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Princípios Basilares Organizacionais das Instituições Militares – Hierarquia

Ao tratarmos dos princípios básicos formadores da hierarquia e disciplina, os quais organizam as instituições militares, em especial no Brasil, é imprescindível uma noção histórica de tais princípios, ao que encontramos melhor análise em trabalho de Conclusão de Curso, com o título, ―AS VIRTUDES DO EXÉRCITO BRASILEIRO NA PÓS-MODERNIDADE‖(BOËCHAT, 2014), realizado por Igor Sidhartha Boëchat, pela Escola Superior de Guerra, o qual é militar, Coronel de Artilharia do Exército Brasileiro, e que acreditamos ser reflexo do pensamento corporativo.

Boëchat (2014 p. 15) traz referência a obra de Platão, ―A República‖, que escreveu sobre a subsistência dos guerreiros, assim, ―[...]à alimentação necessária a atletas guerreiros sóbrios e corajosos, recebê-la-ão dos outros cidadãos, como salário da guarda... [...]‖, isso a tìtulo de subsistência para necessidades fisiológicas.

Sobre o pagamento pela presteza e dedicação em proporcionar a segurança do grupo social, o pagamento era a possibilidade de ali estarem representando ―os seus‖, assim acreditavam que o pagamento era a própria posição no exército, pois ...

Quanto ao ouro e à prata, dir-lhes-emos que têm sempre na alma os metais que receberam dos deuses, que não têm necessidade dos metais dos homens e que é ímpio macular a posse do ouro divino acrescentando-lhe o ouro mortal, porque muitos crimes foram cometidos pelo metal em forma de moeda do vulgo, ao passo que o deles é puro. (PLATÃO, 2004, p.111. Apud, BOËCHAT, IGOR SIDHARTHA, 2014, p.14).

Boëchat, cita a obra ―A República‖, em um diálogo de Sócrates (Apud, BOËCHAT, 2014, p.15) com seus discípulos, que em uma cidade perfeita, ―[...]deveriam ser os soldados, os guerreiros que deveria defender a cidade[...]‖, e que ―[...]os defensores da República devem levar uma vida simples, voltada para os misteres da guerra e não se interessar pelos bens materiais.‖, entretanto para convencer os soldados que ―[...]os deuses já tinham colocado ouro e prata na alma deles e, assim, eles não teriam necessidade de ouro e prata terrenos que, por sinal, eram de qualidade inferior ao que possuíam.‖

Assim valores de épocas passadas chegam a contemporaneidade, quando o ―ouro e prata na alma‖ são os Valores Militares, das instituições militares regulares do atual Regulamento Jurídico Brasileiro, que se expressa na forma de ―espirito de corpo‖, como afirma Boëchat.

A ideia de ‗Patriotismo‘, foi criada pelos Romanos, e encontra-se expressa no Hino da Independência, onde versa ―Ou ficar a pátria livre Ou morrer pelo Brasil.‖ (BRASIL, HINO DA INDEPENDÊNCIA), onde atualmente temos esta nítida noção referente ao amor pela Pátria.

Sempre se fez necessário a hierarquia nos combates, no campo de batalha, desde as civilizações mais antigas, entretanto foram os romanos quem introduziram mais degraus nestas hierarquias, com a finalidade de organizar os grupos para o combate, desde o Comandante até o Soldado. Esta convivência, por longos períodos, desencadeou o chamado ―Espirito de Corpo‖, conforme Boëchat, em seu trabalho, cita ...

Os romanos trouxeram grande evolução a esta característica militar adicionando mais degraus hierárquicos. Assim, na legião romana teríamos o Comandante, que seria o Consul, ou Pretor, que comandavam todas as legiões; cada legião possuía seis oficiais superiores que eram os Tribunos, que comandavam seis centúrias; cada centúria era comandada por um centurião (oficial intermediário); as centúrias eram divididas em decúrias, que eram grupos de dez homens, comandados por um decurião (oficial subalterno); finalmente chegaríamos no Legionário (soldado), que ainda eram divididos em immunes, soldados de 1a Classe, e munífices, soldados de segunda classe (LEGIÃO..., 2011, apud BOËCHAT, p. 16).

