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Na hipótese de o sujeito passivo não concordar com a decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, deverá interpor, no prazo de trinta dias da ciência da decisão, recurso total ou parcial, ao Conselho de Contribuintes.

Vale lembrar que a interposição de recurso suspende a exigibilidade do crédito, obstando a Fazenda de promover a sua execução até ser proferida de decisão final.

Com a edição da Lei nº 11.457/07, a competência para o julgamento dos recursos referente às contribuições previdenciárias passou do Conselho de Recursos da Previdência Social para o Segundo Conselho de Contribuintes, integrante do Ministério da Fazenda.220

Além do recurso voluntário do administrado, a legislação prevê contra decisão de primeira instância, o recurso de ofício. Ou seja, a autoridade julgadora é obrigada a recorrer, quando na decisão se verificar as seguintes hipóteses: i) declarar indevida contribuição ou outra importância apurada pela fiscalização; e, ii) relevar ou atenuar multa aplicada por infração a dispositivos deste Regulamento (art. 20 da Portaria da RFB nº 10.875/07 e art. 366 do RPS – Decreto nº 3.048/99).

Dessa forma, se for proferida qualquer decisão diversa da procedência total do débito fiscal, será imposto o reexame necessário através do recurso de ofício, declarado na própria decisão de primeira instância.

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A Portaria MF nº 147/07 prevê no § 1º do art. 5º que no prazo de 30 (trinta) dias da data de sua publicação, ou seja, em 25 de julho de 2007, os processos administrativos fiscais referentes às contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei n 8.212, de 24 de julho de 1991o

, e das contribuições instituídas a título de substituição, que se encontrarem no Conselho de Recursos da Previdência Social serão encaminhados ao Segundo Conselho de Contribuintes e distribuídos por sorteio para a Quinta e Sexta Câmaras, ou, se cabível, à Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais. A composição dessas duas Câmaras está disposta no art. 8º do Regimento Interno do Conselho de Contribuintes, aprovado pela Portaria em referência, atendendo o caráter democrático e descentralizado da administração (art. 194, VI da CF) previu a seguinte distribuição i) cada Câmara será composta de oito conselheiros titulares e de até seis conselheiros suplentes, de reconhecida competência e possuidores de conhecimentos especializados em assuntos tributários; ii) metade dos conselheiros e dos suplentes de representantes da Fazenda Nacional, ocupantes de cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil; iii) um quarto dos conselheiros e dos suplentes representantes dos contribuintes, indicados por entidades de classe de suas categorias econômicas de nível nacional; iv) um quarto dos conselheiros e dos suplentes representantes dos trabalhadores, indicados por entidades de classe ou sindicais de nível nacional.

Com efeito, o Regulamento da Previdência Social trás dispositivo autorizando o Ministro de Estado da Fazenda a estabelecer limite, abaixo do qual, será dispensada a interposição do recurso de ofício (art. 366, § 3º).

Portanto compete ao Segundo Conselho de Contribuintes julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância.

Das decisões proferidas pelo Conselho de Contribuintes poderá ser interposto recurso especial ou voluntário à Câmara Superior de Recursos Fiscais221.

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A Portaria MF 147/07 que aprova os Regimentos Internos dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais ressalta a competência da Câmara Superior de Recursos Fiscais para julgamento de recurso especial, voluntário e extraordinário em seu art.1º e prevê a estrutura organizacional da Câmara Superior de Recursos Fiscais nos seus arts. 2º ao 4º:

Art. 1º A Câmara Superior de Recursos Fiscais, órgão colegiado judicante, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, tem por finalidade julgar recurso especial e voluntário contra decisão de Câmara de Conselho de Contribuintes e recurso extraordinário contra decisão de Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais.

Art. 2º A Câmara Superior de Recursos Fiscais tem a seguinte estrutura: I - Pleno;

II - quatro Turmas; e III - secretaria-geral.

