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PRINCIPAIS LEIS REFERENTES AO DIREITO DIGITAL

A Lei nº. 12.737/2012, conhecida por Lei Carolina Dieckmann, levou o referido nome por se tratar de caso que envolveu a mencionada atriz, quando seu computador fora invadido e teve, arquivos e fotos íntimas, divulgados por meio das redes sociais.

Com a alteração, o Código Penal Brasileiro foi acrescido dos artigos 154- A e 154-B no Capítulo IV, que trata dos crimes contra a liberdade individual, na seção dos crimes contra a inviolabilidade dos segredos.

A referida lei, no caput do artigo 154-A, dispõe que é crime:

invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. (BRASIL, 1940).

O caput do artigo 154-A reproduz a ideia de criminalizar a conduta de quem se apodera por meios ilícitos e sem permissão de ativos, armazenados virtualmente. Cada vez mais pessoas têm a necessidade de usar desses meios digitais para aprimoramento profissional ou como forma de relacionamento e entretenimento, porém, a evolução tecnológica não está imune da ocorrência de práticas ilícitas.

Nesse diapasão, Borges (2013) defende que “a referida lei representa um avanço considerável na garantia da segurança de dados.”

3.4.2 Lei nº 12.965/2014

Devido à proporção que o uso da internet se deu na sociedade, algumas complicações surgiram, haja vista a inexistência de regulamentação do tema. Assim, foi criada a Lei nº. 12.965/2014, conhecida como, o Marco Civil da Internet, que, de acordo com Leite (2014, p. 79) “traz consigo a promessa de alterar definitivamente a maneira como o Direito se aproxima das relações sociais desenvolvidas no âmbito da Rede.”

De acordo com Pereira (2014), o projeto de tramitação do Marco Civil da Internet recebeu especial atenção após ter se tomado conhecimento de que o governo brasileiro teria sido alvo de espionagem, que “após a divulgação de notícias de que autoridades brasileiras eram alvos de espionagem cibernética, atribuiu-se

urgência constitucional à tramitação do Projeto de Lei, o que culminou em sua sanção no mês de abril.”

No entendimento de Pereira (2014), “o Marco Civil da Internet tem como objetivo precípuo oferecer segurança jurídica aos usuários da rede, sejam eles internautas, empresas, provedores e Administração Pública.”

Karasinsk (2014), sobre o tema alude que:

o Marco Civil da Internet é uma legislação que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil. O principal objetivo é regulamentar a rede no país para garantir que a internet continue livre, não proprietária e culturalmente diversificada.

Dentre as garantias que o Marco Civil da Internet prevê, estão o direito à inviolabilidade da intimidade e da vida privada, já tratados anteriormente. Além disso, o artigo 7º da Lei nº. 12.965/2014 prevê alguns direitos ao usuário da internet, colacionando-se:

Art. 7º. O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuáriosão assegurados os seguintes direitos:

I – inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

II – inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela internet, salvo por ordem judicial, na forma da lei;

III – inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por ordem judicial;

IV – nãosuspensão da conexão à internet, salvo por débito diretamente decorrente de sua utilização;

V – manutenção da qualidade contratada da conexão à internet;

VI – informações claras e completas constantes dos contratos de prestação de serviços, com detalhamento sobre o regime de proteção aos registros de conexão e aos registros de acesso a aplicações de internet, bem como sobre práticas de gerenciamento da rede que possam afetar sua qualidade; VII – não fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclusive registros de conexão, e de acesso a aplicações de internet, salvo mediante consentimento livre, expresso e informado ou nas hipóteses previstas em lei; (BRASIL, 2014)

Costa (2015) expõe algumas ponderações com relação à importância da criação dessa lei, da seguinte forma:

Sua criação teve importância ímpar na regulação das relações digitais, especialmente no que tange a: inclusão digital (art. 27); exigência de neutralidade da rede (art. 9º), evitando, assim, a discriminação da informação; proteção à intimidade e ao sigilo dos dados (art. 7º, I, II, III), inclusive com a exigência de consentimento expresso do usuário para a coleta, o uso, o armazenamento e o tratamento de dados pessoais (art. 7º, IX); e garantia da liberdade de expressão, como fundamento do uso da Internet no Brasil (art. 2º). O detalhamento de garantias consumeristas aplicáveis às relações no ambiente digital também é um ponto positivo da norma (vide art. 7º, IV a VIII e XI a XIII).

No mesmo sentido, disciplina Leite (2014, p. 51) que “o objetivo foi estabelecer o conjunto de direitos e deveres aplicáveis aos usuários de internet,

provedores e poder público, proporcionando, na medida do possível, a melhor conciliação entre o Direito e a chamada cultura digital.”

O Marco Civil da Internet, portanto, foi a grande evolução no meio legal, do ambiente virtual, fornecendo às pessoas, diretrizes e amparos frente aos avanços sociais e midiáticos.

Destarte, passa-se a analisar o patrimônio virtual como objeto do Direito Sucessório.

4 O DIREITO SUCESSÓRIO DO PATRIMÔNIO VIRTUAL

É comum que as pessoas acumulem bens ao longo de suas vidas, os quais serão objetos de um eventual processo de inventário quando da morte do autor da herança.

Mas quando os bens em tela estiverem armazenados virtualmente, deve- se ter a certeza do destino que os mesmos terão quando da morte de seu titular, bem como se poderão ser considerados como parte do acervo hereditário. Com essa proposta, passa-se a considerar o que pode ser incluído no conceito de herança digital.

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