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Principais Instrumentos do Contrato de Seguros

2.2 SEGUROS

2.2.5 Principais Instrumentos do Contrato de Seguros

Contrato de seguro é o documento pelo qual uma das partes (seguradora) obriga-se com a outra (segurado ou estipulante), mediante o pagamento de um prêmio, à indenização do prejuízo resultante de riscos futuros previstos no contrato. (SOUZA, 2007, p. 28)

A apólice ou bilhete do seguro é a prova da existência de um contrato de seguro. O Código Civil, Lei 10.406, de 10/01/02, dispõe no Art. 760:

Art. 760 a apólice ou o bilhete de seguro serão nominativos, à ordem ou ao portador, e mencionarão os riscos assumidos, o início e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prêmio devido, e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficiário. (TAPAI, 2004, p. 241)

Para ter valor legal todo contrato de seguro deve caracterizar-se por ser:

Aleatório: pelo fato de depender de evento futuro e incerto;

Bilateral: há obrigações para as duas partes. A seguradora tem a obrigação

de indenizar desde que o segurado tenha pago o prêmio;

Oneroso: segurado e segurador possuem ônus e vantagens econômicas. O

primeiro tem o ônus do prêmio e a vantagem da transferência do risco; o segundo possui a vantagem dos prêmios e o ônus de formação de reservas técnicas para eventuais indenizações;

Solene: há uma formalidade materializada pela apólice;

De boa-fé: cabe ao segurado ser honesto (verdadeiro) em suas

informações, e à seguradora mensurar o risco, também, de forma honesta, bem como redigir o contrato de forma clara, de modo que o segurado possa compreender perfeitamente os compromissos assumidos por ambas as partes. É o princípio basilar que norteia o contrato de seguro e que o segurado e seguradora devem pautar. (AZEVEDO, 2008, p. 95 – 96)

Os principais instrumentos formais do contrato de seguro são: a proposta, a apólice, o endosso, os aditivos ou averbações.

Proposta é o alicerce do contrato, pois representa o interesse do segurado em transferir determinado risco para uma seguradora. A proposta pode ser preenchida pelo segurado, por seu representante legal ou pelo corretor. A proposta deverá ser enviada para a seguradora e esta terá um prazo de até 15 dias para aceitar ou não as condições requisitadas pelo segurado. SOUZA (2007)

Conforme o art. 9º do Decreto - Lei nº 73, de 1966, “os seguros serão contratados mediante propostas assinadas pelo segurado, seu representante legal ou por corretor habilitado, com emissão das respectivas apólices, ressalvado o disposto no artigo seguinte”. (DATAPREV, 2011)

O art. 10º do Decreto - Lei nº 73, de 1966 dispõe que “é autorizada a contratação de seguros por simples emissão de bilhete de seguro, mediante solicitação verbal do interessado”. (DATAPREV, 2011)

O parágrafo 1º do art. 10º do Decreto - Lei nº 73, de 1966 acrescenta que “o CNSP regulamentará os casos previstos neste artigo, padronizando as cláusulas e os impressos necessários”. (DATAPREV, 2011)

Ainda, o parágrafo 2º do art. 10º do Decreto - Lei nº 73, de 1966 dispõe que “não se aplicam a tais seguros as disposições do artigo 1.433 do Código Civil”. (DATAPREV, 2011)

O citado art. 1433 é do Código Civil instituído pela Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916 e tem a seguinte redação: “Este contrato não obriga antes de reduzido a escrito, e considera-se perfeito desde que o segurador remete a apólice ao segurado, ou faz nos livros o lançamento usual da operação”. (DATAPREV, 2011)

No Código Civil de 2002, instituído pela Lei nº 10.406, de janeiro de 2002, este dispositivo contratual está contido no art. 758 com a seguinte redação: “O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio”. (PLANALTO, 2011)

Apólice: “é o instrumento do contrato de seguro pelo qual o segurado repassa à seguradora a responsabilidade sobre os riscos, estabelecidos na própria apólice, que possam advir”. (AZEVEDO, 2008, p. 97)

Conforme Souza (2007) a apólice é a prova da contratação do seguro, sendo emitida a partir da aceitação da proposta feita pelo segurado. Terá vigência determinada, geralmente, um ano.

