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Princípios chave da Sustentabilidade

No documento PEDRO MIGUEL CARVALHO CHULA (páginas 43-46)

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3. Princípios chave da Sustentabilidade

A implementação de políticas de desenvolvimento sustentável, através de instrumentos como as Agendas 21, e especificamente a nível local, fundamentam-se em princípios comummente assumidos em vários contextos, por diferentes órgãos intervenientes nestas decisões e nestes processos, princípios esses que poderemos designar de Princípios Chave da Sustentabilidade. Estes princípios foram sendo traçados tendo como suporte vários documentos publicados em sede de vários momentos de debate e decisão sobre o tema, mas também em experiências já havidas que permitiram pôr em prática esses conceitos e avaliar os seus resultados.

Poderemos, assim, apresentar estes princípios chave da sustentabilidade da seguinte forma:

• Equidade intra e intergerações, no intuito de que as decisões tomadas assegurem a melhoria da qualidade de vida das populações em geral, tanto das gerações atuais como das futuras;

• Envolvimento da Comunidade, na certeza de que apenas com esse envolvimento será possível delinear um caminho comum na direção da sustentabilidade;

• Inclusão das questões ambientais, económicas, sociais nas tomadas de decisão;

• Integridade Ecológica, para efeitos de uma correta proteção da biodiversidade e características ambientais existentes, não descurando a sua necessária manutenção;

• Princípio da melhoria contínua, sempre que seja necessária a tomada de ações imediatas com vista a suprir situações identificadas de declínio, com vista a alcançar uma maior e continuada sustentabilidade;

Estes princípios surgem como suporte de solucionamento para vários problemas que se apresentam como desafios à sustentabilidade, especificamente:

• a erradicação da pobreza e da exclusão social;

• o desenvolvimento social justo e equitativo;

• a gestão racional dos recursos naturais;

• a promoção de padrões de produção e consumo sustentáveis;

• o reforço da boa “governação” a todos os níveis, relevando a participação pública;

• a complementaridade dos meios de inovação e a cooperação tecnológica.

Naturalmente que todos estes temas e conceitos são entendidos e tratados sob diferentes prismas e nível de interesse, conforme o próprio contexto em que sejam abordados (nacional, regional ou local). Contudo, nunca poderão deixar de ser tidos como desafios aos poderes decisórios, para que sejam considerados nos seus programas de ação. Será o expoente máximo da ideia de “agir local, pensar global”.

Na lógica dessa ideia, deverá aqui recordar-se os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, definidos na Cimeira da ONU realizada em setembro de 2000, na qual, chefes de Estado e de Governo aprovaram a Declaração do Milénio. A secção III desta Declaração foca o tema “Desenvolvimento e erradicação da pobreza” e foi o principal documento de referência para a formulação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Os objetivos representam uma parceria entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, tendo em vista criar um clima, tanto a nível nacional como mundial, que conduza ao desenvolvimento e à eliminação da pobreza.

No contexto desta dissertação, importará realçar o objetivo n.º 7, concretamente, “Garantir a sustentabilidade ambiental”, que define como metas as seguintes ações:

• Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e inverter a atual tendência para a perda de recursos ambientais;

• Reduzir a perda de biodiversidade e alcançar, até 2010, uma diminuição significativa da taxa de perda;

• Reduzir para metade, até 2015, a percentagem da população sem acesso permanente a água potável e a saneamento básico;

• Até 2020, melhorar consideravelmente a vida de pelo menos 100 milhões de pessoas que vivem em bairros degradados

Existe, assim, o compromisso de todos, com particular destaque para os órgãos com poder de decisão, para assumirem os seus papéis e responsabilidades na delineação de um futuro assente num desenvolvimento sustentado e sustentável, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das populações.

Tal compromisso poderá ser expresso através de instrumentos de trabalho e de ação como são os casos das Agendas 21 ou de outros planos estratégicos apoiados em critérios e princípios de desenvolvimento sustentável, como serão exemplos os próprios PDM (e outros PMOT) ou ainda, ações junto das populações que permitam a sua interação e contributo nas tomadas de decisão para o bem comum.

Neste contexto, foi também declarada pela ONU o período de 2005 – 2014 como a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. O objetivo global desta década é “integrar os valores inerentes ao desenvolvimento sustentável em todos os aspetos da aprendizagem com o intuito de fomentar mudanças de comportamento que permitam criar uma sociedade sustentável e mais justa para todos.” 8

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Esta década “fundamenta-se na visão de um mundo onde todos tenham a oportunidade de se beneficiar da educação e de aprender os valores, comportamentos e modos de vida exigidos para um futuro sustentável e para uma transformação positiva da sociedade. Isto é traduzido em cinco objetivos:

1. Valorizar o papel fundamental que a educação e a aprendizagem desempenham na busca comum do desenvolvimento sustentável;

2. Facilitar os contatos, a criação de redes, o intercâmbio e a interação entre as partes envolvidas no programa Educação para o Desenvolvimento Sustentável – EDS;

3. Fornecer o espaço e as oportunidades para aperfeiçoar e promover o conceito de desenvolvimento sustentável e a transição a ele – por meio de todas as formas de aprendizagem e de sensibilização dos cidadãos;

4. Fomentar a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem no âmbito da educação para o desenvolvimento sustentável;

5. Desenvolver estratégias em todos os níveis, visando fortalecer a capacidade no que se refere à EDS.” 9

A Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável vem-nos trazer, no fundo, a necessidade de mudarmos a conceção original da nossa forma de pensar e agir; de facto, e não obstante basear-se numa ideia muito simples, especificamente, de que temos de aprender – todos – a viver de forma sustentável, a mesma acarreta implicações complexas, pois habituámo-nos durante várias décadas (e, mesmo, séculos) a viver sem qualquer preocupação ao nível do esgotamento dos recursos naturais do planeta.

Agora, somos todos provocados para as mudanças de comportamentos, até porque o crescimento das características intelectuais, morais, culturais e tecnológicas da população nos trazem, também, um sentido de compromisso responsável a nível global (“pensar global, agir local”).

Nesta Década, cujo período do projeto se encontra a terminar no ano de 2014, importará perceber que premissas terão sido cumpridas, que objetivos terão sido realizados, que “pontes” terão sido criadas para novos desafios em busca e/ou aperfeiçoamento da sustentabilidade.

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Terão sido, concretamente, estabelecidas parcerias entre vários órgãos e entidades, reunidos por uma grande amplitude de interesses e preocupações, mas também de novas ideias e projetos. Terão sido criadas novas estruturas e métodos operacionais aos níveis governamentais, escolares, civis, privados, com o objetivo de criar mecanismos e definir compromissos para uma aprendizagem e prática de vida sustentável.

À data de elaboração da presente dissertação não se conseguiu apurar qualquer relatório de avaliação da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, até porque a mesma ainda não tenha – efetivamente – terminado. De qualquer forma seria interessante, numa futura investigação, apurar as consequências e mais-valias que tenham resultado desta iniciativa, quer a nível nacional, quer internacional.

No documento PEDRO MIGUEL CARVALHO CHULA (páginas 43-46)