Em relação as virtudes, e sua significação entre o corpo de militares, que a relação ao dever era considerada ao extremo, e Boëchat (2014, p. 17), cita Lendon, onde ―[...]os romanos buscavam desenvolver quatro virtudes fundamentais para o desenvolvimento do guerreiro: o culto dos valores gregos; o culto à história romana, a virtus e a disciplina.‖. A inspiração, proporcionada pela vontade de participar da história romana, em grandes feitos militares, tinha consequências extremas, pois ocorrendo o fracasso, estes tomavam atitudes extremas, como a...

―[...]história do general romano Marco Escauro que proibira seu filho de se apresentar para ele, uma vez que o jovem teria fugido na presença do

inimigo, no desfiladeiro Tridentino. O jovem, por não suportar a desonra, acabou por suicidar-se." (FRONTINO, 2005, p. 42 apud, BOËCHAT, 2014, p. 17).

Segue, Boëchat (2014, p. 18), que, para os guerreiros romanos ―[...]a disciplina também era uma virtude fundamental, mas ela deveria estar associada à virtus. A virtus era uma virtude romana que pode ser entendida como ―coragem agressiva‖ [...]‖, assim a ―virtus‖ deveria ser controlada pela disciplina, alcançando assim um controle proporcionado pela ―rudeza do treinamento diário e a prática constante de situações que imitam o combate‖. O controle da disciplina servia canalizar a agressividade, cabendo ao Comandante o discernimento do uso do ―virtus‖, ao que Boëchat compara

Talvez, os povos bárbaros do norte tivessem até mais virtus que os romanos, mas sem a disciplina não lhes puderam resistir. Lendon afirma que, por este ponto de vista, virtus e disciplina não seriam virtudes antagônicas, mas virtudes complementares e o sucesso militar romano é resultado do emprego harmônico destas duas virtudes. (BOËCHAT, 2014, p. 18)

O maior exemplo de disciplina, na Antiguidade, ocorre em Esparta, pois nesta sociedade a guerra é objeto de toda atividade ali realizada, sendo dos sete anos de idade destinados a vida militar até os trinta anos, e a partir, seriam cidadãos, contudo permaneceriam disponíveis para a guerra até os sessenta anos. Esta intensa atividade militar formava um guerreiro, ―corajoso e disciplinado‖, amparado por um ditado espartano, ―Outras cidades produzem monumentos e poesia. Esparta produz homens.‖, e cita Igor Sidhartha Boëchat,

O treinamento militar se iniciava aos sete anos de idade. Nesta fase inicial, a criança deveria superar a dor e o medo e, para isto era submetida a surras pelas outras crianças, quando eram comuns os desmaios e alguns ossos quebrados. Dos treze aos vinte anos já poderia fazer parte dos pelotões auxiliares e tomar parte de treinamentos intensos, que buscavam avaliá-los quanto à coragem e a resistência à dor. A partir dos vinte poderia casar e integrar uma unidade militar grega, a Falange. Entretanto deveria sempre dormir acampado, ao relento, apenas com o abrigo de uma manta. (BOËCHAT, 2014, p. 17).

No ano de 2002, O Ministério da Defesa através do Exército Brasileiro, por sua Comissão de Cerimonial Militar do Exército, aprova o Vade-Mécum de Cerimonial Militar do Exército Valores, Deveres e Ética Militares (VM 10) com a 1ª edição 2002 portaria nº 156, de 23 de abril de 2002 aprova,

O COMANDANTE DO EXÉRCITO, no uso da competência que lhe confere o art. 30 da Estrutura Regimental do Ministério da Defesa, aprovada pelo decreto nº 3.466, de 17 de maio de 2000, de acordo com o que propõe a Secretaria-Geral do Exército, ouvida a Comissão de Cerimonial Militar do Exército resolve: Art.1º Aprovar o Vade-Mécum de Cerimonial Militar do Exército - Valores, Deveres e Ética Militares (VM 10), que com esta baixa. Art.2º Estabelecer que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação. Gen Ex GLEUBER VIEIRA Comandante do Exército. (BRASIL, 2002)

A citada Portaria 156/2002, que contém Valores, Deveres e Ética Militares, considerada por Boëchat, como imutáveis, assim entendidos como princípios, ao que relaciona-se a Valores como:

‗Patriotismo‘ como sendo ―[...]o sentimento que liga o militar à sua pátria e o impele a defender sua soberania, sua integridade territorial, sua unidade e sua paz social.‖, mesmo ―[...]com o sacrifício da própria vida.‖, sendo a profissão militar a única que exige tal compromisso. Este compromisso é reforçado em formaturas, anualmente com a inclusão de novos recrutas, que juram, perante a sociedade, sacrificar a vida em defesa da ―Pátria‖.

