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Capítulo 7 – A riqueza na transição da economia cafeeira para a industrial

7.2. Os primeiros italianos em Campinas

Consideram-se pioneiros os italianos que viveram em Campinas antes da imigração em massa ocorrida a partir de meados da década de 1880. Toma-se como marco o período que antecede a fundação do Circolo Italiani Uniti, em abril de 1881. As fontes citadas permitem a elaboração de uma lista com nomes e ocupações de mais de 220 indivíduos.7 A amostra de inventários captou alguns

deles, mas boa parte deixou de ser registrada devido ao número reduzido de casos e intervalo quinquenal das séries amostrais. Para conseguir analisar o maior número de inventários de italianos que chegaram antes da grande imigração, optou-se por cruzar os nomes da lista de pioneiros com os inventários registrados no banco de dados do Tribunal de Justiça de São Paulo, Comarca de Campinas. Os inventários encontrados foram analisados e seus dados foram incorporados, nesta seção, ao grupo de italianos da amostra.

O decano da colônia italiana em Campinas foi Rocco de Marco, que chegou à cidade no início da década de 1860 para mascatear. Em 1866, casado com Theodora Dias da Cruz, de família tradicional e abastada, de Marco obteve da Câmara Municipal uma licença para estabelecer seu comércio varejista de alimentos.8 Anos depois, o comércio a retalhos transformou-se em atacadista e

5 STOLCKE, Verena; HALL, Michael M. A introdução do trabalho livre nas fazendas de café de São Paulo. Revista Brasileira de História, v. 3, n. 6, p. 80-120, set. 1983.

6 PUPO, Celso Maria de Mello. Campinas, seu berço e juventude. Campinas: Academia Campinense de Letras, 1969. p. 150. BASSANEZI (Org.). São Paulo do passado, p. 501.

7 A lista utilizada aqui foi originalmente elaborada pelo pesquisador Gilberto Gatti, sendo depois revisada e complementada com as fontes notariais e do Circolo Italiani Uniti. Ver Anexo 1.

diversificou suas atividades para uma casa de câmbio onde se efetuavam câmbios e remessas de capital para a Itália, geralmente economias de salários e pequenas rendas de colonos. Nesse ramo, de Marco também foi agente do Banco Comerciale Italo-brasiliano, do Brasilianisch Bank e de diversas Companhias de Navegação

para transporte de imigrantes.9 Rocco e Theodora formaram uma das maiores

fortunas de sua época. Ele foi um dos fundadores, em 1881, do Circolo Italiani Uniti, entidade assistencialista e cultural, permanecendo como seu presidente de

honra e principal benemérito até sua morte em 1919.10 Naquele momento, ele já

era viúvo e sua filha, Francisca, casada com Mário Gatti, médico que finalizava a instalação do Hospital da colônia italiana, a atual Casa de Saúde Campinas.

O inventário de Rocco de Marco não pertence à amostra por ser de 1919. Porém, se for comparada sua riqueza líquida com as encontradas na amostra de 1920 (a mais próxima do ano de abertura de seu inventário), sua fortuna posiciona-o no estrato dos 5% mais ricos. Cerca de 90% do total de seu espólio compunham-se de ativos financeiros, de ações das Companhias Mogiana de Estradas de Ferro e Campineira de Águas e Esgotos, de cotas de capital social de suas empresas, uma sociedade com a administradora do Mercado Municipal (Nogueira & Irmão) e a comercial varejista e atacadista Roque de Marco & Cia., além de dinheiro depositado em bancos e de apólices das dívidas do Reino da Itália. Os demais 10% eram constituídos de imóveis (6 urbanos). Seus passivos

necessitaram de 4% da riqueza bruta para serem quitados.11

Outros italianos que viveram desde meados da década de 1860 em Campinas são os marceneiros Nicolau Germano e os irmãos Luiz e Pompeu de Tullio. Germano, inclusive, parece ter precedido aos de Tullio, pois era estabelecido no antigo largo da Matriz Nova com uma pequena oficina quando convidou Luiz para trabalhar consigo em 1863. Os irmãos de Tullio adquiriram a marcenaria de Germano em 1874 e, pouco depois, sediados em amplo galpão da rua do Rosário,

54, empregavam 18 operários.12

9 Licenças comerciais concedidas em 1878 e 1879. Arquivo da Câmara Municipal de Campinas; e

Almanach de Campinas para 1908. Campinas: [s.n.], 1907.

