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27 SUMÁRIO

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Avançar em uma gestão informacional que atenda aos preceitos da transparência, acessibilidade, responsabilidade e eficácia, é um dos principais desafios das instituições legislativas que buscam inserir-se na era do parlamento eletrônico (e- Parlamento) em todo o mundo. No Brasil, esta problemática também desafia a academia, ainda tímida nas pesquisas acerca da relação entre as TIC e o fluxo informacional nas instituições parlamentares.

Uma situação observada na literatura pesquisada é que a grande parte dos estudos sobre o uso das TIC na administração

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Texto original em francês: “existe un écart significatif entre ce qui est possible grâce aux TIC et ce qui a réellement été accompli par les parlements” (UNITED NATIONS et al., 2008c, p. viii)

pública está voltada a experiências de governo eletrônico em órgãos do Poder Executivo. Além disso, na literatura que trata do uso das TIC por instituições parlamentares predomina uma abordagem voltada à interação do parlamento/parlamentares com o cidadão, sobretudo por meio de websites, em detrimento daquelas relacionadas aos processos informacionais internos destas instituições.

Ao propor, por meio desta pesquisa, uma abordagem voltada exclusivamente para o fluxo informacional interno do parlamento catarinense com foco no uso das TIC utilizadas para a mediação informacional, busca-se reduzir essa. Com isso, parte-se do pressuposto que as instituições parlamentares deste século XXI não podem prescindir do uso das TIC nas diferentes etapas do seu fluxo informacional, de modo a viabilizar o acesso e o compartilhamento da informação a seus diferentes públicos, inclusive a seus públicos internos. Para tanto, a pesquisa é aplicada nos setores que atuam diretamente na gestão do fluxo informacional na Assembléia Legislativa de Santa Catarina: Diretoria de Comunicação Social; Diretoria de Tecnologia e Informações; e Coordenadoria de Informações.

Conceitualmente, o fluxo de informação aqui é considerado um “processo de mediação entre a geração de informação por uma fonte emissora e a aceitação da informação pela entidade receptora”, sendo esse processo composto por uma série de elementos e variáveis (BARRETO, 1998, p. 122). A mediação tecnológica da informação, então, é aquela em que as TIC apóiam ou viabilizam essa mediação da informação, seja ela entendida como “o processo de interlocução ou interação entre os membros de uma comunidade, pelo qual se estabelece, alimentam ou restabelecem laços de sociabilidade, construindo assim o mundo da vida” (RODRIGUES, 2000, p. 84); seja como “a instância articuladora entre diferentes partes sempre em determinadas situações e contextos” (SILVA, 2010, p. 14).

O fluxo de informação é então analisado a partir de um modelo adaptado à temática dessa dissertação, conforme os seguintes elementos: fontes de informação; canais de acesso e disseminação de informação; tratamento da informação; necessidades de informação; e barreiras de acesso à informação. Neste caso, levando em conta a presença das TIC em cada etapa deste fluxo informacional e considerando o usuário (público interno) como o ator central deste modelo.

Assim, por meio desta pesquisa busca-se responder à seguinte pergunta: em que medida os setores que tratam diretamente com a gestão da informação na Assembléia Legislativa de Santa Catarina utilizam tecnologias da informação e comunicação para a mediação da informação no ambiente interno da instituição?

1.2 JUSTIFICATIVA

Em tempos de mediações cada vez mais pautadas pela Terceira Onda (TOFFLER, 2000), pela Cultura de Rede (CASTELLS, 1999), pela Sociedade da Informação (MATTELART, 2002) e pelo Ciberespaço (LEVY, 2000), faz-se necessário compreender em que medida o Parlamento Catarinense está inserido neste contexto no que tange a mediação tecnológica da informação em seu ambiente interno. Assim, a presente pesquisa se justifica por motivos sociais, científicos e pessoais.