Parágrafo único. Cada Turma será integrada por uma secretaria de Turma. CAPÍTULO III

Da Composição

Art. 3º O Pleno compõe-se dos conselheiros integrantes das Turmas.

Art. 4º A Câmara Superior de Recursos Fiscais será integrada pelo Presidente e Vice-Presidente do Primeiro Conselho de Contribuintes na qualidade de Presidente e Vice-Presidente da Câmara, e ainda:

I - quando se reunir a Primeira Turma, pelos Presidentes e Vice-Presidentes das demais Câmaras do Primeiro Conselho de Contribuintes, competentes para julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância, tratando-se de matéria incluída no inciso I do art. 20 e art. 23 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes;

II - quando se reunir a Segunda Turma, pelos Presidentes e Vice-Presidentes das Câmaras do Segundo Conselho de Contribuintes, competentes para julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância, tratando-se de matéria incluída nos arts. 21 e 23 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes;

III - quando se reunir a Terceira Turma, pelos Presidentes e Vice-Presidentes das Câmaras do Terceiro Conselho de Contribuintes, competentes para julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância, tratando-se de matéria incluída nos arts. 22 e 23 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes; e

IV - quando se reunir a Quarta Turma, pelos Presidentes e Vice-Presidentes das Câmaras do Primeiro Conselho de Contribuintes, competentes para julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância, tratando-se de matéria incluída no inciso II do art. 20 e art. 23 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes.

As situações que autorizam a interposição de recurso especial são as seguintes: i) decisão não-unânime de Câmara, quando for contrária à lei ou a evidência

de prova; e/ou; ii) decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais (art.7º do

Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes aprovada pela Portaria MF nº147/07). No primeiro caso, o recurso é privativo do Procurador da Fazenda Nacional; no segundo, sua interposição é facultada também ao sujeito passivo.

O recurso especial deverá ser formalizado no prazo de quinze dias contados da data da ciência da decisão, em petição dirigida ao Presidente da Câmara que houver prolatado a decisão recorrida, a quem incumbe o juízo de admissibilidade.

Em se tratando de recurso especial interposto com base em decisão não- unânime de Câmara, contrária à lei ou à evidência da prova, dever-se-á comprovar esse requisito fundamentadamente e havendo matérias autônomas, o recurso alcançará apenas a parte da decisão não unânime contrária à Fazenda Nacional.

Na hipótese de decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais o recurso deverá demonstrar, fundamentadamente, a divergência argüida, indicando a decisão e comprovando-a mediante a apresentação de cópia de seu inteiro teor ou de

§ 1º Os membros da Câmara Superior de Recursos Fiscais serão substituídos, nas suas faltas, pelos conselheiros chamados a votar em primeiro e segundo lugares nas Câmaras a que pertencerem os ausentes, observada a representação paritária e o disposto no § 2º.

§ 2º O Presidente e Vice-Presidente do Primeiro Conselho de Contribuintes serão substituídos pelo Presidente e Vice-Presidente da Câmara de menor numeração, com competência para apreciar os recursos relativos à tributação da pessoa jurídica.

Art. 5º A secretaria-geral será dirigida por secretário-geral e as secretarias das Turmas serão dirigidas por chefes, designados pelo Presidente.

cópia da publicação em que tenha sido divulgada, ou mediante cópia de publicação de até duas ementas, cujos acórdãos serão examinados pelo Presidente da Câmara recorrida. Nesse caso, não servirá de paradigma para a interposição do recurso o acórdão que já tenha sido reformado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais.

Não se admite recurso especial de decisão de qualquer das Câmaras que aplique súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes ou da Câmara Superior de Recursos Fiscais, ou que na apreciação de matéria preliminar decida pela anulação da decisão de primeira instância.

