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Capítulo VIII: Das Políticas Sociais Públicas

2.4 Desdobramentos do Plano Diretor 2006: Projeto de Requalificação da Área Central e Fundinho

2.4.1 Primeira Etapa: Levantamento de Dados e Leitura Analítica

A primeira etapa do projeto faz uma descrição das características gerais de Uberlândia, contendo aspectos históricos e elementos físicos do município, compreendendo o Fundinho como bairro fundacional da cidade (como já citado anteriormente). Aborda a importância desse centro urbano no cenário regional, as características ambientais e climáticas e os aspectos sociais e demográficos, com base nos censos do IBGE. Apresenta a população do município por faixas etárias, os aspectos econômicos e turísticos, a renda média da população e os principais eventos que atraem turistas para a cidade (o chamado turismo de negócios).

Também foi realizada uma contextualização do zoneamento da cidade a partir da Lei Complementar nº 245/2000, que define o Fundinho como Zona Especial de Revitalização e o considera como centro histórico da cidade.

Ainda referente à primeira etapa foi realizado um levantamento analítico da área do projeto de requalificação, no qual foi feito uma classificação do uso e ocupação do solo da área. Em relação ao Fundinho, o projeto define que, no ano de 2008, data de desenvolvimento do diagnóstico:

[...] a região do bairro era predominantemente de uso residencial nessa área (61,1%) e dentro disso, a surpreendente ocupação por uso residencial unifamiliar (H1), que corresponde a 47,8% do total da ocupação do Fundinho, em relação à ocupação residencial multifamiliar (H2), representando 9,9% e ao uso misto com presença de habitação de até 2 pavimentos (M1), com 3,4% de incidência nesse valor. No entanto, a quantificação das atividades de comércio e serviços diversos, se somada, demonstra também a expressiva ocupação da região por essas atividades (29,7%), sendo, dentro desse percentual, os mais significativos, o uso de serviço local (S1), correspondendo a 9,7% do total; o de comercial diversificado (C2), a 5,7%; o comercial local (C1) a 5,6%; serviço diversificado (S2) a 5,3% e uso misto com presença de uso residencial (M1), a 3,4% do total. As áreas vazias (vago) ainda devem ser destacadas nesse montante, correspondendo a 4,8% do território do Fundinho. Os demais usos ocorrem praticamente numa proporção equivalente na região, correspondendo a percentuais bastante próximos de 1% do total, cada um (UBERLÂNDIA, 2008, p. 26).

Podemos destacar que o projeto traz também dados referentes à volumetria do Fundinho no ano de 2008:

[...] no Fundinho predomina a ocupação através de edificações de um pavimento, representando 73,9% do total. Acrescentando as edificações de dois pavimentos esse percentual aumenta para 89,9%. A presença de edifícios de 3 e 4 pavimentos significa 3,2% e entre 5 e 20 pavimentos, 4,0%. Tais resultados demonstram que o Fundinho tem evidências de um processo de verticalização que deverá ser controlado e redirecionado considerando as medidas de proteção do patrimônio histórico existente (UBERLÂNDIA, 2008, p. 29).

As calçadas também foram objeto de estudo do projeto, sendo levantados aspectos como dimensionamento, mobiliário urbano, material de acabamento, dificuldades, potencialidades e acessibilidade. Em relação ao Fundinho, as calçadas apresentam pequenas dimensões (largura), falta de continuidade na implantação do sistema de acessibilidade, ausência de padrão de acabamento, que gera uma diversidade de paginações e materiais, dificultando a manutenção e inadequação às normas de acessibilidade. O suporte para lixo no bairro torna-se um obstáculo para os pedestres, pois estão localizadas muito próximas às residências. Além disso, as bancas de jornal e as paradas de ônibus localizadas nas praças do Fundinho não são padronizadas.