Considerando a responsabilidade social do campo da Ciência da Informação, a presente pesquisa cumpre importante função com vistas ao aprimoramento da administração pública, especialmente do Parlamento. Isso porque, direta ou indiretamente, a implementação das TIC aos mecanismos e canais tradicionais “permitem uma melhoria qualitativa na eficiência e eficácia das organizações, além de facilitar novas formas de acesso às informações e aos serviços prestados” (FRICK, 2005, p. 4). Em se tratando de uma instituição pública como é a Assembléia Legislativa de Santa Catarina, os resultados dessa dissertação podem então contribuir para avanços quanto à transparência, acessibilidade, responsabilidade e eficácia no acesso às informações produzidas internamente.

Até porque alguns problemas da instituição já foram expostos inclusive na imprensa nos últimos anos. Em 29 de outubro de 2007, o jornal A Notícia divulgou dados de uma pesquisa realizada pela organização não-governamental Transparência Brasil. O estudo traçou um mapa das informações disponíveis em sites de 14 instituições parlamentares do Brasil, colocando a Assembléia Legislativa de Santa Catarina no grupo das casas legislativas menos transparentes do país. Entre as

informações não encontradas no site estão aquelas sobre a presença dos deputados estaduais em plenário e nas comissões, e sobre as verbas utilizadas nos gabinetes ou em viagens oficiais (CARDOSO, 2007). Já uma reportagem publicada pelo jornal Diário Catarinense, de 23 de março de 2008 (DIÁRIO CATARINENSE, 2008), afirmava que o parlamento catarinense havia impresso no ano anterior 4,7 milhões de páginas nos gabinetes dos 40 deputados e nos 46 setores administrativos, dispensando assim o que a tecnologia pode oferecer para reduzir o desperdício de dinheiro público e agredir menos o meio ambiente.

Quanto às justificativas desta pesquisa, também há a motivação pessoal do pesquisador, já que o mesmo atua profissionalmente na Assembléia Legislativa de Santa Catarina desde 2007 e, na academia, busca aprofundar seus estudos sobre a gestão da informação e da comunicação nas organizações. Neste caso, espera-se que os resultados obtidos a partir deste estudo, com suas compreensões teóricas e metodológicas, também contribuam para o aprimoramento da formação acadêmica e da prática profissional do pesquisador.

Já a abordagem desta temática a partir da Ciência da Informação permite a este campo do conhecimento avançar teórica e conceitualmente, especialmente acerca do fluxo de informação enquanto linha de pesquisa do Programa de Pós- Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Por um lado, porque fortalece a participação da Ciência da Informação nos estudos que tratam do fluxo informacional nas instituições parlamentares, ainda pouco explorados no Brasil. Por outro lado, porque estimula novas compreensões teóricas e metodológicas dos fluxos de informação propostos pelo campo da Ciência da Informação a partir do ambiente parlamentar. Ambos amparados sob a égide da responsabilidade social que permeia o campo da Ciência da Informação.

1.3 OBJETIVOS

A seguir são apresentados os objetivos geral e específicos desta pesquisa.

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar o fluxo de informação no ambiente interno da Assembléia Legislativa de Santa Catarina com foco no uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para a mediação informacional.

1.3.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos desta pesquisa são:

a) Caracterizar os setores responsáveis pela gestão do fluxo informacional na Assembléia Legislativa de Santa Catarina;

b) Verificar as fontes de informação acessadas por estes setores no ambiente interno da Assembléia Legislativa de Santa Catarina;

c) Identificar os canais utilizados por estes setores para acessar e repassar informações no ambiente interno da Assembléia Legislativa de Santa Catarina;

d) Investigar os recursos utilizados por estes setores para o tratamento da informação

e) Identificar os produtos de informação desenvolvidos por estes setores;

f) Levantar as necessidades de informação destes setores e os recursos utilizados por eles para identificar as necessidades de informação dos diferentes públicos da organização;

g) Identificar as barreiras de acesso à informação no ambiente interno da Assembléia Legislativa de Santa Catarina;

h) Investigar a percepção dos profissionais que atuam nestes setores com relação às TIC disponíveis para acessar e compartilhar informação no ambiente interno da Assembléia Legislativa de Santa Catarina.