• Nenhum resultado encontrado

PARTE I – MARCO TEÓRICO

Capítulo 1 – Contextualizando a formação militar dos cadetes

1.2. Princípios da formação militar

Historicamente, tem-se que, em se tratando do estilo de formação dos militares, uma das suas mais marcantes características foi herdada do ensino religioso, devido à exacerbada atenção ao tempo determinado às subdivisões das tarefas (Santos, 2010). Segundo essa autora, nos primórdios da sua formação, os militares foram doutrinados a seguirem rigorosamente o cumprimento das missões que lhes eram determinadas, dentro de um tempo estipulado, de forma exata, sem equívocos ou indagações.

Para Santos (2010), diante da nova realidade social moderna, cada vez mais ressalta-se a importância da polícia atuar como mão forte do Estado, com o objetivo de conter o caos. Assim, tornou-se imprescindível a instituição de uma força policial profissionalizada voltada à manutenção do status quo dos governantes. Desta forma, essa autora observou que os militares se apropriaram do modelo sistemático de cronometragem das ações (oriundo das ordens religiosas) e o incorporaram à dinâmica do ensino- aprendizagem.

37 Todavia, o ensino militar encontra-se em meio a várias transformações que acometem a sociedade contemporânea e, portanto, visa buscar adaptar a formação de seus profissionais, pautadas nos novos padrões exigidos pela população. Percebe-se que, sem descartarem o balizamento da hierarquia e da disciplina, várias instituições militarem têm buscado novos caminhos que proporcionem à sociedade uma polícia mais humanizada e bem formada (Santos, 2010).

O ingresso na carreira militar (seja policial, bombeiro ou as demais forças armadas) ocorre mediante concurso público, do qual participam milhares de jovens (Inspetoria-Geral das Polícias Militares, 2012). Em se tratando do Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Estado da Paraíba e do Curso de Formação de Oficiais Bombeiros Militares do Estado da Paraíba, salienta-se que, para o ano de 2013, foram abertas inscrições ao Concurso, o qual foi composto de três fases, assim dispostas: 1ª Fase - Exame Intelectual (Provas Escritas) do Processo Seletivo Seriado – 2013 (PSS-2013), de caráter classificatório e eliminatório, promovido pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB); 2ª Fase - Exames Complementares (Exame Psicológico, Exame de Saúde e Exame de Aptidão Física); 3ª Fase - Avaliação Social (que tem como pressuposto a averiguação da idoneidade moral e da conduta pregressa do candidato, a qual constará de pesquisa da conduta pessoal do candidato, com base em documentos oficiais e em informações presentes em formulário peculiar, preenchido pelo próprio candidato), conforme Edital n.º 001/2012 CFO PM – 2013 (anexo 1) e Edital n.º 001/2012 CFO BM – 2013 (anexo 2).

Após o início do período letivo, as escolas (academias) de formação militar organizam suas atividades de modo muito exigente, com formaturas, aulas, reuniões, manobras, exercícios físicos e inspeções. Geralmente a programação começa, diariamente,

38 às 06h da manhã com a "alvorada" e termina às 22h com o "toque de silêncio". Além disso, a maior parte delas funciona em regime de internato, como é o caso do Centro de Educação da Polícia Militar, que adota este tipo de regime para os alunos que cursam o primeiro ano do CFO.

Neste sentido, observa-se que não se trata, apenas, de uma situação acadêmica, em que, terminada a aula, ou mesmo antes, o aluno pode retirar-se para sua casa ou para onde lhe aprouver. Durante todo o dia, os alunos/cadetes são apresentados aos encargos e deveres, às condições de disciplina e à exposição aos riscos do treinamento militar, em qualquer nível.

Em se tratando dos cadetes que frequentam o Centro de Educação da PMPB, e corroborando o entendimento de Santos e Silva Filho (2007), existem essencialmente duas classes opostas que ocupam as dependências das escolas militares: aqueles que já serviram em algum órgão militar e os que nunca serviram. Sendo assim, ao ingressarem nessas escolas, os cadetes são apresentados a um mundo novo, com regras e princípios que balizam essas organizações. Para esses autores, “os alunos são considerados pedras brutas que precisam ser lapidadas para responderem às ações práticas do dia-a-dia” (p. 51).

Ao corroborar o exposto, a Inspetoria-Geral das Polícias Militares (2012) declara que os alunos de uma escola militar são submetidos a rigorosos testes de avaliação, os quais abrangem os campos intelectual, psicológico, físico, moral, disciplinar e de aptidão específica para a carreira militar. Todavia, para Lima (2000, p. 4), “a vida em um quartel é dinâmica e rigorosa”; em outras palavras, ainda na concepção deste autor, a disciplina militar tem como propósito “adequar os alunos” à carreira do policial militar ou bombeiro

39 militar (principalmente aqueles nunca tiveram contato com este tipo de órgão, seja por prestação de serviço ou por parentesco com outros militares).

Portanto, ressalta-se e acrescenta-se que as atitudes próprias do militar e a necessária capacitação profissional são desenvolvidas por meio do serviço diário, da orientação constante, de um cuidadoso e realístico programa de ensino e de instrução, que abrange aulas, conferências, exercícios práticos e manobras, em que o risco estará sempre presente, como em qualquer atividade militar (Inspetoria-Geral das Polícias Militares, 2012). Verifica-se aqui a forte influencia exercida pelo contexto ambiental no qual os cadetes passam a conviver durante os anos que cursarão no CFO.

A fim de que consigam atingir o nível de desenvolvimento exigido pela carreira militar, durante a realização do curso de formação de oficiais, os cadetes policiais ou bombeiros ainda deverão seguir os procedimentos gerais estabelecidos pelo CEPMPB, levando-se em consideração, fundamentalmente, os valores militares e a ética militar (ver anexo 3, cujo extrato foi retirado do Manual do Cadete, produzido por Nilmar de Andrade Silva e colaboradores, em 2008).