‗Civismo‘ culto as tradições, aos símbolos nacionais aos heróis e à História da Pátria, em particular, a militar. Apologia aos atos heroicos realizados pelos Militares, as lembrança das glórias trazidas servem de referência e incentivo para os que não estiveram no campo de batalha.

‗Fé na Missão‘ ocorre quando se acredita em um ideal, uma atividade de grande importância social, não se apegando a interesses pessoais, que a missão do Exército está vinculado ao ‗Bem Comum‘.

‗Amor à Profissão‘ é um sentimento, um elo de ligação entre o militar e o trabalho, do qual advém seu sustento, sendo o entusiasmo por esta atividade, a motivação, dedicação, e que o faz por prazer e não por obrigação.

‗Espìrito de Corpo‘ ―[...]é externado pelo [justo] orgulho de pertencer a um determinado grupo de pessoas que tem valor. O Espírito de Corpo deve iniciar-se nos pequenos escalões[...]‖, e com passar o tempo se elevará de maneira geral a

pertencer ao Exército, sendo que, ―Esta virtude permite que a tropa tenha coesão e desenvolva a camaradagem.‖, conforme Boëchat (2014, p. 17)

‗Aprimoramento Profissional‘ para o autor, Boëchat, (2014, p. 20) ―[...]é uma característica dos exércitos contemporâneos, uma vez que a evolução tecnológica e doutrinária exige que seus integrantes se mantenham sempre atualizados.‖, contudo a própria história de treinamentos mostra que ocorre desde o surgimento dos exércitos, conforme suas épocas históricas, mas é de se concordar que devido a evolução tecnológica se faz necessário ―[...]o próprio aprimoramento pessoal e pela manutenção do condicionamento físico.‖

No que concerne aos deveres, podem ser morais, que os indivíduos impõe a si mesmos, sem interferências de causas externas, ou jurídicos, que são um conjunto de princìpios que ―emanam de um conjunto de vìnculos morais e jurìdicos que ligam o militar à Pátria e a Instituição‖ (BRASIL, 2002, p. 17). São eles: a Dedicação e Fidelidade à Pátria; o Respeito aos Símbolos Nacionais; Probidade e Lealdade; Disciplina e Respeito à Hierarquia; o Rigoroso Cumprimento dos Deveres e Ordens; e o Trato do Subordinado com Dignidade.

A ‗Dedicação e Fidelidade à Pátria‘ aqui ocorre uma subordinação de interesses pessoais em prol de um bem maior, o interesse pela defesa da Pátria, o interesse maior do País, ao ‗Estado-Nação‘ e não aos ―Governos ou às ideologias‖.

A ‗Probidade e Lealdade‘, caracterìstica de honestidade e comprometimento, sendo que o amor a verdade, e a sinceridade devem, conforme Boëchat, (214, p. 21) ―[..]ser direcionada para não tentar enganar seus superiores, pares ou subordinados.‖, e considera-se na vida militar a lealdade e a coragem, as mais importantes para se obter o sucesso, ―[..]pois a primeira faz nascer um corpo coeso, onde impera a confiança mútua, e a segunda impele tal corpo coeso em direção aos objetivos militares.‖.

Sobre a coragem Boëchat (2014, p. 26) é incisivo, ―[...]acreditamos que seja um sinal dos tempos que esta virtude – a Coragem, tão importante na caracterização dos guerreiros, esteja sendo pouco valorizada.‖ E complementa ―É preciso que os

profissionais, principalmente os Oficiais, tenham sua coragem testada e desenvolvida, durante toda a formação.‖, inclusive com ―[...]reformulação do Treinamento Físico Militar, com maior ênfase em lutas, seria uma iniciativa importante para este fim.‖ (BOËCHAT, 2014, p. 27), e assegura a validade de valores, virtudes militares, constantes na portaria 156/2002, ao menos na formalidade, com exceção da Coragem.

O ‗Rigoroso Cumprimento dos Deveres e Ordens‘ com fundamento na Hierarquia e na Disciplina, este dever permite que haja confiança entre Comando e Tropa, assim ocorrendo o fiel cumprimento das missões, serviços a serem realizados.