Quanto aos espaços públicos, o projeto identificou a priorização do automóvel em detrimento do pedestre e do transporte coletivo, acarretando condições de desconforto ambiental e urbano. A arborização no Fundinho está restrita às praças e a alguns trechos da Avenida Princesa Isabel e ruas Felisberto Carrijo e Silva Jardim.

O projeto faz uma descrição das praças, salientando que o Fundinho é o bairro de Uberlândia com a maior concentração de praças, sendo elas: Adolfo Fonseca; Clarimundo Carneiro; Dr. Duarte; Luz e Caridade; João Fonseca; Cícero Macedo; Coronel Carneiro e outras menores. No decorrer da apresentação foram observados aspectos como histórico, localização, composição interna, acabamentos, equipamentos, iluminação, paisagismo e uso especial. Em conformidade com a caracterização das praças contidas no projeto foi apresentado a legislação pertinente ao espaço público da cidade, a partir da Lei do Código de Posturas (Lei n°470/2008).

A partir da temática arborização foi realizado um amplo levantamento das espécimes de vegetação encontradas na área de implantação do projeto de requalificação, tendo como método o preenchimento de tabelas que continham parâmetros de avaliação, como também registros fotográficos. Para cada praça que estava localizada dentro da área do projeto foi realizado esse levantamento descritivo.

Outro aspecto abordado nessa primeira etapa do projeto foi um levantamento analítico do patrimônio cultural de Uberlândia, de modo específico na área central e no Fundinho. A pesquisa de referência foi o estudo desenvolvido pela autora Denise Ellias Attux, sob orientação

Fundinho-Uberlândia-MG” e o “Inventário de Diretrizes Especiais de Uso e Ocupação do Solo” (UBERLÂNDIA; UFU, 2004). No decorrer do documento é feita uma breve introdução da importância do Fundinho para a origem da cidade. Foi também apresentada a legislação que dá suporte para o tombamento dos bens no bairro, assim, foram listados todos os bens tombados contidos no Fundinho e na área do projeto e sua respectiva importância para a paisagem histórica e cultural de Uberlândia. Junto ao levantamento fotográfico foi desenvolvida uma análise dos imóveis antigos, atualmente já descaracterizados, comparando as transformações positivas e negativas na paisagem urbana, exemplificando a futura proposta de resgate de imóveis e espaços urbanos relevantes para a memória da cidade.

Também foi realizada uma caracterização de toda infraestrutura urbana da área do projeto. Em relação ao Fundinho destacam-se: as bocas-de-lobo, que são simples e entupidas; pavimento asfáltico sobre piso poliédrico; rampas com empoçamento; áreas bem impermeabilizadas (com asfalto, inclusive, em praças); sarjetas com dimensões insuficientes; existência de pontos de alagamentos próximos ao meio-fio devido à baixa declividade; incidência de deformação de pavimentos em ponto de alagamento devido à falta de drenagem; desobediência às normas de dispositivos de drenagem, sendo encontradas grelhas e bocas-de- lobo de vários formatos e dimensões e localização em área mais baixa.

Foi ressaltado também que a coleta do lixo é realizada diariamente no período noturno e existem poucas lixeiras de pedestres nas vias. A varrição dessas também é realizada todos os dias. Em relação à iluminação pública no Fundinho, o diagnóstico do projeto identificou ineficiente em virtude de árvores de grande porte, em sua maioria, localizadas nas praças, que acabam gerando um sombreamento nesses locais. A mobilidade do Fundinho foi outro aspecto avaliado e a equipe identificou uma falta de padronização de rampas e calçadas, o que ocasiona a falta de acesso dos pedestres a um caminhar seguro e com fluidez.

No decorrer dessa primeira etapa de levantamento de características, bem como na identificação de pontos fortes e fracos, foi possível evidenciar os principais anseios que as ações do projeto deveriam contemplar. Dessa maneira, teve sequência a segunda etapa do Projeto de Requalificação da Área Central e Fundinho.