10 Rocco de Marco assina a ata de fundação do Circolo Italiani Uniti, em 17 de abril de 1881. A reunião de 4 de junho de 1885 o proclamou presidente honorário e vitalício. Livro de Atas das Assembleias Gerais. Arquivo da Casa de Saúde Campinas.

11 TJC, 3º Ofício, n.8033, 1919.

12 CAMILLO, Ema Elisabete R. Guia histórico da indústria nascente em Campinas (1850-1887). Campinas: Mercado de Letras, 1998. p. 83-84; e FERREIRA, Carlos; SILVA, Hypolito da (Org.).

Não se localizou o inventário de Nicolau Germano, mas o de Pompeu data de 1929 e o de Luiz, de 1931. Ambos os inventários não entraram na amostra (de 1930) utilizada neste trabalho. Todavia, se confrontados os totais líquidos de suas riquezas com as de 1930, suas fortunas os colocam no segmento dos 20% mais ricos dos inventariados. Ambos morreram com idades próximas a 80 anos. A fortuna de Luiz era formada por 59,4% do valor total em imóveis (9 urbanos) e 40,6% em ativos financeiros (letras, debêntures, ações e dinheiro depositado em banco). A riqueza de Pompeu era constituída por 86,3% do total em imóveis (13 urbanos) e 13,7% em ativos financeiros (empréstimos garantidos por hipotecas e ações da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro). O espólio de Pompeu não deixou dívidas e os passivos de Luiz precisaram de 7,6% do total bruto para serem quitados.13

Próspero Bellinfanti foi um italiano com ofício que viveu em Campinas desde 1870, conforme a propaganda de sua oficina de funilaria e caldeiraria situada na antiga rua da Ponte, encontrada no Almanak de Campinas para 1871. A sua

presença é confirmada, ainda, no Almanak da Província de São Paulo para 1873.14

O inventário de Bellinfanti é de 1896 e também não compõe a amostra. Porém, a comparação de sua riqueza líquida com as da série amostral de 1895 posiciona-o entre os 20% a 50% mais ricos inventariados. Mais de 90% de sua riqueza provinha de imóveis (18 urbanos e 2 rurais), 8% de ativos financeiros (ações de empresas e dinheiro em banco) e 2% de outros bens (ouro, prata e mobília). Os

recursos de Próspero quitaram 9,4% de dívidas (sobretudo com fornecedores).15

Seu irmão Braz Bellinfanti parece ter seguido um caminho parecido. No Almanach Popular de Campinas para 1878 consta o anúncio de seu estabelecimento na rua Sacramento, para a venda de fogões, cristais e artigos americanos. Braz diversificou suas atividades e obteve da Câmara Municipal, em 1879, licença para estabelecer um negócio de secos e molhados. Seu inventário foi iniciado em 1905 e faz parte da amostra. Assim como o irmão, Braz pertenceu ao grupo dos 20% a 50% inventariados mais ricos, com riqueza formada por ativos

Almanaque Popular para 1878. Campinas: Typ. Gazeta de Campinas, [s.d.]. Neste, inclusive, Luiz

de Tullio aparece também como professor de música, atendendo ao largo da Matriz Nova. 13 TJC, 3º Ofício, n.8342, 1929; 2º Ofício, n.6237, 1931.

14 LISBOA, José Maria (Org.). Almanak de Campinas para 1871. Campinas: Typ. da Gazeta de Campinas, 1870; e LUNÉ, Antonio José Baptista de; FONSECA, Paulo Delfino da (Org.). Almanak

da Provincia de São Paulo para 1873. Edição Fac-Similar. São Paulo: IMESP, 1985.

financeiros (capital social das suas empresas) e estoques. Suas dívidas com

fornecedores representavam 13,4% de sua fortuna bruta.16

Especialista em conserto de armas, José Zupi viveu na cidade desde o início da década de 1870, como revela o anúncio de sua oficina no Almanak de Campinas para 1873. Datado de 1896, seu inventário não está na amostra, mas a comparação de sua riqueza líquida com as da série amostral de 1895 o situa no estrato intermediário dos 20% a 50% mais ricos. A riqueza de Zupi foi constituída por 84,9% do valor total em imóveis (6 urbanos), 14,4% em ativos financeiros e 0,7% em outros bens (móveis, utensílios e joias). Seu espólio liquidou 5,1% de dívidas sobre o total bruto.17