O ‗Trato do Subordinado com Dignidade‘, que o militar ao fazer parte das fileiras do Exército, no juramento à Bandeira, conforme decreto de 1983, este promete: ―Incorporando-me ao Exército Brasileiro, prometo (…) Tratar com afeição os irmãos de armas e com bondade os subordinados (…)‖. A Portaria 156/2002 expressa que,

- Trato do subordinado com bondade, dignidade, urbanidade, justiça e educação, sem comprometer a disciplina e a hierarquia.

- Incentivo ao exercício da liderança autêntica que privilegie a persuasão em lugar da coação e que seja conquistada não pelo paternalismo, mas pela competência profissional, aliada à firmeza de propósitos e à serenidade nas atitudes.

- Importância do exemplo pessoal, do desprendimento e do respeito ao próximo, demonstrados pelos chefes em todos os escalões, como incentivo à prática de atitudes corretas por parte de cada um.

- Não confundir rigor com mau trato, nem bondade com "bom-mocismo". (Gen Ex GLEUBER VIEIRA Comandante do Exército, Portaria 156 de 2002)

Sobre o tema, Boëchat, refere que ―Portaria nº 156 recomenda para ―não confundir rigor com mau trato, nem bondade com bom-mocismo‖ (BRASIL, 2002, p .23).‖, o que tem a finalidade de estabelecer um corte a permissividade, sem que se deixe de cumprir as normas regulamentares, e, percebe-se ao mesmo tempo, passar uma ideia de que o escalão superior tem o dever de ―punir‖, pois esta é sua função.

Referente a Ética Militar, Boëchat (2014, p.22), afirma que ―[...]é um conjunto de regras que conduzem o militar a observar e agir de acordo com o Sentimento do

Dever, a Honra Pessoal, o Pundonor Militar e o Decoro da Classe (BRASIL, 2002, p. 25).‖, e que são virtudes ligadas a ética, pois devem surgir do íntimo do militar.

O ‗Sentimento do Dever‘, para o autor, ―[..]é o cumprimento das funções que estão ligadas ao cargo exercido. Refere-se, ainda, ao fiel cumprimento das leis, regulamentos e ordens.‖ (BOËCHAT, 2014 p.22), advindos de convicção interna, e não de receios inerentes a possibilidades de castigos, punições.

A ‗Honra Pessoal‘ se relaciona com reputação individual, ligada a conduta de cada ser humano. O ‗Pundonor Militar‘ é a maneira como o indivíduo se relaciona no meio militar, estando ligado diretamente à ‗Honra Pessoal‘. Refere Boëchat que no momento em que ―[...]se incorpora ao Exército Nacional, imediatamente se recebe, por ―herança‖, a reputação deixada por aqueles que vieram antes de nós. Cabe a cada militar zelar para manter esta boa herança e, se possível, ampliá-la.‖ (BOËCHAT, 2014 p.22).

O ‗Decoro da Classe‘ ainda conforme Boëchat (2014 p.22), ―[...]se refere ―aos valores moral e social da Instituição [Exército Brasileiro] e à sua imagem ante a sociedade‖ (BRASIL, 2002, p. 25, grifo nosso). Seria o conceito social de que gozam os militares.‖, como sendo patrimônio, virtudes, advindas dos que antes serviram as Forças Armadas, ainda assegurando que a ‗Hierarquia‘ e a ‗Disciplina‘, são pilares de sustentação, com ―[...]características se mostraram fundamentais para se obter o sucesso em combate. O mesmo vale para os valores que refletem o relacionamento do militar com a sociedade a que serve.‖, sendo o desenvolvimento das virtudes, já elencadas, a base de confiança entre exército e sociedade.

A ‗Disciplina e o Respeito à Hierarquia‘ constituem a base institucional das Forças Armadas, que para Boëchat, sem estas duas características, que são considerados fundamentais, não existem Forças Armadas.

A Disciplina é traduzida como a rigorosa observância das normas, regulamentos e disposições que regem a vida militar. O Exército Brasileiro defende que esta disciplina seja consciente. Assim, o militar passará a observar todos os preceitos não por uma força externa, mas pela vontade interior, conduzida por sua consciência.

