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Principais incentivos conferidos para atração de IDE

CAPÍTULO 3: POLÍTICA DE ATRAÇÃO DE IDE E IMPLANTAÇÃO DAS ZONAS

3.5. Principais incentivos conferidos para atração de IDE

Com o objetivo de atrair investimentos externos, as autoridades chinesas concederam uma série de incentivos tributários, fiscais e creditícios que variam conforme a localização, o setor e a forma de ingresso de IDE.

Quanto a este último, cabe esclarecer que, de acordo com Kamath (1990), existiam diferentes formas de relacionamento entre empresas locais e estrangeiras:

a) Equity Joint Ventures: empresas constituídas pela associação entre capital nacional e estrangeiro, nas quais os lucros/prejuízos são divididos proporcionalmente à participação de cada ente no capital social, com as duas partes assumindo assim riscos inerentes ao negócio.

b) Contractual Joint Ventures (cooperative joint venture): nesta modalidade, o parceiro estrangeiro é responsável pelo fornecimento de tecnologia, sendo às vezes também incumbido de providenciar os recursos financeiros para a realização dos investimentos. Já a empresa local chinesa é responsável por providenciar o local de instalação, mão de obra, insumos, serviços, etc.

c) Compensation Trade: envolve a provisão por parte da empresa estrangeira de tecnologia, equipamento ou ainda a responsabilidade pela comercialização dos produtos no exterior em troca dos bens produzidos pela empresa chinesa, responsável pelo processo produtivo;

d) Wholly Owned Foreign Subsidiaries: nesta modalidade a totalidade do capital é provido pela empresa estrangeira, que fica assim responsável por todo o processo produtivo. Com isso, o investidor estrangeiro aufere todo o lucro

obtido depois do pagamento dos impostos. Cabe ressaltar que, até 1986, tal modalidade de ingresso somente era admitida nas ZEEs95.

e) Processing/ Assembly Agreements: envolve o provimento de design, matérias-primas e/ou bens intermediários por parte da empresa estrangeira, ao passo que processamento/montagem fica a cargo da empresa chinesa. Esta posteriormente repassa de volta os bens produzidos para a comercialização pelo parceiro estrangeiro, e recebe em troca como pagamento os serviços prestados de produção e/ou montagem.

Enquanto as equity joint ventures, contractual joint ventures e wholly

owned foreign subsidiaries resultavam no ingresso de IDE96, as outras formas

compensation trade e processing/ assembly agreements propiciavam economia de divisas nas operações de importações de insumos/tecnologia.

As diferentes formas de ingresso de IDE eram diferenciadas, em termos fiscais e tributários, em função da capacidade atribuída a cada uma de propiciar a transferência de tecnologia. Dentre as modalidades existentes, a equity joint venture era vista como a forma de acesso preferencial, pois a presença da parceira chinesa no empreendimento criava maiores condições para o aprendizado tecnológico.

No que diz respeito, especificamente, aos impostos, as alíquotas estipuladas estão detalhadas nos seguintes atos normativos: Equity Joint

Venture Income Tax Law97 e Foreign Enterprise Income Tax Law. Este último era

aplicável às empresas exclusivamente estrangeiras, e também às outras duas formas de ingresso de IDE (contractual joint venture e joint exploration). Apesar de as duas legislações preverem significativas reduções tributárias, a EJV Tax

95 Law on Enterprises Operated Exclusively with Foreign Capital, de 1986. Disponível em:

http://english.mofcom.gov.cn/aarticle/policyrelease/internationalpolicy/200705/20070504715792

.html . Acesso em: 10 mai. 2016.

96 São considerados IDEs os fluxos de capital que representam a aquisição de 10% do

empreendimento, porém na legislação chinesa a parceira estrangeira, para formar joint-venture com empresas locais, precisava ingressar com 25% do capital social.

97 Apesar de a Lei das Joint Ventures prever, no seu art. 7°, que as equity joint ventures teriam

tratamento preferencial em termos de redução e isenção de tributos, não havia especificação quanto aos termos dos incentivos conferidos. Somente com a edição da regulamentação das JV, em 1983, é que este ponto se tornou mais claro (CARDOSO e FLORES, 2005).

Law concedia condições mais favoráveis98, o que expressava o menor

entusiasmo das autoridades com o ingresso de IDE sem a participação de um sócio local (LI, 2007).