Um dos fundadores da antiga Cervejaria Guarany, em 1880, Angelo Franceschini fixou residência em Campinas em 1876 para trabalhar na construção

da Matriz Nova.18 Não se localizou seu inventário, mas o de sua mulher e de um

de seus filhos. O inventário de Thereza Franceschini data de 1899 e não foi captado pela amostra. A comparação de sua riqueza líquida com a amostra de 1900 também a posiciona no estrato intermediário dos 20% a 50% mais ricos, tendo seus recursos formados por 83,3% do total em imóveis (14 urbanos), 15% em ativos financeiros e 1,7% de outros bens (mobília e joias).19 O inventário de

Orestes Franceschini foi aberto em 1920 e faz parte da amostra. O total líquido de bens o insere no estrato dos 50% menos ricos e sua riqueza tinha 33,8% do valor total em imóveis (2 urbanos) e 66,2% em ativos financeiros (ações das Companhias Paulista e Mogiana de Estradas de Ferro). As dívidas desse espólio somavam, porém, 269,5% do total bruto. Não fosse esse prejuízo, Orestes estaria no estrato intermediário.20

Angelo Belluomini chegou em 1879 para atuar em sociedade com Angelo Franceschini na produção e no comércio de bebidas. A sociedade na Cervejaria Guarany perdurou até 1901, quando cada um abriu sua própria fábrica. Angelo

16 Licenças comerciais concedidas em 1879. Arquivo da Câmara Municipal de Campinas; TJC, 3º Ofício, 7829; e FERREIRA; SILVA (Org.). Almanaque Popular para 1878.

17 LISBOA, José Maria (Org.). Almanak de Campinas para 1873. Campinas: Typ. da Gazeta de Campinas, 1872; e TJC, 1º Ofício, n.6842, 1896.

18 CAMILLO. Guia histórico da indústria nascente em Campinas, p. 135-136. Angelo Francheschini aparece nos pagamentos feitos aos trabalhadores da construção da Matriz Nova, de 1876 a 1880, como servente, amassador, prestador de serviços de transportes e fornecedor de animais (provavelmente para serviços de tração em guindastes). Pagamentos aos obreiros da Matriz Nova, 1876 a 1880. Arquivo da Cúria Metropolitana na Catedral de Campinas.

19 TJC, 1º Ofício, n.6474, 1899. 20 TJC, 2º Ofício, n.5996, 1920.

Belluomini também diversificou para o comércio varejista e atacadista de secos e

molhados.21 Seu inventário foi autuado em 1930 e compõe a amostra, situando-

se no segmento dos 20% mais ricos naquele ano. Sua riqueza era formada por 66% do valor total em imóveis (6 urbanos) e 34% em ativos financeiros (cotas de capital social da empresa A. Belluomini & Filhos). Seus bens quitaram 40,5% de dívidas sobre o total bruto.22

O primeiro registro de Francisco Capolupo em Campinas é uma licença obtida junto à Câmara Municipal, em 1878, para estabelecer um comércio de secos e molhados. Capolupo morreu em 1928 e seu inventário não faz parte da amostra. Comparando-se sua riqueza líquida com as descritas na série de 1930, ele encontrava-se entre os 20% mais ricos dos inventariados. Sua fortuna compôs-se de 75% do valor total em imóveis (13 urbanos, 3 deles em Cosmópolis), 24,7% em ativos financeiros (empréstimos e dinheiro em espécie e em banco) e estoques, além de 0,3% em outros bens (mobília e 2 automóveis da marca Ford). Seu espólio

pagou 1,5% de dívidas sobre sua riqueza bruta.23

Trajetória inicial semelhante foi seguida pelo alfaiate José Cattani, que também obteve da Câmara Municipal, em 1878, licença para atuar no comércio de tecidos. Cattani morreu em 1916 e, igualmente, seu inventário não compõe a amostra. A comparação de sua riqueza líquida com a amostra de 1915 coloca-o entre os 20% a 50% dos inventariados mais ricos. Seu perfil, todavia, apresenta clara preferência por ativos financeiros (ações da Companhia Campineira de Águas e Esgotos e apólices da dívida do município de Espírito Santo do Pinhal), cujos valores atingem 85,9% do total de sua fortuna. Seu único imóvel urbano constituiu 12,7% do total e os demais 1,4% referem-se a móveis e utensílios. Seu espólio não deixou dívidas.24

