: a randomized, double-blind, placebo-controlled trial. J Clin Endocrinol Metab, 90(5), 2701-2707

2. REVISÃO DA LITERATURA

22

Tengvall, M., Ellegard, L., Malmros, V., Bosaeus, N., Lissner, L., & Bosaeus, I. (2009). Bodycomposition in the elderly: reference values and bioelectrical impedance spectroscopy topredict total body skeletal muscle mass. Clin Nutr, 28(1), 52-8.

Toth, M. J., Tchernof, A., Sites, C. K., &Poehlman, E. T. (2000). Menopause-related changes in bodyfatdistribution. Ann N Y Acad Sci, 904, 502-6.

U.S. Department of Health and Human Services (2008). Physical Activity Guidelines for

Americans. Washington, D.C.: United States Government.

Vallance, J. K., Murray, T. C., Johnson, S. T., & Elavsky, S. (2011). Understanding physical activity intentions and behavior in postmenopausal women: an application of the theory of planned behavior. Int J Behav Med, 18(2), 139-149.

Villiers, T., Pines, A., Panay, N., Gambacciani, M., Archer, D., Baber., R., . . . Sturdee, D. (2013). Updated 2013 International Menopause Society recommendations on menopausal hormone therapy and preventive strategies for midlife health. Climacteric,

16(3), 316–337.

World Health Organization. (2009). Women and health: today´s evidence tomorrow´s agenda. Geneva: World Health Organization.

3.NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA PARA PREVENÇÃO DO EXCESSO DE

Documentos relacionados