Em razão da predominância das equity joint ventures em grande parte da década de 80 e 90, como será visto na subseção 3.6, serão analisados o regime específico dessa forma de ingresso, bem como os benefícios fiscais adicionais quando tais empreendimentos eram instalados nas ZEEs. A Tabela 5 resume os principais benefícios para as equity joint ventures. No que diz respeito à política de retenção de divisas, tal tema será tratado no capítulo 5.

98 Segundo Li (2007, p. 671), “(…) instead of the flat rate of 30% of national tax as under the EJV

Tax Law, the FEIT Law imposed tax at progressive rates, ranging from 20% to 40%. A local tax was imposed at 10% of the national tax, resulting in the top rate of 44% (as opposed to 33% for equity joint ventures).

For example, a reduced 15% tax rate was applicable to EJVs, CJVs and WFOEs in "old urban districts" that were technology or know-how intensive and had an investment exceeding 30 million U.S. dollars and a long investment recovery period, or the projects related to energy, transport or port construction”.

Tabela 5 – Incentivos tributários oferecidos às ZEEs

Fonte: Wei Jia (1994); Wei Ge (1999)

Na China, a alíquota padrão do imposto de renda (nacional e local) era de 33%, tanto para as empresas domésticas como para as equity joint ventures. No entanto, a joint-venture cujo parceiro estrangeiro firmasse com o sócio local contrato de operação de 10 anos ou mais ficava isenta do pagamento do imposto por dois anos após a obtenção do primeiro lucro, além de estar elegível para obtenção de redução de 50% nos três anos seguintes. Ademais, após 1986, as joint ventures que exportassem mais de 70% da sua produção eram elegíveis a continuar com essa redução de 50% por mais 5 anos, enquanto as de alta tecnologia teriam 3 anos de abatimento (TSENG e ZEBREGS, 2002).

Nas ZEEs, o imposto de renda pessoa jurídica era de 18%, funcionando com a mesma sistemática de isenção e redução apresentada para

ZEEs demais regiões da China

Imposto de Renda Nacional

15%* (50% de redução para as firmas

tecnologicamente avançadas ou que exportem 70% ou mais de sua produção)

30%

Imposto de Renda Local 3% ou menos 3%

Imposto sobre remessa

lucros zero 10%

Imposto sobre as importações de bens de capital

zero se for destinado à produção igual às ZEEs

Imposto sobre as

exportações zero

taxas aplicávais, inclusive no caso dos bens direcionados para as ZEE para exportação

Impostos sobre as vendas domésticas

50% das taxas se vendido sem processamento adicional

Tarifas e impostos indiretos cheios aplicáveis

Direitos sobre o uso da terra até 70 anos e taxas de uso favoráveis de

acordo com o setor ___

Comércio exterior Isenção no licenciamento de exportações ___

Financeiro possibilidade de obter recursos

diretamento do exterior ___

Mercado de câmbio

direito de retenção de 50% das divisas (progressivamente elevado ao longo da

década de 80)

as equity joint ventures. Além disso, desde 1986 as empresas do setor de alta tecnologia ou voltadas para exportação pagavam apenas 10% após os 5 anos iniciais contados a partir da obtenção do primeiro ano de lucro. Havia também incentivos para as empresas engajadas em projetos de infraestrutura na província de Hainan ou com contratos de operação de 15 anos ou mais teriam isenção por 5 anos no imposto de renda e por mais 5 anos com uma taxa reduzida de 10% depois do primeiro lucro (TSENG e ZEBREGS, 2002).

De forma geral, os incentivos tributários dados às empresas nas ZEEs eram maiores do que em outras regiões da China. Às cidades costeiras era permitido também oferecer incentivos, porém menos generosos que os das ZEES. No entanto, as cidades costeiras eram estimuladas a estabelecer “Economic and Technological Development Zones” (ETDZs), que poderiam oferecer condições tão vantajosos quanto as das ZEEs (CHEN, 2011).

Em 1991, as legislações sobre equity joint venture e empresas estrangeiras foram reunidas na “Foreign Investment Enterprise and Foreign

Enterprise Income Tax Law”, visando conferir condições similares às duas

formas de ingresso, em consonância com o objetivo chinês à época de ingressar no General Agreement on Tariffs and Trade (GATT).

Além disso, a reforma tributária de 1994 unificou os impostos indiretos incidentes sobre as empresas locais e estrangeiras (FULTON, XU e LI, 1998), com vistas a diminuir o round tripping, isto é, a fuga de recursos para Hong Kong para posterior reingresso à China continental, na forma de IDE, com o fito de usufruir dos incentivos fiscais. Estima-se que, em 1993, cerca de 25% do ingresso de IDE pertencia a essa modalidade.