Os ramos de alfaiataria e de comércio de fazendas do final do século XIX tiveram em Antonio Sbraggia outro importante representante. De acordo com o Almanach Popular de Campinas para 1878, Sbraggia estabeleceu-se primeiramente na antiga rua São José. No ano seguinte, o imigrante obteve da Câmara Municipal licença para atuar no comércio de tecidos, sendo também

21 CAMILLO. Guia histórico da indústria nascente em Campinas, p. 135-137. 22 TJC, 4º Ofício, n.1988, 1930.

23 Licenças comerciais concedidas em 1878 e 1880. Arquivo da Câmara Municipal de Campinas; TJC, 4º Ofício, n.1505, 1928.

24 Licenças comerciais concedidas em 1878. Arquivo da Câmara Municipal de Campinas; TJC, 4º Ofício, n.7185, 1916.

produtor agrícola. Seu inventário é de 1902 e não pertence à amostra. Se sua riqueza líquida for comparada com as da série de 1900, ele situa-se na elite dos 20% mais ricos. Sua fortuna era formada por 84,4% do valor em imóveis (17 urbanos e 1 rural, este equivalendo a 34,5% da soma de todos os imóveis arrolados) e 15,6% em ativos financeiros (cotas de capital social da firma Sbraggia & Irmão, ações da Companhia Campineira de Águas e Esgotos, empréstimos efetuados com garantias hipotecárias, depósitos em banco) e estoques de café.

Seu espólio quitou 8,4% de dívidas sobre sua riqueza bruta.25

Entre os pioneiros estão os italianos trazidos pelo engenheiro Christofano Boninni para as obras da antiga Matriz Nova (atual Catedral Metropolitana de Campinas). Boninni foi contratado em 1876 no calor das malfadadas ações públicas pelas quais a Câmara Municipal buscava superar os sérios problemas estruturais que causaram o desabamento da fachada da igreja, em 1865. Boninni precedeu a Francisco de Paula Ramos de Azevedo, cujo escritório dirigiu a conclusão das obras da Matriz, inaugurada em 1883.26 Durante os anos em que tocou as obras, de

1876 a 1880, Boninni recrutou trabalhadores especializados diretamente da Itália,

como atestam os pagamentos realizados aos operários, arquivados na Catedral.27

Muitos dos italianos trazidos por Boninni retornaram à Itália após o final dos trabalhos, mas foram localizados alguns que deixaram patrimônio ao morrer em Campinas. Trata-se do ferreiro e mecânico de carroças Angelo Lembi, dos carpinteiros Giuseppe Barsotti, Maurizio Malfatti e Samuel Carlotti, bem como do entalhador Raphael de Rosa.

Angelo Lembi imigrou em 1876 e viveu até 1898, tornando-se um dos sócios-fundadores do Circolo Italiani Uniti em 17 de abril de 1881. Seu inventário não pertence à amostra, mas, se sua riqueza líquida for confrontada com as da série de 1900, verifica-se que ele pertence ao estrato intermediário dos 20% a 50% mais ricos. Sua fortuna constituía-se por 42% do valor total em imóveis (4

25 FERREIRA; SILVA (Org.). Almanaque Popular para 1878 e 1879; Licenças comerciais concedidas em 1879. Arquivo da Câmara Municipal de Campinas; e TJC, 3º Ofício, n.7787, 1902.

26 LEITE, Ricardo. Catedral Metropolitana de Campinas: um templo e sua história. Campinas: Editora Komedi, 2004.

27 Pagamentos aos obreiros da Matriz Nova, 1876 a 1880. Arquivo da Cúria Metropolitana na Catedral de Campinas. A presença de Christofano Boninni como engenheiro pode ser confirmada, também, em: FERREIRA; SILVA (Org.). Almanaque Popular para 1879.

urbanos), 56,2% em ativos financeiros e 1,8% de outros bens (mobília). As dívidas

quitadas atingiram 39,9% do total da riqueza bruta.28

Giuseppe Barsotti também emigrou em 1876, falecendo em 1913. Se comparada sua riqueza líquida com os inventários de 1915, seus ativos colocam- no entre os 20% a 50% mais ricos, compostos por 81,2% do total em imóveis (2 urbanos), 16,8% em ativos financeiros e 2% de outros bens (mobília e utensílios).