O respeito à Hierarquia é a consciência de que os militares estão distribuídos em postos e graduações, cada um deles com seus deveres e prerrogativas. Para que a hierarquia funcione bem, principalmente em regimes democráticos, é importante estar alicerçada no mérito e na liderança. (BRASIL, 2002, apud BOËCHAT 2014, p. 21)

Para Pallovitch, o conceito de disciplina vai além da obediência passiva, pois como citado no livro ―O Ideal Democrático e a Disciplina Militar‖, de Thomaz Francisco Madureira, afirma que a Disciplina Militar:

[...]a disciplina não é, simplesmente, feita de obediência passiva, porém, de inteligência e devotamento, e, assim, transforma e prolonga a obediência passiva em uma iniciativa subordinada aos interesses raramente expressos em conjunto. Torna‐se uma virtude coletiva, o cimento da união moral, intelectual e física, que multiplica a força de cada um pela força de todos. (PALLOVITCH, Apud SOUZA, 2017, p.2)

Sobre a Disciplina, conforme o autor, podemos entender que ―[...]deixou de ser a virtude que controla a coragem agressiva – ―virtu‖, como ocorria na Roma Antiga, e hoje é uma virtude com valor próprio, ou seja, sem a necessidade de estar ligada a outra.‖(BOËCHAT, 2014, p. 26), e atualmente deixou de ser a controladora da ―coragem‖, entretanto em cursos de formação existem atividades que necessitam da coragem, como: a instrução de montanhismo, a pista de cordas, a pista de pentatlo militar, o salto da plataforma de dez metros, a entrada em áreas gazadas, ou mesmo patrulhas que atuavam muito descentralizadas, cursos da Brigada Paraquedista, o Curso de Guerra na Selva, Comandos, entre outros.

As forças armadas, exército, são instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina militares, destinada a defesa do Estado e a defesa da soberania, do território e da segurança nacional, tendo como braço institucional as Polícias Militares, consideradas forças auxiliares do exército, cuja missão é preservar a ordem pública nos respectivos Estados da Federação, como prescreve o Art. 144 v e Art. 42 da Constituição Federal de 1988.

A Lei 6880 de 1980, denominada de Estatuto dos Militares, traz em seu artigo 14, ―A hierarquia e a disciplina são a base institucional das Forças Armadas. A autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierárquico.‖, o que nos mostra a importância institucional que representa a hierarquia e a disciplina na vida dos

militares. O conceito de hierarquia, no Estatuto dos Militares, artigo 14 § 1º, como sendo...

A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas. A ordenação se faz por postos ou graduações; dentro de um mesmo posto ou graduação se faz pela antiguidade no posto ou na graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à sequência de autoridade. (Lei 6880/1980, Estatuto dos Militares, Art. 14)

A definição conceitual de disciplina, no já referido Estatuto, observa a questão da ―rigorosa observância‖ e ―acatamento integral‖ de toda norma regulamentar legal, institucional ou não, com objetivo de uma funcionalidade harmônica, atitude devida a todos os componentes da instituição militar.

§ 2º Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo militar e coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo.

§ 3º A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as circunstâncias da vida entre militares da ativa, da reserva remunerada e reformados. (Lei 6880/1980, Estatuto dos Militares, Art. 14)

Para Túlio Viana, (apud Souza, 2017), o modelo de polícia, do Brasil, advinda das forças armadas, exército, dificulta o atendimento ao cidadão, e justifica afirmando que ―pelas circunstâncias extremas de uma guerra, quando a disciplina e a hierarquia militares são essenciais para manter a coesão da tropa‖. E continua, afirmando que o treinamento militar ―é centrado na obediência e na submissão, pois só com estas se convence um ser humano a enfrentar um exército inimigo, mesmo em circunstâncias adversas, sem abandonar o campo de batalha.‖

Percebe-se sobre o tema Hierarquia e Disciplina, um contexto de pronta obediência as ordens emanadas pelos superiores, comandantes, com a finalidade de controlar os instintos agressivos dos guerreiros, sendo estes instintos aguçados por toda ordem de treinamento, incitados pela violência e capacidade de se sobrepor ao outro, com objetivo de conquista ou aniquilação. Esta forma de controle social, diminui a classe a ser controlada e o próprio agente, pois este é usado como ferramenta, meio, para uma finalidade, colocando em xeque seus princípios morais.

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