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Principais alterações trazidas pela Lei 11.457/2007 – unificação da Receita

Dentre as principais novidades da Lei nº 11.457/07, observa-se a inserida no art. 16 ao dispor que: “A partir do 1o (primeiro) dia do 2o (segundo) mês subseqüente ao da publicação desta Lei, o débito original e seus acréscimos legais, além de outras multas previstas em lei, relativos às contribuições de que tratam os arts. 2o e 3o desta Lei constituem dívida ativa da União”. Verifica-se que as referidas contribuições deixam de ser dívida ativa do INSS e passam para a União176.

Conforme exposto no tópico antecedente, respeitados os prazos de transição, o processo e o procedimento administrativo-fiscais de determinação e exigência de créditos tributários referentes às contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da nº Lei 8.212/91 e das contribuições instituídas a título de substituição passam a regidos pelo Decreto nº 72.235/72, que dispõe sobre processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União177.

A capacidade tributária ativa para fiscalizar, cobrar e arrecadar as contribuições sociais foi transferida do INSS para a União, detentora da competência tributária para edição dessa espécie normativa. Por decorrência lógica, o processo

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No regime vigente até a edição da Lei 11.457/07 verificava-se a presença do fenômeno da parafiscalidade, através do qual a União delegava a fiscalização e arrecadação das contribuições sociais a órgãos públicos descentralizados da administração direta. Com efeito, a medida provisória n.º 222/04, que foi convertida na Lei 11.098, de 13 de janeiro de 2005, atribuía a arrecadação, fiscalização, lançamento e normatização de receitas previdenciárias ao Ministério da Previdência Social através da Secretaria da Receita Previdenciária.

Anteriormente, a capacidade tributária ativa pertencia ao INSS. Com a criação da Receita Federal do Brasil as funções de planejamento, execução, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais concentraram-se em um único órgão da administração direta, subordinado ao Ministro da Fazenda. Vale salientar que a capacidade tributária ativa manteve-se com a União, titular da competência constitucional para instituição desses tributos, que passou a exercê-la por meio da Receita Federal do Brasil.

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Tendo em conta que as contribuições sociais passaram para competência da Receita Federal do Brasil, por decorrência lógica passam a ser regidos pelo diploma legal que regulamenta os processos de arrecadação e exigência dos créditos tributários da União.

administrativo fiscal referente às contribuições sociais passa a ser disciplinado pela mesma norma que já regia os processos fiscais dos créditos da referida pessoa política. Outra alteração que merece destaque diz respeito à transferência da competência para julgamento de recursos das contribuições sociais acima mencionadas, do Conselho de Recursos da Previdência Social para o Segundo Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda. Para o exercício da referida competência serão instaladas no Segundo Conselho de Contribuintes, na forma da regulamentação pertinente, Câmaras especializadas, observada a composição prevista na parte final do inciso VII do

caput do art. 194 da Constituição Federal.

Para atender o comando supra mencionados foram instaladas a Quinta e a Sexta Câmaras através da Portaria MF nº 147, de 25 de junho de 2007, expedida pelo Ministro da Fazenda, que aprova os Regimentos Internos dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais.

A composição dessas duas Câmaras está disposta no art. 8º do Regimento Interno do Conselho de Contribuintes, que em respeito ao caráter democrático e descentralizado da administração (art. 194, VI da CF)178 previu a seguinte distribuição i) cada Câmara será composta de oito conselheiros titulares e de até seis conselheiros suplentes, de reconhecida competência e possuidores de conhecimentos especializados em assuntos tributários; ii) metade dos conselheiros e dos suplentes de representantes da

Fazenda Nacional, ocupantes de cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil; iii) um quarto dos conselheiros e dos suplentes representantes dos contribuintes,

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A Carta Maior, em seu artigo 194, VII, prescreve que a seguridade social será organizada com observância do caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. Contudo, denota- se que os aposentados não fizeram parte da composição da Quinta e Sexta Câmaras do Conselho de Contribuintes. Isso se justifica em razão do fato dos aposentados não custearem a seguridade social.

indicados por entidades de classe de suas categorias econômicas de nível nacional; iv) um quarto dos conselheiros e dos suplentes representantes dos trabalhadores, indicados por entidades de classe ou sindicais de nível nacional.

A Portaria MF nº 147/07 prevê no § 1º do art. 5º que no prazo de 30 (trinta) dias da data de sua publicação, ou seja, em 25 de julho de 2007, os processos administrativo-fiscais referentes às contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei n 8.212, de 24 de julho de 1991o , e das contribuições instituídas a título de substituição, que se encontrarem no Conselho de Recursos da Previdência Social serão encaminhados ao Segundo Conselho de Contribuintes e distribuídos por sorteio para a Quinta e Sexta Câmaras, ou, se cabível, à Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais.

Aplica-se o Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social (RICRPS), aprovado pela Portaria do Ministro da Previdência Social nº 88, de 22 de janeiro de 2004 aos recursos interpostos até 25 de julho de 2007, nos processos administrativo-fiscais em trâmite perante o referido Conselho, conforme reza o § 2º do art. 5º da Portaria MF nº 147/07 do Ministério da Fazenda. No entanto, os julgamentos e atos processuais pendentes nos processos encaminhados ao Segundo Conselho de Contribuintes serão regulados pelo respectivo regimento interno.

Oportuno ressaltar que a Lei nº 11.457/07 tratou de reforçar o comando constitucional previsto no inciso XI do artigo 167179 que veda a utilização dos recursos

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provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II180, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201.

Com efeito, de acordo com o previsto no § 1º do art. 2º da Lei nº 11.457/07, o produto da arrecadação das contribuições especificadas no caput deste artigo e acréscimos legais incidentes serão destinados, em caráter exclusivo, ao pagamento de benefícios do Regime Geral de Previdência Social e creditados diretamente ao Fundo do Regime Geral de Previdência Social, de que trata o art. 68 da Lei Complementar n 101, de 4 de maio de 2000o .

Ademais, como meio de controle, o § 2º previu que a Secretaria da Receita Federal do Brasil prestará contas anualmente ao Conselho Nacional de Previdência Social dos resultados da arrecadação das contribuições sociais destinadas ao financiamento do Regime Geral de Previdência Social e das compensações a elas referentes.

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Reza o artigo 195, I ,“a”, e II da CF: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

(...)

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;

CAPÍTULO V

5. FASES PROCEDIMENTO E DO PROCESSO ADMINISTRATIVO PREVIDENCIÁRIO FISCAL