Seu espólio liquidou 38,3% de dívidas sobre o total bruto.29

Maurizio Malfatti foi sócio fundador e presidente do Circolo Italiani Uniti. Depois das obras da Matriz, Malfatti atuou também como construtor, sendo sócio de José Massagli na empresa Massagli & Malfatti, que, entre outras obras, ergueu, em 1888, a ala esquerda e os muros envoltórios do Circolo Italiani Uniti, conforme projeto do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo.30 Outras obras de

expressão de Massagli & Malfatti foram a Hospedaria de Imigrantes de Campinas31,

as reformas para a estadualização do Colégio Culto à Ciência e abertura da avenida Barão de Itapura e o ramal férreo de Cabras. Maurizio morreu em 1917, o que o excluiu da nossa amostra. A comparação de sua riqueza com as da série de 1915 posiciona-o no estrato dos 20% a 50% mais ricos. Seus ativos eram formados por imóveis (2 urbanos). Seu espólio quitou pouco mais de 2% de dívidas sobre sua riqueza bruta.32

Samuel Carlotti e Raphael de Rosa também fizeram parte do contingente que veio da Itália para trabalhar nas obras da Matriz. Todavia, não foram encontradas as atividades de ambos até seus falecimentos. Carlotti morreu em 1894 e Raphael de Rosa, em 1924. A comparação dos bens de Carlotti com as riquezas líquidas da série de 1895 posiciona-o no grupo da metade menos rica dos inventariados. Seus bens eram constituídos do único imóvel que lhe serviu de morada e de oficina, tendo seu espólio quitado 29,8% de dívidas. A comparação

28 TJC, 3º Ofício, n.7742, 1898. Ata de fundação do Circolo Italiani Uniti, em 17 de abril de 1881. Livro de Atas das Assembleias Gerais: 1881-1884. Arquivo da Casa de Saúde Campinas.

29 TJC, 3º Ofício, n.7943, 1913.

30 Nas ações que levaram à construção da sede da entidade, há que destacar a figura de Francisco de Paula Ramos de Azevedo. O projeto de Ramos de Azevedo previa a construção da sede da entidade em módulos. Os módulos do centro e da direita começaram a ser construídos em janeiro de 1885, por L. Botelli & Luraschi, vencedores do “concurso” para a “arte de pedreiro” e por J. Perrim & Rachou, vencedores para a “arte de carpinteiro”, conforme a Ata de 4 de janeiro de 1885. Livros de Atas das Assembleias Gerais: 1881-1884 e 1885-1888. Arquivo Casa de Saúde Campinas. 31 O edifício pertence atualmente ao espólio da antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro.

Está localizado na Vila Industrial. 32 TJC, 2º Ofício, n.5946, 1917.

da riqueza de Raphael de Rosa com as da amostra de 1925 também coloca-o entre

os 50% menos ricos, possuindo um único imóvel de morada, sem dívidas.33

Ao tomar as riquezas de italianos pioneiros e as comparar com as dos demais italianos, observam-se os padrões apresentados na Tabela 7.2.

Tabela 7.2 – Distribuição de inventariados italianos segundo o período de imigração, Campinas, 1870-1940, em número e %

20% mais ricos 20-50% mais ricos 50% menos ricos Totais No. % No. % No. % No. % Italianos pioneiros 6 35,3 7 41,1 3 17,6 17 100,0 Demais italianos 16 7,8 61 29,6 130 63,1 206 100,0 Totais – todos 22 9,9 68 30,5 133 59,6 223 100,0

Fonte: inventários TJSP–Campinas.

O grupo de pioneiros, com ofícios especializados e capitais para iniciar negócios, caracteriza-se pela maior concentração entre os 20% mais ricos (35,3%) e no estrato intermediários dos 20% a 50% mais ricos (41,1%), revelando que mais de ¾ dos inventariados pertenceu à metade mais rica da amostra. Por sua vez, o conjunto de italianos exclusive os pioneiros, e que inclui colonos das fazendas de café e operários, concentrou-se nos estratos da metade menos rica (63,1%) e dos 20% a 50% mais ricos (29,6%). Estes resultados confirmam, portanto, a hipótese de que os italianos pioneiros tendiam a ser imigrantes com recursos monetários e habilidades e que aproveitaram as oportunidades econômicas de uma economia em rápido crescimento. Por essa razão, eles foram bem-sucedidos em relação aos demais, que chegaram depois de 1886 para suprir de mão de obra nos meios rural e urbano.