A apólice poderá ser de dois tipos, segundo Souza (2007): apólice individual (compreende apenas um bem ou uma pessoa) e apólice coletiva (compreende um grupo de bens ou de pessoas).

Endosso: “é o documento que atualiza o contrato de seguro, quando é necessário fazer alguma modificação na apólice, tais como alterações do risco e cobrança adicional ou restituição do prêmio”. (SOUZA, 2007, p. 30)

Há três tipos de endossos:

Endosso de cobrança - tem como finalidade cobrar eventuais diferenças

de prêmios.

Endosso de restituição - é usado para eventuais devoluções de prêmios,

como alterações de taxas, modificações dos riscos ou extinção de garantias.

Endosso sem movimento – utiliza-se quando a modificação não resulta

em qualquer alteração de prêmio ou taxa. (SOUZA, 2007, p. 30)

No caso do seguro de automóveis, alguns exemplos de endossos são a substituição de veículo e a inclusão do número da placa para veículos novos.

Averbações ou aditivos são “um documento emitido pelo segurado para informar à seguradora sobre bens e verbas a garantir”. (SOUZA, 2007, p. 30)

No caso do seguro de automóveis são exemplos de averbação a instalação de um sistema de som ou de um sistema de antifurto no veículo.

2.2.5.1 Objeto do contrato de seguro

Conforme Souza (2007) o objeto do contrato de seguro é o risco segurado. A seguradora, para poder responsabilizar-se pelo risco, determina ao segurado o pagamento do prêmio.

“O risco é o evento futuro incerto, potencialmente prejudicial aos interesses do segurado. Sua ocorrência lhe acarreta uma redução patrimonial, evitável por meio do contrato de seguro”. (SOUZA, 2007, p. 30)

Conforme o Art. 779 do Código Civil “o risco do seguro compreenderá todos os prejuízos resultantes ou consequentes, como sejam os estragos ocasionados para evitar o sinistro, minorar o dano, ou salvar a coisa”. (TAPAI, 2004, p. 243)

Souza (2007) afirma que a seguradora será obrigada a pagar em dinheiro a indenização devida ao segurado, conforme as condições pré-estabelecidas no momento da emissão do seguro. Porém, se comprovada alguma irregularidade por parte do segurado, a seguradora terá o direito de não o ressarcir.

2.2.5.2 Cancelamento do Contrato de Seguros

“O contrato de seguro pode ser rescindido total ou parcialmente, a qualquer momento, mediante acordo entre as partes ou com o pagamento do valor da apólice ao segurado”. (SOUZA, 2007, p. 31)

A pretensão de cancelar a apólice de seguro poderá ser de ambos os lados, segurado e seguradora. O segurado poderá pedir o cancelamento em virtude de alguns desacordos nas coberturas existentes na apólice ou do não atendimento a suas reais necessidades. Já a seguradora poderá cancelar a apólice devido à falta de pagamento por parte do segurado ou aumento do grau de risco de determinado bem, ou outros motivos que forem pertinentes em determinados casos.

Souza (2007) faz algumas objeções sobre a possibilidade de cancelamento do contrato de seguros, por parte do segurado ou da seguradora:

Sempre que a rescisão ocorrer por iniciativa do segurado, a seguradora deterá o prêmio de acordo com a tabela de prazo curto. Já

quando a rescisão ocorrer por parte da seguradora, está reterá, do prêmio recebido, a parte proporcional ao tempo decorrido. Entretanto, para que o contrato possa ser rescindido é necessário uma cláusula prevendo essa possibilidade. (SOUZA, 2007, p. 31)