Importante consignar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais poderá aprovar proposta de súmula vinculante decorrente de suas decisões reiteradas e uniformes, cujos efeitos se aplicarão para a Administração Tributária Federal e para os contribuintes (art. 26A e §§ 1º ao 5º do Decreto nº 70.235/72). Para aprovação deverá ocorrer apreciação pela Turma ou Pleno, dependendo da matéria e, após a obtenção de 2/3 dos votos, será submetida ao Ministro de Estado da Fazenda, se houver parecer favorável da Procuradoria- Geral da Fazenda Nacional e oitiva da Receita Federal do Brasil.

Dessa forma, após aprovação do Ministro da Fazenda e publicação no órgão oficial a súmula vinculante produzirá seus efeitos. Entretanto, é possível a sua revisão ou cancelamento por proposta dos Presidentes e Vice-Presidentes dos Conselhos de Contribuintes, do Procurador Geral da Fazenda Nacional ou Secretário da Receita Federal, respeitado o mesmo trâmite para sua edição.

Admitido o recurso especial será dada oportunidade para parte contrária oferecer contra-razões no prazo de 15 dias.

No caso de despacho negando seguimento ao recurso especial, comportará agravo dirigido ao Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no prazo de cinco dias contado da ciência da negativa de seguimento, salvo nos casos em que o indeferimento tenha decorrido de: I) inobservância de prazo; II) falta de juntada do inteiro teor do acórdão ou cópia da publicação da ementa que comprove a divergência; III) utilização de acórdão da própria Câmara do Conselho de Contribuintes que apreciou o recurso; IV) utilização de acórdão que já tenha sido reformado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais; V) falta de pré-questionamento da matéria, no caso de recurso interposto pelo sujeito passivo; ou VI) observância, pelo acórdão recorrido, de súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes ou da Câmara Superior de Recursos Fiscais.

Oportuno mencionar que a Portaria MF nº 147/07 prevê o cabimento de recurso especial contra decisão que negar provimento a recurso de ofício.

O sujeito passivo também está autorizado a interpor recurso voluntário à Câmara Superior de Recursos Fiscais, dirigido ao Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais no prazo de trinta dias, de decisão de Câmara que prover recurso de ofício.

Com efeito, contra decisão de Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais há previsão de recurso extraordinário que poderá ser interposto de decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Turma ou o

Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais. O sujeito passivo ou Procurador da Fazenda Nacional tem legitimidade para apresentá-lo, devendo dirigi-lo ao Presidente da Turma que houver prolatado a decisão recorrida, no prazo de quinze dias contados da data da ciência.

A admissão desse recurso compete ao Presidente, em despacho fundamentado, consignando-se que não caberá recurso da negativa de seguimento.

Cabem embargos de declaração das decisões proferidas pelas Câmaras dos Conselhos de Contribuintes e das decisões da Câmara Superior de Recursos quando existir no acórdão obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a Câmara, no primeira hipótese e Turma ou o Pleno, na segunda. O prazo é cinco dias contados da ciência do acórdão.

No caso de embargos contra decisão de Câmara de Conselho de Contribuintes são legitimados para a interposição: Conselheiro da Câmara; o Procurador da Fazenda Nacional; o Presidente da Turma de Julgamento de primeira instância; o titular da unidade da administração tributária encarregada da execução do acórdão; ou pelo recorrente. Em se tratando de decisão proferida pela Câmara Superior de Recursos, podem apresentá-lo: o Conselheiro da Turma ou do Pleno, o Procurador da Fazenda Nacional; o Presidente da Turma de Julgamento de primeira instância; o titular da unidade da administração tributária encarregada da execução do acórdão; ou pelo sujeito passivo.

Por fim, o Decreto nº 70.235/72 dispõe que o contribuinte poderá formular pedido de reconsideração da decisão proferida pelo Conselho de Contribuintes, no prazo de 30 dias contados da ciência: i) da decisão que der provimento a recurso de ofício; e/ou ii)

da decisão que negar provimento, total ou parcial, a recurso voluntário.

Vale lembrar que o pedido de reconsideração, nos termos da lei, tem efeito suspensivo e, portanto, impede a inscrição na Dívida Ativa da União, até seu julgamento final.